Maurice Blanchot: a escrita da recusa
Por Rosa Martínez González Lygia Clark. O eu e o tu , 1967. MoMA. Maurice Blanchot é, ainda hoje, um pensador inclassificável: escritor contra o ato de escrever, pensador contra a instituição da Filosofia, suas propostas tanto no âmbito da teoria literária quanto no da especulação filosófica parecem resistir, dada sua aparente obscuridade, à compreensão da cultura normativa. Ao longo destas linhas, tentaremos fornecer algumas sugestões acerca de duas noções centrais que perpassam toda a obra de M. Blanchot: os conceitos de refus e de révolution . A nova tarefa do escritor: escutar a refus , fazer a révolution A primeira coisa que deve ser destacada é que, se ambas as noções — recusa e revolução — são centrais no pensamento de M. Blanchot, não é tanto porque caracterizam sua posição política — também — porém, sobretudo, porque definem o que, segundo ele, determina a exigência ético-política de toda atividade literária crítica: a literatura como o espaço situado no intervalo da