LANÇAMENTOS
O ano de 2024 começa com a chegada ao Brasil do último romance de Javier
Marías.
Após um longo período dedicado ao serviço secreto, Tomás Nevinson
acredita que seus dias de espionagem chegaram ao fim. O reencontro com Berta
Isla, mulher por quem segue apaixonado apesar de uma ausência de anos, faz
Nevinson se acomodar a uma vida pacata em Madri, onde não enfrenta grandes
dificuldades, exceto ter de lidar com ocasionais fantasmas de seu passado. Essa
aposentadoria, contudo, é interrompida quando um destes espectros pede para
vê-lo. Trata-se de seu ex-chefe Bertram Tupra, agente experiente e insondável,
aparentemente desprovido de qualquer culpa. Ignorando os males que causou a seu
antigo subordinado, Tupra convoca-o para uma nova missão: identificar e matar a
pessoa responsável por um ataque terrorista perpetrado pelo ETA anos antes. A
contragosto, Nevinson aceita a missão. Último romance escrito por Javier
Marías, Tomás Nevinson dialoga não apenas com seu livro irmão Berta
Isla, mas também com outras obras consagradas como Coração tão branco
e a trilogia Seu rosto amanhã. Caracterizado pela presença de alguns dos
temas mais caros ao autor (as fronteiras da identidade, o papel desempenhado
pelos segredos e ocultamentos nas relações afetivas) e por seu estilo
inconfundível, marcado por longas frases de estrutura intrincada, este livro é
o testamento de um dos mais importantes autores de língua espanhola do último
século. O livro é publicado pela Companhia das Letras com tradução de Josely
Vianna Baptista e Eduardo Brandão. Você pode comprar o livro aqui.
Georges Perec e o sumiço das vogais.
Pouco tempo depois de ter lançado seu romance sem a vogal e, O
sumiço, o autor francês escreveu Qe regressem, livro em que o e
é a única vogal empregada. Bem como o escritor, o tradutor Zéfere passou a se
dedicar ao trabalho monovocálico de Qe regressem depois de terminar o
lipogramático O sumiço — tradução premiada com o Jabuti e com o Prêmio
Literário Biblioteca Nacional em 2016. A narrativa, originalmente publicada em 1972, mescla de policial e
erótico, conta a história de uma orgia organizada com o intuito de se roubarem
joias. Na análise de Claude Burgelin, estudioso do autor, Perec promove “na sua
festa textual, uma festa sexual”. Qe regressem é uma
obra experimental que explora as possibilidades da linguagem. Zéfere explica
que o livro é uma obra de “língua estrangeira” dentro do português (assim como
seu original com relação ao francês), pois a restrição vocálica exige a
transgressão das normas cultas da escrita, a criação de uma nova ortografia, o
uso de palavras e expressões inventadas, entre outros malabarismos que resultam
em uma linguagem original e criativa. A restrição forma um jogo entre o autor,
o enredo e o leitor, que é desafiado a descobrir os significados ocultos das
palavras e frases. O livro é publicado pela Autêntica. Você pode comprar o livro aqui.
Um novo livro de Dovlátov chega
aos leitores brasileiros.
A mala (Tchemodan, 1986),
livro que consagrou o nome de Serguei Dovlátov (1941–1990) como um dos
principais escritores russos do século XX, faz uma viagem pelo tempo através da
mala que ele levou consigo ao deixar a União Soviética (1978). Se em
Parque
Cultural, o autor-narrador hesita em partir de seu país natal e em
O
ofício já vive como um emigrado, em
A mala ele desfaz a bagagem de
recordações de sua Rússia particular. Cada objeto dentro da mala define uma
parte do enredo — de um cinto de oficial do exército e sapatos da nomenclatura
até uma jaqueta de Fernand Léger — e abre-se para uma passagem agridoce da vida
do inconfundível narrador Dovlátov. Como o próprio autor descreve, “por trás
de cada coisa dentro da mala, há uma história dramática, divertida ou absurda”.
