Triângulo da tristeza é um filme que naufraga por ser reacionário
Por Alonso Díaz de la Vega Quem começou a ver a filmografia de Ruben Östlund com The Square: A arte da discórdia (2017) talvez pense que ele é um crítico da burguesia. Nesse filme — o primeiro de dois a ganhar a Palma de Ouro em Cannes — o mundo da arte contemporânea recebeu o mesmo tratamento que os memes deram recentemente à feira de arte da Zona Maco: a caricatura do ready-made e a denúncia de os preços exagerados que qualquer comentarista de bancada virtual pode fazer. É fácil concordar perante um fenômeno tão excludente, mas o nível de argumentação é idêntico ao de quem diz que as caravanas de migrantes custaram aos contribuintes hospitais, escolas e estradas que, todos sabemos, existiam em abundância no dias antes do trânsito maciço de guatemaltecos e hondurenhos para os Estados Unidos. Ambos os discursos são exemplos da caricatura populista que tanto agrada à classe que se autopercebe fora do luxo e do bem-estar: a média. Östlund não é um inimigo do privilégio; ele faz pa