DO EDITOR
1. Olá, leitores! Até o fechamento
da edição deste Boletim contamos oito inscritos para o último sorteio do ano
entre os apoiadores do Letras que será realizado no próximo dia 11 de
novembro.
2. O sorteio contemplará quatro leitores que
levarão um livro entre títulos disponíveis: Por que ler os clássicos, de
Italo Calvino, edição especial capa dura com acabamento em tecido da Companhia
das Letras; Mulherzinhas, de Louisa May Alcott, na lindíssima edição de
luxo da Zahar; Orgulho e preconceito, também no mesmo projeto da mesma
casa editorial; e Um, nenhum e cem mil, reedição da obra-prima de Luigi
Pirandello pela Penguin, a que foi publicada pela extinta Cosac Naify.
3. Se interessa por algum desses
títulos ou se quer apostar com a ajuda para presentear alguém, você envia PIX a
partir de R$20 ou R$30 para incluir um nome de sua afeição.
4. Qualquer coisa, estamos sempre
disponíveis nas redes ou através do e-mail blogletras@yahoo.com.br, que é,
também nossa chave PIX. Vem!
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Georges Perec. Foto: Pierre Getzler |
LANÇAMENTOS
A poesia como campo de
experimentação para o registro da experiência em Georges Perec.
Entre 1892 e 1924, cerca de 16
milhões de imigrantes passaram por Ellis Island, ilhota situada a sudoeste de
Manhattan, próxima da Estátua da Liberdade. O lugar ficou conhecido como “ilha
das lágrimas” e durante décadas funcionou como porta de entrada para os que
chegavam aos Estados Unidos, sobretudo europeus expulsos de sua terra natal
pela miséria, intolerância política, racial ou religiosa. No final dos anos
1970, Georges Perec visitou a ilha com o cineasta Robert Bober, a fim de
registrar os vestígios de quem por ali passara e de realizar um filme sobre o
porto, material que depois foi transformado neste livro. Como descrever esse
lugar? Como narrar a história de milhões de pessoas que fariam parte da
formação daquele país? E como pensar na própria condição do autor como judeu e
estrangeiro? São essas algumas das perguntas que atravessam
Ellis Island,
um dos últimos livros publicados por Perec. Com tradução a quatro mãos por
Vinícius Carneiro e Mathilde Moaty, a obra divide-se em duas partes: primeiro
com a descrição de dados objetivos da inspeção que ocorria no porto e depois
uma digressão sobre o lugar do autor dentro desse caminho da diáspora. Como
escreve Paulo Neves no texto de orelha, “
Ellis Island não é um simples
documento do passado. O que Perec reconhece é uma figura recorrente da
história: a migração forçada dos povos (como o atesta o drama contemporâneo dos
refugiados) na qual também ressoa a própria trajetória pessoal, marcada desde a
infância pelo desaparecimento da mãe em Auschwitz e pelo fato de ser judeu
(algo ligado ‘a um silêncio, uma interrogação’).” O livro sai pelo Círculo de
Poemas, publicação das editoras Fósforo e Luna Parque.
Você pode comprar o livro aqui.
Medir as voltagens do erótico. A
Sete Chaves é uma nova coleção da editora Carambaia com curadoria de Eliane
Robert Moraes e pretende recolocar ao alcance do leitor brasileiro importantes
títulos da literatura erótica.
1.
Cinema Orly, de Luís Capucho,
é um relato confessional que se passa quase inteiramente na sala de exibição de
filmes pornográficos do título. Corre a década de 1980, quando o local, no
centro do Rio de Janeiro, havia se transformado em endereço de encontros
homossexuais, enquanto na tela eram exibidos filmes de pornografia hétero.
Entre homens e travestis, e uma única mulher que vendia balas e cigarros, o
prazer é obtido furtivamente, sob a parca luz da projeção. Pouco se sabe do
personagem do romance. Nem mesmo seu nome é informado. De passagem sabemos que
tem 30 anos, trabalha em ofício desconhecido e mora com a mãe. No Orly, conhece,
ao longo da narrativa, dois namorados, sem que os encontros anônimos deixem de
acontecer. Publicado originalmente em 1999, esse livro transgressor e
underground
sai agora com posfácio de Bruno Cosentino.
