Boletim Letras 360º #556

DO EDITOR
 
1. Olá, leitores! Até o fechamento da edição deste Boletim contamos oito inscritos para o último sorteio do ano entre os apoiadores do Letras que será realizado no próximo dia 11 de novembro.
 
2.  O sorteio contemplará quatro leitores que levarão um livro entre títulos disponíveis: Por que ler os clássicos, de Italo Calvino, edição especial capa dura com acabamento em tecido da Companhia das Letras; Mulherzinhas, de Louisa May Alcott, na lindíssima edição de luxo da Zahar; Orgulho e preconceito, também no mesmo projeto da mesma casa editorial; e Um, nenhum e cem mil, reedição da obra-prima de Luigi Pirandello pela Penguin, a que foi publicada pela extinta Cosac Naify.
 
3. Se interessa por algum desses títulos ou se quer apostar com a ajuda para presentear alguém, você envia PIX a partir de R$20 ou R$30 para incluir um nome de sua afeição.
 
4. Qualquer coisa, estamos sempre disponíveis nas redes ou através do e-mail blogletras@yahoo.com.br, que é, também nossa chave PIX. Vem!


Georges Perec. Foto: Pierre Getzler


 
LANÇAMENTOS
 
A poesia como campo de experimentação para o registro da experiência em Georges Perec.
 
Entre 1892 e 1924, cerca de 16 milhões de imigrantes passaram por Ellis Island, ilhota situada a sudoeste de Manhattan, próxima da Estátua da Liberdade. O lugar ficou conhecido como “ilha das lágrimas” e durante décadas funcionou como porta de entrada para os que chegavam aos Estados Unidos, sobretudo europeus expulsos de sua terra natal pela miséria, intolerância política, racial ou religiosa. No final dos anos 1970, Georges Perec visitou a ilha com o cineasta Robert Bober, a fim de registrar os vestígios de quem por ali passara e de realizar um filme sobre o porto, material que depois foi transformado neste livro. Como descrever esse lugar? Como narrar a história de milhões de pessoas que fariam parte da formação daquele país? E como pensar na própria condição do autor como judeu e estrangeiro? São essas algumas das perguntas que atravessam Ellis Island, um dos últimos livros publicados por Perec. Com tradução a quatro mãos por Vinícius Carneiro e Mathilde Moaty, a obra divide-se em duas partes: primeiro com a descrição de dados objetivos da inspeção que ocorria no porto e depois uma digressão sobre o lugar do autor dentro desse caminho da diáspora. Como escreve Paulo Neves no texto de orelha, “Ellis Island não é um simples documento do passado. O que Perec reconhece é uma figura recorrente da história: a migração forçada dos povos (como o atesta o drama contemporâneo dos refugiados) na qual também ressoa a própria trajetória pessoal, marcada desde a infância pelo desaparecimento da mãe em Auschwitz e pelo fato de ser judeu (algo ligado ‘a um silêncio, uma interrogação’).” O livro sai pelo Círculo de Poemas, publicação das editoras Fósforo e Luna Parque. Você pode comprar o livro aqui
 
Medir as voltagens do erótico. A Sete Chaves é uma nova coleção da editora Carambaia com curadoria de Eliane Robert Moraes e pretende recolocar ao alcance do leitor brasileiro importantes títulos da literatura erótica.
 
1. Cinema Orly, de Luís Capucho, é um relato confessional que se passa quase inteiramente na sala de exibição de filmes pornográficos do título. Corre a década de 1980, quando o local, no centro do Rio de Janeiro, havia se transformado em endereço de encontros homossexuais, enquanto na tela eram exibidos filmes de pornografia hétero. Entre homens e travestis, e uma única mulher que vendia balas e cigarros, o prazer é obtido furtivamente, sob a parca luz da projeção. Pouco se sabe do personagem do romance. Nem mesmo seu nome é informado. De passagem sabemos que tem 30 anos, trabalha em ofício desconhecido e mora com a mãe. No Orly, conhece, ao longo da narrativa, dois namorados, sem que os encontros anônimos deixem de acontecer. Publicado originalmente em 1999, esse livro transgressor e underground sai agora com posfácio de Bruno Cosentino. Você pode comprar o livro aqui.
 
