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Dario Fo. Foto: Giovanni Giovannetti |
LANÇAMENTOS
De forma excepcional, o ganhador
do Prêmio Nobel de Literatura Dario Fo rompe com reconstruções escandalosas ou
puramente históricas e revela toda a humanidade de Lucrécia.
Filha de um papa, três vezes
esposa (um marido assassinado), um filho ilegítimo... Tudo isso em apenas 39
anos, em pleno Renascimento. Uma vida incrível, digna de ser contada.
Escritores, filósofos e historiadores tentaram; séries de televisão de sucesso
foram dedicadas a Lucrécia. De forma excepcional, o ganhador do Prêmio Nobel de
Literatura Dario Fo rompe com reconstruções escandalosas ou puramente
históricas e revela toda a humanidade de Lucrécia, libertando-a do clichê de
mulher perversa e incestuosa e enfatizando diversos aspectos de seu caráter,
sua inteligência, sua cultura e sua generosidade. Neste livro está o fascínio
das cortes renascentistas com o Papa Alexandre VI, o mais corrupto entre os
pontífices, seu diabólico irmão César, assim como os maridos de Lucrécia,
ameaçados, mortos, humilhados, e seus amantes, especialmente Pietro Bembo, com
quem ela compartilhava o amor pela arte, em particular, pela poesia e pelo
teatro. Todos peões nos jogos de poder. Uma verdadeira academia de nepotismo e
obscenidade, em meio a festas e orgias. Como hoje. Porque o romance da família
Bórgia é, acima de tudo, a máscara do nosso tempo que, visto através do filtro
daquele período, nos parece ainda mais desolador e corrupto.
A filha do papa
sai pela Autêntica. A tradução é de Anna Palma.
Você pode comprar o livro aqui.
Ezra Pound pelas mãos dos seus
introdutores no Brasil.
A primeira edição de uma seleção
dos
Cantos de Ezra Pound — batizada a pedido do autor, ainda vivo, de
Cantares
—, apareceu no Brasil em 1960, e reunia traduções assinadas em conjunto pelos
irmãos Campos e por Décio Pignatari. A publicação teve a rubrica do Serviço de
Documentação do Ministério da Educação, então dirigido por José Simeão Leal. Em
1968, graças ao empenho do poeta Ernesto Manuel de Mello e Castro, foi
publicada, em Portugal, pela editora Ulisseia. De 1983 a 1993, três edições da
Ezra
Pound Poesia, revistas e ampliadas, foram publicadas pela Editora Hucitec
em associação com a Universidade de Brasília. Depois de três décadas de sua
última edição, e há muitos anos inacessível, esta antologia da poesia de Ezra
Pound volta a ser publicada entre nós, e agora enriquecida com os textos
originais dos poemas recriados em português. Para a presente publicação,
organizada por Augusto de Campos, resolveu-se acrescentar o texto de “EXTRAPOUND”
(coletânea reunida por Augusto de Campos e editada por Vanderley Mendonça, para
Selo Demônio Negro, em 2020). Tem, assim, o leitor a sua disposição as
traduções dos
Cantos assinadas pelos irmãos Campos e por Décio, e mais
as de José Lino Grünewald e de Mário Faustino, completadas pelas do próprio
organizador, de modo a formar um largo panorama da obra poética de Pound. Pela
sua atualidade, decidiu-se, à guisa de prefácio geral, fazer anteceder todo o
conjunto pela introdução que Augusto escreveu para as suas mais novas
traduções. A publicação é da editora Cobalto.
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A releitura de Aimé Césaire de
um clássico de William Shakespeare.
