Witold Gombrowicz
Por Enrique Vila-Matas Witold Gombrowicz. Tandil, 1958. Antes de tudo, devo esclarecer a maneira ridícula como surgiu meu fascínio pela literatura de Gombrowicz. Surgiu muito antes de ler sua obra. Nasceu exatamente do contato com uma fotografia que acompanhava a entrevista que lhe fizeram no primeiro número da revista espanhola Quimera . Gombrowicz posava com um boina, muito altivo no alto do que parecia ser uma carruagem, em Tandil, Argentina. Ele tinha o que eu entendia que deveria ter, um rosto arrogante de uma pessoa inteligente. Ainda não sabia que ele havia escrito: “Quanto mais inteligente se é, mais tolo.” Eu ainda não sabia disso ou de muitas outras coisas, mas me pareceu intuir que na entrevista Gombrowicz dizia coisas geniais ou complicadas. As frases complicadas acabaram parecendo-me ainda melhores do que as geniais. Quero ser parecido com ele, pensei imediatamente. Não queria ser como Juan Benet ou Sánchez Ferlosio. Queria ser um escritor não-espanhol e, se possível,