Você pode comprar o livro aqui.
2. Animais, folhas, flores, pedras
preciosas, fluidos incontroláveis. O universo erótico de Marosa di Giorgio
(1932-2004) é personalíssimo e espantoso em sua exploração dos mistérios do
corpo. Considerada uma das raras vozes surrealistas da literatura latino-americana,
a escritora uruguaia desenvolve narrativas em que o absurdo se apresenta em
imagem alucinatórias, vivenciadas sem espanto pelos personagens. Nos contos reunidos
em
Rosa mística, uma mulher copula com um furão; outra bota ovos; um
olho nasce nas costas de uma terceira; outra ainda, muito jovem e
recém-iniciada na vida sexual, se autofecunda e acredita que está se tornando
Deus. As surpresas se sucedem em quarenta histórias breves, sob o nome “Lumínile”
(luminosidade, em romeno), mais a narrativa extensa que dá título à coletânea,
última obra publicada pela escritora, em 2003. Vários críticos detectam na obra
de Di Giorgio uma influência ou semelhança com os escritos do franco-uruguaio
Isidore Ducasse, reconhecido pelo pseudônimo de Conde de Lautréamont e autor
dos célebres
Cantos de Maldoror. Isso porque a escritora sempre fez
questão de apagar os limites entre prosa e poesia, a ponto de ter intitulado
seu primeiro livro de
Poemas, embora fossem relatos ficcionais em texto
corrido. O livro agora publicado pela Carambaia tem posfácio de Eliane Robert
Moraes e um ensaio da jornalista uruguaia Gabriela Aguerre.
Você pode comprar o livro aqui.
Ainda a Carambaia. A editora resgata em edição de luxo os contos de
Álvares de Azevedo reunidos no livro que se tornou um marco da literatura
ultrarromântica no Brasil.
Noite na taverna é
também uma das primeiras obras da nossa literatura que flerta com o terror. Foi
publicado em 1855, após a morte de Álvares de Azevedo e reúne cinco histórias
de atmosfera onírica, contadas pelos membros de um grupo de amigos que se
deixam levar pelos vapores do vinho e do tabaco numa taverna, cenário atemporal
e sem localização precisa. O primeiro a contar sua história é Solfieri. A
narrativa sombria é sobre uma mulher misteriosa e pálida que, ele vem a
descobrir, sofre de catalepsia — algo entre o sono e a morte. Por sua vez,
Bertram fala de um duelo, uma virgem deflorada e uma estranha viagem de navio.
Gennaro, um pintor, se envolve com a mulher e a filha de seu mestre, que
prepara uma vingança. A história de Claudius Hermann se desenrola a partir do
amor por uma duquesa e o subsequente assassinato de seu marido. Johann retoma o
tema de outra história, o duelo – desta vez seguido de reviravoltas
sobrenaturais. As histórias são precedidas por uma discussão entre os amigos
sobre filosofia, que termina por contrapor materialismo e idealismo, exaltando
a superioridade do segundo a partir de citações a Johann G. Fichte e Friedrich
W. S. von Schelling, e sobre o panteísmo de Baruch Spinoza. Ao fim dos cinco
relatos, há mais uma cena de volta à taverna. Mais do que a filosofia, porém,
as inspirações dessa obra de Álvares de Azevedo são o romantismo gótico de Lord
Byron e E.T.A. Hoffman e as passagens mais fantasmagóricas de William
Shakespeare. O resultado é uma literatura tão arrebatadora que o crítico
Antonio Candido afirmou que “não é possível apreciá-la moderadamente”. Nesses
contos interligados, a morte forma um duplo indissociável do amor. Essa
dicotomia surge nas figuras de mulheres trágicas e diáfanas em cenários
lúgubres, não raro com a presença de túmulos, caixões e punhais. O livro sai
com posfácio de Ana Rüsche. Você pode comprar o livro aqui.
