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Adélia Prado. Foto: Marilêne Marinho |
LANÇAMENTOS
O resgate da obra completa do
escritor goiano Hugo de Carvalho Ramos apresenta vários textos publicados pela
primeira vez em livro.
1. O primeiro volume de
Hugo de
Carvalho Ramos: obras reunidas apresenta o conjunto de contos intitulado
Tropas
e boiadas (1917), obra mais conhecida do autor goiano e a única publicada
em vida. Trata-se de histórias que evocam aventuras e causos de um mundo
agrícola bem anterior ao agronegócio brasileiro atual, sem cair, porém, no
chavão regionalista da “cor local”. De sua primeira publicação, a coletânea
logo chamou a atenção de grandes escritores brasileiros, como Monteiro Lobato
(que viria a publicá-lo), Mário de Andrade e Guimarães Rosa. O volume reúne
também uma série de poesias do autor, nas quais se percebe sua verve religiosa,
quase mística, para além do catolicismo tradicional brasileiro. Tal produção é
contextualizada por textos críticos do cineasta e pesquisador Lázaro Ribeiro,
que retraça elementos biográficos do autor e os traz à luz; do poeta Ricardo
Domeneck, em uma reflexão da obra poética do autor no contexto da poesia
contemporânea; e da pesquisadora especialista na obra de Hugo, Albertina
Vicentini, que estabelece paralelos inéditos entre o contexto sócio literário
desses escritos com a atualidade.
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2. O segundo volume enfoca os
textos de Hugo de Carvalho que foram relegados ao esquecimento e, injustamente,
não gozaram da mesma fama que a coletânea de contos
Tropas e boiadas.
Entre esses textos, estão os Escritos esparsos, que desafiam definições
pré-estabelecidas de gêneros literários e revelam a verve espiritual,
histórico-literária e intimista do autor. Tal produção é aprofundada e
investigada a partir de diferentes pontos de vista no texto crítico de Antón
Corbacho. Há, ainda, uma série de artigos nos quais o escritor demonstra sua
habilidade ensaística ao discorrer sobre temas como os meios de produção
agrícola e o futebol. Por fim, o leitor poderá ainda ter contato com a
correspondência de Hugo, carregada de dilemas existenciais. O volume conta
também com texto de Rogério Santana, que traz elucidações importantes da obra
de Hugo como um todo, com enfoque especial na produção jornalística e na
correspondência do autor, aspectos menos estudados pela crítica.
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Os dois livros podem ser adquiridos isoladamente, mas compõem uma caixa e são os
primeiros lançamentos de literatura brasileira no catálogo da editora Ercolano.
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Uma crítica afiada à alta
sociedade, seus luxos e interesses vazios.
Denis é um jovem poeta tímido e
cheio de incertezas sobre a vida. Ao chegar em Crome, no interior da
Inglaterra, para passar as férias na mansão do sr. e da sra. Wimbush, se
encontra com uma realidade à parte, em que pessoas ricas, escritores,
jornalistas, pintores e socialites esbanjam o seu ócio pouco produtivo dia após
dia. Entre horóscopos de cavalos, discussões existencialistas, flertes e um
vaivém constante e desinteressado de personagens, Denis se mistura à excêntrica
fauna do lugar e tenta se encaixar e se descobrir como homem e como poeta.
Logo, porém, ele se dá conta de que aquelas pessoas, à primeira vista tão
cultas e interessantes, possuem mentes tão caóticas quanto a dele. Em
Amarelo-Cromo,
publicado originalmente em 1921 mas ainda hoje atemporal, Aldous Huxley descreve como
poucos a sensação de desconforto diante das extravagâncias vazias, hipocrisias
e incoerências da aristocracia inglesa e, com detalhes nem sempre sutis, expõe
os valores e princípios não tão admiráveis da alta sociedade. Com tradução de
Adriano Scandolara, o livro sai pela Biblioteca Azul/ Globo Livros.
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Três poetas modernistas da literatura de língua inglesa reunidas numa antologia.
