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Benito Pérez Galdós. Foto: Arquivo Casa-museu Galdós |
LANÇAMENTOS
Nova edição e tradução brasileiras de um
dos principais romances de Benito Pérez Galdós.
Poucas obras têm a capacidade de
representar de maneira tão clara e com um caráter tão distinto as tendências
literárias de uma época quanto o romance
Dona Perfecta, de Benito Pérez
Galdós. Publicado entre março e maio de 1876 em
La Revista de España,
este folhetim realista encena todos os conflitos sociais de um país que opunha
as tradições rurais com os avanços das cidades grandes. Lançada entre a
preservação de valores católicos mais rígidos e as necessidades econômicas, a
jovem Rosarito se encontra no centro dos interesses de sua mãe, Dona Perfecta,
que vê um futuro para a filha no casamento com o primo Pepe Rey, um jovem
educado em um ambiente mais progressista. O amor pelo noivo e a personalidade
inconstante de Rosarito reforçam o eixo central de
Dona Perfecta, uma
personagem moldada para representar os ideais conservadores, intransigentes e
opressores de uma matriarca que impõe sofrimento aos que a rodeiam. Situado na
fictícia Orbajosa, o romance segue os moldes realistas ao retratar os
personagens daquela cidade interiorana pela visão crítica que revela as origens
e causas da situação social presente na Espanha do século XIX. Clássico da
literatura espanhola, este romance de tese apresenta características centrais
da obra de Galdós, com suas marcantes personagens femininas, seu estilo
refinado e sua capacidade de revelar as mazelas de seu tempo. Com tradução de Andréas Cesco e Wagner
Monteiro, o livro é publicado pela editora 7Letras.
Você pode comprar o livro aqui.
Rafael Gallo, Prêmio José Saramago 2022, retorna ao seu
gênero literário de estreia com o livro de contos inéditos.
Nascido e criado na fazenda, filho dos antigos caseiros de seu
Fortunato, Pedro passou a vida em completa e cega devoção ao patrão e ao
trabalho com os animais. Contudo, após algum tempo de seu casamento com Joana,
a pacífica dedicação às suas obrigações na propriedade é abalada pelo relinchar
desesperado e constante dos cavalos no estábulo, onde a mulher e seu
empregador, toda noite, passam um tempo sozinhos, a “tratar” dos bichos.
Inquietante, “Cavalos no escuro” é a porta de entrada para o que nos espera nos
outros nove contos desta obra, todos tão profundos e mordazes quanto o
primeiro, que dá título ao livro. “Fundo falso”, “Meu anjo”, “O risco na água” e “Fábrica de nuvens”, por
exemplo, exploram a densidade das relações humanas, o mundo existente dentro e
fora de nós, mostrando que tudo o que pertence a nós afeta o outro, e,
sobretudo, que muito do que dizemos e fazemos é dotado de hipocrisia. Em outras
histórias, somos reapresentados à angústia de se viver buscando a própria
identidade: “Às vezes, parece que a gente nasce afastado da gente mesmo, e é
preciso percorrer uma longa distância até alcançar seu Eu”, diz a personagem de
“Diário de Transbordo #99”. Em
comum, todas as narrativas de
Cavalos no escuro apresentam personagens
marcantes, envoltas em suas próprias cegueiras, insuficiências e compulsões,
obsessões e dificuldades. Essa capacidade de Rafael Gallo estruturar uma prosa
eletrizante do início ao fim tem sido amplamente elogiada ao longo de sua carreira.
Nélida Piñon escreveu que o autor é “um herdeiro das portas da imaginação que
Homero abriu”. E Adriana Lisboa afirma, no texto de orelha deste livro que
“Rafael Gallo é um mestre na construção dessas figuras inesquecíveis, que
permanecem conosco muito depois de finda a leitura.” Publicação da editora
Record.
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Carlos Nejar coloca o ponto final na sua obra definitiva.