A poesia guardada de Holoisa Janh.
Palindroma é um livro de
poemas e imagens que dialogam. As páginas são lâminas soltas que trazem textos
de um lado, desenhos do outro. Heloisa Jahn e Carlos de Moraes realizaram essa
obra no começo dos anos 1970, vivendo em Paris, onde foram vizinhos. Concluíram
um único exemplar em 1972, em Copenhague, Dinamarca. A poeta, editora e tradutora
Heloisa Jahn (1947-2022) guardou este livro durante 50 anos. Até mesmo amigos
próximos da autora desconheciam a existência de
Palindroma, livro-objeto
que ela conservava e que os filhos, Maria Guimarães e Antonio de Macedo Soares,
decidiram publicar, em parceria com Bruno Murtinho de Moraes, filho do artista
Carlos de Moraes.
Palindroma pode ser lido em
qualquer direção, sem ordem preestabelecida: do começo para o fim, do fim para
o começo, e também das imagens para os textos e vice-versa. Daí o título, que
alude aos palíndromos (palavras ou frases que podem ser lidos igualmente de
frente para trás e de trás para frente). O sufixo “-oma” (inchaço, tumor,
processo patológico) muda “palíndromo” para "palindroma”, sugerindo algo
doentio, compulsivo ou exagerado, em um achado poético e irônico que dá o tom
da obra. A edição da Quelônio, preserva o
formato e a concepção da obra original, com vinte poemas de Heloisa Jahn e
vinte ilustrações de Carlos de Moraes. As lâminas que compõe o livro vêm
acondicionadas em uma caixa feita especialmente para esta edição. O projeto
gráfico da caixa é de Sílvia Nastari, editora de arte da editora, e a execução
e a impressão em serigrafia foram feitas pelo estúdio Sutto. As reproduções das
imagens foram feitas pelo estúdio Mar de Palha. Coordenação editorial de Bruno
Zeni.
Você pode comprar o livro aqui.
O regresso da autora de Escute as feras.
Depois da experiência e da reflexão radicais que recolheu em Escute
as feras, a antropóloga francesa Nastassja Martin volta ao Grande Norte e a
seu diálogo com os even da península de Kamtchátka em A leste dos sonhos. Os
“personagens” são os mesmos: Dária, seus filhos e filhas, o pequeno grupo que a
seguiu de volta à floresta e a um modo de vida em vias de esquecimento. Mas
agora o foco se abre para incorporar o contexto histórico e global que emoldura
os acontecimentos e as decisões em Tvaián, às margens do rio Ítcha. Da
colonização russa da Sibéria ao fim da União Soviética, da pilhagem capitalista
do território à aceleração da mudança climática, tudo parece conspirar para pôr
em xeque a persistência dos even. Contra esse pano de fundo, Martin põe-se a
interrogar as respostas even a essa crise de múltiplas faces: os sonhos
animistas de Dária, o aprendizado da vida prática longe do Estado, a negociação
com o mundo mercantilizado, a reflexão mitológica sobre os seres e os
elementos. Nada disso é exposto com arrogância paternalista nas páginas de A
leste dos sonhos: o retorno ao sonho e ao mito, em particular, são
entendidos não como regressão, mas como gesto audaz de captação de um mundo em
vertiginosa metamorfose e de ação política nesse novo cenário. Por meio de um
exercício de escuta paciente, Martin vai despindo o que viu e ouviu em Tvaián
de todo exotismo, para discernir o nó palpitante de uma experiência humana que
diz respeito tanto aos even como a cada um de nós. A tradução de Camila
Boldrini integra a Coleção Fábula, da Editora 34. Você pode comprar o livro aqui.
As opiniões da “leitora comum”
Virginia Woolf.