Reunindo conhecimento ímpar e rara
dedicação, Álvaro A. Antunes ― Prêmio APCA 2021 por sua tradução dos
Cantos ,
de Leopardi ― resgata em
Três poetas moderníssimas as contribuições
de escritoras de vanguarda que, nas primeiras décadas do século XX, dialogavam
de perto com o que havia de mais inovador na poesia de língua inglesa e foram
relegadas, com o correr do tempo, “à margem da margem”. Com vidas tão experimentais quanto
seus poemas, Mina Loy, Hope Mirrlees e Nancy Cunard são autoras,
respectivamente, de
Canções para Joannes (1917),
Paris: um poema (1920) e
Paralaxe (1925), poemas-longos que, em risco e ambição, são equiparáveis às
produções de Ezra Pound e T. S. Eliot, particularmente
The waste land (1922),
o poema-chave da época. Escritos em pleno turbilhão do
Modernismo ― e apresentados aqui em edição bilíngue, com o imprescindível
respeito à tipografia original ―, cada poema é acompanhado de um minucioso
ensaio no qual o tradutor e organizador do volume contextualiza a vida e a obra
das autoras, situando-as na paisagem literária do momento, ao mesmo tempo em
que destaca e comenta a radicalidade inerente a cada uma delas. Fruto de larga pesquisa, e com
preciosos insights sobre a poesia de invenção do final do século XIX
às primeiras décadas do XX, este livro é referência fundamental para o
conhecimento da literatura moderna em inglês e fonte atualíssima de reflexão
para a poesia contemporânea, na medida em que algumas de suas principais linhas
de força emergiram de apostas tão vigorosas quanto as destas
Três poetas
moderníssimas. Publicação da Editora 34.
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Um dos livros que está no rol das
publicações incontornáveis para o debate sobre os direitos civis nos Estados
Unidos.
“Não acredite na palavra de
ninguém, inclusive na minha, mas confie em sua experiência. Saiba de onde você
veio. Se você sabe de onde veio, não há limite para onde poderá ir”, escreve
James Baldwin para seu sobrinho, também chamado James, um adolescente prestes a
completar quinze anos. Reunião de dois textos — uma breve carta seguida por um
longo ensaio sobre a formação religiosa do autor — publicados em livro em 1963,
Da próxima vez, o fogo é um poderoso depoimento sobre a construção da
própria identidade, tendo como ponto de partida a segregação racial que forjou
a sociedade norte-americana. Este volume conflagra o pensamento provocativo,
questionador e genial de James Baldwin — e atesta que sua voz permanece
fundamental até hoje. A tradução é de Nina Rizzi. O livro inclui posfácio de
Ronaldo Vitor da Silva e perfil biográfico de Márcio Macedo. Edição da
Companhia das Letras.
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Um belo romance que destaca a
interseção entre arte e ciência, explorando temas como a percepção da beleza e
a profundidade da visão interior.
Os três personagens deste romance
jamais teriam se conhecido se não fosse o luminoso romance de Anne Sibran.
Nele, Paul Cézanne, o célebre pintor, está em pleno domínio de sua arte e
percorre o campo sempre em busca de um olhar novo, primevo e puro. Barthélemy,
um oftalmologista genial, que cresceu entre cegos na instituição dirigida por
seu pai, dedicou-se ao estudo do olho e desenvolveu com sucesso a operação de
catarata. Durante a Comuna, tratou dos feridos e depois foi obrigado a se
exilar na América do Sul. Lá, conheceu Kitsidano, uma jovem ameríndia cega de
nascença, que vê o que não é visível, e que se tornará sua esposa. O encontro
entre todos eles ocorre em Paris, no consultório de Barthélemy, onde Paul
Cézanne vai em busca da cura de seu problema de visão. A amizade entre eles
nasce da paixão comum pelo primeiro olhar. Se Cézanne se interessa pelo
trabalho de Barthélemy, este é cativado pela personalidade surpreendente da
jovem indígena com quem compartilha uma sensibilidade quase xamânica. A jovem recusará
a operação que lhe devolveria a visão, preferindo manter seu olhar interior. Anne
Sibran cria uma narrativa poética e imaginativa que incorpora elementos
espirituais e xamânicos, proporcionando uma experiência única para o leitor,
além de tratar Cézanne como um personagem completo, permitindo-se todas as
liberdades que só a literatura é capaz. Com tradução de Adriana Lisboa,
O
primeiro sonho do mundo sai pela editora Relicário.
