Boletim Letras 360º #595

Benito Pérez Galdós. Foto: Arquivo Casa-museu Galdós


LANÇAMENTOS
 
Nova edição e tradução brasileiras de um dos principais romances de Benito Pérez Galdós.
 
Poucas obras têm a capacidade de representar de maneira tão clara e com um caráter tão distinto as tendências literárias de uma época quanto o romance Dona Perfecta, de Benito Pérez Galdós. Publicado entre março e maio de 1876 em La Revista de España, este folhetim realista encena todos os conflitos sociais de um país que opunha as tradições rurais com os avanços das cidades grandes. Lançada entre a preservação de valores católicos mais rígidos e as necessidades econômicas, a jovem Rosarito se encontra no centro dos interesses de sua mãe, Dona Perfecta, que vê um futuro para a filha no casamento com o primo Pepe Rey, um jovem educado em um ambiente mais progressista. O amor pelo noivo e a personalidade inconstante de Rosarito reforçam o eixo central de Dona Perfecta, uma personagem moldada para representar os ideais conservadores, intransigentes e opressores de uma matriarca que impõe sofrimento aos que a rodeiam. Situado na fictícia Orbajosa, o romance segue os moldes realistas ao retratar os personagens daquela cidade interiorana pela visão crítica que revela as origens e causas da situação social presente na Espanha do século XIX. Clássico da literatura espanhola, este romance de tese apresenta características centrais da obra de Galdós, com suas marcantes personagens femininas, seu estilo refinado e sua capacidade de revelar as mazelas de seu tempo. Com tradução de Andréas Cesco e Wagner Monteiro, o livro é publicado pela editora 7Letras. Você pode comprar o livro aqui.
 
Rafael Gallo, Prêmio José Saramago 2022, retorna ao seu gênero literário de origem com o livro de contos inéditos.
 
Nascido e criado na fazenda, filho dos antigos caseiros de seu Fortunato, Pedro passou a vida em completa e cega devoção ao patrão e ao trabalho com os animais. Contudo, após algum tempo de seu casamento com Joana, a pacífica dedicação às suas obrigações na propriedade é abalada pelo relinchar desesperado e constante dos cavalos no estábulo, onde a mulher e seu empregador, toda noite, passam um tempo sozinhos, a “tratar” dos bichos. Inquietante, “Cavalos no escuro” é a porta de entrada para o que nos espera nos outros nove contos desta obra, todos tão profundos e mordazes quanto o primeiro, que dá título ao livro. “Fundo falso”, “Meu anjo”, “O risco na água” e “Fábrica de nuvens”, por exemplo, exploram a densidade das relações humanas, o mundo existente dentro e fora de nós, mostrando que tudo o que pertence a nós afeta o outro, e, sobretudo, que muito do que dizemos e fazemos é dotado de hipocrisia. Em outras histórias, somos reapresentados à angústia de se viver buscando a própria identidade: “Às vezes, parece que a gente nasce afastado da gente mesmo, e é preciso percorrer uma longa distância até alcançar seu Eu”, diz a personagem de “Diário de Transbordo #99”. Em comum, todas as narrativas de Cavalos no escuro apresentam personagens marcantes, envoltas em suas próprias cegueiras, insuficiências e compulsões, obsessões e dificuldades. Essa capacidade de Rafael Gallo estruturar uma prosa eletrizante do início ao fim tem sido amplamente elogiada ao longo de sua carreira. Nélida Piñon escreveu que o autor é “um herdeiro das portas da imaginação que Homero abriu”. E Adriana Lisboa afirma, no texto de orelha deste livro que “Rafael Gallo é um mestre na construção dessas figuras inesquecíveis, que permanecem conosco muito depois de finda a leitura.” Publicação da editora Record. Você pode comprar o livro aqui.
 
Carlos Nejar coloca o ponto final na sua obra definitiva.
 