Publicado pela primeira vez em 1979,
A terra dos viventes foi logo aclamada pela crítica e seus pares. O poeta Carlos Drummond de Andrade
afirmou, à época da primeira edição: “É obra que, sucedendo ao canto anterior e
antecipando o canto que continuará extraindo de sua mina poética, nos dá um
belo exemplo de permanência e invenção contínua”. Palavras proféticas, pois Nejar afirma que voltou à redação do livro
logo após a publicação, adicionando personagens e tópicos. Nestes poemas, o
poeta não expressa apenas sua profunda afeição pelos seres reais e imaginários,
mas procura resgatar, de cada um, a essência tantas vezes esquecida ou
menosprezada.
Para Carlos Nejar, todas
as criaturas estão de alguma forma unidas, pois “não há pátria/a quem ama”.
Produz assim uma obra única no panorama da poesia contemporânea brasileira,
pela multiplicidade de vozes que apresenta, construindo a um só tempo um mosaico
amplo, diverso e coeso. A edição definitiva de
A terra dos viventes sai
pela Editora Sator.
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Expande-se a presença entre os
leitores brasileiros da obra de Roman Gary.
Narrada pelo peculiar motorista
parisiense Jean,
A angústia do Rei Salomão é a história de uma amizade
improvável, surgida a partir de uma corrida de táxi e da generosidade do
misterioso Salomão Rubinstein, um rico senhor de idade que mantém a instituição
S.O.S. Voluntários, cuja atividade principal é atender ligações de almas
solitárias e fazer companhia a elas, pessoalmente ou por telefone. Jean, que
até então dividia seu tempo entre corridas de táxi, bicos de faztudo e visitas
à biblioteca, recebe uma proposta insólita de seu novo amigo. Em troca de
quitar um gordo empréstimo bancário, tomado por Jean e dois motoristas para a
compra de um carro, Salomão pede ao taxista que passe a visitar — em nome da
associação — quem possa estar solitário e precisando conversar. A princípio
relutante, Jean aceita a nova função e logo é enviado à casa de Cora Lamenaire,
uma antiga cantora que fez sucesso antes da guerra, mas acabou no esquecimento.
A história da idosa o encanta, e ele desenvolve uma relação de carinho pela
artista, que aos poucos deixa entrever mais sobre o passado dela e de Salomão.
Judeu polonês e apaixonado por Cora, Salomão ficou na França, escondido num
porão, para permanecer perto da amada durante a guerra. Mas desencontros
fizeram com que, passado o período sombrio do conflito, os dois se afastassem,
deixando em suspenso a sua história de amor. Ao saber disso, Jean se esforça
como nunca para reconstruir os laços entre os orgulhosos Salomão e Cora. E é
assim que adentramos o universo próprio e tão único criado pela pena de
Gary/ Ajar: uma narrativa que mescla a história europeia a temas universais como
amor, altruísmo e amizade. Publicação da editora Todavia. A tradução é de Júlia
da Rosa Simões.
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Dos contornos do erotismo e da ternura de um primeiro amor.
Do saguão de um hotel no interior da França, Philippe se depara com um
jovem que se assemelha muito ao seu primeiro amor. O inesperado encontro o leva
de volta ao ano de 1984, quando viveu um romance escondido com o jovem e
deslumbrante Thomas, durante o último ano do Ensino Médio. Sem nunca admitir
nos corredores que se conhecem, eles se encontram em segredo, entregando-se a
um caso apaixonante e que ambos sabem estar fadado ao fim assim que as aulas
acabarem.
Mentiras que contamos captura o erotismo e a ternura de um
primeiro amor — e quão dolorosa é a passagem do tempo quando não somos
verdadeiros à nossa essência. Com tradução de Débora Isidoro, o livro de Philippe Besson é
publicado pelo selo Astral Cultural.
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Edgar Wilson está de volta ao
Matadouro do Milo após a catástrofe que quase erradicou a existência humana.