Com uma narração envolvente, quase como se estivéssemos ouvindo causos numa
mesa de bar, os relatos de
A mala envolvem contrabandistas,
jornalistas de caráter duvidoso, escritores de passado obscuro, jovens rebeldes
com causa, amizades desfeitas, amigos de copo, suicidas, ícones da sociedade
soviética, tendo como pano de fundo a Leningrado dos anos 1970. Por meio de
objetos — que são “a história, a época, a marca dessa época, um índice, um
monograma” — o livro delineia a atmosfera cultural da cidade criada por Pedro,
o Grande e, de anedota em anedota, vai ganhando densidade existencial. Os
acontecimentos biográficos, que o autor retrata como bem entende, são apenas um
pretexto para que ele desvele camadas contrastantes da realidade, indo da
anedota ao drama, como Ígor Sukhikh observa no posfácio. O narrador em primeira
pessoa, confundido com o próprio autor, lança um olhar irônico sobre o ser
humano, tocando em temas típicos da obra dovlatoviana, como a censura, o
alcoolismo, o antissemitismo, as desigualdades sociais e o dilema da emigração,
mas aqui ele se coloca em evidência. Ao dedicar uma das histórias ao
relacionamento com sua esposa, encontramos um Dovlátov atônito com a própria
(in)capacidade de amar. E, como sempre, em sua prosa, “combinam-se o humor e a
amargura, a desfaçatez e o sentimentalismo, a anedota ficcional e o documento
factual”. Com tradução de Moissei Mountian e Daniela Mountian, o livro sai pela
editora Kalinka.
Você pode comprar o livro aqui.
A chegada do escritor inglês Jacobo Bergareche.
O que transforma dias banais em dias perfeitos? Quando o lúdico passa a
ser apenas rotina? A resposta parece passar por Peter Handke, mas estaria em
Faulkner, em suas cartas à sua amante Meta Carpenter, mantidas nos arquivos
literários da Universidade do Texas. Em um congresso, o jornalista espanhol
Luis inicia um relacionamento amoroso com a arquiteta mexicana Camila. Ambos
casados, verem-se uma vez ao ano e desfrutar de alguns dias perfeitos — do tipo
em que vemos beleza em uma revoada de morcegos — poderia ser o arranjo
perfeito, que lhes permitia continuar com seus amores de rotina. As coisas não
saem como planejado, e Luis escreve sobre seus amores com sinceridade,
encantamento e — algo infelizmente não tão comum em relacionamentos amorosos
malfadados — respeito e consideração pelos envolvidos e seus desejos
conflitantes. Sabemos que todas as cartas de amor são ridículas. Aqui temos
duas cartas inteiras e referências a várias outras. Universal do idílio à
tentativa de evitar o fracasso, Bergareche lida de forma desmistificadora e,
paradoxalmente, apaixonada sobre a matéria de um relacionamento amoroso e
cativa o leitor ao deixar de lado o quê e, sim, questionar como. Tradução de
Marina Waqil, Os dias perfeitos sai pela editora Mundaréu. Você pode comprar o livro aqui.
A chegada da escritora egípcia
Nawal El-Saadawi.
A queda do imã é poderoso e
poético romance, um grito de guerra contra aqueles que usam a religião como
arma para subjugar as mulheres. Em uma escrita experimental, ousada e de certa
forma fragmentada, a escritora egípcia Nawal El-Saadawi (1931-2021) relata os
horrores aos quais mulheres e crianças podem ser expostas em nome da fé. Com
tradução de Safa Jubran, o livro sai pela editora Tabla.
Você pode comprar o livro aqui.
Unindo a experiência de
socióloga a um depurado poder de observação das relações humanas, Ana Cristina
Braga Martes nos dá, neste romance delicado e envolvente, um retrato fiel de
uma época e uma análise viva de alguns dos problemas mais persistentes da sociedade
brasileira.
Uma pré-adolescente que nunca
conheceu os pais, criada pelos avós numa cidade pequena, numa casa cercada por
segredos. Uma vila de trabalhadores e pequenos comerciantes vivendo sob o jugo
das autoridades locais, durante os anos de ditadura militar. Este é o cenário
em que se passa o belo romance de Ana Cristina Braga Martes,
Sobre o que não
falamos. Espécie de romance de formação, o livro acompanha a jovem
protagonista em sua luta para desvendar o mistério sobre seus pais, que será
também uma jornada de descoberta das palavras, da história política do país e
de sua própria identidade. Com rara sensibilidade psicológica e talento
narrativo, a autora nos faz acompanhar os desafios externos que a protagonista
enfrenta e os seus dramas internos com igual intensidade. Ana Cristina Braga
Martes nos dá, neste romance delicado e envolvente, um retrato fiel de uma
época e uma análise viva de alguns dos problemas mais persistentes da sociedade
brasileira, como a injustiça, a herança da ditadura, a violência contra mulheres
e as desigualdades de raça e gênero numa sociedade fortemente patriarcal. O
livro sai pela Editora 34.