Publicado pela primeira vez em 1979, A terra dos viventes foi logo aclamada pela crítica e seus pares. O poeta Carlos Drummond de Andrade afirmou, à época da primeira edição: “É obra que, sucedendo ao canto anterior e antecipando o canto que continuará extraindo de sua mina poética, nos dá um belo exemplo de permanência e invenção contínua”. Palavras proféticas, pois Nejar afirma que voltou à redação do livro logo após a publicação, adicionando personagens e tópicos. Nestes poemas, o poeta não expressa apenas sua profunda afeição pelos seres reais e imaginários, mas procura resgatar, de cada um, a essência tantas vezes esquecida ou menosprezada.  Para Carlos Nejar, todas as criaturas estão de alguma forma unidas, pois “não há pátria/a quem ama”. Produz assim uma obra única no panorama da poesia contemporânea brasileira, pela multiplicidade de vozes que apresenta, construindo a um só tempo um mosaico amplo, diverso e coeso. A edição definitiva de A terra dos viventes sai pela Editora Sator. Você pode comprar o livro aqui.
 
Expande-se a presença entre os leitores brasileiros da obra de Roman Gary.
 
Narrada pelo peculiar motorista parisiense Jean, A angústia do Rei Salomão é a história de uma amizade improvável, surgida a partir de uma corrida de táxi e da generosidade do misterioso Salomão Rubinstein, um rico senhor de idade que mantém a instituição S.O.S. Voluntários, cuja atividade principal é atender ligações de almas solitárias e fazer companhia a elas, pessoalmente ou por telefone. Jean, que até então dividia seu tempo entre corridas de táxi, bicos de faztudo e visitas à biblioteca, recebe uma proposta insólita de seu novo amigo. Em troca de quitar um gordo empréstimo bancário, tomado por Jean e dois motoristas para a compra de um carro, Salomão pede ao taxista que passe a visitar — em nome da associação — quem possa estar solitário e precisando conversar. A princípio relutante, Jean aceita a nova função e logo é enviado à casa de Cora Lamenaire, uma antiga cantora que fez sucesso antes da guerra, mas acabou no esquecimento. A história da idosa o encanta, e ele desenvolve uma relação de carinho pela artista, que aos poucos deixa entrever mais sobre o passado dela e de Salomão. Judeu polonês e apaixonado por Cora, Salomão ficou na França, escondido num porão, para permanecer perto da amada durante a guerra. Mas desencontros fizeram com que, passado o período sombrio do conflito, os dois se afastassem, deixando em suspenso a sua história de amor. Ao saber disso, Jean se esforça como nunca para reconstruir os laços entre os orgulhosos Salomão e Cora. E é assim que adentramos o universo próprio e tão único criado pela pena de Gary/ Ajar: uma narrativa que mescla a história europeia a temas universais como amor, altruísmo e amizade. Publicação da editora Todavia. A tradução é de Júlia da Rosa Simões. Você pode comprar o livro aqui.
 
Dos contornos do erotismo e da ternura de um primeiro amor.
 
Do saguão de um hotel no interior da França, Philippe se depara com um jovem que se assemelha muito ao seu primeiro amor. O inesperado encontro o leva de volta ao ano de 1984, quando viveu um romance escondido com o jovem e deslumbrante Thomas, durante o último ano do Ensino Médio. Sem nunca admitir nos corredores que se conhecem, eles se encontram em segredo, entregando-se a um caso apaixonante e que ambos sabem estar fadado ao fim assim que as aulas acabarem. Mentiras que contamos captura o erotismo e a ternura de um primeiro amor — e quão dolorosa é a passagem do tempo quando não somos verdadeiros à nossa essência. Com tradução de Débora Isidoro, o livro é publicado pelo selo Astral Cultural. Você pode comprar o livro aqui.
 