Uma tempestade é uma das
releituras feitas a partir de
A tempestade, de William Shakespeare,
última peça escrita pelo autor inglês, que trata de relações de legitimidade e
usurpação. Na trama, Próspero, duque de Milão, é deposto por seu irmão,
Antonio, e exilado em um navio com sua filha Miranda, que atraca em uma ilha com
dois habitantes: Ariel e Calibã. Ariel havia sido preso por Sycorax, mãe de
Calibã, e é liberto por Próspero, a quem então passa a dever sua gratidão. Já
Calibã, que se considerava o dono da ilha, é escravizado por Próspero e se
revolta com a situação. As reinterpretações latino-americanas desta peça têm
explorado a dinâmica entre Próspero, o colonizador europeu, e seus auxiliares
escravizados, Ariel e Calibã. Próspero, que foi usurpado de seu ducado,
torna-se o usurpador da ilha que pertencia a Calibã: ele lhes ensina sua língua
e acredita tê-los “civilizado”. Ao adaptar a peça do dramaturgo elizabetano
para um teatro negro, enfatiza-se que a peça deve ser interpretada por um
elenco negro, sobretudo porque o autor martinicano adiciona à caracterização de
Calibã como um escravo negro, e Ariel é retratado como um escravo negro de pele
clara, referido como mulato no original. O foco principal de Césaire nesta
versão é o personagem de Calibã, a quem ele associa aos Panteras Negras
norte-americanos. Em sua interpretação, o autor se indigna com a brutalidade e
arrogância de Próspero, retratado como um homem indulgente, o que lhe pareceu
refletir a típica mentalidade europeia. Sua proposta é apresentar uma nova
perspectiva, a do colonizado, questionando a visão eurocêntrica da obra
original. Ainda, Césaire explora os efeitos da colonização sobre a cultura e
identidade dos povos nativos, além de debater sobre as relações de poder e
controle entre colonizador e colonizado. O livro sai pela editora Temporal com
tradução de Marina Bento Veshagem e posfácio de Marie-Claude Hubert.
Um novo livro de Alia Trabucco
Zerán chega aos leitores brasileiros.
Neste romance baseado em um crime
real e construído de forma circular — ele começa no ponto em que termina —,
Estela está presa em uma sala de interrogatório policial para esclarecer a morte
de uma menina a seus inquiridores. Anônimos, eles estão separados da
protagonista por um vidro opaco, tal como ela era apartada da cozinha por uma
porta translúcida no quarto dos fundos da casa onde vivia como empregada
doméstica e babá. Estela saíra ainda jovem do Sul do Chile para a capital,
Santiago, em busca de melhores condições, deixando sua mãe no clima gélido do
campo para trabalhar na casa de um casal de classe alta. Com uma tensão
crescente, a acompanhamos reconstruir os pormenores que tornaram sua vida
negligenciada e invisível. Durante sete anos, de segunda a sábado, a
protagonista dedicou-se a lavar, passar, cozinhar, limpar e cuidar da filha
única dos patrões, que crescera assombrada pela ansiedade e agora está morta. E
embora seja o coração do romance, este não é o único óbito que assombra a
inocência de Estela. Afinal, já afirmava a superstição de sua mãe: quando morre
um, mais dois sempre morrem. Aos poucos, raiva e exaustão vão rompendo a
superfície tensa da realidade e a vida da narradora se torna um pesadelo
repetitivo. Seu envolvimento emocional com uma cachorra vira-lata, a presença
silenciosa de uma caixa de veneno de rato, de um par de luvas ou de uma arma
são algumas das peças deste thriller social. Envolvente e perturbador, não à
toa este livro foi vendido para mais de treze países antes mesmo de sua
publicação em espanhol. Na melhor tradição do realismo sujo, Alia Trabucco
Zerán não deixa de lado suas motivações políticas e toca um estrato da
sociedade sem consciência de classe e impune da violência que perpetua todos os
dias dentro do próprio lar. Com tradução de Silvia Massimini Felix,
Limpa
é publicado pela editora Fósforo.
Você pode comprar o livro aqui.
Uma antologia reúne traduções de
poemas do alemão Christian Morgenstern feitas por importantes nomes da
literatura brasileira.
“Rara, rarissima avis” entre seus
conterrâneos, o poeta alemão Christian Morgenstern (1871-1914) não se deixa
capturar facilmente. Autor de versos líricos que fazem pensar em Rilke, batia
as asas com desenvoltura também no terreno da sátira e da paródia. Capaz de
voos místicos em seus últimos anos de vida e criação, foi com os poemas de
humor tão inescapável quanto indefinível das
Canções da forca (1905) e
de
Palmström (1910) que Morgenstern conquistou milhares e milhares de
leitores nos saraus artísticos de Berlim e Zurique ou nas trincheiras da
Primeira Guerra Mundial. Grotescos, filosóficos, brincalhões, fabulares e
patibulares ou tudo isso ao mesmo tempo, esses poemas abrem as portas para uma
revoada de seres fantásticos, encabeçados pelos paradoxais Von Korf e
Palmström, todos eles entregues, com ar de quem não quer nada, a desmantelar a
vida adulta e burguesa, começando por sua liga mais essencial: a linguagem.
Pois, nas palavras do próprio Morgenstern, “burguesa é, sobretudo, a língua.
