A revolução é melancólica: ler Jorge Edwards hoje
Por Arturo Fontaine Jorge Edwards. Foto: Ulf Andersen O real é sempre muito mais do que o real documentado. A intuição, imaginação, fornecem hipóteses, interpretações, conjecturas. A ficção é então uma forma de iluminar a realidade através da imaginação da realidade. Não é que a ficção invente um mundo à parte: nos romances de Jorge Edwards, a ficção é uma forma insubstituível de tentar compreender a realidade. Edwards escreve para entender. Sua poética situa a ficção em relação à história. A tradição realista tem sido criticada, argumentando-se que se temos realidade, por que uma cópia? É uma velha objeção já levantada pelo velho Platão. Na melhor ficção de Edwards, a realidade aparece como algo a ser descoberto. A narrativa vasculha essa realidade que não se entrega facilmente. A verdade deve ser procurada através de aproximações sucessivas e imperfeitas. O estilo de Edwards incorpora esse espírito. As tentativas e conjecturas se sucedem. A escrita de Edwards tem esse dom irred