Edgar Wilson está de volta ao Matadouro do Milo após a catástrofe que quase erradicou a existência humana. Junto aos companheiros Bronco Gil e o ex-padre Tomás, o grupo é jogado em meio a uma trama de assassinato e conspiração, protagonizada pelo Circo das Revelações e seus misteriosos personagens.
 
Edgar Wilson, cansado de trabalhar como coletor de cadáveres em estradas, recebe a oportunidade de voltar ao Matadouro do Milo, agora comandado por sua esposa Rosário. Junto aos companheiros Bronco Gil e o ex-padre Tomás, ele passa a cuidar de um rebanho de búfalos. Enquanto o mundo parece se ajustar em meio aos destroços da catástrofe que o levou à beira do precipício, mais uma vez a morte persegue Edgar Wilson. Ao se deparar com o corpo de um palhaço na beira da estrada, o protagonista é levado a uma trama de conspirações cujo centro é o recém-chegado Circo das Revelações. Prometendo entretenimento e salvação, o Circo arrasta multidões de desamparados em busca de algum tipo de conforto ou direcionamento. No centro do picadeiro está a garota Azalea, uma vidente necromante que parece habitar a fronteira entre o passado e o futuro, a vida e a morte. Ainda que possa ser lido separadamente, Búfalos selvagens é a conclusão da Trilogia do fim que se iniciou com Enterre seus mortos, livro vencedor do Prêmio São Paulo de Literatura, e De cada quinhentos uma alma. Combinando romance policial e tramas de horror com investigação psicológica e profecias bíblicas, a autora expande seu universo para abarcar novas perspectivas sobre as relações entre humanos e animais, a exploração da precariedade e a insistência da vida nas ruínas de uma tragédia. Publicação da Companhia das Letras. Você pode comprar o livro aqui.
 
Um mergulho no caudaloso rio de memórias de Buchi Emecheta.
 
Ela se tornou um dos expoentes da literatura nigeriana e uma das vozes africanas mais celebradas, mas sua trajetória foi cheia de obstáculos ― e é isso que ela mostra neste livro de memórias. Ao narrar desde sua infância na Nigéria até a luta para se tornar escritora na Inglaterra, criando sozinha os filhos, Buchi joga luz em situações ficcionalizadas nas suas obras. Afinal, estas páginas demonstram o quanto seus romances estão calcados em experiências pessoais, como mulher, imigrante, negra e pobre numa Europa majoritariamente branca e marcada por xenofobia e racismo. Um livro instigante para quem está descobrindo a autora, e uma leitura obrigatória para quem já conhece sua força. Com tradução de Davi Boaventura o Cabeça fora d’água sai pela editora Dublinense. Você pode comprar o livro aqui.
 
Chega aos leitores brasileiros a tradução de um novo livro de Igiaba Scego.
 
Em Roma, no final de 1990, uma jovem de dezesseis anos se prepara para sua primeira festa de Ano-Novo. Ela não sabe que nesta noite se cumprirá o destino que pesa sobre toda sua família: enquanto a televisão noticia com urgência a guerra civil que eclode na Somália, o Jirro entra em sua alma para nunca mais abandoná-la. Espécie de doença e maldição, Jirro é a palavra somali que nomeia o mal causado pelo trauma do desenraizamento, algo que habita todos os sujeitos que vivem na diáspora. Em Cassandra em Mogadício, Igiaba Scego, filha de imigrantes exilados na Itália durante a ditadura de Siad Barre na Somália, mistura seu italiano de origem com os sons da língua somali para compor ao mesmo tempo uma carta a uma jovem sobrinha, um relato histórico, uma genealogia familiar e um laboratório alquímico no qual o sofrimento se transforma em esperança graças às palavras. Este romance envolvente nos revela como acontecimentos do mundo nos constituem intimamente e une o que a história gostaria de separar: seu avô, intérprete do General Graziani durante os anos infames de ocupação italiana na Somália; seu pai, diplomata e homem de cultura; sua mãe, criada num clã nômade e então engolida pela guerra civil; as humilhações da vida como imigrantes em Roma nos anos 90; a falta de uma língua comum numa grande família espalhada entre diferentes continentes; uma doença que dia após dia sequestra a humanidade dos olhos. Como uma Cassandra moderna, Igiaba Scego faz da visão turva pela dor uma lente benevolente sobre o mundo, escrevendo um grande romance sobre nosso passado e nosso presente e que celebra a irmandade, a possibilidade de perdão, cuidado e paz. Com tradução de Francesca Cricelli e publicação da editora Nós. Você pode comprar o livro aqui.
 
