Título de poeta maldito
Por Raúl Cazorla Arthur Rimbaud. Desenho: Valentine Hugo. Satânicos, diabólicos, perdedores, obscuros, pestilentos, secretos, marginalizados, estranhos, dissolutos... Chame-os do que quiser: os poetas malditos receberam dezenas de atributos e, apesar da galáxia de conotações, parece que sabemos o que queremos dizer quando os descrevemos como tal. Há, porém, um abuso do termo, uma não sei quê de rótulo publicitário que não faz justiça a quem ganhou o título à base da vida levada em sótãos infectados, sifilítico ou publicando-se em edições manuscritas para quatro gatos pingados. Como disse Manuel Huerga, acredito, quão atraente e sedutora é a imagem do fracassado na ficção, mas é preciso ver quem está concorrendo para ser um na prática. E, a verdade, para ser um poeta maldito, é preciso uma boa dose de fracasso e derrota. É preciso um pouco de memória e retrospectiva, para ser exigente sobre as condições para conceder a condição de maldito. Não basta se vestir de preto; não basta arrasta