LANÇAMENTOS
Um romance delicado e profundo de Valter Hugo Mãe sobre o amor fraterno
e a necessidade de cuidar de alguém.
Pode o amor de um irmão ser divino igual ao amor de uma mãe? Como os pássaros, os irmãos Pouquinho e
Felicíssimo vivem nas alturas, em casas incrustadas em uma rocha íngreme na
pequena comunidade do Buraco da Caldeira, na Ilha da Madeira. É ali, entre a
natureza indomável, uma paisagem mítica e a fé imensurável, que eles passam os
seus dias em meio à labuta diária, movidos por um amor sublime, que corteja o
divino. Desde o nascimento de
Pouquinho, Felicíssimo soube que lhe caberia a função de cuidar do irmão
caçula, que nasceu com uma condição física incomum e flanava em algum lugar
entre o estranho e o santificado. Felicíssimo, porém, aceita desde o primeiro
momento esse compromisso não como um dever, mas como um ato supremo de afeição.
Com um projeto gráfico especial e
prefácios do músico Rodrigo Amarante e do professor de Literatura Carlos Reis,
Deus
na escuridão explora a ideia de que amar é sempre um sentimento que se
exerce na escuridão. Um manifesto de lealdade e resiliência assinado com a
maestria literária que tornou Valter Hugo Mãe um dos mais laureados autores do
nosso tempo.
Você pode comprar o livro aqui.
Um novo livro de Anne Carson chega aos leitores brasileiros.
A beleza do marido é um ensaio sobre a ideia do poeta John Keats de que
beleza é verdade, e também a história de um casamento contada em vinte e nove
tangos. Um tango — assim como um casamento — é algo que você precisa dançar até
o fim. Anne Carson, poeta e ensaísta premiada, além de uma das mais inventivas
autoras da atualidade, faz desta obra um fascinante exercício de linguagem em
que acompanhamos, a partir de cenas eróticas, comoventes, dolorosas e cômicas,
um casamento que desmorona.
A beleza do marido é um ensaio sobre a ideia do poeta John Keats de que
beleza é verdade, e também a história de um casamento contada em vinte e nove
tangos. Um tango — assim como um casamento — é algo que você precisa dançar até
o fim. Anne Carson, poeta e ensaísta premiada, além de uma das mais inventivas
autoras da atualidade, faz desta obra um fascinante exercício de linguagem em
que acompanhamos, a partir de cenas eróticas, comoventes, dolorosas e cômicas,
um casamento que desmorona. Somente
Carson, grande especialista da literatura grega clássica, e que tem atualizado
a leitura das obras do período, poderia criar um — livro em que o mais antigo
dos temas líricos, o amor, ganhasse uma abordagem tão inovadora e contundente.
O livro sai pela Bazar do Tempo. A tradução é de Emanuele Siqueira e Julia Raiz.
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O romance de estreia de Pablo Casella.
“Fica esperto, contra o fogo não pode haver afobação”, aconselha
Deja, o “frente” de um grupo de brigadistas voluntários, para um adolescente em
seu primeiro combate contra o dragão, como alguns chamam os incêndios de
grandes proporções — muitos causados por ações criminosas — que devoram a
fauna, a flora e os rios da Chapada Diamantina, na Bahia. O grupo liderado por
Deja é formado por gente como ele — moradores da região que arriscam a própria
vida para deter o avanço descontrolado das chamas. Cunga, Zia, Trote, Jotão,
Adobim, Firóso e Abner, mais o cachorro Mutuca, são alguns dos voluntários.
Antes mesmo que as instâncias governamentais adotassem as políticas públicas
necessárias, esses brigadistas se lançam a apartar a briga do fogo contra a
terra com técnicas criadas instintivamente e sem equipamentos adequados.
Sobretudo nos tempos de seca, que é quando se enfiam nas matas por dias e dias,
sem descanso. Cada qual expande ao seu modo esse universo peculiar, mas é a
visão do líder, narrador em primeira pessoa, que torna tudo complexo e vivo.
