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Mircea Cărtărescu. Foto: Leonhard Hilzensauer |
LANÇAMENTOS
A editora Mundaréu regressa à
obra de Mircea Cărtărescu e publica livro mais desafiador do escritor romeno.
O nome do protagonista deste
romance poderia bem ser o próprio Cărtărescu. Mas, em vez de escritor de renome
internacional e multitude de prêmios, é um professor do ensino público em um
bairro periférico de Bucareste. Ainda jovem, um malfadado sarau literário
enterrou de vez suas pretensões literárias, restou apenas um diário para
atestar o escritor que ele poderia ter sido. Trata-se, então, de autoficção de
um duplo imaginário do escritor? Sua vida se resume a ir da escola para casa.
Uma casa enorme, em forma de navio, construída por um cientista sobre um
solenoide — um gerador de campo magnético que atrai todos os temas e obsessões
literárias do escritor Cărtărescu, transformando a rotina do professor
primário, para além do nonsense educacional e do terror do sistema de saúde, em
um caracol de reflexões sobre percepção da realidade, literatura e filosofia.
Tudo isso em Bucareste, capital cinzenta de um país sob regime ditatorial e
empobrecido, uma cidade melancólica e sufocante, às vezes fantasmal. Magistralmente
escrita,
Solenoide é uma obra monumental, que põe em xeque as próprias
bases do romance. A tradução é de Fernando Klabin.
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O livro de uma estrela de
Hollywood que se refugiou no Centro-Oeste brasileiro e tinha talento de sobra
para inventar e arrastar os outros para suas histórias.
Você já se perguntou como uma
atriz de cinema pode se transformar em vigarista? A história de Joan Lowell
ilustra essa transformação de maneira fascinante, e esse é o enredo de
Terra
prometida, uma reedição do relato intrigante da atriz estadunidense sobre
sua aventura ao se instalar no Centro-Oeste do Brasil, na região de Anápolis
(GO). A obra, escrita originalmente em 1952, desafia as fronteiras entre a
ficção e a não ficção, e destaca o talento de Lowell em criar narrativas
convincentes que enganaram até mesmo as estrelas de Hollywood. A experiência da
atriz causou furor na comunidade cinematográfica, e seus escritos serviram de
propaganda para atrair outros artistas para o centro do Brasil. Sem demora,
grandes nomes da indústria do entretenimento como Mary Martin e Janet Gaynor se
instalaram em Goiás com a benção da autora-pioneira. Como escreve o repórter
Chico Felitti na orelha do livro: “Existe ficção. Existe não ficção. E existe
uma zona cinza e misteriosa onde mora
Terra prometida”. Fascinantes e
persuasivos, os escritos de Lowell nos levam a refletir sobre a credulidade
humana e o poder das histórias bem contadas. Nesta nova edição, os recortes de
jornal, as fotografias e os paratextos contextualizam e situam na linha do
tempo o relato de viagem mirabolante. Escrito pela pesquisadora e tradutora
Flora Thomson-DeVeaux, o preâmbulo revela as já controversas peripécias de
Lowell antes de vir para o Brasil. Matheus Pestana, por sua vez, assina não
apenas a tradução, mas também o epílogo, no qual detalha como a atriz conseguiu
enganar outros artistas do show business, fazendo vendas fictícias e passando
cheques sem fundos, e como acabou sendo desmascarada. A saga descrita por Joan
Lowell em
Terra prometida consiste em uma crônica fascinante que relata
sua chegada ao Brasil na década de 1930. Lowell, ex-estrela de Hollywood que
contracenava com Charles Chaplin, pinta uma imagem vívida de suas supostas
aventuras em seu desbravamento das terras de Goiás. São histórias repletas de
encontros inusitados e personagens memoráveis, mas a linha entre realidade e
ficção é quase sempre borrada, fazendo com que o leitor se indague se a
história narrada por Lowell é de fato verdadeira. O ápice dramático da trama
ocorreu em julho de 1957, quando Lowell foi presa em Anápolis por estelionato.
