O gaviero Álvaro Mutis
Por Mario Benedetti Álvaro Mutis. Foto: Ulf Andersen O colombiano Álvaro Mutis é uma das vozes literárias mais significativas do panorama ibero-americano. A compilação de seus poemas escritos entre 1948 e 1988, intitulada Summa de Maqroll el Gaviero , significa que o leitor irá mergulhar nele, numa região criada como uma barreira contra a morte.¹ O dicionário define a palavra gaviero como “grumete que nos navios a vela sobre ao cesto da gávea, a fim de avistar a terra”. Mutis, como Maqroll, também esquadrinha o horizonte e o acaso, em busca de um futuro aprazível, nem premente ou forçado. “E eu que sou homem de mar”, diz Maqroll, “para quem os portos apenas foram transitório pretexto de amores efêmeros e rinhas de bordel, eu que ainda sinto em meus ossos o balanço da grande vela a cujo alto extremo subia para olhar o horizonte e anunciar as tempestades [...]”. No entanto, quando o Gaviero começa, “sem propósito deliberado, um exame de sua vida”, esse avanço interior acaba levando-o