Canto eu e a montanha dança, de Irene Solà
Por Sérgio Linard Irene Solà. Foto: Libert Teixido O trabalho e o consumo da literatura contemporânea — tanto em eixos nacionais quanto em internacionais — costumam apresentar caminhos espinhosos nos quais ideologias, discursos e pontos de vista precisam estar muito bem expostos sob pena de as obras não terem algum valor reconhecido para além do debate da hora do dia. Com isso em vista, certas obras podem amargar o ostracismo por não se encaixarem naquilo que se espera para o devido engajamento das mídias ou dos debates vigentes. Esse percurso acaba colocando a literatura no perigoso caminho (algum dia ela esteve fora dele?) de se fazer ser entendida e articulada com aquilo que dela esperam. Quando o projeto literário, de textos da contemporaneidade, foge disso, encontra resistências mercadológicas e de público. Felizmente, porém, certas obras literárias garantem nosso suspiro nesta clausura e Canto eu e a montanha dança é uma dessas obras. O romance da escritora catalã Irene Solà