DO EDITOR
Olá, leitores! O blog regressou sua
programação normal nesta semana. E além das publicações diárias, este boletim volta
com as seções já conhecidas.
Durante a semana, foi anunciada em
nossas redes a chamada para novos colunistas.
O
Letras procura bons
leitores que escrevam sobre livros (ficção, poesia, teatro), filmes ou assuntos
intrinsecamente ligados ao universo literário.
Se você possui este perfil e quer
se juntar a este projeto, atenção para as informações a seguir:
- você precisa enviar através do
e-mail blogletras@yahoo.com.br até o dia 16 de fevereiro de 2024, um resumo biográfico
e três textos inéditos;
- para saber como organizar os
seus textos e mesmo conhecer um pouco da linha editorial do
Letras, é
importante acessar e ler as informações
disponíveis aqui;
- se restar qualquer dúvida, basta
escrever para o e-mail referido ou nos procurar na DM das nossas redes sociais:
no Twitter, Facebook ou Instagram.
Sua inscrição é muito bem-vinda!
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Jon Fosse. Foto: Bergens Tidende |
LANÇAMENTOS
Um volume e três títulos do vencedor
do prêmio Nobel de literatura de 2023.
Narrada com a prosa onírica que
fez de Jon Fosse um dos maiores escritores de sua geração, Trilogia reúne três
romances cujas s histórias versam sobre os personagens Asle e Alida. Em Vígília, acompanhamos o
jovem casal em busca de abrigo para que a moça, em estágio avançado de
gravidez, possa dar à luz. Na sequência, Os sonhos de Olav, Asle e
Alida são Olav e Åsta, e vemos o rapaz sendo confrontado com suas escolhas do
passado. Repouso, o último romance, encerra um movimento circular
e apresenta o destino de Asle e Alida. Através de uma profusão de referências
históricas, culturais e teológicas, Fosse trata de temas como injustiça,
resistência, crime e redenção e oferece um retrato assombroso e sublime dos
sacrifícios que fazemos por aqueles que amamos. Com tradução de Guilherme da
Silva Braga, o livro sai pela Companhia das Letras. Você pode comprar o livro aqui.
Dois novos livros na coleção
publicada pela editora Nós com textos de Virginia Woolf. É a tradução nova de
dois contos que formam um ciclo em torno de Clarissa Dalloway.
1. Cantuária, o nome de uma cidade como a madeleine proustiana, capaz de
despertar tanto as memórias verdadeiras, quanto aquelas inventadas por mera
necessidade. Essa é a frágil liga entre dois personagens de meia-idade, já
exaustos e desconfiados da vida, que são apresentados por Mrs. Dalloway, numa
de suas festas. Um encontro às cegas que logo vira armadilha, num evento social
que parece ter a arquitetura de uma jaula. Virginia Woolf nos arremessa em meio
ao desconforto desse encontro sem qualquer receio: “Mrs. Dalloway os
apresentou, dizendo você vai gostar dele.” A intuição da criação mais famosa de
Woolf se transforma numa espécie de maldição de bolso, quando Mr. Seele e Miss
Anning começam a perceber que há um ruído nas memórias da Cantuária que
dividem. E pior: se continuarem a compartilhar as lembranças, aos poucos,
correm o risco de perceber que não há mais Éden para onde voltar.
Juntos e
separados traz outra vez a maestria de Woolf para nos alertar da
fragilidade das nossas certezas.
Você pode comprar o livro aqui.
2. A festa para Virginia Woolf é como um laboratório, um espaço em que a
autora lança mão para melhor observar o
pathos dos seus personagens.
Expostos à solta no salão, seus desejos, medos e fraquezas aparecem dilatados.
Woolf é como uma cientista, jogando com suas “peças”. Já nas linhas iniciais do
conto
A apresentação, vemos todas as nuances do pavor da jovem Lily
Everit diante das exigências de um evento social: “Lily Everit viu que Mrs.
Dalloway vinha abater- se sobre ela desde o outro lado da sala, e teria rezado
para ser deixada em paz”. Mas não houve tempo para uma prece. E nem rezar teria
adiantado muito. Lançada sem paraquedas num encontro com um cavalheiro de
gestos duvidosos, Everit vê as certezas da sua emancipação como mulher se
dissiparem, enquanto a festa de Mrs. Dalloway se desenrola ao redor. O
lusco-fusco entre quem a jovem é e de como precisa agir, para estar ali,
exposta em público, é tremendo. Esta é uma pequena obra-prima de Woolf, que soa
mais cruel, triste e verdadeira a cada nova releitura. As duas novas traduções
são de Ana Carolina Mesquita e os livros saem pela editora Nós.
Você pode comprar o livro aqui.
