Boletim Letras 360º #558
Silviano Santiago. Foto: Pool Gaillarde |
Stephen Crane não chegou a
completar 29 anos (1871-1900), mas teve uma vida extraordinária — entre os
episódios dramáticos, sobreviveu a um naufrágio — e publicou mais de uma dezena
de livros, entre eles um dos grandes clássicos da literatura dos Estados Unidos
do século XIX, o romance O emblema vermelho da coragem (1895),
ambientado na Guerra Civil Americana. O monstro e outras histórias (1898)
revelam sua maestria na narrativa curta, com três textos exemplares nos quais
mergulha na América profunda. Nessas histórias, Crane trata de personagens em
desajuste com as circunstâncias externas, seja um homem marginalizado, um
estrangeiro ou uma criança. No primeiro texto, “O monstro”, um homem negro que
trabalha para um médico branco salva heroicamente o filho deste de um incêndio,
mas o fogo o deixa desfigurado, provocando a rejeição dos habitantes de uma
cidade pequena. Em sua simplicidade apenas aparente, a história pode ser lida
como uma alegoria das relações raciais nos Estados Unidos, uma crônica de
província ou um retrato da frivolidade moral. Não à toa, “O monstro” é muitas
vezes relacionado ao livro Homem invisível, de Ralph Ellison, autor que
declarou que Crane influenciou não apenas Ernest Hemingway, mas também a
maioria dos escritores modernistas do século XX, ele incluído. O célebre
crítico William Dean Howells, considerou “O monstro” o melhor conto escrito até
então por um autor nos Estados Unidos; e o escritor Joseph Conrad o qualificou
de “assombroso”. O enredo de “O hotel azul” gira em torno de um estrangeiro que
se vê numa mesa de jogo e adota um comportamento perigoso. A trama tematiza os
riscos de ir contra a corrente num contexto de convenções espúrias. Finalmente,
em “As luvas de Horace”, um garoto se mete numa briga, estraga suas luvas novas
e teme a reação da mãe. É uma história que evoca o medo e as transgressões da
infância. “Que Crane tenha sido capaz de
traçar um esboço tão pungente, sensível e esclarecido da sociedade de sua
época, em tão pouco tempo e tão precocemente, é testemunho de seu imenso
talento”, afirma sobre os três textos Jayme da Costa Pinto, tradutor e autor do
posfácio da edição publicada pela Carambaia com projeto gráfico de Luciana Facchini..
E o escritor Paul Auster, autor de uma recente e alentada biografia de Crane,
observou que “passados 120 anos de sua morte, a chama de Stephen Crane ainda
brilha intensamente”. Considerado um grande estilista, Crane viveu num período
de ampla diversidade literária em todo o mundo. Talvez por isso ele tenha sido
classificado, por críticos e por outros autores, como representante de várias
escolas: realista, naturalista, simbolista, impressionista e, para Auster, o
primeiro dos modernistas de seu país. Particularmente interessante é a
atribuição de uma poética impressionista, influenciada pelos pintores franceses
do período, que teriam inspirado as vívidas, mas sucintas, descrições de Crane. Você pode comprar o livro aqui.
Romance, biografia, registro
histórico, memórias de um homem de seu tempo — o novo romance de José Luís
Peixoto.
Em 2019, José Luís Peixoto deu
início à escrita deste livro. O projeto, que inicialmente seria uma biografia,
se converteu naquilo que o escritor faz de melhor: um romance que toma a
experiência como ponto de partida. O autor de Autobiografia — em que
José Saramago é narrador e protagonista — retoma o gênero, desta vez sob a
ótica de um senhor prestes a completar noventa anos. Almoço de domingo
recupera as memórias do patriarca de um poderoso império cafeeiro em Portugal e
constrói um paralelo entre sua vida e a história recente do país. Num percurso
de várias gerações, tocado pela Guerra Civil espanhola e pela Revolução dos
Cravos, Peixoto compõe um emocionante relato que transcende aspectos políticos
e sociais para tratar das relações familiares, especialmente sobre legado e
envelhecimento, sobre a vida contra a morte e sobre o amor profundo e
fundamental de uma família reunida. O livro sai pela Companhia das Letras. Você pode comprar o livro aqui.
O novo título da Coleção
Reserva Literária.
Coelho Neto (1864-1934), nascido
no Maranhão e radicado no Rio de Janeiro, foi criador de extensa obra literária
estimada em 120 volumes, publicada também em outros países, especialmente em
Portugal pela Lello & Irmão. No Brasil, Treva foi publicado em 1906
pela Livraria Garnier, e esta quarta edição da obra tem como base a anterior de
1924. Marcos Antonio de Moraes comenta no estudo crítico que acompanha a obra: “O
autor, nas narrativas de Treva, observou criticamente aspectos sociais e
políticos da realidade brasileira, tanto quanto logrou atingir dobras mais
fundas da condição humana, lançando mão de um estilo menos ornamental, com
vocabulário menos rebuscado”. O livro traz os contos em edição autêntica e
fidedigna, além da nota editorial e da nota biográfica sobre o escritor. Você pode comprar o livro aqui.