Você pode comprar o livro aqui.
O sexto volume na coleção que reúne as tragédias completas de Sófocles.
Filoctetes, companheiro de Héracles e herdeiro de seu arco, convocado
para a expedição contra Troia, não completou a viagem, porque na Ilha de Tênedo
foi picado no pé por uma serpente. A chaga extremamente dolorosa o fazia gritar
e exalava um fedor insuportável, perturbando assim toda a tripulação.
Persuadidos por Odisseu, os reis Agamêmnon e Menelau decidem abandoná-lo em
Lemnos, que então era uma ilha deserta. Passados dez anos sem que a guerra
tivesse fim, o adivinho troiano Heleno, feito prisioneiro, revela aos gregos
que Troia somente seria conquistada com o arco e as flechas de Héracles, então
em posse de Filoctetes. Incumbido de buscá-lo e trazê-lo a Troia por persuasão
ou à força, Odisseu retorna à Ilha de Lemnos, acompanhado de Neoptólemo, filho
de Aquiles. Sendo Odisseu um velho e odioso inimigo, o jovem Neoptólemo recebe
a missão de convencer Filoctetes a participar da luta ao lado daqueles mesmos
que outrora o abandonaram a sós sem compaixão. Amante da verdade e partidário
do emprego da força, o jovem vive um tumultuoso conflito de consciência entre a
aspiração à glória guerreira, o dever militar, a necessidade de se servir de
dolo e as incontornáveis injunções de um oráculo revelador dos desígnios de
Zeus. As surpreendentes reviravoltas em que se desdobra esse conflito interior
constituem o entrecho da tragédia Filoctetes, apresentada neste sexto volume
das obras completas de Sófocles em edição bilíngue na tradução poética de Jaa
Torrano pelas editoras Ateliê e Mnema. Os ensaios analíticos e interpretativos
bem como o glossário mitológico, elaborados pelo tradutor e por Beatriz de
Paoli, conduzem o leitor pelas sendas de tempos míticos em que heróis profunda
e extremamente humanos conviviam com Deuses tão próximos quanto
imperscrutáveis. (José de Paula Ramos Jr.) Filoctetes sai pelas editoras
Mnēma e Ateliê. Você pode comprar o livro aqui.
As reflexões de Marco Aurélio
que servem como exercícios espirituais em tempos turbulentos, conselhos a si
mesmo que o imperador buscou registrar e cujas ideias ecoam até hoje.
O pensamento estoico, longe de ser
mero objeto de estudo de helenistas, encontra-se mais vivo do que nunca na
sociedade contemporânea. Seus propagadores, como Sêneca e Marco Aurélio, chegam
a uma nova geração de leitores aproximando a filosofia da vida prática. Esta
nova tradução do clássico
Meditações oferece grande precisão
linguística, permitindo decifrar as nuances de uma obra complexa que conduz o
leitor a uma reflexão sobre a impermanência da vida e a nossa relação com a
natureza e o cosmos. A tradução é de Aldo Dinucci e sai pelo selo Penguin/
Companhia das Letras.
Você pode comprar o livro aqui.
Maria Esther Maciel e um inventário de duas vidas permanentemente
assombradas pelos eventos decisivos que as afastariam para sempre.
Quando completa um ano da morte de sua mãe, que vivia no interior de
Minas Gerais, uma botânica de renome internacional resolve pôr os pingos nos is
de uma relação permanentemente marcada pela instabilidade, pela culpa e pelo
rancor. A tarefa, pode-se imaginar, é das menos simples. E envolve uma miríade
de lembranças, cenas familiares, violência abafada pelas convenções sociais e a
consciência (sempre dolorosa) de que, por mais que nos esforcemos, as
armadilhas dos afetos sempre estão pelo caminho. E seguem nos machucando, muito
tempo depois dos eventos traumáticos. Neste romance tocante e poderoso, Maria
Esther Maciel parte das “coisas” — plantas, objetos, insetos — para reconstruir
o passado da protagonista. A mãe, centro das rememorações, foi uma mulher a um
só tempo vítima de seu tempo e algoz da própria filha. Uma mulher que alardeava
a própria infelicidade e que parecia não desejar a satisfação alheia —
especialmente da filha, por quem nutria uma obsessão feita de reproches,
cobranças, destruição da autoestima e desejos obscuros. Entre a crônica
familiar e a meditação sobre os laços emocionais que muitas vezes são
construídos por meio da violência (real ou simbólica), Essa coisa viva sai
pela editora Todavia. Você pode comprar o livro aqui.
