Boletim Letras 360º #594

Ronaldo Correia de Brito. Foto: Samuel Macedo



LANÇAMENTOS
 
O novo romance de Ronaldo Correia de Brito recria um Brasil mitológico, onde a vontade dos homens se impõe pela força.
 
Em Rio sangue, histórias e lendas se mesclam — como afluentes de um rio — a uma saga familiar entremeada por embates de poder e paixões. José e João são ainda crianças quando desembarcam no Recife. A família, do norte de Portugal, deixou tudo para trás com a intenção de fazer dinheiro na colônia. José, o mais velho, será ordenado padre contra a própria vontade. Vacilante na fé, é silencioso e contido, diferente do irmão, atrevido e violento. A oposição entre os dois dá o tom desta saga, onde se entrelaçam gerações e etnias. Por meio de uma narrativa épica, intensa e luminosa como o sol do sertão, Rio sangue se desdobra em histórias e lendas que integram a marca da oralidade e do imaginário. O sertão de Correia de Brito é um espaço que transcende a realidade. Ele reinventa sua geografia e o habita com divindades e assombrações, sem arredar do destino trágico de seus personagens. O livro sai pela Editora Alfaguara. Você pode comprar o livro aqui.

A partir de uma ligação telefônica do ditador russo a Boris Pasternak, Ismail Kadaré investiga as relações entre arte e política, em um trabalho que dialoga diretamente com sua experiência pessoal.
 
Um ditador na linha evoca o suposto telefonema de Stálin a Boris Pasternak, em junho de 1934, que deu origem a rumores e interpretações que contribuíram para enfraquecer ainda mais a imagem do grande escritor russo. Ismail Kadaré explora as versões factíveis da ligação a partir de relatos de testemunhas, repórteres, biógrafos, escritores como Isaiah Berlin e Anna Akhmátova, e até arquivistas da KGB. À primeira vista, tem-se a impressão de que o livro se baseará na relação entre os interlocutores, porém Óssip Mandelstam ­— poeta russo nascido na Polônia, morto num campo de prisioneiros pelo governo stalinista em 1938 — assume papel central como representante dos vários autores que escreveram sob a sombra de regimes ditatoriais. Ao entrelaçar as relações entre poder, política e criação artística, esta obra é tanto um sofisticado exercício literário quanto uma tentativa de compreender como a arte e o autoritarismo se constroem à vista um do outro. Publicação da Companhia das Letras; a tradução é de Bernardo Joffily. Você pode comprar o livro aqui.

Este romance multifacetado, construído a partir de uma soma de narrativas, palavras e imagens, é uma investigação fascinante sobre o desaparecimento da cultura, da memória e de idiomas indígenas e sobre os limites mais distantes que a linguagem pode conceber.
 
Tais desaparecimentos desvelam também os perigos da globalização e os lugares ocultos na América Latina que ainda resistem a ela. Julio Gamboa é um professor universitário desiludido que há anos deixou seu país natal, a Costa Rica, para se estabelecer nos Estados Unidos. Certo dia, recebe uma convocação póstuma de uma ex-namorada, a renomada escritora britânica Aliza Abravanel, para que edite o romance que ela escrevia ao morrer, enquanto travava uma longa batalha contra uma doença neurológica. Segundo instruções da própria Aliza, Julio é a única pessoa capaz de realizar essa tarefa, bem como de solucionar os enigmas presentes no manuscrito, ainda que os dois tenham se visto pela última vez há mais de trinta anos. Gamboa segue para a colônia de artistas onde Abravanel viveu os últimos dias, no norte da Argentina, e, ao se dedicar à leitura do complexo texto e dos relatos sobre Nueva Germania — a comuna antissemita fundada pela irmã de Nietzsche no Paraguai, no fim do século XIX —, envolve-se em uma série de histórias interconectadas de perda, o que o leva de volta à Guatemala, onde ele e Aliza se separaram. Será que essa jornada fortuita poderá oferecer a Julio a chance de acertar as contas com o passado? Austral é publicado pela editora Instante; a tradução é de Bruno Cobalchini Mattos. Você pode comprar o livro aqui.
 
