O “realismo real” em Olhos D'água, de Conceição Evaristo
Por Guilherme França Conceição Evaristo. Foto: Lucas Seixas. Antes de justificar o pleonasmo do título, cabe explicá-lo ao leitor. Pois bem. Existem livros que frequentemente constam na categoria de obras denominadas realistas, entretanto, embora alguns acadêmicos tragam consigo uma lista de características objetivas que tornam uma obra realista ou não, sou daqueles que sempre compreendeu o núcleo essencial do realismo de uma forma mais pura e perceptível, ou seja, como aquilo que descreve a realidade. Do contrário, no caso de uma obra possuir todos os elementos objetivos/formais do realismo, mas nela existir pouco ou nada de efetivamente real, é de se questionar se ela pode figurar ao lado de obras que o fazem com tanta maestria. Alguém poderia questionar: mas se uma obra contém os elementos formais do realismo, como não será realista? Bom, podemos pensar na obra (e agora fazendo uso da tal lista dos acadêmicos) em que o autor traga uma descrição minuciosa dos cenários, mas estes