Clássico que marcou gerações de
leitores e que foi adaptado diversas vezes ao cinema e ao teatro, Oliver
Twist
ganha uma nova tradução feita a partir do estabelecimento de texto que
reproduz a serialização folhetinesca na qual o romance foi originalmente
publicado.
Oliver Twist, personagem que dá
nome ao livro, é um pobre órfão que passa por uma série de provações e busca
sobreviver na crueldade das ruas londrinas. De início, é aliciado por um grupo
de ladrões, mas procura se esquivar da criminalidade e preservar a pureza neste
mundo corrompido. Mais do que a saga de um garoto esfomeado, Dickens constrói
um panorama da sociedade vitoriana nos seus aspectos mais sórdidos e muitas
vezes ignorados. A edição traz, ainda, uma nova introdução por Sandra Guardini
Vasconcelos e um paratexto crítico da obra do autor por George Orwell. A
tradução é de Paulo Henriques Britto e o livro sai pelo selo Penguin/ Companhia
das Letras.
Você pode comprar o livro aqui.
O oitavo volume da Coleção
Correspondência Mário de Andrade.
Este volume organizado por Gênese
Andrade, reúne as cartas e bilhetes enviados por Oswald de Andrade ao amigo
entre os anos de 1919 e 1928, período de efervescência cultural no país e que
marca o início e o enfraquecimento da amizade entre os dois escritores. Em meio
a notícias de viagens, questões literárias, ironias e intrigas, delineiam-se a
amizade e a admiração intelectual entre eles. Vários artistas e escritores
brasileiros permeiam o conjunto, que reproduz manuscritos, dedicatórias,
postais e papéis timbrados assim como a iconografia do período, revelando os
bastidores do modernismo. O livro contém ainda um “Dossiê” com artigos de
Oswald sobre Mário e de Mário sobre Oswald, o único poema escrito a quatro mãos
pelos autores de que se tem notícia, e finaliza com o ensaio “Andrade
versus
Andrade”, no qual a organizadora elucida inúmeras questões relacionadas ao
modernismo e à relação dos dois amigos. Publicação da Edusp.
Você pode comprar o livro aqui.
Livro recorre aos saberes
indígenas e às mais variadas disciplinas — arqueologia, física, genética,
linguística — para narrar a história dos primeiros povos americanos.
O que os cientistas sabem — e o
que ainda ignoram — sobre a ocupação humana nas Américas. Bernardo Esteves
busca os primeiros povos do continente enquanto evoca uma nova forma de fazer
ciência. De onde viemos?
Admirável novo mundo recorre aos saberes
indígenas e às mais variadas disciplinas — arqueologia, física, genética,
linguística — para narrar a história dos primeiros povos americanos. Não fosse
uma questão suficientemente fascinante, Bernardo Esteves, jornalista e doutor
em história das ciências, nos indaga: o que os cientistas ignoram ao
construírem suas verdades? Fruto de extensa pesquisa, com ênfase nas
investigações em sítios arqueológicos brasileiros,
Admirável novo mundo
assume a difícil tarefa de descolonizar a história humana no continente. Somos
apresentados a outras narrativas possíveis que — seja pelo imperialismo
científico, seja pelo desinvestimento na produção acadêmica brasileira, seja
pela prevalência da oralidade em povos indígenas latino-americanos ante à
escrita europeia — são menosprezadas mundo afora. Uma joia rara da divulgação
científica no Brasil.
Publicação da
Companhia das Letras.
Você pode comprar o livro aqui.
REEDIÇÕES
Nova edição do romance O
sangue dos outros
, de Simone de Beauvoir.
