DO EDITOR
Olá, leitores! Como estão pós-Carnaval? Por aqui, em recuperação.
Passo para agradecer a todos que se inscreveram interessados em compor o
quadro de colunistas do Letras e registrar que, até o final de fevereiro,
receberão no e-mail o resultado.
Obrigado pela companhia!
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Leonard Cohen. Foto: Dominique Issermann |
LANÇAMENTOS
Uma tragédia erótica clássica
pela pena de Leonard Cohen.
Escrito às vésperas da guinada do
autor rumo à música pop, em que se consagraria como um dos maiores compositores
e intérpretes da segunda metade do século XX, este romance de Leonard Cohen
(1934-2016) é uma das obras mais experimentais da década de 1960. Engraçado,
angustiante e comovente,
Belos fracassados é uma tragédia erótica
clássica, incandescente em sua prosa e estimulante por sua arrojada união entre
sexualidade, memória e fé. Com tradução de Daniel de Mesquita Benevides, o
livro sai pela editora Todavia.
Você pode comprar o livro aqui.
Três romances de Pío Baroja
circunscritos entre o confronto de velhos e novos ideais.
A desesperança de um império
perdido, o confronto entre os velhos e os novos ideais, personagens
desesperançados e perdidos e uma boemia madrilenha que retrata os caminhos do
espírito espanhol na passagem do século XIX para o XX. A trilogia
A vida
fantástica reúne todos os principais pontos que marcaram a literatura
espanhola do começo do século XX. Publicada entre 1901 e 1906, os três romances
que a compõem são ao mesmo tempo uma proposta de renovação literária e um
esforço por pensar a Espanha de seu tempo. Se
Aventuras, invenções e
mistificações de Silvestre Paradox é um romance antifolhetinesco em que a
crítica social se mistura com o humor, em
Caminhos de perfeição encontramos o
percurso de um personagem perturbado existencialmente, terminando então com
Paradox
Rei em uma explosão carnavalesca que reaviva o romance espanhol. Dentre suas
trilogias, esta representa de forma primorosa a importância e capacidade
literária de Pío Baroja, escritor de impulso raro, renovador do romance e
incansável crítico do espírito de seu tempo. A tradução é de Wagner Monteiro e
o livro sai pela Coleção Engenho 98 da editora 7Letras.
Você pode comprar o livro aqui.
Livro reúne a obra poética
completa de Duda Machado.
O nome de Duda Machado está
associado a um dos períodos mais ricos da arte brasileira — a Tropicália —, que
chacoalhou a cena cultural no final dos anos 1960 e projetou nomes como Caetano
Veloso e Gilberto Gil, entre tantos outros. Àquela época, Machado foi letrista
cantado por Gal Costa, Elis Regina e Jards Macalé. Dali em diante, além de
atuar como editor, tradutor e professor, publicou livros de poemas que se
destacam pela forma precisa e original, dialogando com a tradição e com as
questões do seu tempo.
Poesia 1960-2021 reúne toda a produção poética do
autor: as letras do início da carreira, os livros
Zil (1977),
Um
outro (que integra a reunião
Crescente 1977-1990, da coleção Claro
Enigma, 1990),
Margem de uma onda (1997) e
Adivinhação da leveza
(2011), além de poemas publicados posteriormente, de modo esparso. Como afirma
Heitor Ferraz Mello, que assina a orelha do livro, a “trajetória [de Duda
Machado] é a de um poeta que conhece os limites do lirismo e da confissão do
eu, a ponto de evitá-los quando se tornam obstáculos, mas que não os recusa
para descortinar a precária condição da nossa vida, nesta quadra perturbadora
da história”.
Poesia 1969-2021 é, portanto, uma publicação muito
importante pelo que recupera da melhor poesia das últimas décadas no Brasil,
mas também pelo que esses poemas ainda têm a dizer, daqui em diante. O livro
sai pelo Círculo de Poemas, clube/coleção editado pelas editoras Fósforo e Luna
Parque.
Você pode comprar o livro aqui.
Neste romance híbrido que
mescla ensaio e literatura, fato e ficção, com um estilo envolvente e arrojado,
a história esquecida de uma figura do século XVI se revela uma janela para
compreender o contemporâneo.
Os copistas são figuras
fantasmagóricas que assombram a literatura. Aqui o ponto de partida é Ângelo
Vergécio, um copista do século XVI cuja caligrafia deu origem à fonte Garamond.
Um enigma de sua vida move, no século XXI, na passagem do analógico ao digital,
a história de amizade entre um revisor e uma ilustradora em uma pequena casa
editorial. Trata-se de uma relação platônica que parece se concretizar através
de uma obsessão compartilhada por desvendar detalhes da vida de Vergécio,
conduzindo o enredo ainda por cidadezinhas da Europa que conhecemos através de
cartões-postais intrigantes.