Chegada ao Brasil de uma nova obra da escritora portuguesa Ana Margarida de Carvalho.
 
Dois homens se encontram numa estrada do Alentejo, em Portugal, perto da fronteira com a Espanha, de onde ecoa a guerra civil. Dirigem-se para um destino comum, mas cada qual com o seu fardo: um, carrega o peso da vingança; o outro, uma carga de azeitonas. Entre dois entardeceres, a narrativa avança, sinuosa e inexorável, como uma trilha de formigas num terreno acidentado, uma atrás da outra. E nesse magistral enfileiramento de enredos e personagens, a única constante é o inconsciente gesto para proteger a cabeça ― seja da fúria do vento ou da violência humana. O gesto que fazemos para proteger a cabeça é publicado pela editora Dublinense. Você pode comprar o livro aqui.
 
A vida e os estertores dos últimos dias.
 
Quando o médico da família decreta que sua mãe idosa “não é mais autossuficiente”, Didier Eribon precisa encontrar uma instituição que lhe ofereça cuidados contínuos. O autor do aclamado Retorno a Reims não pode imaginar de que o dia em que ele a acompanha até a casa de repouso será a última vez que irá vê-la. O luto leva o filósofo francês a reconstituir a parábola exemplar de uma “mulher do povo”: da infância em um orfanato ao trabalho como empregada doméstica e depois como operária, uma vida angusta em um casamento infeliz. Essa despedida é uma oportunidade de contar uma história íntima, abrindo-a para uma reflexão mais ampla, em que uma mulher parece se tornar a imagem de um povo e nos força a aceitar a dinâmica invisível que relega a doença e o envelhecimento às margens da existência. Vida, velhice e morte de uma mulher do povo sai pela editora Âyiné. A tradução é de Luzmara Curcino. Você pode comprar o livro aqui.
 
Um regresso a Safo para dizer dos laços entre mulheres.
 
Com uma escrita fragmentada que remete ao estilo único de Anne Carson, Selby Wynn Schwartz parte da poesia Safo para contar uma história revigorante de mulheres cujas narrativas se entrelaçam à medida em que forjam identidades queer e reivindicam o direito às suas próprias vidas. Enquanto ficcionaliza os verdadeiros laços entre mulheres reais, Schwartz nos convida a imaginar uma rede ainda mais extensa de amantes e maneiras de amar, um mundo inteiro que nunca existiu completamente, mas que, nestas páginas, sempre existiu. As filhas de Safo recupera e homenageia a ancestralidade de artistas pioneiras do final do século XIX e início do século XX, formando um emocionante catálogo de intimidades e invenções, desejos e sonhos. Com tradução de Nara Vidal, o livro sai pelo selo Contemporânea da Autêntica. Você pode comprar o livro aqui.
 
O novo livro de poesia de Francesca Cricelli.
 