Junto aos companheiros Bronco Gil e o ex-padre Tomás, o grupo é jogado em meio
a uma trama de assassinato e conspiração, protagonizada pelo Circo das
Revelações e seus misteriosos personagens.
Edgar Wilson, cansado de trabalhar
como coletor de cadáveres em estradas, recebe a oportunidade de voltar ao
Matadouro do Milo, agora comandado por sua esposa Rosário. Junto aos
companheiros Bronco Gil e o ex-padre Tomás, ele passa a cuidar de um rebanho de
búfalos. Enquanto o mundo parece se ajustar em meio aos destroços da catástrofe
que o levou à beira do precipício, mais uma vez a morte persegue Edgar Wilson. Ao
se deparar com o corpo de um palhaço na beira da estrada, o protagonista é
levado a uma trama de conspirações cujo centro é o recém-chegado Circo das
Revelações. Prometendo entretenimento e salvação, o Circo arrasta multidões de
desamparados em busca de algum tipo de conforto ou direcionamento. No centro do
picadeiro está a garota Azalea, uma vidente necromante que parece habitar a
fronteira entre o passado e o futuro, a vida e a morte. Ainda que possa ser
lido separadamente,
Búfalos selvagens é a conclusão da Trilogia do fim
que se iniciou com
Enterre seus mortos, livro vencedor do Prêmio São
Paulo de Literatura, e
De cada quinhentos uma alma. Combinando romance
policial e tramas de horror com investigação psicológica e profecias bíblicas,
Ana Paula Maia expande seu universo para abarcar novas perspectivas sobre as relações
entre humanos e animais, a exploração da precariedade e a insistência da vida
nas ruínas de uma tragédia. Publicação da Companhia das Letras.
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Um mergulho no caudaloso rio de
memórias de Buchi Emecheta.
Ela se tornou um dos expoentes da literatura nigeriana e uma das vozes
africanas mais celebradas, mas sua trajetória foi cheia de obstáculos ― e é
isso que ela mostra neste livro de memórias. Ao narrar desde sua infância na
Nigéria até a luta para se tornar escritora na Inglaterra, criando sozinha os
filhos, Buchi joga luz em situações ficcionalizadas nas suas obras. Afinal,
estas páginas demonstram o quanto seus romances estão calcados em experiências
pessoais, como mulher, imigrante, negra e pobre numa Europa majoritariamente
branca e marcada por xenofobia e racismo. Um livro instigante para quem está
descobrindo a autora, e uma leitura obrigatória para quem já conhece sua força.
Com tradução de Davi Boaventura,
Cabeça fora d’água sai pela editora
Dublinense.
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Chega aos leitores brasileiros a tradução de um novo livro de Igiaba
Scego.
Em Roma, no final de 1990, uma jovem de dezesseis anos se prepara para
sua primeira festa de Ano-Novo. Ela não sabe que nesta noite se cumprirá o
destino que pesa sobre toda sua família: enquanto a televisão noticia com
urgência a guerra civil que eclode na Somália, o Jirro entra em sua alma para
nunca mais abandoná-la. Espécie de doença e maldição, Jirro é a palavra somali
que nomeia o mal causado pelo trauma do desenraizamento, algo que habita todos
os sujeitos que vivem na diáspora. Em
Cassandra em Mogadício, Igiaba
Scego, filha de imigrantes exilados na Itália durante a ditadura de Siad Barre
na Somália, mistura seu italiano de origem com os sons da língua somali para
compor ao mesmo tempo uma carta a uma jovem sobrinha, um relato histórico, uma
genealogia familiar e um laboratório alquímico no qual o sofrimento se
transforma em esperança graças às palavras. Este romance envolvente nos revela
como acontecimentos do mundo nos constituem intimamente e une o que a história
gostaria de separar: seu avô, intérprete do General Graziani durante os anos
infames de ocupação italiana na Somália; seu pai, diplomata e homem de cultura;
sua mãe, criada num clã nômade e então engolida pela guerra civil; as
humilhações da vida como imigrantes em Roma nos anos 90; a falta de uma língua
comum numa grande família espalhada entre diferentes continentes; uma doença
que dia após dia sequestra a humanidade dos olhos. Como uma Cassandra moderna,
Igiaba Scego faz da visão turva pela dor uma lente benevolente sobre o mundo,
escrevendo um grande romance sobre nosso passado e nosso presente e que celebra
a irmandade, a possibilidade de perdão, cuidado e paz. Com tradução de Francesca Cricelli e publicação da editora
Nós.
