Confissões da ilha
Por Pedro Fernandes A ilha é, afinal de contas, o refúgio último da liberdade, que em toda a parte se busca destruir. — Carlos Drummond de Andrade Pilar del Río. Foto: Jeosm Na sessão de apresentação do romance O último minuto na vida de Saramago ocorrida em outubro de 2023 na reservada e preciosa Sala Gema da Livraria Lello, no Porto, Miguel Real colocou José Saramago e Pilar del Río entre os grandes amores que constituem a história (e já o imaginário) portuguesa. Sem a sina trágica e sem os clichês da convenção amorosa, na concepção do escritor, o encontro conciliou uma união ibérica centrada nos princípios mais caros ao humano neste século: os de uma ética centrada nos valores culturais, críticos e integrados com a ação interventiva e libertária num mundo continuamente assombrado pelas opressões e de escassa mão-de-obra para as transformações capazes de desviar a civilização do projeto de ruína para o qual se dirige cegamente. José Saramago conheceu Pilar del Río em Lisboa n