A vida futura, de Sérgio Rodrigues
Por Pedro Fernandes Sérgio Rodrigues. Foto: Bel Pedrosa. A biografia e a obra de Machado de Assis se transformaram num extenso manancial onde poetas e prosadores visitam com alguma frequência e dele retiram substrato para suas criações. E isso é uma das qualidades que nos leva a colocar o escritor brasileiro numa camada do imaginário por onde circulam os elementos que resultam no mito. Claro, não o mito enquanto entidade superior, impenetrável e por isso mesmo sinonímia de falsidade como a que se empregou corriqueiramente no Brasil para designar certo político, mas aquela substância imaterial que participa livremente das nossas vidas, entidade porosa e portanto matéria em contínua expansão, verdade indissociável de uma cultura. O romance de Sérgio Rodrigues é uma peça extremamente sensível porque captura esse instante de transmutação cujas primeiras evidências só agora começam a se demonstrar melhor. O escritor que se fez reconhecido por O drible (2013) e também pela recriação fic