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Peu Araújo e um vislumbre das
margens da cidade.
“O romance de Peu Araújo é, assim,
um convite para olharmos além dos estereótipos e das manchetes
sensacionalistas, para enxergarmos a humanidade pulsante que habita as margens
de nossas cidades. Ao nos entregarmos às páginas de
Parque Modelo,
embarcamos em uma viagem transformadora pelas ruas, pelas memórias e pelas
histórias de um lugar que, apesar de suas dores e seus desafios, segue com
vida, com poesia e com esperança. Uma leitura necessária e urgente para todos
aqueles que acreditam no poder da literatura como ferramenta de compreensão, de
empatia e de transformação social.” (Kalaf Epalanga) O livro de Peu Araújo sai
com prefácio de Ricardo Terto e posfácio de Kalaf Epalanga pelas Edições
Jabuticaba.
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Clássico da Retórica é a
novidade no seleto catálogo da editora Mnēma.
As primeiras referências que temos
ao texto da
Retórica a Herênio são do século IV EC e vêm acompanhadas da
atribuição a Cícero. Nos manuscritos, mesmo nos mais íntegros, não constam o
nome do autor, nem o da obra. Sabe-se, apenas, que foi endereçada a certo Caio
Herênio, pois, expedida em quatro livros, seu destinatário está identificado no
início de três deles. Essa filiação, motivada pela semelhança entre um tratado
de Cícero, o Sobre a invenção, e os três primeiros livros do manual dedicado a
Herênio, só começou a ser questionada no século XV EC. Até então, a autoria
fora asseverada pela transmissão do texto em códices compartilhados com obras
de Cícero, nos quais o
Sobre a invenção recebia a alcunha de “Retórica
primeira” e a
Retórica a Herênio, de “Retórica segunda”. Possivelmente
composta entre 82 e 86 AEC, a
Retórica a Herênio é a mais antiga arte
retórica escrita em latim a ter sobrevivido, completa, até a Modernidade e uma
das obras de maior circulação na Idade Média. Na Antiguidade greco-latina, a
Retórica era a disciplina que regulava as práticas discursivas em geral. Os discursos
“para uso civil” eram, então, divididos em três “gêneros”: judiciário,
deliberativo e demonstrativo; e a arte do orador, em cinco “partes”: invenção,
disposição, elocução, memória e pronunciação. A
Retórica a Herênio é um
compêndio destinado ao ensino da Retórica; mas, embora disponha sobre os três
gêneros, privilegia a oratória judiciária, insistindo na complementaridade
entre a invenção dos argumentos e sua elocução com palavras e figuras bem
escolhidas, que os consolidem e os protejam, a ponto de torná-los imbatíveis. A
tradução, introdução e notas são de Adriana Seabra e Ana Paula Celestino Faria.
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REEDIÇÕES
Nova edição de um dos
principais livros de Maura Lopes Cançado.
