Wisława Szymborska e Kornel Filipowicz: as cartas de amor e humor entre a poeta e o romancista
Por Nuria Azancot Wisława Szymborska e Kornel Filipowicz, 1973. Anos mais tarde, quando Kornel Filipowicz (1913-1990) já havia morrido, a própria Wisława Szymborska (1923-2012) recordava, numa conferência em homenagem ao escritor, como o viu pela primeira vez “por volta de 1946 ou 1947. Não lembro onde estava, mas a impressão que causou em mim. Loiro grisalho, bronzeado, vestia calça azul e uma camisa de um maravilhoso amarelo claro. Pensei: ‘Meu Deus, que homem lindo.’ Mas esse encontro não teve consequências naquele momento. Durante muitos anos apenas nos olhamos de longe.” Quando se reencontraram, em 1965, ela acabara de ler uma antologia de contos de Filipowicz intitulada Menina com uma boneca ou sobre a necessidade de tristeza e solidão e pensou: “Igual a mim. Eu também preciso de tristeza e solidão.” Mestre do conto e da novela, dizia-se que era o único autor polonês que aprendeu a escrever com Anton Tchekhov e que sua prosa, “concisa e magistral”, “não envelhece”, algo que