Uma velha estação termina. Um corpo transforma outro corpo. Um país é deixado para trás. O brilho da lua de Reykjavík a iluminar um mundo que prepara o fim do mundo. Em seu novo livro de poesia, Francesca Cricelli parte da ideia de inventário para fazer uma apuração do que tem sob seu cuidado, quando tudo parece já ter saído do lugar. No poema de abertura, o estranhamento de quem perdeu algo essencial, mas ainda não por inteiro: “conheço um país, mas não o reconheço ―/ quando em mim adentro suas tramas/ armo-me até os dentes”. E não seria justamente essa a sensação a assombrar todos os exilados? Para Cricelli, este é um livro-diário, “mas polido”, no qual o brilho de uma erupção vulcânica e o branco impassível da neve de uma terra estranha assumem as formas de uma poética que dialoga com poetas como Inger Christensen, Ida Vitali, Ana Cristina César e Vasko Popa. E o desejo de inventariar surge do impulso de ponderação do tempo e dos deslocamentos, que assim cria o “inventário imaterial” de uma poeta que caminha pelo mundo reunindo íntimos souvenirs. Este é o primeiro livro que Francesca escreve usando o português como ponto de partida, divergindo do método em que escrita e tradução formavam um só ato. Em Inventário, a despedida momentânea do italiano abre caminho ao português que também é lar. Daí, surge uma voz de versos íntimos e inquisitivos, que reparte com leitores suas transformações, internas e externas. Entre elas, a maternidade, que irrompe nos versos de forma tão bela quanto inquieta: “é sempre violenta a reintegração de posse de um corpo:/ costelas, aréolas/ passageiras as ocupações/ e giram as folhas no ar/ rubor antes do gelo”. Inventário é o projeto de colheita de alguém que sabe estar vivendo numa época em que tudo agora vibra como prenúncio. Publicação editora Nós. Você pode comprar o livro aqui.
 
Uma visita ao rural no sul do Brasil no novo romance de Mariana Salomão Carrara.
 
Em uma pequena roça no Sul do país, a vida segue o seu curso. O cultivo do tabaco dá sustento a Guerlinda, Carlos e seus filhos, que dia após dia enfrentam as oscilações da natureza, esguichando venenos e adubando as vergas para que as folhas cresçam e atinjam a qualidade ideal. Na angústia da espera — e em meio a investidas das poderosas empresas que dominam o mercado fumicultor —, ainda é preciso decifrar os códigos da infância e da adolescência e aprender a complexa linguagem do amor. Alice, a filha mais velha, deseja participar do tradicional concurso de beleza Musa do Sol, e sua resistência ao trabalho inflama a difícil relação com a mãe; Maria é a irmã do meio e a única que frequenta a escola, porém vive em um mundo à parte; e Pedrinho, com seus quase três anos, ainda não conseguiu falar, mas já participa da rotina nas plantações entre as densas nuvens de agrotóxico, que em tudo se infiltra. Quando chega a época da colheita, os dias se transformam e a família recebe ajuda da mãe de Guerlinda, Elvira, que mesmo com seus estímulos e sua peculiar ternura parece incapaz de emendar a casa tomada por silêncios incômodos e perdas iminentes. Em A árvore mais sozinha do mundo, Carrara joga com as formas narrativas e constrói o enredo a partir da visão de objetos que rodeiam a casa: o espelho lusitano, na sala; a roupa de proteção, que acompanha os filhos na lida com os defensivos agrícolas; a velha caminhonete Rural da família; e a árvore que observa tudo do alto, no quintal em frente à propriedade. Com uma prosa a um só tempo corrosiva e calorosa, que destila um humanismo inabalável, eis o retrato de um país que encobre — de norte a sul — as suas mazelas mais profundas. Publicação da editora Todavia. Você pode comprar o livro aqui.
 
REEDIÇÕES
 
Nova edição do livro que apresenta um panorama temático do teatro russo visto pelo original prisma da paródia e do grotesco.
 