Como corretora de imóveis, a atriz arquitetou fraudes cometidas contra
personalidades de Hollywood. A promessa de uma vida tranquila no Brasil
despertou o interesse de estrelas como a diva da Broadway Mary Martin e seu
marido, o produtor Richard Halliday, bem como Janet Gaynor, a primeira atriz a
receber um Oscar, e seu marido Gilbert Adrian, o figurinista de
O Mágico de
Oz — casal retratado na capa da edição publicada pela Ercolano. “Dona Joana”
(como era chamada Joan Lowell pelos habitantes locais) acabou vendendo terrenos
fictícios, o que resultou em um escândalo digno de roteiro cinematográfico. A
habilidade de Lowell em persuadir essas figuras a investirem em propriedades
inexistentes é um testemunho de seu talento narrativo e de sua capacidade de
manipulação.
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A primeira antologia brasileira
de Marina Skalova, artista multilíngue nascida em Moscou, em 1988. Livro reúne
43 poemas originalmente compostos em francês e alemão.
Para Skalova, a escrita é como uma
experiência de estranhamento, e o uso de dois idiomas implica em uma exploração
de inúmeras possibilidades linguísticas, realçando as singularidades,
instabilidades e hesitações próprias de cada um; isso é destaque para Prisca
Agustoni em seu posfácio — “a hesitação, esse pequeno deslizar entre duas
margens movediças, nos joga, leitores e tradutora, para outro lugar, o do não
retorno possível à língua materna, à língua-origem, à língua-total: o que está
em causa ali é outra coisa, isto é, a tentativa de captar o indizível”. Com
poemas divididos em quatro eixos temáticos, a poeta explora diálogos entre o
corpo e a natureza, o erotismo, as palavras ditas e as não ditas. O corpo se
torna objeto da escrita plurilíngue, que por sua vez também toma formas
metalinguísticas. A palavra, o silêncio e o carnal, aqui, estão em constante
encontro e desencontro, complementados pelo uso simultâneo do francês e do
alemão e, agora, do português.
Falta de ar sai pela editora Ars et Vita;
tradução da poeta Prisca Agustoni.
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1348: a peste assola a Europa e é responsável pela morte de um terço de toda a
sua população. 1367: dois jovens frades dominicanos, Antonin e Robert, deixam o
mosteiro de Verfeil, em Languedoc, na França, e vão até Toulouse em busca de um
precioso pergaminho de velino a mando do prior Guillaume, no qual ele pretende
escrever a história de sua vida. No entanto, quando isso chega aos ouvidos de
um inquisidor, uma desconfiança é logo despertada. O inquisidor sabe que a vida
de Guillaume, prestes a ser eternizada, promete abalar a estrutura da Igreja
Católica com uma confissão que pode levar à verdade sobre a disseminação da
peste e sua relação com Eckhart de Hochheim, conhecido como mestre Eckhart, um
teólogo místico e um dos pregadores mais admirados da cristandade — até ser
acusado de heresia. E o inquisidor está disposto a fazer de tudo para colocar
as mãos nesse segredo e usá-lo a seu favor. Inquisição, guerras, perseguições e
traição, das cadeiras da Sorbonne às estepes da Ásia Central, Antoine Sénanque
entrelaça de maneira impressionante o destino de figuras históricas com o de
personagens fictícios, combinando histórias pessoais com a história mundial e
assinando um texto excepcional, a um só tempo romance de aventura e policial
medieval, afresco histórico e estudo teológico. Um thriller intenso e dramático
no qual os ensinamentos de Eckhart e as escolhas dos dois protagonistas dão um
novo sentido à palavra “irmandade”. Publicação da editora Record; tradução de
Ivone Benedetti.
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Uma rica amostra do trabalho de Júlia Lopes de Almeida como cronista.
Entre o fim do século XIX e início do século XX, em um momento em que a
crônica se fortalecia como gênero literário, Júlia Lopes de Almeida se firmou
como uma de suas principais representantes. Estreando sua carreira em 1881, no
jornal
Gazeta de Campinas, Júlia teve uma longa trajetória como cronista
e uma importante produção literária.