Sua linguagem, concisa e marcada pela oralidade, reflete o homem que é: brusco,
simples, mas muito sensível à vastidão e aos detalhes de seu mundo — um mundo
em que a palavra falada é soberana. Neste romance de estreia, Pablo Casella
aborda um tema urgente com uma prosa bela e original, que parece ter brotado
direto do chão da Chapada Diamantina.
Contra fogo é publicado pela
editora Todavia.
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Uma exploração arrebatadora
acerca do que fica e do que se perde.
No apartamento de sua tia
recém-falecida, a narradora tem de confrontar-se com uma série de documentos do
passado familiar: fotos, cartas, cartões-postais, diários e souvenirs. Ao mesmo
tempo ficção e ensaio, narrativa pessoal e história coletiva,
Em memória da
memória é uma exploração arrebatadora acerca do que fica e do que se perde,
traçada por Maria Stepánova em uma prosa lírica e permeada de curiosidade
intelectual. Com tradução de Irineu Franco Perpétuo, o livro sai pelo selo
Poente, da Editora WFM Martins Fontes.
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Pela primeira vez no Brasil, o polêmico livro de Yoko Ogawa, Hotel Íris
, em tradução direta do
japonês, assinada por Jefferson José Teixeira.
Yoko Ogawa, em
Hotel Íris, concede a narração à personagem Mari,
uma adolescente de dezessete anos que trabalha na recepção do hotel que dá
título ao livro. O estabelecimento fica em uma região litorânea e é um negócio
de família, que tem como administradora a mãe da jovem, uma mulher linha-dura e
viúva. A ordem do cotidiano é comprometida quando, certa noite, irrompe uma
discussão entre uma prostituta e um homem misterioso, hóspedes no quarto 202.
Após o escândalo, Mari sente-se atraída pelo homem, que conta cerca de sessenta
anos, está às voltas com a tradução de um romance russo e tem um passado
suspeito quanto à morte de sua esposa. Os dois iniciam um relacionamento para
lá de controverso, com uma busca pelo prazer por meios degradantes, humilhantes
e violentos. Com excelente controle narrativo, Ogawa demonstra em
Hotel Íris
como a memória, tema recorrente em suas ficções, pode adquirir formas variadas
e nada óbvias. Determinado desejo, por exemplo, que parece estranho demais e
até inexplicável — como pode alguém querer isso?, perguntamos —, à luz de uma
lembrança torna-se compreensível e confere sofisticação à história, pois se
revela uma associação inesperada na trama. Mari, a despeito da pouca idade e dos absurdos a que se submete, possui
sabedoria o suficiente para questionar as recordações pessoais e alheias, além
de perceber que nem ela, nem ninguém, se livra tão fácil de traumas graves. Em
observação de seu próprio caso, ela pode afirmar, conforme diz a determinada
altura da narração, que “expôs o lado mais abjeto de um ser humano”. Publicação
da editora Estação Liberdade.
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Quarto dos seis livros que compõem a inédita tradução integral da Bíblia
do grego para o português, assinada pelo premiado professor e tradutor
Frederico Lourenço.
Este é o volume que reúne a chamada “literatura sapiencial”, com os
livros Eclesiastes, Cântico dos Cânticos, Jó, Sabedoria, Salmos, Salmos de
Salomão, Odes e Provérbios. Nestas páginas, o leitor irá encontrar vozes
contrastantes e complementares do antigo pensamento judaico, que revelam o
pessimismo desassombrado de Eclesiastes, a exaltação erótica do Cântico dos
Cânticos, a revolta de Jó, as reflexões filosóficas do livro de Sabedoria e o
pensamento controverso de Ben Sira, o Eclesiástico, cujas atitudes desumanas em
relação a mulheres e escravos suscitam questões incômodas até hoje. Além
destes, o monumental livro de Salmos apresenta, em relação ao saltério
hebraico, diversas originalidades. Seguem-se os raramente lidos Salmos de
Salomão, que, apesar de seu contexto judaico, constituem o prólogo mais próximo
ao Novo Testamento que nos chegou da Antiguidade. Outra curiosidade é o livro
de Odes, uma marca singular da Bíblia Grega que nem todos os manuscritos dos
Septuaginta preservaram. Em mais uma tradução magistral, Frederico Lourenço se
debruça sobre as origens do livro mais importante de todos os tempos, sem
jamais se distanciar de sua incontornável dimensão literária. A publicação é da
Companhia das Letras.