Desaburguesá-la é a tarefa do futuro”. A fim de trazer o leitor para mais perto
do “planeta de Morgenstern”, este Jogo da forca reúne traduções feitas ao longo
do século XX por poetas e críticos brasileiros de variada plumagem — da
vanguarda à universidade, do jornalismo à filosofia — e constante felicidade
verbal, arrematadas por um ensaio de Sebastião Uchoa Leite.
Organizado por Samuel Titan Jr., as traduções
reunidas em
Jogo da forca, publicação da Editora 34, são de Augusto de
Campos, Haroldo de Campos, Felipe Fortuna, Montez Magno, Paulo Mendes Campos,
Rubens Rodrigues Torres Filho, Roberto Schwarz e do próprio Sebastião Uchoa
Leite.
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Mais um título da coleção que
reúne narrativas do tipo noir centradas em grandes centros urbanos do Oriente Médio.
Teerã noir faz parte da
premiada série de antologia
noir da Akashic Books. A ideia da série é
reunir escritores locais que conhecem a fundo a cidade onde vivem, e propor a
cada um que escreva um conto
noir inédito. Da introdução de Salar Abdoh:
“Há sempre um elemento de fim do mundo a respeito dessa cidade. Uma sensação de
se ter sido retirado da beira do precipício. Em outros momentos, eu a chamei de
‘cidade sísmica’ — o santuário sísmico. Tudo isso vai ter fim, um dia. Sim.
Talvez mais cedo que mais tarde. E, quando acontecer, por Deus, vai deixar
saudades.” No Brasil,
Teerã noir se junta aos títulos da coleção
traduzidos para o português pela Tabla:
Beirute noir,
Marraquexe noir
e
Bagdá noir. A tradução é de Adriano Scandolara.
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André Breton e Paul Éluard no
desenho dos caminhos do surrealismo.
“A imagem surrealista mais forte é
aquela que apresenta o mais elevado grau de arbitrariedade, que requer mais
tempo para ser traduzida em linguagem prática”, escreve André Breton no verbete
sobre a palavra “imagem”. Este
livro-collage, ricamente ilustrado com
mais de 200 reproduções, é ferramenta fundamental para quem se interessa pelo
movimento surrealista, assim como uma porta de entrada para aqueles que desejam
mergulhar pela primeira vez nesse universo onírico. “Neste
Dicionário
abreviado do surrealismo, André Breton e Paul Éluard demonstram que o
caminho da representação é uma via de mão dupla em que transitam os demônios da
analogia. Logo, qualquer palavra pode representar um objeto que lhe é
estranho”, escreve o ensaísta Elvio Fernandes na quarta capa. Idealizado como
catálogo para a IV Exposição Internacional do Surrealismo em janeiro de 1938,
na Galerie des Beaux-Arts, o
Dicionário apresenta ao público leitor um
panorama da experiência imagética do surrealismo internacional e informações a
respeito dos poetas e pintores que construíam o movimento surrealista na época.
O livro é publicado pelas Edições 100/Cabeças com tradução de Diogo Cardoso.
Você pode comprar o livro aqui.
A relação de Mário de Andrade com
a música é analisada em livro.
Este livro analisa e reúne os
artigos sobre música erudita escritos por Mário de Andrade entre 1943 e o ano
de sua morte, em 1945, para o jornal
Folha da Manhã, onde ele assumira a
responsabilidade de redigir semanalmente uma coluna intitulada “Mundo Musical”.
O objetivo não era a crítica imediata — Mário de Andrade declarava evitar os
artistas vivos —, e seus artigos promoveram uma profunda reflexão sobre os
grandes compositores e as grandes obras. Mas, desde a primeira publicação,
tornou-se evidente que esses textos transcendiam o âmbito da música, abordando
questões estéticas, éticas, ideológicas e políticas muito mais amplas e
contemporâneas. Essas contribuições causaram um grande impacto e exerceram
considerável influência sobre a comunidade intelectual brasileira. Com
comentários e a mobilização de vários outros textos, Jorge Coli ajuda o leitor
a entender o pensamento móbil e o caráter fragmentário desses escritos.
Música
final sai pela Edusp e Editora Unicamp.
Você pode comprar o livro aqui.
Considerado pelo Wall
Street Journal
a obra-prima de Dennis Lehane, Golpe de misericórdia
é
uma descrição brutal da criminalidade e um retrato assombroso do racismo nos
Estados Unidos.