Um importante resgate para a literatura brasileira. Principal romance do
escritor Antônio de Oliveira e obra do nosso naturalismo ganha nova edição.
Ambientado no período entre a Abolição e a proclamação da República,
O
urso, uma das pérolas do naturalismo brasileiro, acompanha a jornada de
Fidêncio, que, vindo do interior, chega cheio de sonhos à capital paulista. O
romance retrata a São Paulo ainda provinciana da época, além do processo de
corrosão da personalidade inicial do protagonista em sua busca por ascensão
social. O romance sai pela Coleção Clássicos da Literatura editada pela Editora
da Unesp.
Você pode comprar o livro aqui.
O historiador e pesquisador
Daniel Aarão Reis faz sua estreia na ficção.
Às vésperas do aniversário de 60
anos do golpe militar de 1964,
Na corda bamba nos apresenta um retrato
ficcionalizado da experiência de uma geração de jovens e da sociedade
brasileira nas sombrias décadas de 1960 e 1970. Estruturada em três partes —
“Ditadura”, “Exílio” e “Retorno” —, a narrativa se desenrola por meio de contos
que acompanham os traumáticos acontecimentos do período — a partir de
personagens plurais, tanto progressistas de esquerda quanto apoiadores do
golpe. Ambientadas no Rio de Janeiro, em Argel, Paris, Santiago, Havana e de
volta ao Rio de Janeiro, as histórias retratam, com sensibilidade e não raras
vezes humor, o cotidiano, as vivências e as dores daqueles jovens cheios de
ideologia e sonhos. O livro marca a estreia do autor na literatura e pode ser
considerado uma ficção histórica, com muitos aspectos autobiográficos, já que
Daniel Aarão Reis esteve entre os jovens que resistiram e lutaram contra o
golpe. Como bem escreveu na orelha Renato Janine Ribeiro, ex-ministro da
Educação,
Na corda bamba “nos presenteia com esta afortunada incursão
numa ficção inspirada em sua vasta experiência de vida”. Uma maneira de
relembrar esse momento difícil da história do Brasil. O livro sai pela editora
Record.
Você pode comprar o livro aqui.
Os contos presentes em livro
finalista do International Booker Prize, transitam entre realismo mágico,
folclore, horror, ficção científica e fantasia, partindo de elementos insólitos
para narrar histórias assombrosas que tocam em temas profundamente reais.
Coelho maldito é a primeira
obra de Bora Chung, uma das mais notáveis escritoras sul-coreanas da
atualidade, publicada fora da Coreia. Em uma família cujos negócios consistem
em criar objetos de maldição, o avô relembra um episódio envolvendo um amigo de
infância e um abajur amaldiçoado em formato de coelho. Uma gestante precisa
encontrar um pai para o filho o mais rápido possível, e evitar que a criança
sofra consequências terríveis. Despertando no completo escuro após sofrer um
acidente, uma professora confia na única coisa que tem por perto para levá-la
de volta à luz: uma voz desconhecida. As dez histórias reunidas neste livro partem de imagens grotescas, assombrosas e incômodas para tratar, por meio de
um olhar aguçado e impiedoso, da humanidade e da condição feminina. Uma das
mais proeminentes escritoras sul-coreanas da atualidade, Bora Chung usa
elementos fantásticos e surreais para refletir sobre os horrores e crueldades
do patriarcado e da sociedade capitalista contemporânea. Com tradução de Hyo
Jeong Sung, o livro é publicado pela Alfaguara Brasil.
Você pode comprar o livro aqui.
Um livro inventivo, sofisticado
e bem-humorado sobre identidades paralelas, estigmas sociais e o medo de
encarar a verdade.
Barrington Jedidiah Walker é um
homem que chegou longe. Nascido em Antígua, no Caribe, migrou para Londres
depois de casar-se com Carmel. Juntos, formaram uma família e alcançaram um
nível de conforto material que poucos conseguem ter. Inteligente e vaidoso, só
usa ternos elegantes e nunca perde a oportunidade de citar Shakespeare em
conversas casuais. O que ninguém sabe é que ele leva uma vida dupla: há décadas
mantém um caso extraconjugal com Morris, seu amigo de infância. Aos 74 anos,
Barry finalmente decide divorciar-se de Carmel para viver com seu verdadeiro
grande amor — mas isso significa colocar em risco tudo o que conquistou. Com
tradução de Camila von Holdefer,
Sr. Loverman, de Bernardine Evaristo é publicado pela Companhia
das Letras.
Você pode comprar o livro aqui.
Janet Malcolm volta seu olhar
arguto para a própria vida — com a astúcia que fez dela uma das mais
respeitadas jornalistas de nosso tempo.