O último dos copistas, de Marcílio França
Castro sai pela Companhia das Letras.
Você pode comprar o livro aqui.
Da vencedora do Prêmio São
Paulo de Literatura 2021, Morgana Kretzmann, este thriller de tirar o fôlego brinca com os limites
entre a verdade e a ficção.
Parque Estadual do Turvo, Rio
Grande do Sul, fronteira com a Argentina. A guarda-florestal Chaya é a
responsável por combater a caça exploratória de animais silvestres no parque.
Preta, sua prima, separada da família ainda na infância, é a líder de um temido
grupo de caçadores e contrabandistas que vive no lado argentino da fronteira,
os Pies Rubros. Olga, assessora parlamentar de um ganancioso deputado, é
forçada a voltar à cidade onde cresceu para ser porta-voz da tragédia ambiental
que se anuncia -- até perceber que está nas mãos dela a chance de mudar o curso
da história. De inimigas a aliadas, as três acabam obrigadas a vencer um
passado turbulento para enfim construir uma possibilidade de futuro para todos.
Mas elas não estão sozinhas: Sarampião, a figura mítica de um guarda-florestal
e protetor da mata, parece acompanhá-las e ajudá-las na batalha.
Água turva
sai pela Companhia das Letras.
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Os percursos de Émilie Notéris por
uma biblioteca despadronizada.
Construir um livro, diz Émilie
Notéris, é como edificar uma casa. Precisamos de materiais, colaboradores e,
quem sabe, como alicerce, um sonho: o sonho de Notéris é o de que a crítica de
arte possa evoluir para um horizonte feminista e queer. Por meio do resgate, ou
— quando o resgate é impossível — da invenção dos vínculos estéticos e
biográficos que unem as autoras e artistas ao seu passado de mulheres, Notéris
busca lançar um novo olhar sobre a história da arte, e assim as relações de
classe, raça e gênero são trazidas de volta ao centro de sua interpretação da
prática artística. Uma genealogia subjetiva de artistas mulheres, do século XIX
ao XX, que tenta “restaurar os laços entre as mulheres, aqueles que foram
rompidos ou invisibilizados pela narrativa branca, heteronormativa e patriarcal
da história da arte tal como foi escrita até agora, por exclusões, e calcada em
silêncios”. A casa de Notéris é uma casa nova, uma casa que não se desenvolve
na vertical, mas horizontalmente, onde o peso da história escrita em nome das
mulheres, mas sem elas, não atua, ou é refutado, invertido, e onde o que foi
invisibilizado reaparece e o que foi calado reconquista uma voz que pode aqui,
na casa de Notéris, se encontrar com outras vozes ouvidas por poucos, abrir
novas forças interpretativas e construir, mais do que uma casa, uma
constelação.
Alma material sai pela editora Âyiné com tradução de
Fernanda Morse.
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Franz Kafka visto por Pascale
Casanova.
Kafka indignado, de Pascale
Casanova, revela a imagem de um escritor combativo, indo além da análise de
suas posições políticas, de seu lugar no mundo social, de sua relação com a
identidade judaica ou de sua relação com o pai. Fundamentada em rico material
documental (textos de ficção, diários íntimos, correspondência), a autora nos
apresenta um autor cindido em sua condição de dominado entre o espaço literário
antigo e poderoso da cultura alemã e os espaços recentes e desprovidos de força
simbólica da literatura tcheca e judaica, unidos em torno de uma definição
política de sua especificidade. Pascale Casanova foi crítica literária e
pesquisadora associada do Centro de Investigação em Artes e Linguagem da École
des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS). Com tradução de Iraci D. Poleti
e Regina Salgado Campos, o livro sai pela Edusp.
Você pode comprar o livro aqui.
REEDIÇÕES
Copacabana dreams, o livro de estreia de Natércia Pontes ganha reedição pela Companhia das Letras.
A quitinete onde este livro foi escrito ― cravada entre a rua Tonelero e a Barata Ribeiro, no coração de Copacabana ― serviu de pouso para uma jovem vinda de Fortaleza que desembarcou no Rio de Janeiro com olhos e ouvidos ávidos em busca de boas histórias. Aos 24 anos, tudo ao seu redor era fascinante: as vitrines, os sebos, as locadoras de vídeo, as lojas de peruca Lady, os bares, os inferninhos. As pochetes, a maquiagem derretida no calor, os chapéus escandalosos, os vestidos de elastano, o esmalte vermelho descascado, os frangos de padaria, os sanduíches gordurosos, o chope na pressão. Entre a prosa e a poesia, o banal e o extraordinário, a crônica e a fotografia instantânea, Copacabana dreams, lançado originalmente em 2012 pela Cosac Naify, recebeu altos elogios da crítica e foi finalista do prêmio Jabuti na categoria contos. A nova edição do livro de estreia de Natércia Pontes traz de volta para as prateleiras seu olhar a um só tempo cômico e trágico, pop e lírico, amoroso e cruel, e pinta um retrato apaixonante de uma cidade. Você pode comprar o livro aqui.