Boston, 1974. O Tribunal Distrital
dos Estados Unidos concluiu que o comitê escolar da cidade desfavorecia
sistematicamente os alunos negros no sistema público, e que, para evitar a
forte segregação racial que existia na região, era necessário distribuir e
transportar estudantes entre bairros de maioria branca e bairros de maioria
negra. É nesse contexto que uma adolescente branca some e um jovem negro é
encontrado morto no metrô. À primeira vista, os dois eventos parecem não estar
relacionados, mas os ânimos inflamados pela tentativa de integração escolar e o
preconceito latente da população indicam o oposto. É Mary Pat Fennessy, mãe da
menina desaparecida, que numa busca desenfreada pela filha coloca em xeque a
violência que assola a cidade. Sozinha em meio ao caos, ela não se deixa vencer
e embarca numa jornada vertiginosa para encontrar a filha, mesmo que, para
isso, precise enfrentar a máfia irlandesa, policiais corruptos e o racismo
entranhado na história norte-americana. Com tradução de Luiz A. de Araújo, o
livro sai pela Companhia das Letras.
Você pode comprar o livro aqui.
REEDIÇÕES
Nova edição de um dos livros principais de Ernst Jünger.
“Havíamos deixado salas de aula, bancos de escola e mesas de trabalho e,
em breves semanas de treinamento, estávamos fundidos em um grande e
entusiasmado corpo. Crescidos em uma época de segurança, todos sentíamos a
nostalgia do incomum, do grande perigo.” Foi assim, com entusiasmo juvenil, que
Ernst Jünger (1895-1998) partiu da Alemanha para o front francês da Primeira
Guerra Mundial. A experiência nas trincheiras desse premiado autor alemão é o
tema de Tempestades de aço, um dos mais conhecidos relatos sobre o conflito,
traduzido por Marcelo Backes, também responsável pelas notas e o posfácio. Ao
contrário de boa parte dos livros de temática bélica, o relato de Jünger não
carrega traço algum de pacifismo ou vitimização. A guerra, em sua visão, é o
terreno da bravura e da masculinidade, um rito inerente ao ser humano e que
beira o espetáculo. Nos momentos mais renhidos da luta, Jünger se diz “tomado
por duas sensações violentas: a excitação selvagem do caçador e o medo terrível
da caça”. O autor tinha 19 anos quando chegou à França e sua permanência se
encerrou na maturidade dos 23, passando de cadete a tenente. Tempestades de aço
foi publicado logo depois, em 1920, o que possibilitou, com ajuda de anotações
feitas no calor da hora, um testemunho minucioso da vivência nas trincheiras,
em luta contra franceses e ingleses. O impacto do livro foi imediato, tanto na
Alemanha quanto internacionalmente, graças à descrição desassombrada dos
combates, apenas com momentos isolados de lirismo ou horror. Cabe lembrar que
Jünger foi catorze vezes ferido durante a guerra. No prefácio de uma edição
posterior de Tempestades de aço, o autor chegou a classificar a guerra como “um
aprendizado incomparável do coração”. Em outro texto, asseverou que “na guerra,
considerações morais não devem orientar nenhum movimento”. Não é de espantar,
portanto, que “Tempestades de aço possa ser lido como um thriller de
pura ação”, com narrações emocionantes como a da lendária batalha do Somme. A
maestria da escrita do autor levou o escritor francês André Gide a considerar a
obra como “o melhor livro de guerra que já li”. Rendeu também o reconhecimento
do argentino Jorge Luis Borges que, em 1982, fez questão de viajar até
Wilflingen, no sul da Alemanha, onde o então octogenário Jünger morava, para
cumprimentá-lo e testemunhar-lhe sua admiração. Na visão de Jünger, as tropas
estacionadas em diversas aldeias francesas erguem cenários admiráveis de
construções em superfície e galerias subterrâneas. O soldado admira o conforto
obtido por refeições saborosas e simulacros de casa erguidas nas valas, com
teto, paredes, escadas e cômodos, entre eles salas de estar e escritórios.
Particularmente sedutores são os momentos vividos numa improvisada, mas
cuidadosamente erguida escola de oficiais. Jünger em vários momentos se refere
ao aconchego e à comida saborosa de vários de seus dias — as noites, ao
contrário, são de trocas de granadas e foguetes que explodem em estilhaços
mortais. O jovem testemunha pela primeira vez, acusando o choque medonho, a
presença da mutilação e da morte. O autor lamenta acima de tudo as inovações
trazidas pela Primeira Guerra — as trincheiras em lugar do combate campal,
homem a homem, além da mecanização das armas e o advento do gás letal e dos
projéteis de fragmentação, tornando o conflito muito mais mortífero do que os
anteriores, com a catástrofe estendida às populações civis. Jünger, que também
foi autor de ensaios filosóficos durante sua longa vida, vê tais mudanças como
prolongamentos das novas configurações sociais e econômicas de um mundo em
processo acelerado de modernização, que, na visão do autor, transformava os
homens em máquinas. Publicação da editora Carambaia. Você pode comprar o livro aqui.
