Stephen Crane e a comunidade leitora
Por Pablo Medel Stephen Crane, fotografia de estúdio, Atenas, 1897. Arquivo Universidade Syracuse. Estamos em Nova York. Final do século XIX. 1890, para ser mais exato. Enquanto no centro de Manhattan estão sendo levantadas as primeiras pedras do que será o majestoso Carnegie Hall, nos bairros do sul as ruas do Bowery afundam cada vez mais na miséria. Pelo local, um garoto desengonçado de 19 anos de Nova Jersey, um tanto rebelde e apaixonado por beisebol, vagueia em busca de histórias. Ele trabalha como redator no New York Tribune por recomendação de um de seus quatorze irmãos. O jovem Stephen Crane acaba de abandonar a escola pela segunda vez, mas desta vez o faz dominado por uma certeza: quer ser escritor. É mais do que provável que Stephen Crane carregue debaixo do braço uma cópia do novo romance que Émile Zola acaba de publicar. O título, A besta humana , define perfeitamente o movimento literário defendido pelo naturalista francês do outro lado do Atlântico. Stephen Crane