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Paris, Texas: homem livre, cavalheiro da noite

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Por Beatriz Eduarte “Enquanto fazia Paris, Texas foi quando senti uma espécie de revelação. Percebi que a história é como um rio e que se alguém ousasse navegar por ele e confiasse no rio, o barco seria arrastado para algo mágico. Até então, sempre havia lutado contra a corrente. Eu tinha ficado num pequeno charco à beira do rio, porque me faltava confiança. Nesse filme em particular, percebi que as histórias estão aí, que existem sem nós. Na verdade, não há necessidade de criá-las, porque o homem as traz à vida. Basta deixar-se levar”, responde Wim Wenders a Laurent Tirard em Grandes diretores de cinema (Nova Fronteira, 2006).¹ No filme de Wenders e roteiro de Sam Shepard, rodado há quarenta anos, esse rio se transforma em uma paisagem desértica, árida e vasta, onde a única coisa que não varia ou muda é o horizonte, sempre presente. Embora Walt (Dean Stockwell) garanta a Travis (Harry Dean Stanton) que não há nada ali, o espectador sabe que ele está equivocado. Sim existe. Há um ros