Publicado pela primeira vez em
1925, entre os lançamentos de
O quarto de Jacob e
Mrs. Dalloway,
O
leitor comum reúne uma seleção de ensaios de Virginia Woolf — a maior parte
originalmente publicada em veículos como o
Times Literary Supplement,
Dial,
Vogue e
The Yale Review. Coletados durante mais de 20 anos de
atividade crítica, estes ensaios partem da figura do “leitor comum” (tomada
emprestada inicialmente de Samuel Johnson) em contraponto aos saberes da
academia, dos quais Woolf, enquanto mulher no século XX, fora privada. A partir
da análise da produção escrita de Geoffrey Chaucer, Montaigne, Jane Austen,
George Eliot, entre outros, passando por análises sobre a historiografia da
literatura inglesa até chegar aos contemporâneos, o que temos em
O leitor
comum é o resultado do primeiro passo que Woolf deu em direção a sua
independência financeira — e que se tornaria um marco em sua carreira como
escritora. A obra, agora em nova tradução para o português de Marcelo Pen e Ana
Carolina Mesquita, traz notas de fim de Andrew McNeillie, editor dos ensaios
completos de Woolf, notas dos próprios tradutores, além de prefácio de Marcelo
Pen. Publicação da editora Tordesilhas.
Você pode comprar o livro aqui.
Ensaio e ficção andam de mãos
dadas na exploração das conexões entre o criar e a loucura em novo livro de
Rosa Montero.
Com base na sua experiência
pessoal e na leitura de inúmeros livros sobre psicologia, neurociência,
literatura e memórias de grandes escritores, pensadores e artistas, Rosa
Montero oferece aqui um estudo fascinante sobre as ligações entre criatividade
e instabilidade mental. E o faz compartilhando curiosidades surpreendentes
sobre como nosso cérebro funciona na hora de criar, decompondo todos os
aspectos que influenciam a criação e reunindo-os diante dos olhos do leitor
enquanto escreve — como uma investigadora pronta para combinar peças avulsas
para solucionar um caso misterioso. Ensaio e ficção andam de mãos dadas nessa
exploração das conexões entre o criar e a loucura. E assim o leitor descobrirá
a teoria da “tempestade perfeita” — aquela que prega que na explosão criativa
são postos em cena fatores químicos e situacionais irrepetíveis — e presenciará
o processo de surgimento de ideias de Rosa Montero, desfrutando das vivências
da autora, que habitou diretamente, e durante anos, um território nas
vizinhanças da loucura.
O perigo de estar lúcida fala das “fadas” que
nos presenteiam e nos fazem pagar um preço — muitas vezes alto demais — por
isso. Nós, ditas pessoas “normais”, não temos esse custo, mas com frequência
corremos o risco de sucumbir ao tédio em vez de morrer de amor. “Como em tudo,
a chave está no equilíbrio entre a porcentagem de desapego e de sentimento, em
alcançar uma certa harmonia entre o eu que sofre e o eu que controla”, afirma a
autora deste livro irresistível e cheio de indagações. Com tradução de Mariana
Sanchez, o livro é publicado pela editora Todavia.
Você pode comprar o livro aqui.
O regresso de Ivan Angelo numa
mistura perfeita de humor e suspense, um romance repleto de alusões a
personagens e eventos verdadeiros, por mais absurdos que sejam — cada uma de
suas reviravoltas guarda questões mal resolvidas da história do Brasil.
Como sabemos, cedo ou tarde elas
cobram seu preço. Numa noite de novembro, os espectadores do maior canal de
televisão do país esperam o primeiro capítulo da novela das nove. Mas no lugar
da estreia de
Frutos proibidos surge apenas a imagem de um homem mais
velho, corpulento, de roupão e camisa, sentado numa poltrona: Fernando Bandeira
de Mello Aranha, o dono da emissora. Visivelmente debilitado, o empresário usa
seu poder midiático para fazer uma denúncia e um apelo em rede nacional. Pouco
tempo antes, passou muito perto da morte, ao ser infectado pelo vírus da
covid-19. Ele acredita que a contaminação tenha sido uma tentativa deliberada
de assassinato, já que há quase vinte anos reduziu seu círculo social a poucas pessoas
e nunca sai de seu tríplex gigantesco no centro de São Paulo. Além da acusação,
apresenta ao público uma fotografia antiga em que aparece ao lado de uma mulher
desconhecida, por quem ficou obcecado - para reencontrá-la, está disposto a
pagar uma enorme recompensa em dinheiro. Assim começa a trama rocambolesca de
Vida
ao vivo. Enquanto mobiliza a discussão pública em torno da misteriosa
personagem da foto e de tudo o que há de podre no reino dos Mello Aranha, o “dr.
