O jogo do poder
Por Aida Míguez Barciela Isabelle Merteuil e Cécile Volange. Ilustração para As relações perigosas . Em A prima Bette , Balzac expandiu com seu domínio habitual da narrativa o destino da bruxa má de As relações perigosas , de Pierre Choderlos de Laclos. A grande cortesã — a mais bela, a mais criminosa — é punida no romance com uma morte que gela o sangue, a morte destinada a mostrar fisicamente o horror do monstro moral que já sabíamos qual era. Valérie está em seu leito de morte com sua beleza arruinada; a Marquesa Isabelle de Merteuil perde um olho e seu rosto fica desfigurado. É a revanche de seu ex-amante; é a vingança de seu cúmplice e rival naquele reino de vício e lascívia que nunca tem fim (mas acaba). Vamos confessar. Não nos é fácil odiar aquela feiticeira astuta que joga apenas para agradar a si mesma: a Marquesa de Merteuil brinca de esconde-esconde para exercitar sua inteligência e demonstrar sua liberdade; joga para zombar de tudo e de todos e para poder ser tudo. E