Seis poemas de Tao Yuan-ming em “Regresso a Casa”
Por Pedro Belo Clara (Seleção e versões) O BARCO VAZIO O barco vazio flutua à deriva, sem remo Volteando uma e outra vez, sem parar O ano começa; olho para o alto e de súbito Estamos já a meio do ciclo das estrelas Na janela virada ao sul, nada esbatido ou mirrado Os bosques do norte vicejam de folhas e fruta O Abismo Etéreo derrama uma chuva bem-vinda No rubor da madrugada, a melodia das brisas estivais Se aqui chegámos, não devemos também partir? O destino do homem prevê um dia final Abraçando o eterno, aguardamos pelo fim Do braço faço almofada, quem perturba a paz em mim? Aceitando as mudanças, suaves ou duras Indiferente à turbulência dos desejos — Vivo já em tão sublimes alturas Que necessidade há de subir aos picos sagrados? 1 PRIMAVERA NA MINHA QUINTA, PENSANDO NOS ANTIGOS O velho mestre 2 deixou-nos o ensinamento: Cuidai do Caminho e não da pobreza Tem a minha reverência, mas estava além da compreensão Assim, dedico-me a uma vida de labutas Tomando a