Júlia do Rio: crônicas da Belle Époque carioca reúne quarenta e seis textos publicados no
jornal
O Paiz, no período de 1908 a 1912, quando a cidade do Rio de
Janeiro, então capital do Brasil, passava por grandes transformações. Por meio
de seu olhar perspicaz, acompanhamos as reformas na cidade, o início dos carros
e a poluição provocada por eles, os problemas cotidianos, como a falta de
abastecimento de água e iluminação, além de seus pontos de vista sobre a cena
política e artística da época. Uma obra capaz de revelar a fascinante faceta
cronista e
flâneuse de uma das mais importantes autoras brasileiras.
Organizado e apresentado por Anna
Faedrich, o livro é publicado pela editora Bazar do Tempo.
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O regresso de Lisa Ginzburg com um novo dilema de ordem familiar.
A família como território de desterro, como uma pátria de solo
envenenado, que nunca é passível de ser abandonada completamente. Laços de
sangue. Laços de fantasmas. O difícil das relações familiares é caro para a
escritora italiana Lisa Ginzburg. Com seu
Cara paz, finalista do Prêmio
Strega 2021, arquitetou a relação de duas irmãs “órfãs sem jamais terem sido”,
como a própria autora prefere olhar para elas. Em
Uma pluma escondida,
Tan chega, no começo da sua adolescência, para ser acolhido no lar dos Manera,
que há tempos sonham com a ideia de cuidar de uma criança. Sua intempestiva
chegada, no entanto, lança a todos no vazio de uma pergunta sem resposta certa:
onde encontramos o grau zero, a semente, dos laços entre pais e filhos?
Enquanto a pergunta se desenrola, todos são observados por Rosa, a filha dos
caseiros dos Manera, que se sente ela própria “órfã”, diante do impasse dos
pais em demonstrar carinho. O sentimento de orfandade acaba unindo os
dois jovens numa relação insular, que desperta desejos que só vão ser
compreendidos com o passar dos anos. Rebelde com causa e com um passado
desconhecido e incerto, Tan implode o casamento dos novos pais, a si próprio e,
pior, sua ligação com Rosa. É justamente sobre esse momento, em que todas as
ideias de família parecem não dar mais conta do mundo, que Ginzburg nos fala no
seu romance. O título do livro,
o misterioso jogo por trás da expressão “uma pluma escondida”, acompanha a
narrativa como uma espécie de refrão, que nos lembra que em algum momento
seremos convidados a voltar para casa outra vez. Onde quer que isso seja.
Publicação da editora Nós; tradução de
Francesca Cricelli.
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Peça teatral singular na literatura irlandesa ganha tradução e edição
brasileiras depois de apresentada em leitura dramática em São Paulo.
Os acontecimentos da peça teatral
O aleijado de Inishmaan (The
Cripple of Inishmaan) se passam em 1934, em uma das três Ilhas Aran, no oeste
da Irlanda: Inishmaan. Os habitantes da ilha tomam conhecimento de que o
diretor de cinema norte-americano, Robert Flaherty, chegará à ilha vizinha,
Inishmore, para filmar o documentário
Homem de Aran. Billy, um rapaz
órfão com deficiência física, chamado pelos habitantes da ilha de Aleijado
Billy, decide se candidatar a figurante no filme, mas apenas para descobrir que
tudo será bem diferente de seu sonho. A peça estreou no Royal National Theatre, em Londres, em 12 de dezembro
de 1996, com direção de Nicholas Hytner, e foi publicada pela primeira vez pela
editora Methuen, em 1997. Desde então, tem sido produzida na Inglaterra, nos
Estados Unidos, na Irlanda e em outros países. No Brasil, foi apresentada em
forma de leitura dramática, com tradução de Domingos Nunez e direção de André
Acioli, no V Ciclo de Leituras da Cia. Ludens — Teatro irlandês, deficiência e
protagonismo —, na Escola Superior de Artes Célia Helena, em São Paulo, em 3 de
outubro de 2023. Segundo Patrick Lonergan, professor da University of Galway, a
obra de McDonagh “tem atravessado fronteiras nacionais e culturais sem esforço,
o que o torna um dramaturgo verdadeiramente global”. Publicação da editora Iluminuras.