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Jorge Luis Borges, Arthur
Schopenhauer, João Guimarães Rosa.
O sonho é o monograma da vida retraça a
teia — verbal, conceitual, imagética — que vincula a criação literária de Jorge
Luis Borges à filosofia de Arthur Schopenhauer. Os rastros de Schopenhauer
estão em toda parte. Do primeiro encontro com as obras do filósofo na Genebra
da Primeira Guerra Mundial aos relatos, poemas e ensaios da maturidade em
Buenos Aires, Borges não cessa de citar, comentar, destilar a lição idealista
do alemão. Ao longo desse denso diálogo textual, vão se redefinindo todos os
temas e instrumentos da escrita borgiana: caráter e ação, personagem e trama,
memória e sonho, metáfora e tempo. Unindo crítica e filosofia, Márcio Suzuki
mostra como, por essa via, o autor argentino chega à formulação de um “programa
fantástico-idealista” e a um modo originalíssimo de figuração narrativa e
poética da história — individual, sul-americana, universal. Por fim, num
excurso surpreendente, o ensaio cruza a fronteira para perseguir o
ressurgimento dos mesmos temas na obra de outro leitor de Schopenhauer, o
brasileiro João Guimarães Rosa. Se a cadência é outra, se os jagunços de Rosa
não se confundem sem mais com os gauchos de Borges, permanece, porém, o
essencial: a necessidade de enfrentar o curso cego da história e do destino com
as armas de uma valentia fatalista. Publicação da Editora 34.
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REEDIÇÕES
O principal livro de Elisa
Lispector volta às livrarias.
Importante registro histórico
sobre a imigração judaica no século XX,
No exílio narra de forma
ficcional o percurso da família Lispector, da Ucrânia ao Brasil. Após receber
alta de um sanatório, Lizza, uma mulher judia, começa a recordar os anos de
perseguição contra os semitas, deflagrados após a Revolução Russa, e que
obrigaram sua família a deixar a Ucrânia e a migrar de vilarejo em vilarejo
pela Europa, ao lado de milhares de pessoas na mesma situação. Sem ter mais
onde se refugiar dos ventos do nazismo, Lizza e sua família seguem para as
Américas e desembarcam em Maceió. No Brasil, os dias são mais tranquilos,
embora o passado recente ainda a atormente e ela não consiga encontrar uma
explicação para o sem-fim de horrores em sua história, que é também a do povo
judeu. “Como encadear a vida depois disso?”, Lizza se questiona ao ouvir a
notícia do fim da Segunda Guerra. Já em segurança, mas ainda assombrada pelos
fantasmas dos pogroms, ela não esquece a violência que testemunhou. Os
sentimentos de não pertencimento, de injustiça irreparável e de expatriamento,
tematizados nesta obra, são reflexos de acontecimentos definidores de nosso
tempo: os conflitos da Revolução Bolchevique, a ascensão de Hitler e a divisão
da Palestina. A presente edição que sai pela José Olympio conta com
apresentação inédita de Benjamin Moser, escritor, historiador e biógrafo da
irmã mais jovem da autora, Clarice Lispector.
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RAPIDINHAS
Ezra Pound pelos seus
principais tradutores. A Cobalto coloca de volta
Ezra Pound Poesia.
Organizado por Augusto de Campos, que acrescenta texto novo ao livro, a
coletânea reúne as traduções dos
Cantos assinadas por ele o irmão Haroldo,
Décio Pignatari, José Lino Grünewald e Mário Faustino.