França, década de 1940. Os
alemães, aos poucos, vão tomando espaço nas ruas parisienses, levando um
constante clima de tensão à outrora despreocupada burguesia francesa. Nesse
cenário, conhecemos Hélène, uma jovem sonhadora e individualista, e Jean, um rapaz
bem-nascido que decide abandonar seus privilégios para lutar pelas causas
operárias e, mais tarde, juntar-se à resistência antifascista. A partir da
relação amorosa que os dois vivem e das relações com as pessoas que os cercam,
mergulhamos numa inebriante espiral de sentimentos e questionamentos profundos:
O que é o amor? Qual o verdadeiro sentido da existência? Como nossas decisões
afetam a vida alheia? Em
O sangue dos outros, publicado pela primeira
vez em 1945, Simone de Beauvoir desenvolve os temas que a tornaram uma
escritora consagrada. Seu olhar sobre as questões existencialistas, feministas
e sobre a dicotomia coletividade versus individualidade envolverá o leitor do início
ao fim deste clássico da literatura feminista.
Você pode comprar o livro aqui.
Uma edição especial para assinalar os 90 anos de Casa-grande & Senzala, de Gilberto
Freyre.
Em dezembro de 1933, publicava-se no Brasil obra fundamental para o
conhecimento que até então se tinha sobre a nossa sociedade: Casa-grande
& senzala: formação da família brasileira sob o regime da economia
patriarcal, do sociólogo pernambucano Gilberto Freyre. Para marcar os 90
anos deste livro que revolucionou os estudos sobre assuntos brasileiros, a
Global Editora publica uma edição especial comemorativa limitada com capa dura
desta obra icônica. Além de trazer os elementos já presentes na versão atual —
texto de apresentação do sociólogo e ex-presidente da República Fernando
Henrique Cardoso e dois cadernos iconográficos — a nova edição é composta de um
conteúdo adicional especialmente produzido para ela: um posfácio escrito pela
historiadora Mary Del Priore e um terceiro caderno iconográfico, o qual oferece
um passeio imagético pelas obras de pintores e desenhistas que contribuíram
para as diversas edições de Casa-grande & senzala publicadas ao
longo de nove décadas. A pintura que estampa a capa desta nova edição é de
autoria de Cícero Dias, pintor pernambucano reconhecido internacionalmente e
que foi amigo de Gilberto Freyre. A obra pertence hoje ao acervo da Fundação
Gilberto Freyre. É também de Cícero a famosa pintura do Engenho Noruega que vem
encartada nas edições de Casa-grande & Senzala da Global Editora. Ancorado
em pesquisa realizada em arquivos brasileiros e estrangeiros, Freyre construiu
uma poderosa análise sobre os traços e desafios centrais da formação da
sociedade brasileira. As virtudes e os vícios da colonização portuguesa no
Brasil, a enorme contribuição das matrizes indígena e africana na formação da
identidade nacional, tudo reconstituído a partir de uma perspectiva inovadora:
lançando luzes sobre os aspectos cotidianos que estiveram presentes nas
permanências e transformações de uma sociedade caracterizada pela miscigenação. Assim, a culinária, a alimentação, o vestuário, as práticas religiosas
foram algumas das dimensões da vida social minuciosamente reconstituídas por
Gilberto Freyre neste livro seminal que se tornou uma das mais complexas e
influentes interpretações do Brasil até hoje concebidas.
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No desfecho da premiada Trilogia da Fronteira, Cormac McCarthy entrelaça
a trajetória de John Grady Cole (protagonista de Todos os belos cavalos) e de Billy Parham
(protagonista de A travessia). Ligados pela natureza e marcados pelas
aventuras da infância, os dois precisarão enfrentar as graves transformações do
mundo em que vivem.
Outono de 1952. John Grady Cole e Billy Parham trabalham juntos em uma
fazenda de gado próxima à fronteira entre o México e os Estados Unidos. Certa
noite, os dois visitam um bordel em Juárez, no México, e uma bela jovem
mexicana no bar chama a atenção de Grady. Embora esteja fascinado, ele não se
aproxima, mas não consegue tirá-la dos pensamentos, mesmo depois de retornar à
fazenda na companhia de Billy. Perdidamente apaixonado, Grady fará de tudo para
viver com Magdalena, mas não imagina que a busca por este amor mudará para
sempre a vida de todos. Grady e Billy descobrirão que o cenário onde vivem é
cercado por tragédias e perdas que afligem velhos, jovens, sobreviventes e
qualquer um disposto a permanecer em sua dura realidade. Cidades da planície,
em tradução de José Antonio Arantes, é reeditada pela Alfaguara Brasil. Você pode comprar o livro aqui.