2. Animais, folhas, flores, pedras preciosas, fluidos incontroláveis. O universo erótico de Marosa di Giorgio (1932-2004) é personalíssimo e espantoso em sua exploração dos mistérios do corpo. Considerada uma das raras vozes surrealistas da literatura latino-americana, a escritora uruguaia desenvolve narrativas em que o absurdo se apresenta em imagem alucinatórias, vivenciadas sem espanto pelos personagens. Nos contos reunidos em Rosa mística, uma mulher copula com um furão; outra bota ovos; um olho nasce nas costas de uma terceira; outra ainda, muito jovem e recém-iniciada na vida sexual, se autofecunda e acredita que está se tornando Deus. As surpresas se sucedem em quarenta histórias breves, sob o nome “Lumínile” (luminosidade, em romeno), mais a narrativa extensa que dá título à coletânea, última obra publicada pela escritora, em 2003. Vários críticos detectam na obra de Di Giorgio uma influência ou semelhança com os escritos do franco-uruguaio Isidore Ducasse, reconhecido pelo pseudônimo de Conde de Lautréamont e autor dos célebres Cantos de Maldoror. Isso porque a escritora sempre fez questão de apagar os limites entre prosa e poesia, a ponto de ter intitulado seu primeiro livro de Poemas, embora fossem relatos ficcionais em texto corrido. O livro agora publicado pela Carambaia tem posfácio de Eliane Robert Moraes e um ensaio da jornalista uruguaia Gabriela Aguerre. Você pode comprar o livro aqui.
 
Ainda a Carambaia. A editora resgata em edição de luxo os contos de Álvares de Azevedo reunidos no livro que se tornou um marco da literatura ultrarromântica no Brasil.  
 
Noite na taverna é também uma das primeiras obras da nossa literatura que flerta com o terror. Foi publicado em 1855, após a morte de Álvares de Azevedo e reúne cinco histórias de atmosfera onírica, contadas pelos membros de um grupo de amigos que se deixam levar pelos vapores do vinho e do tabaco numa taverna, cenário atemporal e sem localização precisa. O primeiro a contar sua história é Solfieri. A narrativa sombria é sobre uma mulher misteriosa e pálida que, ele vem a descobrir, sofre de catalepsia — algo entre o sono e a morte. Por sua vez, Bertram fala de um duelo, uma virgem deflorada e uma estranha viagem de navio. Gennaro, um pintor, se envolve com a mulher e a filha de seu mestre, que prepara uma vingança. A história de Claudius Hermann se desenrola a partir do amor por uma duquesa e o subsequente assassinato de seu marido. Johann retoma o tema de outra história, o duelo – desta vez seguido de reviravoltas sobrenaturais. As histórias são precedidas por uma discussão entre os amigos sobre filosofia, que termina por contrapor materialismo e idealismo, exaltando a superioridade do segundo a partir de citações a Johann G. Fichte e Friedrich W. S. von Schelling, e sobre o panteísmo de Baruch Spinoza. Ao fim dos cinco relatos, há mais uma cena de volta à taverna. Mais do que a filosofia, porém, as inspirações dessa obra de Álvares de Azevedo são o romantismo gótico de Lord Byron e E.T.A. Hoffman e as passagens mais fantasmagóricas de William Shakespeare. O resultado é uma literatura tão arrebatadora que o crítico Antonio Candido afirmou que “não é possível apreciá-la moderadamente”. Nesses contos interligados, a morte forma um duplo indissociável do amor. Essa dicotomia surge nas figuras de mulheres trágicas e diáfanas em cenários lúgubres, não raro com a presença de túmulos, caixões e punhais. O livro sai com posfácio de Ana Rüsche. Você pode comprar o livro aqui.

A poesia guardada de Holoisa Janh.

Palindroma é um livro de poemas e imagens que dialogam. As páginas são lâminas soltas que trazem textos de um lado, desenhos do outro. Heloisa Jahn e Carlos de Moraes realizaram essa obra no começo dos anos 1970, vivendo em Paris, onde foram vizinhos. Concluíram um único exemplar em 1972, em Copenhague, Dinamarca. A poeta, editora e tradutora Heloisa Jahn (1947-2022) guardou este livro durante 50 anos. Até mesmo amigos próximos da autora desconheciam a existência de Palindroma, livro-objeto que ela conservava e que os filhos, Maria Guimarães e Antonio de Macedo Soares, decidiram publicar, em parceria com Bruno Murtinho de Moraes, filho do artista Carlos de Moraes. Palindroma pode ser lido em qualquer direção, sem ordem preestabelecida: do começo para o fim, do fim para o começo, e também das imagens para os textos e vice-versa. Daí o título, que alude aos palíndromos (palavras ou frases que podem ser lidos igualmente de frente para trás e de trás para frente). O sufixo “-oma” (inchaço, tumor, processo patológico) muda “palíndromo” para "palindroma”, sugerindo algo doentio, compulsivo ou exagerado, em um achado poético e irônico que dá o tom da obra. A edição da Quelônio, preserva o formato e a concepção da obra original, com vinte poemas de Heloisa Jahn e vinte ilustrações de Carlos de Moraes. As lâminas que compõe o livro vêm acondicionadas em uma caixa feita especialmente para esta edição. O projeto gráfico da caixa é de Sílvia Nastari, editora de arte da editora, e a execução e a impressão em serigrafia foram feitas pelo estúdio Sutto. As reproduções das imagens foram feitas pelo estúdio Mar de Palha. Coordenação editorial de Bruno Zeni. Você pode comprar o livro aqui.

