Silvina Ocampo: o mistério de uma das melhores contistas argentinas
Por Silvina Friera Silvina Ocampo. Foto: Aldo Sessa Escrevia para morrer um pouco menos. Tal como as pedrinhas que uma criança traz para mostrar (e quando abre a mão são um punhado de pó), é assim que uma das melhores contistas do século XX via a sua obra. A posição de Silvina Ocampo, que certa vez declarou que por ser a mais nova das irmãs se sentia “o etc. da família”, vai mudando furtivamente, como se tivesse uma espécie de onipresente exército de reserva póstumo para preservar o mistério, ainda a 120 anos de seu nascimento cumpridos em 2023 e três décadas após sua morte. Se ela foi “a grande encoberta” pela irmã mais velha, Victoria Ocampo, pelo marido, Adolfo Bioy Casares, e pelo amigo, Jorge Luis Borges, a perplexidade e o espanto que suas histórias geram ao passar do familiar ao desconhecido, mais que reafirmar aquele antigo valor de ter sido “o segredo mais bem guardado das letras argentinas” parece postular uma narrativa vigorosa e discreta em sua forma de construir mundos