DICAS DE LEITURA
E suas leituras de obras teatrais
— como estão? No passado 27 de março foi celebrado o Dia Mundial do Teatro. E aqui estamos para lembrá-lo a ler mais obras do gênero. Seguindo a iniciativa de outra vez desta seção para a data, destacamos três
peças publicadas recentemente. E lembre-se que
na aquisição de
qualquer um dos livros pelos links ofertados neste boletim, você tem desconto e
ainda ajuda a manter o Letras.
1.
O que aconteceu após Nora
deixar a casa de bonecas ou pilares da sociedade, de Elfriede Jelinek (Trads.
Angélica Neri, Gisele Eberspächer, Luiz Abdala Jr. e Ruth Buhonovsky, Temporal
Editora, 192 p.) Há muito que obra da escritora austríaca Prêmio Nobel de Literatura
em 2004 parou de circular nas livrarias brasileiras. Essa peça publicada pela
casa editorial que tem se especializado em publicar teatro é um pequeno
regresso. O acontecimento aqui começa no ponto final da célebre peça
Casa de
bonecas, de Henrik Ibsen. Na cena de Jelinek, Nora, a protagonista, principia
de então sua trajetória como mulher emancipada.
Você pode comprar o livro aqui.
2.
Lisbela e o prisioneiro,
de Osman Lins (Tusquets, 128 p.) É possível que o leitor conheça o filme
de Guel Arraes feito em 2003 a partir desta obra do escritor pernambucano. Mas,
conhecerá o texto que deu origem à película? Recriando uma das muitas intrigas
de amor à maneira nordestina, a comédia se situa em grande parte no interior de
uma prisão onde Leléu está preso por desonrar uma moça.
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3.
Antígona, de Sófocles (Trad.
Jaa Torrano, Mnēma; Ateliê Editorial, 184 p.) Findamos com um clássico de um
autor outrora recomendado aqui nessa mesma ocasião. O leitor encontrará várias
traduções e edições disponíveis desta peça. A recomendação por esta publicada
há dois anos tem dois motivos: a boa realização a partir do texto grego e a qualidade
da edição. A peça integra o ciclo tebano. Centrada no impasse dos filhos de
Édipo e Jocasta — depois que o tirano deixa o trono em face dos acontecimentos dos
julgava escapar: de matar o pai e desposar a mãe —, aqui um dos pontos é a
dignidade do morto defendida até o limite pela heroína que dá título à peça.
Você pode comprar o livro aqui.
VÍDEOS, VERSOS E OUTRAS PROSAS
Um poeta que alcança data redonda
neste domingo, 31 de março, é Octavio Paz. O mexicano nasceu neste dia, em
1914.
Aqui, um documentário em que o
poeta faz um relato de sua própria biografia e da sua vocação poética.
Trata-se de Octavio Paz: el lenguaje de
los árboles (1983), dirigido por Claudio Isaac. O filme é marcado
pela leitura de alguns dos seus poemas.
BAÚ DE LETRAS
Já neste 30 de março de 2024,
cumpre-se outra data redonda: o 180º aniversário do poeta simbolista Paul
Verlaine. Recordamos, marcando a efeméride, o texto que traduzimos de Carlos
Mayoral, “Verlaine e Rimbaud, o abraço maldito”, publicado
aqui.
Ainda Octávio Paz. Sua presença no arquivo do
Letras é mais constante.
Aqui, é possível ler um breve perfil biográfico;
uma resenha de
O arco e a
lira;
uma resenha de
Sor Juana Inés de la Cruz ou as artimanhas
da fé; e
um texto acerca da
viagem de Paz à Índia são algumas delas.
DUAS PALAVRINHAS
As imagens do poeta têm sentido em
diversos níveis. Em primeiro lugar, possuem autenticidade: o poeta as viu ou
ouviu, são uma expressão genuína de sua visão e experiência do mundo. Em
segundo lugar, essas imagens constituem uma realidade objetiva, válida em si
mesma: são obras. Por fim, o poeta afirma que as suas imagens nos dizem algo
sobre o mundo e sobre nós mesmos e que esse algo, embora pareça um disparate,
nos revela o que somos de verdade.
— Octavio Paz,
O arco e a lira.
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