A segunda morte, de Roberto Taddei
Por Gabriella Kelmer Roberto Taddei. Foto: Arquivo do autor. Uma menção ao conto “Wakefield”, de Hawthorne, introduz as páginas do romance mais recente de Roberto Taddei, A segunda morte . Na narrativa curta do norte-americano, Wakefield, homem de meia idade e poucas características que o recomendem acima dos demais, planeja uma viagem de uma semana, sem propósito nem destino. Ao invés de sair de Londres, ele aluga um apartamento na rua paralela à sua e decide, por vaidade e curiosidade, além de uma certa inclinação ao humor sardônico, observar como a casa e a esposa se reorganizam sem a sua presença. Durante os vinte anos seguintes, seguindo um capricho que o faz adiar de forma consistente o retorno, vive sozinho, como sombra de si mesmo, e acompanha de longe a vida familiar. Um certo dia, no vigésimo ano, num supetão tão despropositado quanto a motivação para o abandono primeiro, ele retorna à sua casa e reassume a identidade ora posta de lado. A aproximação do enredo do conto