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Mostrando postagens de novembro, 2024

Baumgartner, de Paul Auster

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Por Henrique Ruy S. Santos Paul Auster. Foto: Kate Orne   O jovem György Lukács, num dos mais belos ensaios de A alma e as formas , afirma que “o gesto é o salto por meio do qual a alma avança de um para o outro, trocando os fatos sempre relativos da realidade pela eterna certeza das formas. O gesto, para dizer numa palavra, é aquele único salto por meio do qual o absoluto se faz possível na vida” (Lukács, 2017, p. 66).   Pode-se dizer que Baumgartner , último romance de Paul Auster — que faleceu em 30 de abril de 2024 —, publicado no Brasil pela Companhia das Letras com tradução de Jorio Dauster, é a história do esboço de um gesto ou talvez o esboço da história de um gesto. É a história de uma tentativa de criar as formas necessárias para se chegar a uma compreensão do outro e a uma compreensão de si mesmo sem o outro. Nesse contexto, os principais defeitos do livro — sua falta de coesão estrutural, sua insossa errância narrativa, sua indecisão quanto ao que fazer dos temas com que li

Boletim Letras 360º #608

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Carlos Drummond de Andrade. Foto: Lena Muggiati LANÇAMENTOS   Obra reúne pela primeira vez crônicas de Carlos Drummond de Andrade originalmente publicadas no antigo jornal carioca Correio da Manhã , entre 1954 e 1969 .   A antologia é composta de 150 crônicas do poeta, cronista e contista Carlos Drummond de Andrade, nunca vistas em livro. Estes textos, publicados entre 1954 e 1969 nas páginas do antigo jornal carioca que durante a ditadura militar, foi perseguido e fechado em diversas ocasiões ficaram por quase três quartos de século no vasto acervo pessoal do autor. Organizada pelo também cronista Luís Henrique Pellanda, a obra funciona como uma lente que amplia nossa compreensão acerca do tempo e do cotidiano, refletindo a visão de Drummond sobre o século XX. Pellanda observa, no texto de apresentação à edição, que o cronista é, em essência, “um cortejador de acasos”, e que, apesar de o período em que foram escritas estar claramente marcado nas crônicas, Drummond, mesmo à distância

Mortes de intelectual

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Por Violeta Leiva Sebastian Stoskopff. Até que ponto a nossa ocupação determina a forma como morremos? Deixando de lado os acidentes de trabalho, é mais provável que um vendedor de enciclopédia se engasgue com um camarão do que um toureiro? É sabido que há uma multiplicidade de fatores condicionados pelo trabalho — exposição a substâncias tóxicas, stress, esgotamento físico, sedentarismo, hábitos alimentares etc. — que acabam por ter uma influência mais ou menos direta, para bem ou para mal, da maneira como terminaremos nossos dias.   Poderíamos pensar que as ocupações intelectuais, por não implicarem à primeira vista um risco físico significativo, têm pouca influência nos fins daqueles que as realizam. Talvez a corroboração de uma estatística que não possuo não seja necessária para confirmar que o trabalho intelectual é, no entanto, uma atividade de alto risco. As dificuldades e resistências enfrentadas por quem se esforça para preencher páginas e páginas — seja o resultado um grande