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Peça indispensável nos estudos
sobre a arte de ilustrar.
Para Philippe Kaenel, o século XIX
é o século da ilustração: enquanto o mundo editorial e as artes da gravura se
renovavam, a prática da ilustração se especializou, até se tornar,
precisamente, um ofício. À época, muitos artistas trabalhavam para os editores:
para alguns a ilustração representou um lugar de passagem, um trampolim para a
notoriedade; na maioria das vezes, contudo, a ilustração representava um
rebaixamento, por ser considerada popular, industrial e comercial. Em
O
ofício de ilustrador 1830-1880, o autor examina a história da ilustração
por meio da trajetória de três artistas proeminentes no período: o suíço
Rodolphe Töpffer (1799-1846) e os franceses J. J. Grandville (1803-1847) e
Gustave Doré (1832-1883). Combinando a sociologia de Pierre Bourdieu com a
história social da arte e das profissões artísticas, escreve a história social
dos ilustradores no século XIX, discutindo também as hierarquias entre
belas-artes e artes industriais ou “populares” e as barreiras entre elas. Com
tradução de Regina Salgado Campos e Iraci D. Poleti, o livro sai pela Edusp.
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A nova tradução e edição de um dos principais ensaios de Erich Auerbach.
Figura é um ensaio fundamental de Erich Auerbach, um dos maiores críticos literários
do século XX. Nele, seu autor percorre ao longo de um milênio a formação do
modo de interpretação figural, que confere sentido às relações entre o Velho e
o Novo Testamento, alcançando inclusive a Antiguidade greco-romana, fundamento
da cultura cristã-ocidental. Para essa maneira de pensar a história, Adão e
Moisés deixam de ser personagens da história do povo judeu e passam a figuras
que anunciam a vinda de Jesus Cristo, unificando passado e presente. Essa visão
predominou em toda a Idade Média e, graças ao estudo de Auerbach, pode ser
identificada em sua suma, a Comédia de Dante. O presente volume,
organizado e prefaciado por Leopoldo Waizbort, traz uma nova tradução do
ensaio, pela primeira vez a partir do original alemão, além de sete estudos
correlatos de Auerbach, redigidos entre as décadas de 1920 e 1950, que
demonstram a centralidade do tema na obra do autor de Mimesis.
Publicação da Editora 34. Você pode comprar o livro aqui.
RAPIDINHAS
Chico Buarque em alta 1. Na
passagem dos seus 80 anos celebrados em junho deste ano, várias casas editoriais
têm revelado reedições ou novos livros que exploram a obra do compositor e
escritor. A Ateliê publica dois livros: Chico Buarque. A transgressão em
três canções, de Eduardo Calbucci analisa à luz da semiótica “Mar e lua”,
“Uma canção desnatura” e “Não sonho mais”; e Chico Buarque ou a poesia
resistente, de Adelia Bezerra de Meneses analisa, entre outras, canções como
as recentes “Que tal um samba?” e “As caravanas”.
Chico Buarque em alta 2. A
editora Record publica a biografia Trocando em miúdos: seis vezes
Chico, de Tom Cardoso. Na mesma linha biográfica, a L&PM Editores apresenta
O que não tem censura nem nunca terá: Chico Buarque e a repressão artística
na ditadura militar, de Márcio Pinheiro. E a Nova Fronteira reedita a
fotobiografia organizada por Regina Zappa; edição com vasto conteúdo como cartas,
fotos, manuscritos e reportagens.
Catulo. A Edusp prepara uma
reedição revista e ampliada de O livro de Catulo. Organizada e traduzida
por João Angelo de Oliva Neto, a obra recebeu o Prêmio da Associação Paulista
de Críticos de Arte.
