Borges e Hemingway, tão distantes e tão próximos, um século depois
Por Cristian Vázquez Se nos propuséssemos a determinar quais foram os dois escritores famosos mais diferentes, e mesmo diametralmente opostos, do século XX, a dupla formada por Jorge Luis Borges e Ernest Hemingway seria uma forte candidata a conquistar esse título. Para o argentino, que imaginou o paraíso “como uma espécie de uma biblioteca”, é difícil para nós pensarmo-lo em qualquer lugar onde não esteja rodeado de livros, absorto em suas divagações cegas sobre labirintos, espelhos, tempo, eternidade. Já o estadunidense se encarregou de construir ao longo da vida uma imagem de machão, boxeador, correspondente de guerra, aventureiro, caçador... a tal ponto que se poderia perguntar: quando esse homem ativo conseguia ler? No entanto, para além dessas descrições, fotos ou postais fixados mais típicos dos artigos enciclopédicos, o fato é que as biografias de Borges e Hemingway têm muito mais elementos em comum do que se poderia supor à primeira vista. E não só porque foram dois dos escr