Peu Araújo e um vislumbre das margens da cidade.
 
“O romance de Peu Araújo é, assim, um convite para olharmos além dos estereótipos e das manchetes sensacionalistas, para enxergarmos a humanidade pulsante que habita as margens de nossas cidades. Ao nos entregarmos às páginas de Parque Modelo, embarcamos em uma viagem transformadora pelas ruas, pelas memórias e pelas histórias de um lugar que, apesar de suas dores e seus desafios, segue com vida, com poesia e com esperança. Uma leitura necessária e urgente para todos aqueles que acreditam no poder da literatura como ferramenta de compreensão, de empatia e de transformação social.” (Kalaf Epalanga) O livro de Peu Araújo sai com prefácio de Ricardo Terto e posfácio de Kalaf Epalanga pelas Edições Jabuticaba. Você pode comprar o livro aqui.
 
Clássico da Retórica é a novidade no seleto catálogo da editora Mnēma.
 
As primeiras referências que temos ao texto da Retórica a Herênio são do século IV EC e vêm acompanhadas da atribuição a CÍCERO. Nos manuscritos, mesmo nos mais íntegros, não constam o nome do autor, nem o da obra. Sabe-se, apenas, que foi endereçada a certo Caio Herênio, pois, expedida em quatro livros, seu destinatário está identificado no início de três deles. Essa filiação, motivada pela semelhança entre um tratado de Cícero, o Sobre a invenção, e os três primeiros livros do manual dedicado a Herênio, só começou a ser questionada no século XV EC. Até então, a autoria fora asseverada pela transmissão do texto em códices compartilhados com obras de Cícero, nos quais o Sobre a invenção recebia a alcunha de “Retórica primeira” e a Retórica a Herênio, de “Retórica segunda”. Possivelmente composta entre 82 e 86 AEC, a Retórica a Herênio é a mais antiga arte retórica escrita em latim a ter sobrevivido, completa, até a Modernidade e uma das obras de maior circulação na Idade Média. Na Antiguidade greco-latina, a Retórica era a disciplina que regulava as práticas discursivas em geral. Os discursos “para uso civil” eram, então, divididos em três “gêneros”: judiciário, deliberativo e demonstrativo; e a arte do orador, em cinco “partes”: invenção, disposição, elocução, memória e pronunciação. A Retórica a Herênio é um compêndio destinado ao ensino da Retórica; mas, embora disponha sobre os três gêneros, privilegia a oratória judiciária, insistindo na complementaridade entre a invenção dos argumentos e sua elocução com palavras e figuras bem escolhidas, que os consolidem e os protejam, a ponto de torná-los imbatíveis. A tradução, introdução e notas são de Adriana Seabra e Ana Paula Celestino Faria. Você pode comprar o livro aqui.

REEDIÇÕES
 
Nova edição de um dos principais livros de Maura Lopes Cançado.
 