Fernando” tece comentários mordazes que abarcam desde a especulação imobiliária
até os meios escusos pelos quais grandes negócios enriqueciam durante a
ditadura militar. O livro sai pela Companhia das Letras.
Você pode comprar o livro aqui.
Pela primeira vez chega ao
público brasileiro a voz da escritora irlandesa Mary O’Donnell — poeta
laureada, ficcionista e ensaísta.
Nas águas claras e afogados nos
segredos do primeiro poema, a poeta abre um convite aos leitores para que a
acompanhem em sua jornada reflexiva de
Onde estão os pássaros. Os
primeiros versos de “Contra o Desaparecimento” — “Na beira do lago/da
consciência me posto” — resumem o olhar feminino, agudo e sensível, íntimo,
porém apaixonado e desafiador, na seleção de poemas aqui apresentada. Em seu
conjunto, são poemas que expressam a dor da perda e das feridas causadas pelo
ser humano à natureza ou ao próprio ser; o âmago da mulher; as marcas trágicas
das migrações forçadas; as relações parentais, mãe e filha, nos paradoxos
transgeracionais; as pontes metafóricas imaginadas entre os países, pessoas e
paisagens. As palavras da poesia de Mary O’Donnell dançam o ritmo da vida com
emoção; porém, o sabor amargo da denúncia ilumina seus versos conduzindo o
leitor a uma compreensão mais profunda das circunstâncias históricas e
políticas de nosso presente. Essa música, ora harmoniosa, ora dissonante, é
agora brilhantemente transposta ao português-brasileiro pela tradutora Luci
Collin, que trabalha as imagens e sons da poeta irlandesa junto com a
sonoridade e ritmo de nossa língua. Laura P. Z. Izarra. O livro sai pela
editora Arte & Letra.
Você pode comprar o livro aqui.
A épica fuga de Liev Trótski do
exílio perpétuo ao qual fora condenado na Sibéria.
Muito antes de liderar o Exército
Vermelho na vitoriosa Revolução de 1917, o jovem Liev Trótski já participava
dos levantes populares contra o regime tsarista. Preso como dissidente político
em dezembro de 1905, aos 25 anos, é condenado ao exílio perpétuo na Sibéria. Em
1907, fortemente escoltado, é levado em direção à remota localidade de Obdorsk,
situada vários graus ao norte do Círculo Polar Ártico. Ao longo do trajeto,
Trótski planeja uma perigosa fuga. O livro é concebido em duas partes com
estilos distintos: a ida, em formato de cartas que informam cada passo da
jornada e o plano de escape; e a volta, uma crônica da fuga narrada em primeira
pessoa que envolve enganar oficiais, contratar um extravagante guia com um
trenó de renas e atravessar as paisagens nevadas e isoladas da Sibéria. Irônico
e atento a detalhes, Trótski é um exímio narrador. Seu texto é perpassado de
descrições inesquecíveis da natureza selvagem e das observações sobre o
comportamento dos animais, bem como dos costumes dos habitantes de região,
submetidos ao frio extremo, a uma pobreza crônica e a um isolamento só vencidos
pelo calor proporcionado pelo álcool e pela solidariedade mútua. Um capítulo
pouco conhecido da vida dramática e romanesca de um dos maiores personagens do
século XX. Com apresentação de Leonardo Padura e notas de Horacio, esta breve
narrativa surge como uma inesperada fenda que nos permite sondar a
personalidade íntima do homem político e revolucionário em tempo integral e
suas relações com a condição humana.
Fuga da Sibéria é publicado pela
editora Ubu; a tradução é de Letícia Mei.