Durante décadas, os textos de
Janet Malcolm questionaram as convenções jornalísticas e biográficas, revelando
os artifícios que sustentam as personas públicas e privadas de seus
entrevistados. Nos ensaios reunidos em
Imagens imóveis, a escritora
permanece fiel a seu estilo ao construir uma autobiografia em seus próprios
termos, por meio do encontro entre história, memória e fotografia. O livro
começa com a imagem de uma jovem taciturna em um trem, saindo de Praga para
Nova York aos cinco anos de idade em 1939. Desde suas primeiras paixões até as
noites no antigo Metropolitan Opera House e as expectativas pelo futuro,
Malcolm compõe o retrato de uma infância em Nova York, ainda profundamente
marcada por sua origem europeia. Na sequência, também investiga seu casamento
com Gardner Botsford, o mundo da
New Yorker de William Shawn e o
julgamento que pôs Malcolm sob os holofotes da imprensa norte-americana. Uma
joia da não-ficção, este breve volume se revela uma autobiografia singular —
tal como sua autora. A tradução é de Paulo Henriques Britto e o livro sai pela
Companhia das Letras.
Você pode comprar o livro aqui.
REEDIÇÕES
Três contos escritos
independentemente, mas que se conectam por um tema comum: a angústia. Livro de
Hermann Hesse ganha nova edição.
O último verão de Klingsor
é a reunião de três pequenas obras-primas escritas na mesma época em que
Hermann Hesse produziu duas de suas mais celebradas criações ―
Demian e
Sidarta.
No primeiro conto, “Alma de criança”, o autor explora a gênese do sentimento de
culpa e da angústia através do relato das emoções de um garoto em relação ao
pai. No segundo conto, “Klein e Wagner”, vemos um mergulho ainda mais profundo
nos temas já abordados na primeira narrativa, com uma história complexa de
crime, castigo e redenção. Já em “O último verão de Klingsor”, Hesse nos
proporciona uma alegoria repleta de discussões sobre o amor, a representação do
mundo, a arte, a posteridade e a magia. Ele narra os últimos meses de vida de
um pintor expressionista, considerado por muitos como um retrato literário da
natureza do escritor. É um ponto de partida para um relato que une a sabedoria
de poetas chineses com a angústia de um artista diante das vicissitudes de sua
vida e do legado de sua obra. Publicação pela editora Record.
Você pode comprar o livro aqui.
Reunião de dois livros de
Castro Alves, poeta do limiar do romantismo brasileiro.
Conhecido como o “poeta dos
escravos” e chamado de “poeta republicano” por Machado de Assis, Castro Alves
iniciou sua produção aos dezesseis anos e foi um autor fundamental do
romantismo no Brasil. As duas obras reunidas neste livro dão conta dos principais
temas e interesses do poeta. Enquanto
Espumas flutuantes abarca sua
precoce maturidade e trata de assuntos da escola literária romântica, como o
amor, a morte, a melancolia e a natureza,
Os escravos traz o tipo de
poesia que consagrou Castro Alves: a incitação lírica à insurreição dos negros
cativos, em uma defesa apaixonada do abolicionismo. Publicação da Penguin &
Companhia das Letras.
Você pode comprar o livro aqui.
RAPIDINHAS
O resgate das esquecidas 1. Depois
de Chrysanthème e Ercilia Nogueira Cobra, a Carambaia se prepara para publicar
em março um romance da escritora Iracema Guimarães Vilela —
Nhonhô Rezende,
de 1918.
O resgate das esquecidas 2. Já as editoras Fósforo e Luna Parque publicarão no Círculo de Poemas uma antologia recolhendo a poesia de Maria Firmina dos Reis, a autora de
Úrsula.
As cartas entre Virginia Woolf
e Victoria Ocampo. A publicação foi anunciada nas redes sociais da Bazar do
Tempo, aproveitando o dia das celebrações pelo aniversário da escritora inglesa.
DICAS DE LEITURA
A data do nascimento de Luís de
Camões é uma incógnita e motivo de várias discussões entre os estudiosos.
Admite-se, no entanto, que o autor da pedra de toque da literatura de expressão
portuguesa tenha nascido a 23 de janeiro, entre 1524 e 1525. Ou seja, estamos no
500.º (ou interstício do) seu aniversário. Ainda que seja escassa uma edição
bem cuidada da sua obra completa (a da Nova Aguilar é apenas objeto de alto
consumo nos sebos), é possível encontrar disponível alguns bons livros
indispensáveis para o leitor interessado em conhecer um pouco da literatura
camoniana. Esta seção destaca algumas.
Na aquisição de qualquer um dos
livros pelos links ofertados neste boletim, você tem desconto e ainda ajuda a
manter o Letras.
1.