Publicado originalmente em 1965, Hospício é Deus mescla memórias de infância com relatos de sucessivas internações em hospitais psiquiátricos. Um depoimento brutal escrito em primeira pessoa por um dos nomes mais instigantes da literatura brasileira do século XX. “Não creio ter sido uma criança normal, embora não despertasse suspeitas. Encaravam-me como a uma menina caprichosa, mas a verdade é que já era uma candidata aos hospícios onde vim parar.” É desconcertante a sinceridade com que Maura Lopes Cançado desfia suas lembranças. Sem nunca escorregar no sentimentalismo ou na autopiedade, este volume é um poderoso testemunho sobre a trajetória da autora, que viveu uma infância abastada no interior de Minas Gerais antes de passar por diversas internações em hospitais psiquiátricos em Belo Horizonte e no Rio de Janeiro. Leitora ávida, tida como revelação literária dos anos 1960, a escritora — que por décadas ficou relegada ao ostracismo — nos convida a refletir sobre os limites entre razão e loucura, ficção e memória, realidade e imaginação. Publicação da Companhia das Letras. Você pode comprar o livro aqui.
 
RAPIDINHAS
 
Alessandro Manzoni por outro plano. A Editora Unesp publica uma nova tradução do ensaio histórico redigido pelo principal autor da literatura italiana no período moderno depois do romance Os noivos (1840); História da Coluna Infame recria a Milão do século XVII durante a Peste Negra. A tradução é de Jorge Coli.
 
Dalton Trevisan para pequenos 1. O grupo editorial Record está com um novo selo que abrigará publicações para infância: Reco-reco. E entre as novidades neste segmento estão dois livros do escritor curitibano.
 
Dalton Trevisan para pequenos 2. O ciclista sai com ilustrações de Odilon Moraes e conta a história de um jovem que voa na sua bicicleta driblando o trânsito intenso da cidade; e Chuva, ilustrado por Eloar Guazzelli, é um conto que busca capturar a essência dos dias de chuva.

Cecília Meireles especial. A editora Global publica uma edição para celebrar os 60 anos de Ou isto ou aquilo. Com tiragem limitada, a obra sai em capa dura com acabamento em tecido, pintura trilateral e as já conhecidas ilustrações de Odilon Moraes.

OBITUÁRIO
 
Morreu Annie Le Brun.
 
Annie Le Brun nasceu no dia 15 de agosto de 1942. Descobriu o surrealismo ainda quando estudante. Logo travou diálogo com André Breton, figura central do movimento francês, e passou a participar das atividades do grupo surrealista desde então. Publica em 1967 o seu primeiro livro como poeta, Sur le champ e a década seguinte é a mais prolífica para a sua obra nesse gênero; saíram nessa época títulos como Les mots font l'amour (1970), Les Pâles et fiévreux après-midi des villes (1972), La Traversée des Alpes (1972), Tout près, les nomade (1972), Les Écureuils de l'orage (1974), Annulaire de lune (1977) — trabalhos reunidos em Ombre pour ombre (2004). A partir da mesma década, inicia uma extensa obra como ensaísta e crítica literária dedicada ao estudo do surrealismo e obra de autores como Sade, Alfred Jarry, Aimé Césaire, Leonora Carrington, entre outros. Neste gênero, saiu no Brasil O sentimento da catástrofe: entre o real e o imaginário (Iluminuras, 2016). Annie Le Brun morreu no dia 29 de julho de 2024.
 
Morreu Edna O’Brien.
 