Publicado originalmente em 1965,
Hospício
é Deus mescla memórias de infância com relatos de sucessivas internações em
hospitais psiquiátricos. Um depoimento brutal escrito em primeira pessoa por um
dos nomes mais instigantes da literatura brasileira do século XX. “Não creio ter sido uma criança
normal, embora não despertasse suspeitas. Encaravam-me como a uma menina
caprichosa, mas a verdade é que já era uma candidata aos hospícios onde vim
parar.” É desconcertante a sinceridade com que Maura Lopes Cançado desfia suas
lembranças. Sem nunca escorregar no sentimentalismo ou na autopiedade, este
volume é um poderoso testemunho sobre a trajetória da autora, que viveu uma
infância abastada no interior de Minas Gerais antes de passar por diversas
internações em hospitais psiquiátricos em Belo Horizonte e no Rio de Janeiro. Leitora
ávida, tida como revelação literária dos anos 1960, a escritora — que por
décadas ficou relegada ao ostracismo — nos convida a refletir sobre os limites
entre razão e loucura, ficção e memória, realidade e imaginação. Publicação da
Companhia das Letras.
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RAPIDINHAS
Alessandro Manzoni por outro plano. A Editora Unesp publica uma nova tradução do ensaio histórico redigido
pelo principal autor da literatura italiana no período moderno depois do
romance
Os noivos (1840);
História da Coluna Infame recria a
Milão do século XVII durante a Peste Negra. A tradução é de Jorge
Coli.
Dalton Trevisan para pequenos 1.
O grupo editorial Record está com um novo selo que abrigará publicações para
infância: Reco-reco. E entre as novidades neste segmento estão dois
livros do escritor curitibano.
Dalton Trevisan para pequenos 2.
O ciclista sai com ilustrações de Odilon Moraes e conta a história de um
jovem que voa na sua bicicleta driblando o trânsito intenso da cidade;
e
Chuva, ilustrado por Eloar Guazzelli, é um conto que busca capturar a
essência dos dias de chuva.
Cecília Meireles especial. A editora Global publica
uma edição para celebrar os 60 anos de
Ou isto ou aquilo. Com tiragem limitada, a obra sai em capa dura com acabamento em tecido, pintura trilateral e as já conhecidas ilustrações de Odilon Moraes.
OBITUÁRIO
Morreu Annie Le Brun.
Annie Le Brun nasceu no dia 15 de agosto de 1942. Descobriu o
surrealismo ainda quando estudante. Logo travou diálogo com André Breton,
figura central do movimento francês, e passou a participar das atividades do
grupo surrealista desde então. Publica em 1967 o seu primeiro livro como poeta,
Sur le champ e a década seguinte é a mais prolífica para a sua obra nesse
gênero; saíram nessa época títulos como
Les mots font l'amour (1970),
Les Pâles et
fiévreux après-midi des villes (1972),
La Traversée des Alpes
(1972),
Tout près, les nomade (1972),
Les Écureuils de l'orage
(1974),
Annulaire de lune (1977) — trabalhos reunidos em
Ombre pour
ombre (2004). A partir da mesma década, inicia uma extensa obra como
ensaísta e crítica literária dedicada ao estudo do surrealismo e obra de
autores como Sade, Alfred Jarry, Aimé Césaire, Leonora Carrington, entre
outros. Neste gênero, saiu no Brasil
O sentimento da catástrofe: entre o
real e o imaginário (Iluminuras, 2016). Annie Le Brun morreu no dia 29 de
julho de 2024.
Morreu Edna O’Brien.