RAPIDINHAS
Mais Clarice Lispector. O
romance
A paixão segundo G. H. é o novo título da coleção Clarice
Essencial, feita pela Rocco desde o ano do centenário da escritora brasileira.
A edição em capa dura e tecido traz posfácio de Luiz Fernando Carvalho.
Adélia por vir. A coluna
Painel de Letras, da
Folha de São Paulo, antecipou na semana anterior
que a poeta mineira Adélia Prado se prepara para trazer ao público um novo
livro:
Jardim das oliveiras. O título ainda é provisório, mas o livro
sairá pela Record.
Mais poesia completa.
Depois de publicar a poesia completa de Donizete Galvão, o Círculo de Poemas, clube
formado pelas editoras Fósforo e Luna Parque, noticia que publicará em janeiro uma
reunião da obra de Duda Machado.
Walt Whitman inédito. A nova Cobalto publica
Madeira
viva, com musgo. Traduzido por Helio Flanders o livro reúne uma dúzia de
poemas de um projeto iniciado pelo poeta estadunidense logo depois da primeira
edição de
Folhas de relva. Trata-se de um conjunto de textos descoberto
por Fredson Bowers em 1953 e que, em parte, esteve na origem do livro
Calamus.
OBITUÁRIO
Morreu Rubens Rodrigues Filho.
Nascido em Botucatu, São Paulo, a 6 de maio de 1942, Rubens Rodrigues
Filho foi tradutor, poeta, escritor e professor. Sua vida acadêmica começa em
Filosofia pela Universidade de São Paulo em 1963, instituição onde concluiu sua
formação e onde atuará lecionando filosofia clássica alemã e filosofia moderna.
É dele a tradução de importantes obras de autores como Immanuel Kant, Friedrich
Schelling, Friedrich Nietzsche, Theodor Adorno e Walter Benjamin. O resultado
do estudo desses autores, o leitor encontra na variedade de ensaios e artigos
que publicou em revistas, coletâneas próprias e alheias. Na poesia, estreia em
1963 com Investigação do olhar; a este título seguem O voo
circunflexo (1981, Prêmio Jabuti), A letra descalça (1985), Figura
e Pranto de despedida (1987), Poros (1989), Retrovar
(1993) e Novolume (1997). Rubens Rodrigues Filho morreu no dia 13 de
dezembro de 2023.
DICAS DE LEITURA
Na aquisição de qualquer um dos
livros pelos links ofertados neste boletim, você tem desconto e ainda ajuda a
manter o Letras.
1. Poesia completa, de Emily Dickinson (Trad. Adalberto
Müller, Editora UnB; Editora Unicamp 1656 p.) Uma biblioteca que pode ser sua
companhia no ano que se inicia ou mesmo durante a travessia de uma vida. Os dois
tomos com poesia de Dickinson servem ao convívio do leitor interessado em compreender uma obra antecipou, em termos de densidade lexical e liberdade sintática, os rumos do
que mais tarde passamos a designar como poesia moderna.
Você pode comprar o primeiro volume aqui. E o segundo livro aqui.
2.
Oração para desaparecer,
de Socorro Acioli (Companhia das Letras, 224 p.) Quando quatro personagens com
histórias marcadas pelo mistério e pelo amor se encontram no tempo à procura de
respostas sobre eles próprios.
Você pode comprar o livro aqui.
3.
Maniac, de Benjamín
Labatut (Trad. Paloma Vidal, Todavia, 360 p.) O romance recupera a figura
história do matemático John von Neumann, autor do computador moderno tal como
conhecemos. Mas não é a biografia e nem o feito de Von Neumann o interesse da
narrativa e sim o impacto da sua descoberta para os rumos da humanidade.
Você pode comprar o livro aqui.
VÍDEOS, VERSOS E OUTRAS PROSAS
Dos 88 anos de Adélia Prado, celebrados
no passado dia 13 de dezembro, algumas publicações nas redes sociais ocupadas
pelo Letras:
neste vídeo, de meados dos anos 1990, a poeta diz o poema
“Impressionista”, do seu livro mais conhecido,
Bagagem; do mesmo livro,
neste outro vídeo, deste ano, a poeta mineira lê “Momento”.
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