Indevassável, mas perquirível: Melhores contos, de Guimarães Rosa
Por Guilherme Mazzafera João Guimarães Rosa à máquina de escrever. Que Guimarães Rosa é um contista nato não há como contestar — afinal, o romance, por mais brilhante que seja, é antes desvio irrepetível de percurso do que a norma compositiva em sua obra. No terreno mais ambíguo da novela, sua adoção plena deu-se unicamente em Corpo de Baile , contraface de Grande Sertão: Veredas e que forma com este o ápice da diástole rosiana soberbamente evidenciada no ano de 1956. Circundando estas obras magnas, temos dezenas de narrativas cuja variedade, apuro e escopo formal já seriam mais que suficientes para garantir ao escritor mineiro seu merecido lugar no panteão literário nacional. E é justamente esta contística múltipla que chega às mãos dos leitores brasileiros a partir da esmerada seleção de Walnice Nogueira Galvão. Melhores contos (Global, 2020) reúne 16 narrativas rosianas extraídas de cinco livros seus: três de Sagarana (1946), sete de Primeiras estórias (1962), três de Tutameia –