Edna O’Brien nasceu em Tuamgraney, Condado de Clare, na Irlanda, em 15
de dezembro de 1930. Foi ainda na faculdade de farmácia, nos anos 1950, que
entrou em contato com a obra de escritores com Liev Tolstói, William Thackeray
e F. Scott Fitzgerald, sendo, como afirmou reiteradas vezes, a descoberta da
obra de James Joyce, primeiro através de um ensaio de T. S. Eliot, e depois com
Retrato de um artista quando jovem, a circunstância desencadeadora do seu
interesse pela escrita. Estabelecida em Londres, onde foi contratada para
escrever um romance depois da descoberta dos seus relatórios como leitora para
a casa editorial Hutchinson, O’Brien publica
The Country Girls, a
primeira parte de uma trilogia que se desenvolve ao longo dos anos 1960 com
Lonely
Girl e
Girls in Their Married Bliss — livros proibidos e queimados
no seu país natal, devido a descrição franca acerca da vida sexual de seus
personagens. Além do romance, ela escreveu ensaio, conto, crônica, biografia,
poesia e teatro. É dela, por exemplo, as biografias
James Joyce e
Byron
apaixonado. Outros livros seus traduzidos e publicados no Brasil são
A
luz da noite,
Dezembros selvagens e
Uma mulher escandalosa. A
obra de Edna O’Brien foi amplamente reconhecida desde os anos 1970 e recebeu,
entre outros, o Book Prize de Ficção (1990), o Prêmio Europeu de Literatura
(1995), a Medalha Ulysses (2006) e o Prêmio pelo Conjunto da Obra na Literatura
Irlandesa (2009); em 2021, a França a nomeou Commandeur de l'Ordre des Arts et
des Lettres, maior honraria no país. Edna O’Brien morreu no dia 27 de julho de
2024.
DICAS DE LEITURA
Na aquisição de qualquer um dos
livros pelos links ofertados neste boletim, você tem desconto e ainda ajuda a
manter o Letras.
1.
O duelo, de Heinrich von
Kleist (Trad. Samuel Titã Jr., Grua Livros, 64p.) Cobiça, trapaça, honra e
busca por justiça são alguns dos elementos que se entrelaçam nessa novela considerada
por Thomas Mann um dos petardos da literatura alemã.
Você pode comprar o livro aqui.
2. Tomás Nevinson, de Javier Marías (Trad. Josely Vianna
Baptista e Eduardo Brandão, Companhia das Letras, 656p.) O reencontro entre
Tomás Nevinson e Berta Isla é um dos instantes em que o espião volta a sonhar
com a vida pacata em Madri. Mas, como em todo romance do tipo, uma missão ao seu contragosto o colocará novamente em ação.
Você pode comprar o livro aqui.
3.
O agente secreto, de Joseph
Conrad
(Trad. de Fernando Santos, Editora Unesp, 294p.) O exercício com o romance de espionagem feito por um dos autores singulares da literatura do século XX e o ponto fora da linha no seu projeto literário.
Você pode comprar o livro aqui.
VÍDEOS, VERSOS E OUTRAS PROSAS
Os leitores brasileiros recebem uma
antologia reunindo a poesia de Jon Fosse, Prêmio Nobel de Literatura 2023; o
livro é publicado, conforme destacamos na edição n.592 pelo clube Círculo de Poemas,
projeto das casas editoriais Luna Parque Edições e Fósforo. Leonardo Pinto
Silva
entrevistou o escritor para a revista
Quatro Cinco Um. Ele é o
tradutor de
Poemas em coletânea e do restante da obra do norueguês
no Brasil.
BAÚ DE LETRAS
Neste 3 de agosto de 2024,
passam-se os 100 anos da morte de Joseph Conrad. Assinalamos essa efeméride recordando
algumas das publicações no
Letras em torno da sua obra e biografia.
a) A primeira delas data de
dezembro de 2007 e é a tradução
de um texto de Mario Vargas Llosa intitulado “Joseph
Conrad. As raízes do humano”.
b) Depois vieram as traduções de
dois textos de Antonio Muñoz Molina, “Visões de Joseph Conrad — disponível
aqui;
e “O coração das trevas,
aqui.
c) Em 2019, saiu este ensaio de
Rafael Narbona: a primeira parte de “Joseph Conrad no coração das trevas” está
aqui e a segunda,
aqui.
DUAS PALAVRINHAS
Li em algum lugar outro dia que os
homens das cavernas não pintavam o que viam, mas o que desejavam ter visto.
Precisamos disso, nestes tempos solitários e lunáticos.
— Edna O’Brien, entrevista para
The
Paris Review.
...
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