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Os tratados de Aristóteles acerca das práticas virtuosas no
comportamento individual e nas relações interindividuais.
O filósofo grego Aristóteles (384-322 a.C.), discípulo de Platão e
preceptor de Alexandre, o Grande, escreveu cerca de trinta tratados que
chegaram até nós, abordando as mais diversas áreas, da poesia à biologia, da
física à política, da lógica à metafísica, textos que se tornaram verdadeiros
pilares do que conhecemos hoje como a ciência moderna. Na estrita área da filosofia, a
Ética a
Nicômaco talvez seja o mais importante deles. Organizado em dez livros e
dedicado provavelmente ao filho do autor, o tratado parte da ideia de que o
objetivo último do ser humano é a felicidade, para em seguida analisar, no
comportamento individual e nas relações interpessoais, os diferentes âmbitos da
vida em que devemos agir de maneira virtuosa (isto é, equilibrada),
distinguindo tais práticas de muitas outras não virtuosas em que costumamos
incorrer, identificadas como excessivas ou insuficientes, e não guiadas pela
razão. A presente edição,
bilíngue, traz a tradução da Ética aristotélica realizada por André Malta,
professor livre-docente de língua e literatura grega da Universidade de São
Paulo. Com fidelidade ao original e recuperando os detalhes de estilo do autor
— muitas vezes seco e reiterativo, mas com momentos de beleza —, esta nova
versão proporciona aos leitores um contato renovado, livre de paráfrases e
adaptações, com esta obra fundante da cultura ocidental. Publicação da Editora 34.
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REEDIÇÕES
A José Olympio reedita a antologia histórica organizada por Luís Martins
com a crônica de João do Rio.
É difícil distinguir onde termina o jornalismo e começa a literatura na
obra de João do Rio. Ele estreou cedo, aos 17 anos, na revista
Cidade do Rio,
e apenas dois anos depois começou a contribuir para a
Gazeta de Notícias,
periódico que acolheria os textos que o tornaram imortal da literatura
brasileira. João do Rio foi, antes de tudo, um observador das ruas, dos
costumes e das gentes. Um
flâneur. Com brilho e engenho verbal,
eternizou o início do século, a modernização do Brasil e, em especial, da
capital da República, o Rio de Janeiro. Reportagens, contos e crônicas formam o
escopo de sua obra. Ele era como um fotógrafo — profissão que se popularizava —
e criou o retrato de uma época ao escrever um país que se descobria e criava
para si um humor próprio, irônico, satírico e vívido, ilustrado por postes
elétricos, automóveis, cinematógrafos, teatros,
modern girls e pelo
dandismo. Luís Martins, que assina a seleção e a apresentação desta antologia,
foi também premiado jornalista, escritor e, claro, cronista. Um discípulo de
João do Rio em sua forma de compreender e descrever a cidade, seus habitantes e
mistérios. Martins selecionou especialmente para esta antologia textos de obras
como
A alma encantadora das ruas,
As religiões do Rio,
Cinematógrafo:
crônicas cariocas,
Vida vertiginosa,
A correspondência de uma
estação de cura, entre outros. Nesta seleção, pode-se encontrar o gênio
boêmio de João do Rio, de olhos aguçados e caneta afiada. Tal qual uma máquina
do tempo,
João do Rio: uma antologia nos transporta para o início
do século passado e nos faz entender como João do Rio conseguiu a proeza de ser
eleito imortal da Academia Brasileira de Letras aos 29 anos. Nas palavras de
Luís Martins: “Na história da crônica brasileira há um período anterior — e um
posterior a João do Rio”. Temos aqui o melhor registro disso.
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A editora Tordesilhas reedita a
tradução de Machado de Assis para Os trabalhadores do mar
, de Victor
Hugo.
