“O conde”, o filme que aborda Pinochet como um vampiro
Por Alonso Díaz de la Vega Gostaria de escrever sobre O conde (2023) com absoluta raiva. Dirigido por Pablo Larraín, cineasta chileno complacente e inoportuno, o filme é protagonizado por Augusto Pinochet (Jaime Vadell), que, de costas para a historiografia, o ativismo e seus biógrafos, acaba sempre sendo um vampiro caprichoso e vingativo mas, mais do que nada, travesso. Quando o confrontam pelos crimes da sua ditadura, ele responde como uma criança que, depois de assaltar a lata de doces, se justifica porque não lhe deram o suficiente para comer. “De verdade, verdadeira”, diz o ditador vampiro, “o que tenho sido é uma vítima”. É claro que a intenção de Pablo Larraín não é absolver Pinochet mas zombar dele, agora, a vida de um criminoso desse tipo é delicada para ser abordada a partir do humor; depois de tudo, Charles Chaplin caricaturou Hitler em O grande ditador (1940) antes que o mundo se inteirasse do Holocausto. As leis racistas de Nuremberg já existiam, é verdade, mas com