Os quatro livros da nova estação. A Dublinense abre pré-venda de mais quatro títulos no seu catálogo. Chegam uma autobiografia de Buchi Emecheta, Cabeça fora d'água; A mulher de dois esqueletos, de Julia Dantas; O gesto que fazemos para proteger a cabeça, de Ana Margarida de Carvalho; e Doce introdução ao caos, de Marta Orriols.
PRÊMIO LITERÁRIO
Adélia Prado, Prêmio Camões
2024.
Adélia Prado junta-se ao grupo de outros escritores brasileiros já destacados
com o galardão, entre eles Chico Buarque, Antonio Candido, Silviano Santiago,
Dalton Trevisan, Ferreira Gullar, João Ubaldo Ribeiro, Lygia Fagundes Telles,
João Cabral de Melo Neto, Jorge Amado e Rachel de Queiroz. Para o júri “Adélia
Prado é autora de uma obra muito original” e “é há longos anos uma voz
inconfundível na literatura de língua portuguesa”. De Divinópolis, Mina Gerais, Adélia
estreou na literatura com o livro de poemas
Bagagem, em 1976, que se
tornaria sua
Magnum Opus. Sua obra é composta ainda por livros de prosa
(conto e romance), mas se destacou precisamente na poesia com títulos como
Terra
de Santa Cruz (1981),
A faca no peito (1988),
Oráculos de maio
(1999), entre outros. O anúncio do Camões chega poucos dias depois de a poeta ser reconhecida com o galardão da Academia Brasileira de Letras, também pelo conjunto da sua obra. Atualmente ela trabalha no próximo livro de poesia,
intitulado, provisoriamente, como
Jardim das Oliveiras.
DICAS DE LEITURA
Na aquisição de qualquer um dos
livros pelos links ofertados neste boletim, você tem desconto e ainda ajuda a
manter o Letras.
1.
A cor do leite, de Nell
Leyshon (Trad. Milena Martins, Bertrand Brasil, 208p.) Uma menina conta com
urgência sua vida entre o período em que trabalha com suas três irmãs na
fazenda da família sob o jugo fechado do pai e o tempo de quando foi enviada
para cuidar da esposa do pastor; o registro contundente de uma vida desperdiçada
pela crueldade humana.
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2.
As aventuras de Augie March,
de Saul Bellow (Trad. Sonia Moreira, Companhia das Letras, 704p.) Para quem ama
um excelente romance de formação com tons da grande narrativa, uma coisa
que cada vez mais se perde com os livros da moda. Acompanhamos os périplos da
personagem-título e sua coleção de tentativas pela sobrevivência, seja na periferia
pobre de Chicago, passando pelo México e até a Europa.
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3.
Glaxo, de Hernán Ronsino
(Trad. Livia Deorsola, Editora 34, 80p.) Uma novela que traça com maestria os
contornos trágicos de uma história em que se cruzam desejo e vingança, amizade
e covardia, a violência política e o desmonte de um país.
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VÍDEOS, VERSOS E OUTRAS PROSAS
“Adélia é lírica, bíblica,
existencial, faz poesia como faz bom tempo.” As palavras são de Carlos Drummond
de Andrade na sua crônica para o Caderno B, no Jornal do Brasil, do dia 9 de
outubro de 1975, em que anunciava a existência da obra (e) de Adélia Prado.
Você pode ler
um fac-símile da crônica aqui.
Nos 80 anos de Adélia Prado,
celebrados em dezembro de 2015, realizamos junto com os nossos leitores um
recital com a leitura pública de alguns dos seus poemas. Você pode acessar todo
o material
aqui.
BAÚ DE LETRAS
Ainda em novembro de 2008 publicamos
“Com licença poética, a poeta (e a poesia de) Adélia Prado. O texto que pode
ser lido
aqui foi revisto e atualizado.
DUAS PALAVRINHAS
Quando escrevo, repito o que já vivi antes. E para estas duas vidas, um
léxico só não é suficiente.
— João Guimarães Rosa, em entrevista a Günter Lorenz
...
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