Poesia do instante e pensamento transitivo
Por Adolfo Echeverría Yves Bonnefoy. Foto: France Mémoire 1. Yves Bonnefoy não foi apenas o poeta de língua francesa mais importante do nosso tempo, é também o escritor que com maior entusiasmo e consistência estabeleceu pontes entre a linguagem de uma obra poética singular e a reflexão sobre a ontologia e a história das artes. Desta estreita ligação, que Bonnefoy conseguiu concretizar numa extensa obra, destacam-se dois títulos, tanto pela sua profundidade conceptual como pelo seu notável alcance lírico: L’Arrière-pays e Les raisins de Zeuxis . 2. O primeiro, publicado pela primeira vez em edição francesa em 1972, é um amálgama de registos literários que vão desde a autobiografia ao poema em prosa, passando pelo ensaio, o relato de viagem e histórias ficcionais. O texto é acompanhado por 35 imagens que aparecem aqui e ali, como que inesperadamente, ao virar uma página. As ilustrações que, por um lado, convidam o leitor-espectador a uma aproximação reflexiva e, por outro, propõe