Tradução nova para uma das
peças centrais da obra de Ésquilo.
Prometeu Prisioneiro, de
Ésquilo (c. 525-456 a.C.), é uma peça única dentre as tragédias gregas, e uma
das mais marcantes da história da literatura, tendo influenciado escritores e
filósofos como Goethe, Marx, Nietzsche, Freud, Brecht, Camus e muitos outros.
Integrante de uma tetralogia perdida, escrita provavelmente no final da vida de
seu autor, ela se passa nos primórdios da civilização, após a Titanomaquia, e
traz, de forma inédita, seres divinos como protagonistas. A história tem início
quando Força, Poder e Hefesto, por ordem de Zeus, acorrentam Prometeu a uma
montanha nos confins do planeta. Preso e prestes a ser castigado, o Titã é
visitado pelo coro das Oceânides, por Oceano, por Io e por Hermes, que tentam
demovê-lo de seu enfrentamento com o novo chefe do Olimpo. Verdadeiro libelo
contra a tirania, mas também um alerta sobre os excessos do homem contra a
natureza, a peça é apresentada aqui na esmerada tradução de Trajano Vieira.
Esta edição bilíngue inclui ainda um posfácio do tradutor, excertos da crítica
e um ensaio do classicista inglês C. J. Herington, que aborda os múltiplos
aspectos desta obra ímpar do teatro grego. Publicação da Editora 34. Você pode comprar o livro aqui.
A traição, a loucura e a má
consciência de um personagem insondável nas mãos de uma narradora inteligente e
sofisticada.
Em plena ditadura chilena, um
angustiado homem chega à redação da revista de oposição. É um agente da polícia
secreta. “Quero falar”, ele diz, e uma jornalista liga seu gravador para
escutar um testemunho que abrirá as portas de uma dimensão até então desconhecida.
Seguindo o fio desta cena real, Nona Fernández ativa os mecanismos da
imaginação para acessar aqueles recantos onde a memória e os arquivos não
conseguem chegar. Confrontando sua própria
experiência com os relatos do torturador, a narradora entra na vida dos
personagens deste testemunho sinistro: a de um pai que é detido em um ônibus
enquanto leva seus filhos para a escola e a de um menino que muda de nomes e de
vidas até testemunhar um massacre, entre outras. A dimensão desconhecida,
de Nona Fernández sai pela editora Moinhos. Tradução de Silvia Massimini Felix. Você pode comprar o livro aqui.
Chega ao Brasil obra essencial
aos estudos dos contos de fadas.
Os contos de fada tem sido uma das
influências culturais e sociais mais importantes na vida das crianças ao longo
dos últimos séculos. Mas até este Os contos de fadas e a arte da subversão:
o gênero clássico para crianças e o processo civilizador ser lançado em
1983, pouca atenção tinha sido dada à maneira como os escritores e coletores de
contos utilizaram esse gênero tradicional para moldar a vida das crianças — seu
comportamento, seus valores e a relação com a sociedade. Como Jack Zipes mostra
de forma convincente, os contos de fada sempre constituíram um discurso
poderoso, útil para moldar ou desestabilizar atitudes e comportamentos dentro
da cultura. A edição brasileira se baseia na atual edição americana, revisada
inteiramente pelo autor que adicionou uma nova introdução, atualizando este
título clássico. A tradução é de Camila Werner e sai pela editora Perspectiva. Você pode comprar o livro aqui.
Cinco poetas contemporâneos
alemães numa antologia produto de uma oficina de tradução.
Uma oficina de tradução de três
dias, intitulada “Tonprobe”, realizada em outubro de 2022, nas instalações do
Goethe-Institut São Paulo, reuniu vários tradutores e tradutoras do alemão com
ouvidos afiados. A partir de gravações de áudio, trabalharam juntos na tradução
de poemas de cinco poetas contemporâneos alemães: Elke Erb, Ulrike Draesner,
Björn Kuhligk, Christian Filips e Marit Heuß. O método foi tão simples quanto
complicado — entregar-se ao som duro da prosódia alemã e promover uma tradução
fonética com o fino teclado dos sons brasileiros. Os resultados são dignos de
serem ouvidos. Esse foi o primeiro passo do aquecimento, que eliminou a
hesitação entre os participantes e preparou o terreno para o verdadeiro
trabalho colaborativo em traduções que colocaram as relações tonais, os meios
poéticos e os elementos sensoriais dos originais em novas composições afinadas.