Você pode comprar o livro aqui.
O futuro planeta para as gerações
pequenas.
Deslumbramento é uma
narrativa densa em que o autor Richard Powers apresenta um romance íntimo e
comovente. Ao retratar pai e filho em busca de refúgio num mundo em crise, este
é um livro poderoso que nos leva a questionar o lugar que ocupamos no universo
e a reconsiderar nossa relação com a natureza. No cerne desta história, ressoa
a inquietante (e urgente) indagação: como podemos contar aos nossos filhos a
verdade sobre o futuro do planeta? Com tradução de Santiago Nazarian, o livro é
publicado pela editora Todavia.
Você pode comprar o livro aqui.
REEDIÇÕES
Dois novos títulos da obra completa de Ariano Suassuna ganham reedição.
1. Iniciação à Estética. Escrito no tempo em que Ariano
Suassuna lecionava Estética na Universidade Federal de Pernambuco, este livro é
uma iniciação à disciplina, aqui entendida como uma Filosofia da Beleza e,
consequentemente, da arte. Aqui são apresentadas desde as opções iniciais da
Estética e seus métodos mais frequentes de estudo até uma reflexão geral sobre
o universo das artes, passando pelas principais teorias sobre a beleza surgidas
ao longo do tempo, de Platão aos nossos dias. Com uma linguagem bastante
acessível e uma abordagem didática, esta é uma obra fundamental para todos
aqueles que pretendem se iniciar no campo da Filosofia da Arte. Marcados pelo
desamparo e pelo desamor, os personagens da trama se abrigam no fanatismo
religioso, elemento estruturante da peça. Trata-se de uma tragédia de viés
moderno, na qual o sofrimento dos personagens não é resultado de imponderáveis
armadilhas do destino ou inescapáveis desígnios dos deuses, como era comum nas
tragédias gregas. A dor e a morte resultam de uma intrincada sobreposição de
fatores psicológicos e de fatores socioeconômicos. A nova edição conta com
ilustrações de Manuel Dantas Suassuna. Você pode comprar o livro aqui.
2.
Os homens de barro. De
1949, esta é a terceira peça teatral escrita por Ariano Suassuna, sobrevindo a Uma
mulher vestida de sol (1947) e Cantam as harpas de Sião (1948). Marcados
pelo desamparo e pelo desamor, os personagens se abrigam no fanatismo
religioso, elemento estruturante da peça. Trata-se de uma tragédia de viés
moderno, na qual o sofrimento dos personagens não é resultado de imponderáveis
armadilhas do destino ou inescapáveis desígnios dos deuses, como era comum nas
tragédias gregas. A dor e a morte resultam de uma intrincada sobreposição de
fatores psicológicos e de fatores socioeconômicos. Sem abdicar do caráter
transcendental predominante nas tragédias, o autor não se furta de trazer à
cena, ainda que em segundo plano, uma crítica incisiva às injustiças sociais,
tão evidentes no sertão nordestino, mostrando como os poderosos agem para desarticular
movimentações coletivas potencialmente ameaçadoras ao poder estabelecido. A
nova edição publicada no âmbito do projeto das obras completas do escritor
realizado pela editora Nova Fronteira traz o texto revisto pelo autor em 2003,
com apresentação do professor, crítico e dramaturgo pernambucano Luís Reis. Você pode comprar o livro aqui.
O quinto volume da série
Tragédia burguesa, de Octávio de Faria ganha reedição.
De concessão em concessão, mesmo
inconfessadas, mesmo inconscientes — e quantas são dessa natureza! —, chegou-se
ao mundo de Ivo e Branco: um triste mundo, um mundo de hipocrisia e mentira,
mundo da capitulação diante da realidade carnal, da aceitação do homem como “um
escravo vendido ao pecado”. Quando em volta tudo vacila, tudo é perigo, tudo
fala de uma experiência que não pode mais ser evitada e não pode ser vivida,
começa lentamente o caminho da renegação. Intitulado
Os renegados, o livro é publicado pelo Sétimo Selo.