Conhecida por manter uma longa tradição literária, a Rússia também tem no teatro uma de suas mais importantes manifestações artísticas. Partindo de uma série de análises aprofundadas da obra dramática de Nikolai Gógol, fundador de toda uma tradição satírica — em especial em suas peças O inspetor geral (1836), O casamento (1842) e Os jogadores (1842) —, Arlete Cavaliere, professora titular da USP, passa então a traçar a influência dessa estética sobre a dramaturgia do teatro russo moderno. Isto se dá em ensaios sobre o percurso artístico de Anton Tchekhov, das pequenas farsas do início de sua carreira aos dramas tragicômicos que hoje integram o repertório universal do teatro, como A gaivota (1896) e O jardim das cerejeiras (1904); sobre as flutuações entre o moderno e o tradicional no teatro simbolista, com uma leitura perspicaz do drama lírico Balagántchik (1906), de Aleksandr Blok; e sobre os usos da dicotomia sério-cômico nos experimentos futuristas de Vladímir Maiakóvski, ápice do teatro soviético de vanguarda. Sem restringir-se ao aspecto puramente literário dessas obras, a autora inclui em seu itinerário crítico análises das encenações visionárias de Stanislávski e Meyerhold, usando-as também como fios condutores de seu estudo. A nova edição de Teatro russo, ricamente ilustrada, traz ainda um ensaio sobre a cena russa contemporânea centrado na obra de Vladímir Sorókin, autor da polêmica peça Dostoiévski-trip (1997) e um dos grandes nomes do pós-modernismo na Rússia. Publicação da Editora 34. Você pode comprar o livro aqui.
 
RAPIDINHAS
 
A continuação da saga de Dumas 1. A editora Zahar confirmou que publicará ainda neste ano o primeiro volume de O visconde de Bragelonne, a sequência de Os três mosqueteiros e Vinte anos depois, de Alexandre Dumas.
 
A continuação da saga Dumas 2. O livro do escritor francês é o primeiro tomo de uma série composta ainda por Louise de La Vallière e O homem da máscara de ferro, que também sairão pela mesma casa editorial, mas ainda sem previsão de lançamento.

Reedição de Cida Pedrosa. A editora Cepe anunciou a segunda edição de Claranã, livro em que a poeta pernambucana revisita os sons da infância sertaneja: a récita dos cordéis, a toada das emboladas, as cantorias de viola.
 
OBITUÁRIO
 
Morreu J. Borges.
 
J. Borges nasceu a 4 de agosto de 1935. Iniciou sua trajetória com a artesania ainda na infância ajudando a executar materiais de uso cotidiano e recreativo. Na juventude inicia-se na escrita de cordel, alcançando enorme sucesso entre os leitores. E este primeiro reconhecimento o leva ao mundo da ilustração, primeiro para compor as imagens para os seus próprios folhetos e depois materiais dissociados da arte cordelista. Descoberto por colecionadores, logo foi alçado aos meios acadêmicos e ao reconhecimento internacional que, resultou em inúmeras exposições marcantes na Europa e em muitos países da América. Ainda nos anos de 1970 sua obra aparece em livros e de então marca a realização de inúmeras projetos editoriais e publicações, desde a edição de luxo dos contos dos Irmãos Grimm a livros de José Saramago para a infância. Seu trabalho como xilogravurista rendeu a Comenda da Ordem do Mérito oferecida pelo presidente Fernando Henrique Cardoso e o prêmio UNESCO Ação Educativa/ Cultural. Permaneceu durante toda a vida na cidade natal de Bezerros, interior de Pernambuco, onde morreu no dia 26 de julho de 2024.
 
Morreu Sergio Lima.

Sergio Lima nasceu no dia 28 de dezembro de 1939, em Pirassununga, São Paulo. Doutor em Literatura Brasileira pela Universidade de São Paulo, quando estudou a recepção do movimento surrealista no Brasil, sua obra transita entre teoria e crítica literárias e a poesia. Importante nome do surrealismo no país, Sergio Lima congregou vários outros nomes da cena poética, como Claudio Willer, Raul Fiker, Leila Ferraz, Floriano Martins, entre outros, no que ficou designado como Grupo Surrealista de São Paulo. Entre as obras publicadas estão: na poesia, Amore (1963), sua estreia referida por André Breton na revista parisiense La Brèche, A festa (deitada) (1973), A alta licenciosidade (1985) e Aluvião rei (1992); na teoria e crítica literárias publicou títulos como A aventura surrealista (Tomo I, 1995; Tomo II, 2010), O olhar selvagem: o cinema dos surrealistas (2008) e O rasgo absoluto (2016). Foi o realizador da XIII Exposição Internacional do Surrealismo, da qual resultou a revista A Phala, e da exposição Collage: homenagem ao centenário de André Breton (1896-1996). Sergio Lima morreu no dia 25 de julho de 2024, em São Paulo.
 