Os resultados podem ser lidos nesta antologia. Passagem de som: poesia
contemporânea alemã tem traduções de Ana Schneider, Claudia Abeling,
Henrique Silva Moraes, Luiz Abdala Jr., Mariana Holms, Matheus Guménin Barreto
e Sofia Mariutti. O livro sai pelas Edições Jabuticaba. Você pode comprar o livro aqui.
REEDIÇÕES
Nova edição de Transposição,
o primeiro livro de Orides Fontela, publicado originalmente em 1969.
Os poemas que integram o livro foram escritos na adolescência e na juventude da escritora, quando ainda
morava em São João da Boa Vista. Para organizar e lançar o livro, Orides
contou com a ajuda do crítico literário Davi Arrigucci Júnior, naquela
época ainda um estudante de literatura, conhecido da escritora desde a infância.
Divididos em quatro partes, os poemas de Transposição medeiam entre o
aqui e o agora e a dimensão essencial, transcendente — ou ainda, “pairam lá
em cima”, repousam “A um passo impossível”, na mesma medida em que estão
atentos ao real. Com este livro, Orides Fontela abre a intrincada cadeia de
símbolos que lhe marcará o conjunto da obra, por meio de imagens associadas
à natureza, como a de Girassol, que dialogará com o livro Helianto
(1973), e a de Aurora, que pressagia o futuro livro Alba (1983).
O livro é publicado pela editora Hedra. Você pode comprar o livro aqui.
RAPIDINHAS
Ajudinha para escrever. A
Bandeirola iniciou campanha para publicar os dois primeiros livros de uma
coleção interessada em pensar o fazer com a palavra. Saem Manual de
sobrevivência na escrita, de Ana Rüsche e George Amaral, e Escrever para
quê?, organizado por Sandra Abrano com intervenções de uma variedade
significativa de escritores. Você pode apoiar aqui.
Diplomado. Silviano
Santiago pegou seu Prêmio Camões na última terça-feira. Depois dos empecilhos
de governo, o calendário das entregas do galardão finalmente foi regularizado.
Caixas. A Biblioteca Azul reúne
numa caixa os quatro romances que formam a Tetralogia Napolitana, de Elena
Ferrante. A edição tem novo projeto gráfico e textos extras de Maria Carolina
Casati, Maurício Santana Dias, Francesca Cricelli e Fabiana Secches.
PRÊMIO LITERÁRIO
A tradutora Bruna Dantas Lobato e o escritor Stênio Gardel premiados com
o National Book Awards.
Desde 2018, o prêmio estadunidense voltou a considerar na lista dos
reconhecimentos uma categoria dedicada a obras do mundo inteiro traduzidas para
o inglês. Entre o primeiro período e o de agora, esta é a primeira vez que um
livro brasileiro é premiado. A palavra que resta foi publicado no Brasil
pela Companhia das Letras e nos Estados Unidos pela New Vessel Press. O romance
traduzido por Bruna Dantas Lobato conta a história de Raimundo, quem, aos 71
anos decide aprender a ler e escrever para decifrar uma carta escrita por
Cícero, um amor escondido e desaparecido há mais de cinquenta anos. Você pode comprar o livro aqui.
EVENTO
O Itaú Cultural (IC) recebe em sua sede, em São Paulo, a Ocupação
Machado de Assis.
A exposição aborda a atualidade e o impacto deste que é talvez o mais
consagrado dos escritores brasileiros, célebre por sua criatividade e crítica.
Com abertura em 18 de novembro, às 11 horas, a mostra segue até 4 de fevereiro
de 2024, e traz documentos que contam a vida e a obra do romancista,
dramaturgo, poeta, contista e cronista, entre manuscritos, primeiras edições
dos seus livros, fotos, cartas e itens da biblioteca pessoal. A Ocupação conta
também com leituras de textos seletos do autor, feitas pelas atrizes Aysha
Nascimento, Carlota Joaquina e Cleide Queirós e pela cantora Juçara Marçal e
expõe algumas das traduções que levaram as histórias de Brás Cubas e Quincas
Borba, Bentinho e Capitu ao redor do mundo. É possível acessar o site dedicado ao evento aqui.
OBITUÁRIO
Morreu A. S. Byatt.
A. S. Byatt nasceu a 24 de agosto de 1936. Foi ainda quando frequentava
a Universidade de Cambridge que começou a trabalhar nos dois primeiros
romances: The Shadow of the Sun e The Game. Depois da morte
trágica do seu filho, ela iniciou uma série de romances que projeta o seu nome
fora da Inglaterra, uma tetralogia chamada de “O Quarteto”: The Virgin in
the Garden, Still Life, Babel Tower, A Whistling Woman.