Um romance épico sobre obsessão,
drama e sobrevivência.
Os trabalhadores do mar traz à luz a luta do
homem contra a natureza; a obsessão de um jovem operário rejeitado pela
comunidade na qual vive, Gilliat, por uma bela jovem chamada Déruchette; e o
drama vivenciado por trabalhadores em alto-mar. Com o grande dom poético de
Victor Hugo, esta obra tem como pano de fundo e é dedicada à ilha de Guernesey,
local onde o autor viveu quinze anos em exílio. Ambiente de episódios
aparentemente mundanos, a pequena comunidade insular é palco de um drama
ocasionado pelo capitão Clubin, que sabota Durande, o navio naufragado do
armador Lethierry. Através de uma narrativa envolvente, a trama exibe o embate
de um homem contra as forças da natureza e o poder do amor, e nos convida a
refletir sobre o indivíduo e a natureza, sobre as decisões e seus desafios. A
nova edição tem ilustrações de Amanda Carla e Ralph Prado.
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RAPIDINHAS
Duas vezes Silviano Santiago.
A Companha das Letras reedita em novembro o esgotado livro de contos
Keith Jarrett
no Blue Note; já a Nós publica o que chama de folhetim em que Santiago
repensa o romance brasileiro — serão três
cadernos em andamento cujo
título é
O grande relógio: a que hora o mundo recomeça.
DICAS DE LEITURA
Na aquisição de qualquer um dos
livros pelos links ofertados neste boletim, você tem desconto e ainda ajuda a
manter o Letras.
1.
Uma história cotidiana, de
Thomasine Gyllembourg (Trad. de Lucas Lazzaretti, Arte & Letra, 92p.) Um
noivado impulsivo e o pedido de um amigo fazem o narrador conhecer uma jovem
que foi abandonada pelo noivo. O que poderia ser apenas um acontecimento
cotidiano transforma-se em algo que irá definir o destino de todos.
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2.
Cavalo no escuro, de Rafael
Gallo (Record, 208p.) O regresso do escritor à forma literária que o revelou: o
conto. A antologia reúne dez textos que apresentam personagens marcantes,
envoltas cada uma em suas próprias cegueiras, insuficiências, compulsões, obsessões
e dificuldades.
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3.
Além do Rio dos Sinos,
de Menalton Braff
(Reformatório, 280p.) Estruturado em
dois
planos
temporais, da Segunda Guerra à ditadura militar, presente e passado
articulam numa história que percorre a vida de Florinda e Nicanor num país
profundo e esquecido.
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VÍDEOS, VERSOS E OUTRAS PROSAS
Esta semana fomos agraciados com uma revelação: novas imagens, em
fotografias e vídeo, de Clarice Lispector. O filme
Dias de Clarice em
Washington, dirigido por Eucanaã Ferraz e com comentários de Paulo Gurgel,
filho da escritora, e Teresa Montero, captura o momento quando Clarice vivia na
capital estadunidense com a família, entre 1952 e 1959. Além de expressivo
número de fotografias inéditas — que registram o ambiente doméstico e o
convívio com amigos — há imagens preciosas filmadas durante evento público, no
qual aparecem a escritora, seu marido, Mauri Gurgel Valente, o filho Paulo,
além de amigos do casal. Trata-se de um breve filme colorido, gravado em
película, sem registro da autoria, descoberto em 2023 no Centro de Pesquisa e
Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC), da Fundação Getúlio
Vargas, RJ. Este é o terceiro registro de Clarice Lispector em vídeo. Veja
aqui.
BAÚ DE LETRAS
E, por falar em Clarice Lispector,
recordamos
esta matéria publicada por aqui em fevereiro de 2023 e dedicada às aparições
da escritora em entrevistas (áudio, vídeo e escritas).
Mircea Cărtărescu ocupa seu lugar entre os perfis apresentados
aqui no
Letras, na seção “Os
escritores”. Em dezembro de 2022 traduzimos este texto em torno da vida e obra de
um dos nomes mais destacados na literatura romena contemporânea.
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