RAPIDINHAS
Mulheres em regresso 1. A
Penguin/ Companhia das Letras publica três livros dos levantados para a Fuvest-2024
da polêmica lista revisionista proposta pelo certame:
Nebulosas, de
Narcisa Amália tem estabelecimento de texto, notas cronologia e introdução de
Anna Faedrich;
Opúsculo humanitário, de Nísia Floresta sai com
estabelecimento de texto, notas e cronologia de Constância Lima Duarte e
introdução de Stella Martis Scatena.
Mulheres em regresso 2. O
terceiro título é
Memórias de Martha, de Júlia Lopes de Almeida; sai com
estabelecimento de texto notas e cronologia de Rodrigo Jorge Ribeiro Neves e
introdução de Carmem Lúcia Negreiros de Figueiredo.
Os rescaldos da fatwa. Há
trinta e cinco anos o escritor britânico de origem indiana Salman Rushdie foi
condenado pelo aiatolá Ruhollah Khomeini, do Irã, com sentença de morte por insultar
Maomé com o romance
Os versos satânicos. Em agosto de 2022, o escritor é
atacado publicamente com golpes de faca. Os acontecimentos desse fatídico episódio
são enfrentados em
Faca, livro que
sai em abril pela Companhia
das Letras.
DICAS DE LEITURA
Na aquisição de qualquer um dos
livros pelos links ofertados neste boletim, você tem desconto e ainda ajuda a
manter o Letras.
1.
Índice, uma história do: uma
aventura livresca, dos manuscritos medievais à era digital, de Dennis
Duncan (Trad. Flávia Costa Neves Machado, Fósforo, 336 p.) Uma ferramenta
cotidiana pouco conhecida, mas com um passado ilustre e ligado à história dos
livros e do conhecimento: o índice. São anedotas que envolvem papas, filósofos,
primeiros-ministros, poetas e que tratam não apenas da leitura, mas sobre o
modo como nos relacionamos com o mundo, como o categorizamos e o entendemos.
Você pode comprar o livro aqui.
2.
Noites brancas, de Fiódor
Dostoiévski (Trad. Rubens Figueiredo, Penguin/ Companhia das Letras, 112 p.) Um
encontro inesperado entre um homem e uma mulher que se repetirá por quatro
noites na São Petersburgo do século XIX. Este volume inclui ainda o conto
“Polzunkov”, escrito no mesmo ano da novela (1848), que mostra uma faceta mais
caricata de um dos maiores autores da literatura russa.
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3.
Diário de bordo, de Blaise
Cendrars (Trad. Samuel Titan Jr., Editora 34, 208 p.) Neste mês de fevereiro de
2024 cumpre-se os cem anos de quando o franco-suíço começava sua aventura de seis
meses sob o sol dos trópicos a convite de Oswald de Andrade e de Paulo Prado. O
livro começou a se publicar no mesmo ano de regresso do poeta. Nesta edição, a
totalidade dos poemas, incluindo dispersos e inéditos.
Você pode comprar o livro aqui.
VÍDEOS, VERSOS E OUTRAS PROSAS
A biblioteca de Charles Darwin
está, virtualmente, recuperada. O feito é da equipe de pesquisa do projeto
Darwin Online e compila os 7.400 títulos originais e 13 mil volumes que
pertenceram ao autor de
A origem das espécies. Darwin manteve registros
meticulosos de sua biblioteca, mas com o tempo, grande parte do seu acervo foi
dispersa, restando apenas 1.480 livros mantidos na Universidade de Cambridge e
na Down House, casa da família do biólogo britânico.
Neste texto, o leitor tem
acesso a uma introdução de John van Wyhe, coordenador do projeto;
e aqui, a lista
completa dos materiais catalogados no meticuloso processo que levou 18 anos.
BAÚ DE LETRAS
No regresso da literatura de
Leonard Cohen aos leitores brasileiros, recordamos duas publicações do
Letras
sobre o cantautor:
neste endereço, um breve perfil biográfico;
e neste, uma
crônica sobre sua trajetória musical.
Neste texto um apanhado pela história
de perseguição e morte aos que estiveram envolvidos diretamente com a
publicação de
Os versos satânicos,
de Salman Rushdie.
DUAS PALAVRINHAS
O homem só reconhece no mundo
aquilo que já existe em si mesmo, mas precisa do mundo para reconhecer o que
nele existe; porém, para tanto, são necessários a ação e o sofrimento.
— Hugo von Hofmannsthal, O livro
dos amigos
...
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