Mas, foi no intervalo da escrita e publicação dessa sequência de livros que ela
publicou aquele que se tornaria sua Magum Opus, Possessão, um dos poucos
títulos da escritora publicados no Brasil. Com este romance ela recebeu o
Booker Prize em 1990, um dos vários prêmios conquistados ao longo de sua
carreira; outros reconhecimentos dessa natureza foram o Shakespeare Prize
(2002) e o Hans Christian Andersen (2018). Dos títulos publicados no Brasil,
encontram-se ainda as novelas reunidas em Anjos e insetos, O livro
das crianças e Imaginando personagens, um trabalho que aponta para
outras duas faces de sua criação: a de crítica e ensaísta. Escreveu estudos
sobre Iris Murdoch, Wordsworth, Coleridge, William Morris, George Eliot, entre
outros. A escritora morreu no dia 16 de novembro.
DICAS DE LEITURA
Na aquisição de qualquer um dos
livros pelos links ofertados neste boletim, você tem desconto e ainda ajuda a
manter o Letras.
1. Bioy & Borges: obra
completa em colaboração (Trad. Maria Paula Gurgel Ribeiro, Companhia das
Letras, 536 p.) A colaboração entre os dois escritores argentinos Jorge Luis
Borges e Adolfo Bioy Casares recebeu nova tradução e aparece agora
integralmente reunida neste livro que conta ainda com outros textos esparsos e
ainda inéditos entre nós e posfácios de Michel Lafon, Júlio Pimentel Pinto e
Davi Arrigucci Jr. Uma das joias nesse ano de raridades pelo mercado editorial
brasileiro. Você pode comprar o livro aqui.
2. História do livro e da
edição, de Yann Sordet (Trad. Antonio de Padua Danesi, Ateliê Editorial e
Sesc Edições, 736 p.). Num livro para os apaixonados pela história e pela arte
do livro, o bibliotecário e historiador francês conduz um percurso que vai da
gênese ao mundo digital. A edição brasileira, primeira tradução fora da França tem
prefácio de Marisa Midori Deaecto e posfácio de Robert Darnton. Você pode comprar o livro aqui.
3. Escalas melografiadas e
Fábula selvagem, de César Vallejo (Trad. Ellen Maria Vasconcellos, Bandeirola,
176 p.) Dois livros em um e, melhor, uma excelente amostra o trabalho do grandioso
poeta peruano com prosa. O primeiro título, precursor do real maravilhoso, reúne
uma dúzia de contos; o segundo é uma novela. O que une esses dois trabalhos? Cumprem
exatamente um século da primeira edição agora em 2023 e demonstram como prosa e
poesia podem cumprir o propósito de contar uma boa história. Você pode comprar o livro aqui.
VÍDEOS, VERSOS E OUTRAS PROSAS
No 101.º aniversário de José
Saramago, a importância do ato de ver: tema transversal da sua obra e que
culmina com Ensaio sobre a cegueira. Falamos deste vídeo, um recorte do documentário Janela da
Alma (de João Jardim e Walter Carvalho, 2001).
BAÚ DE LETRAS
Na segunda-feira, 20 de novembro,
o calendário marca uma nova efeméride. Desta vez, o centenário de Nadine
Gordimer. Infelizmente, as casas editoriais brasileiras ou esqueceram ou não
deram a relevância para sua obra, como se fez com a de outros escritores (Italo
Calvino, por exemplo). Sai nesse dia, aqui no Letras, um texto que passa
em revista parte significativa da literatura da escritora sul-africana que
recebeu o Prêmio Nobel de Literatura em 1991. Mas, já deixamos aqui, o caminho para este
perfil que editamos em 2014.
Foi também com a mão do Itaú
Cultural que se publicou pela editora Todavia, com organização de Hélio de
Seixas Guimarães, a belíssima caixa reunindo a obra completa de Machado de
Assis em ordem cronológica tal como saiu em vida do escritor. Pedro Fernandes
escreveu acerca deste trabalho neste texto ainda na superfície do nosso baú.
Presenças de Silviano. O escritor
mineiro consta em duas entradas no Letras: em 2014, Pedro Fernandes
escreveu sobre o então recém-publicado Mil rosas roubadas, aqui; e neste ano,
na sombra do Prêmio Camões, Sérgio Linard escreveu sobre um dos principais romances de Santiago, Em Liberdade.
DUAS PALAVRINHAS
Escrever é aprender a ver,
escreve-se por ter visto a palavra que
está por detrás da palavra. Ela terá, uma por uma, as mesmas letras, mas
tornou-se noutra a partir desse momento. A poesia, muito mais do que a expressão
dramática ou novelesca, é a revelação da palavra que havia oculta.
— José Saramago, nos Cadernos
de Lanzarote
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