Os Lusíadas (Editora
Almedina; Colégio das Artes da Universidade de Coimbra, 392 p.) Mostramos essa
edição em nossa conta no Instagram no ano de quando foi publicada, em 2016. O
livro reproduz o texto integral conforme a primeira edição de 1572. Em capa
dura com acabamento em tecido e detalhes dourados, o exemplar adota as mesmas
dimensões e uma fonte similar à original com a qualidade superior às edições
fac-similares que são ilegíveis por marcas do tempo no papel ou das gralhas de
impressão.
Você pode comprar o livro aqui. Caso procure por uma edição
mais acessível, existe uma da Nova Fronteira, com introdução, notas e
ortografia modernizada por Alexei Bueno.
Você pode comprar o livro aqui.
2.
Da Lírica. Exceto a
referida edição da Nova Aguilar, não existe até agora uma edição que reúna a
lírica completa de Luís de Camões. O leitor encontra várias antologias e
recomendamos aqui três delas: a coletânea organizada pelo também poeta
português Eugénio de Andrade (Assírio & Alvim Brasil, 72 p.) reúne 54 sonetos
recolhidos a partir da edição das
Rimas de Costa Pimpão.
Você pode comprar o livro aqui. A segunda coletânea reúne uma variedade maior de
poemas. Organizada por Carlos Cortez Minchillo e Izeti Fragata Torralvo, com
ilustrações de Hélio Cabral (Ateliê Editorial, 224p.) o livro traz 61 sonetos, 4
redondilhas, 1 canção e 2 odes. Integralmente anotada, a edição traz um rico
texto de introdução.
Você pode comprar o livro aqui. A terceira coletânea
é organizada por Richard Zenith (Penguin/ Companhia das Letras, 72p.) e é
bastante restrita, uma vez se tratar de uma recolha dos sonetos cuja temática é
o Amor, uma deriva que o poeta português colhe da lírica petrarquiana e desenvolve
de maneira bastante original, contribuindo ao lado desse e outros nomes do
Renascimento para a constituição do imaginário e ideal amorosos.
Você pode comprar o livro aqui.
3.
Teatro de Camões (Oficina
Raquel, 271 p.) Organizado, apresentado, anotado e fixado por Márcio Muniz, esta
edição reúne os três autos que poeta português terá escrito e encenado entre as
décadas de 1540 e 1550. É uma face pouco conhecida de Camões, sempre ofuscada
pela sua poesia épica e lírica. Os textos recuperados aqui são: “Auto de
Filodemo”, “Auto dos Anfitriões” e “Auto d’El-Rei Seleuco”.
Você pode comprar o livro aqui.
VÍDEOS, VERSOS E OUTRAS PROSAS
Ainda Camões. No YouTube encontram
o documentário
Quem és tu Vaz de Camões
? (2002). De corte
biográfico e com o depoimento de vários pesquisadores, o filme de Maria Júlia Fernandes refere os
episódios mais marcantes da nebulosa vida do poeta e com análise do épico
Os
Lusíadas.
Veja aqui.
Especificamente sobre
Os
Lusíadas, fica o registro
deste outro documentário também da RTP 2. É parte
de uma série intitulada “Grandes Livros” (2009), com direção de João Osório, e
passa em revista a história do livro, como sua constituição como peça essencial
da cultura portuguesa, e analisando algumas de suas passagens mais emblemáticas.
No Twitter, disponibilizamos
um fio com a recomendação de alguns livros com o intuito de oferecer uma introdução do leitor pelas principais searas da obra literária (e não) de Virginia Woolf: romance, conto, ensaio, correspondências.
BAÚ DE LETRAS
Em 2009, reproduzimos uma série de
três textos que tratam sobre a biografia e uma breve introdução pela obra de
Luís de Camões —
disponíveis aqui. E em 2013, sublinhamos os 450 anos da lírica
camoniana —
aqui. E um
breve comentário acerca de
Os Lusíadas
E ainda na superfície do baú. Marcamos
o 25 de janeiro, dia do aniversário de Virginia Woolf, com a tradução
desta resenha escrita por ela e que finda por ser um rico retrato do poeta
estadunidense Walt Whitman.
DUAS PALAVRINHAS
É uma ideia constante minha; de
que por trás do algodão existe um padrão; de que nós estamos conectados a ele;
que o mundo inteiro é uma obra de arte; que fazemos parte dela. Hamlet ou um
quarteto de Beethoven é a verdade sobre essa vasta massa a que chamamos de
mundo. Mas não existe nenhum Shakespeare; não existe nenhum Beethoven;
certamente, enfaticamente, não existe nenhum Deus; nós somos as palavras; nós
somos a música; nós somos a coisa em si.
— Virginia Woolf, em
Um esboço
do passado
...
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