O regresso da autora de Escute as feras.
 
Depois da experiência e da reflexão radicais que recolheu em Escute as feras, a antropóloga francesa Nastassja Martin volta ao Grande Norte e a seu diálogo com os even da península de Kamtchátka em A leste dos sonhos. Os “personagens” são os mesmos: Dária, seus filhos e filhas, o pequeno grupo que a seguiu de volta à floresta e a um modo de vida em vias de esquecimento. Mas agora o foco se abre para incorporar o contexto histórico e global que emoldura os acontecimentos e as decisões em Tvaián, às margens do rio Ítcha. Da colonização russa da Sibéria ao fim da União Soviética, da pilhagem capitalista do território à aceleração da mudança climática, tudo parece conspirar para pôr em xeque a persistência dos even. Contra esse pano de fundo, Martin põe-se a interrogar as respostas even a essa crise de múltiplas faces: os sonhos animistas de Dária, o aprendizado da vida prática longe do Estado, a negociação com o mundo mercantilizado, a reflexão mitológica sobre os seres e os elementos. Nada disso é exposto com arrogância paternalista nas páginas de A leste dos sonhos: o retorno ao sonho e ao mito, em particular, são entendidos não como regressão, mas como gesto audaz de captação de um mundo em vertiginosa metamorfose e de ação política nesse novo cenário. Por meio de um exercício de escuta paciente, Martin vai despindo o que viu e ouviu em Tvaián de todo exotismo, para discernir o nó palpitante de uma experiência humana que diz respeito tanto aos even como a cada um de nós. A tradução de Camila Boldrini integra a Coleção Fábula, da Editora 34. Você pode comprar o livro aqui.
 
As opiniões da “leitora comum” Virginia Woolf.
 
Publicado pela primeira vez em 1925, entre os lançamentos de O quarto de Jacob e Mrs. Dalloway, O leitor comum reúne uma seleção de ensaios de Virginia Woolf — a maior parte originalmente publicada em veículos como o Times Literary Supplement, Dial, Vogue e The Yale Review. Coletados durante mais de 20 anos de atividade crítica, estes ensaios partem da figura do “leitor comum” (tomada emprestada inicialmente de Samuel Johnson) em contraponto aos saberes da academia, dos quais Woolf, enquanto mulher no século XX, fora privada. A partir da análise da produção escrita de Geoffrey Chaucer, Montaigne, Jane Austen, George Eliot, entre outros, passando por análises sobre a historiografia da literatura inglesa até chegar aos contemporâneos, o que temos em O leitor comum é o resultado do primeiro passo que Woolf deu em direção a sua independência financeira — e que se tornaria um marco em sua carreira como escritora. A obra, agora em nova tradução para o português de Marcelo Pen e Ana Carolina Mesquita, traz notas de fim de Andrew McNeillie, editor dos ensaios completos de Woolf, notas dos próprios tradutores, além de prefácio de Marcelo Pen. Publicação da editora Tordesilhas. Você pode comprar o livro aqui.
 
Ensaio e ficção andam de mãos dadas na exploração das conexões entre o criar e a loucura em novo livro de Rosa Montero.
 
