Jesus na literatura: protagonista de um calvário
Por Daniel Gigena A Crucificação. Peça central do Retábulo de Issenheim. Matthias Grünewald, 1512-1516. Museu de Unterlinden, Colmar, Alsácia, França. Os Evangelhos, e sobretudo as passagens sobre os últimos dias da vida de Cristo, desde a entrada triunfal em Jerusalém, montado num pacífico jumento, até à via crucis, morte e ressurreição, ultrapassam o âmbito da religião cristã e fazem parte da cultura universal. Ao longo do tempo, e sem deixar de questionar a história oficial, escritores proeminentes recriaram sua vida e seus ensinamentos em chave literária. “Por baixo da herança cultural deve haver uma herança psicológica comum; se não fosse assim, todas as formas de cultura e imaginação que não estivessem dentro de nossas próprias tradições não seriam compreensíveis”, postulou o crítico literário canadense Northrop Frye. Como Jesus é representado na literatura contemporânea? “De que pode servir-me que aquele homem/ tenha sofrido, se eu sofro agora?”, se pergunta o poema “Cristo