Edna O’Brien nasceu em Tuamgraney, Condado de Clare, na Irlanda, em 15 de dezembro de 1930. Foi ainda na faculdade de farmácia, nos anos 1950, que entrou em contato com a obra de escritores com Liev Tolstói, William Thackeray e F. Scott Fitzgerald, sendo, como afirmou reiteradas vezes, a descoberta da obra de James Joyce, primeiro através de um ensaio de T. S. Eliot, e depois com Retrato de um artista quando jovem, a circunstância desencadeadora do seu interesse pela escrita. Estabelecida em Londres, onde foi contratada para escrever um romance depois da descoberta dos seus relatórios como leitora para a casa editorial Hutchinson, O’Brien publica The Country Girls, a primeira parte de uma trilogia que se desenvolve ao longo dos anos 1960 com Lonely Girl e Girls in Their Married Bliss — livros proibidos e queimados no seu país natal, devido a descrição franca acerca da vida sexual de seus personagens. Além do romance, ela escreveu ensaio, conto, crônica, biografia, poesia e teatro. É dela, por exemplo, as biografias James Joyce e Byron apaixonado. Outros livros seus traduzidos e publicados no Brasil são A luz da noite, Dezembros selvagens e Uma mulher escandalosa. A obra de Edna O’Brien foi amplamente reconhecida desde os anos 1970 e recebeu, entre outros, o Book Prize de Ficção (1990), o Prêmio Europeu de Literatura (1995), a Medalha Ulysses (2006) e o Prêmio pelo Conjunto da Obra na Literatura Irlandesa (2009); em 2021, a França a nomeou Commandeur de l'Ordre des Arts et des Lettres, maior honraria no país. Edna O’Brien morreu no dia 27 de julho de 2024.
 
DICAS DE LEITURA
 
Na aquisição de qualquer um dos livros pelos links ofertados neste boletim, você tem desconto e ainda ajuda a manter o Letras.
 
1. O duelo, de Heinrich von Kleist (Trad. Samuel Titã Jr., Grua Livros, 64p.) Cobiça, trapaça, honra e busca por justiça são alguns dos elementos que se entrelaçam nessa novela considerada por Thomas Mann um dos petardos da literatura alemã. Você pode comprar o livro aqui
 
2. Tomás Nevinson, de Javier Marías (Trad. Josely Vianna Baptista e Eduardo Brandão, Companhia das Letras, 656p.) O reencontro entre Tomás Nevinson e Berta Isla é um dos instantes em que o espião volta a sonhar com a vida pacata em Madri. Mas, como em todo romance do tipo, uma missão ao seu contragosto o colocará novamente em ação. Você pode comprar o livro aqui
 
3. O agente secreto, de Joseph Conrad (Trad. de Fernando Santos, Editora Unesp, 294p.) O exercício com o romance de espionagem feito por um dos autores singulares da literatura do século XX e o ponto fora da linha no seu projeto literário. Você pode comprar o livro aqui
 
VÍDEOS, VERSOS E OUTRAS PROSAS
 
Os leitores brasileiros recebem uma antologia reunindo a poesia de Jon Fosse, Prêmio Nobel de Literatura 2023; o livro é publicado, conforme destacamos na edição n.592 pelo clube Círculo de Poemas, projeto das casas editoriais Luna Parque Edições e Fósforo. Leonardo Pinto Silva entrevistou o escritor para a revista Quatro Cinco Um. Ele é o tradutor de Poemas em coletânea e do restante da obra do norueguês no Brasil. 
 
BAÚ DE LETRAS
 
Neste 3 de agosto de 2024, passam-se os 100 anos da morte de Joseph Conrad. Assinalamos essa efeméride recordando algumas das publicações no Letras em torno da sua obra e biografia.
 
a) A primeira delas data de dezembro de 2007 e é a tradução de um texto de Mario Vargas Llosa intitulado “Joseph Conrad. As raízes do humano”.

b) Depois vieram as traduções de dois textos de Antonio Muñoz Molina, “Visões de Joseph Conrad — disponível aqui; e “O coração das trevas, aqui.

c) Em 2019, saiu este ensaio de Rafael Narbona: a primeira parte de “Joseph Conrad no coração das trevas” está aqui e a segunda, aqui.

DUAS PALAVRINHAS
 
Li em algum lugar outro dia que os homens das cavernas não pintavam o que viam, mas o que desejavam ter visto. Precisamos disso, nestes tempos solitários e lunáticos.
 
— Edna O’Brien, entrevista para The Paris Review.

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* Todas as informações sobre lançamentos de livros aqui divulgadas são as oferecidas pelas editoras na abertura das pré-vendas e o conteúdo, portanto, de responsabilidade das referidas casas.
 

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