OBITUÁRIO
Morreu Nuno Júdice
Nuno Júdice nasceu em Portimão a 29 de abril de 1949. Ocupou várias
frentes do processo criativo na e com a literatura. Graduado em Filologia
Românica pela Universidade de Lisboa, foi professor do ensino secundário e da
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa,
instituição pela qual obteve o doutorado. Foi diretor das revistas
Tabacaria
e
Colóquio/ Letras. Deixou vasta obra desenvolvida entre a prosa (ficção
e ensaio), o teatro e a poesia. Na ficção, entre os livros publicados,
encontram-se
A manta religiosa (1982),
A mulher escarlate (1997),
A árvore dos milagres (2000),
A ideia do amor e outros contos
(2003),
O enigma de Salomé (2007) e
O complexo de Sagitário
(2011); no ensaio,
O processo poético (1992),
As máscaras do poema
(1998),
A viagem das palavras (2005) e
O ABC da crítica (2010); e
no teatro
Antero —
Vila do Conde (1979),
Flores de estufa (1993)
e
O peso das razões (2009). Nuno Júdice destacou-se na poesia, onde está
situada extensa parte da sua obra literária; um livro ou mais por ano, entre a
sua estreia em 1972 com
A noção de poema e seu último trabalho
publicado,
Uma colheita de silêncios (2023). Recebeu inúmeros prêmios,
entre eles, o importante Rainha Sofia de Poesia Ibero-americana em 2013. Júdice
morreu em Lisboa a 17 de março de 2024.
DICAS DE LEITURA
No passado 21 de março foi
celebrado o Dia Mundial da Poesia. Seguindo a iniciativa de outra vez desta
seção para a data, destacamos três livros do gênero publicados recentemente. E
saiba que
na aquisição de qualquer um dos livros pelos links ofertados neste
boletim, você tem desconto e ainda ajuda a manter o Letras.
1.
Fim de verão, de Paulo
Henriques Britto (Companhia das Letras, 96 p.) Uma exploração pelo dia comum pautada
no desprezo pela racionalidade e como parte de um ceticismo e um sarcasmo do poeta
interessado na inventividade do poema.
Você pode comprar o livro aqui.
2.
Poesia, de Luís Miguel
Nava (Assírio & Alvim Brasil, 352 p.) A obra reunida de um dos nomes
principais da poesia portuguesa no século XX. Organizada por Ricardo
Vasconcelos, esta edição traz vários textos inéditos.
Você pode comprar o livro aqui.
3.
Poemas, solilóquios e
sonetos, de Edna St. Vincent Millay (Trad. Bruna Beber, Âyiné, 270 p.) A
primeira antologia publicada no Brasil de um dos nomes significativos da poesia
estadunidense. Os poemas aqui reunidos tocam naqueles interesses essenciais à
poesia: o amor, o tempo, os pequenos impulsos da vida.
Você pode comprar o livro aqui.
VÍDEOS, VERSOS E OUTRAS PROSAS
Desde 2012, a página do
Letras
no Facebook alimenta uma seção integralmente dedicada à poesia. É possível ler,
comentar e compartilhar mais de mil textos até agora disponibilizados. Vamos
semear a rede com o que vale?
Acesse aqui.
BAÚ DE LETRAS
Mais poesia. Por
aqui, você pode
acessar todas as publicações já realizadas pelo poeta português Pedro Belo
Clara no âmbito do seu projeto coordenado no
Letras, o “De Versos”.
O leitor encontra disponível no
Letras
duas entradas acerca da obra de Nuno Júdice. Em 2015, Maria Vaz escreveu
sobre os “laivos de metafisica” na obra do escritor português —
leia aqui; um
ano depois, ela comenta
aqui o livro
A convergência dos ventos.
DUAS PALAVRINHAS
Não sei se a Poesia pertence à
Literatura ou se constitui uma outra capitania da vida e da linguagem.
— Lêdo Ivo,
O vento do mar.
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