Você pode comprar o livro aqui.
RAPIDINHAS
Prêmios da Biblioteca Nacional
2023. Foram divulgados nesta semana. Na categoria romance, a premiada é
Luciana Hidalgo por
Penélope dos trópicos; José Lins Brandão, em poesia,
com
Harsíese; e Micheliny Verunschk, no conto, com
Desmoronamentos.
Os prêmios da BN atendem ainda outras sete categorias.
Sempre Machado. O Itaú Cultural abre no próximo dia 18 de novembro mais uma das suas ocupações; desta vez, com uma exposição dedicada a Machado de Assis. A mostra reúne objetos pessoais, obras e vídeos sobre o trabalho do escritor e fica em cartaz até 4 de fevereiro de 2024.
DICAS DE LEITURA
Na aquisição de qualquer um dos
livros pelos links ofertados neste boletim, você tem desconto e ainda ajuda a
manter o Letras.
1.
Cidade da vitória, de Salman
Rushdie (Trad. Paulo Henriques Britto, Companhia das Letras, 384 p.) Reencontrando
a tradição mítico-literária indiana o escritor revisita a vida na cidade de Bisnaga,
a cidade da vitória, nascida entre a benção e maldição de uma criança domina
pelos poderes da divindade.
Você pode comprar o livro aqui.
2.
O homem do outdoor, de María
José Ferrada (Trad. Silvia Massimini Felix, Moinhos, 128 p.). A história de Ramón e das
pessoas que o cercam pelo ponto de vista de um menino de onze anos que acompanha
a personagem desde a decisão de se mudar para um outdoor.
Você pode comprar o livro aqui.
3.
A linha de sombra: uma
confissão, de Joseph Conrad (Trad. Maria Luiza X. de A. Borges, Nova
Fronteira, 160 p.) O retorno desta novela de 1917 é uma boa oportunidade para o
leitor conhecer mais da obra do autor além de
Coração das trevas. A
narrativa aqui é centrada num jovem maneiro nomeado capitão de um navio
mercante que empreende uma viagem difícil ao mesmo tempo literal e simbólica,
visto nos depararmos com a passagem da juventude para o amadurecimento.
Você pode comprar o livro aqui.
VÍDEOS, VERSOS E OUTRAS PROSAS
Nesta semana sublinhamos o centenário
de Ida Vitale. Nas nossas redes fizemos circular este vídeo gravado em 2018
quando a poeta uruguaia recebeu o Prêmio FIL Literatura; nele, a sua leitura do
poema “Fortuna”, do livro
Trema (2005).
Veja aqui.
Nesta 4 de novembro de 2023, passam-se duas décadas sem Rachel de Queiroz. Recuperamos
este vídeo que colocamos para circular em nossa página no Facebook em 2016 e no qual responde sobre as palavras mais bonitas na língua portuguesa.
BAÚ DE LETRAS
Do fundo do baú. Em 2009 copiamos
uma série de perfis literários com os quatro cavaleiros do Apocalipse, ou
melhor, quatro nomes da chamada segunda geração do romantismo brasileiro. Entre
eles, claro, o ressurrecto
Álvares de Azevedo.
Carlos Drummond de Andrade, Hilda
Hilst, João Cabral de Melo Neto, Marly de Oliveira, Mário de Andrade, Manoel de
Barros, Mário Quintana, Paulo Leminski, Ana Cristina Cesar… A presença dos
poetas brasileiros neste blog é generosa. Talvez dê para marcar bem cada um dos
365 ou 366 dias de um ano.
Aqui, uma listinha ainda de 2016 com os nomes de uma
dezena dos continuam a produzir sua obra.
DUAS PALAVRINHAS
A poesia busca tirar do seu abismo
certas palavras que podem construir o tecido de cicatrização no qual todos
estamos sem sabermos disso.
— Ida Vitale.
...
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* Todas as informações sobre lançamentos de livros aqui divulgadas são as oferecidas pelas editoras na abertura das pré-vendas e o conteúdo, portanto, de responsabilidade das referidas casas.
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