DICAS DE LEITURA
 
Na aquisição de qualquer um dos livros pelos links ofertados neste boletim, você tem desconto e ainda ajuda a manter o Letras.
 
1. Juventude sem Deus, de Ödön von Horváth (Trad. Sergio Tellaroli, Todavia, 176p.) A crise de consciência de um professor em meio ao ambiente sufocante do regime imposto pelo governo de Adolf Hitler. Você pode comprar o livro aqui
 
2. A segunda vinda de Hilda Bustamante, de Salomé Esper (Trad. Sérgio Karam, Autêntica Contemporânea, 160p.) A personagem que dá título a este romance regressa do mundo dos mortos para transformar o passado e o presente, a sua cidade e as pessoas do entorno. Você pode comprar o livro aqui
 
3. O país dos outros, de Leïla Slimani (Trad. de Dorothée de Bruchard, Intrínseca, 320p.) Durante a Segunda Guerra, uma jovem se apaixona por um belo soldado marroquino do exército francês. Toda idealização amorosa, não tarda, e será convertida num drama de solidão, tensão e opressão. Você pode comprar o livro aqui
 
VÍDEOS, VERSOS E OUTRAS PROSAS
 
Em 2023, o Diário de Pernambuco realizou uma longa entrevista com o xilogravurista e cordelista J. Borges. A conversa está disponível no YouTube em dois episódios: no primeiro, o assunto é sua formação; no segundo, a feitura da sua arte.

BAÚ DE LETRAS
 
No último dia de julho de 2024, completa 80 anos da morte de Antoine de Saint-Exupéry. No arquivo do Letras, o leitor encontra este breve perfil do autor de O pequeno príncipe. E, a partir dessa janela, pode chegar a outras duas publicações em torno da obra e do escritor francês.

Ainda das efemérides. No próximo dia 2 de agosto é celebrado o centenário de James Baldwin, um dos mais destacados escritores da literatura estadunidense no século passado. Marcamos a data, pinçando três textos do nosso arquivo:
 
a) Em junho de 2020, nosso editor escreveu acerca do romance Se a rua Beale falasse; passava-se dois anos da adaptação deste livro para o cinema pelo diretor Barry Jenkins — o texto está aqui.
 
b) E foi dois anos antes que trouxemos para cá (em tradução) dois outros textos em torno da obra e da biografia de Baldwin: este, de Andrea Aguilar; e este outro, de Sofía Viramontes.

Em 2012, quando a Cosac Naify publicava a edição com os contos dos Irmãos Grimm vastamente ilustrada com as xilogravuras de J. Borges, editamos esta matéria

DUAS PALAVRINHAS
 
O riso e o amor vêm do mesmo lugar: mas pouca gente vai lá.
 
— Em Se a rua Beale falasse, de James Baldwin.

...
CLIQUE AQUI E SAIBA COMO COLABORAR COM A MANUTENÇÃO DESTE ESPAÇO
Siga o Letras no FacebookTwitterTumblrInstagramFlipboard
Quer receber nossas publicações diárias em primeira mão? Vem para o nosso grupo no Telegram

* Todas as informações sobre lançamentos de livros aqui divulgadas são as oferecidas pelas editoras na abertura das pré-vendas e o conteúdo, portanto, de responsabilidade das referidas casas.

 


Comentários

AS MAIS LIDAS DA SEMANA

A poesia de Antonio Cicero

Boletim Letras 360º #607

Boletim Letras 360º #597

Han Kang, o romance como arte da deambulação

Rio sangue, de Ronaldo Correia de Brito

Boletim Letras 360º #596