Carlos Drummond de Andrade: viola de circunstância
Por Pedro Fernandes Carlos Drummond de Andrade nos anos 1950. Um livro pode se prolongar mesmo depois de concluído. Os casos na literatura são muitos e alguns bem conhecidos, como o Livro do desassossego , cujas edições mais recentes não apenas aparecem remodeladas na organização do seu primeiro conteúdo como alimentadas de novos textos encontrados pelos pesquisadores no que parece ser o arquivo infinito de Fernando Pessoa. Este é um desses livros que cada leitor por escrever à sua própria maneira e os pessoanos são os primeiros a reafirmarem isso toda vez que se lançam ao trabalho de reivindicar a versão mais apropriada, como se pudessem também assumir o posto de adivinhos — ou, quem sabe, iluminados para contatos de terceiro grau — capazes de acessar o que nem foi claro para o seu autor, outra instância, aliás, problemática: é o poeta português ou o ajudante de guarda-livros Bernardo Soares? No Brasil, outro poeta, que não nos legou uma arca sem fundos, outro poeta que até transi