Com base na sua experiência pessoal e na leitura de inúmeros livros sobre psicologia, neurociência, literatura e memórias de grandes escritores, pensadores e artistas, Rosa Montero oferece aqui um estudo fascinante sobre as ligações entre criatividade e instabilidade mental. E o faz compartilhando curiosidades surpreendentes sobre como nosso cérebro funciona na hora de criar, decompondo todos os aspectos que influenciam a criação e reunindo-os diante dos olhos do leitor enquanto escreve — como uma investigadora pronta para combinar peças avulsas para solucionar um caso misterioso. Ensaio e ficção andam de mãos dadas nessa exploração das conexões entre o criar e a loucura. E assim o leitor descobrirá a teoria da “tempestade perfeita” — aquela que prega que na explosão criativa são postos em cena fatores químicos e situacionais irrepetíveis — e presenciará o processo de surgimento de ideias de Rosa Montero, desfrutando das vivências da autora, que habitou diretamente, e durante anos, um território nas vizinhanças da loucura. O perigo de estar lúcida fala das “fadas” que nos presenteiam e nos fazem pagar um preço — muitas vezes alto demais — por isso. Nós, ditas pessoas “normais”, não temos esse custo, mas com frequência corremos o risco de sucumbir ao tédio em vez de morrer de amor. “Como em tudo, a chave está no equilíbrio entre a porcentagem de desapego e de sentimento, em alcançar uma certa harmonia entre o eu que sofre e o eu que controla”, afirma a autora deste livro irresistível e cheio de indagações. Com tradução de Mariana Sanchez, o livro é publicado pela editora Todavia. Você pode comprar o livro aqui.
 
O regresso de Ivan Angelo numa mistura perfeita de humor e suspense, um romance repleto de alusões a personagens e eventos verdadeiros, por mais absurdos que sejam — cada uma de suas reviravoltas guarda questões mal resolvidas da história do Brasil.
 
Como sabemos, cedo ou tarde elas cobram seu preço. Numa noite de novembro, os espectadores do maior canal de televisão do país esperam o primeiro capítulo da novela das nove. Mas no lugar da estreia de Frutos proibidos surge apenas a imagem de um homem mais velho, corpulento, de roupão e camisa, sentado numa poltrona: Fernando Bandeira de Mello Aranha, o dono da emissora. Visivelmente debilitado, o empresário usa seu poder midiático para fazer uma denúncia e um apelo em rede nacional. Pouco tempo antes, passou muito perto da morte, ao ser infectado pelo vírus da covid-19. Ele acredita que a contaminação tenha sido uma tentativa deliberada de assassinato, já que há quase vinte anos reduziu seu círculo social a poucas pessoas e nunca sai de seu tríplex gigantesco no centro de São Paulo. Além da acusação, apresenta ao público uma fotografia antiga em que aparece ao lado de uma mulher desconhecida, por quem ficou obcecado - para reencontrá-la, está disposto a pagar uma enorme recompensa em dinheiro. Assim começa a trama rocambolesca de Vida ao vivo. Enquanto mobiliza a discussão pública em torno da misteriosa personagem da foto e de tudo o que há de podre no reino dos Mello Aranha, o “dr. Fernando” tece comentários mordazes que abarcam desde a especulação imobiliária até os meios escusos pelos quais grandes negócios enriqueciam durante a ditadura militar. O livro sai pela Companhia das Letras. Você pode comprar o livro aqui.
 
Pela primeira vez chega ao público brasileiro a voz da escritora irlandesa Mary O’Donnell — poeta laureada, ficcionista e ensaísta.
 
Nas águas claras e afogados nos segredos do primeiro poema, a poeta abre um convite aos leitores para que a acompanhem em sua jornada reflexiva de Onde estão os pássaros. Os primeiros versos de “Contra o Desaparecimento” — “Na beira do lago/da consciência me posto” — resumem o olhar feminino, agudo e sensível, íntimo, porém apaixonado e desafiador, na seleção de poemas aqui apresentada. Em seu conjunto, são poemas que expressam a dor da perda e das feridas causadas pelo ser humano à natureza ou ao próprio ser; o âmago da mulher; as marcas trágicas das migrações forçadas; as relações parentais, mãe e filha, nos paradoxos transgeracionais; as pontes metafóricas imaginadas entre os países, pessoas e paisagens. As palavras da poesia de Mary O’Donnell dançam o ritmo da vida com emoção; porém, o sabor amargo da denúncia ilumina seus versos conduzindo o leitor a uma compreensão mais profunda das circunstâncias históricas e políticas de nosso presente. Essa música, ora harmoniosa, ora dissonante, é agora brilhantemente transposta ao português-brasileiro pela tradutora Luci Collin, que trabalha as imagens e sons da poeta irlandesa junto com a sonoridade e ritmo de nossa língua. Laura P. Z. Izarra. O livro sai pela editora Arte & Letra. Você pode comprar o livro aqui.
 
A épica fuga de Liev Trótski do exílio perpétuo ao qual fora condenado na Sibéria.
 
Muito antes de liderar o Exército Vermelho na vitoriosa Revolução de 1917, o jovem Liev Trótski já participava dos levantes populares contra o regime tsarista. Preso como dissidente político em dezembro de 1905, aos 25 anos, é condenado ao exílio perpétuo na Sibéria. Em 1907, fortemente escoltado, é levado em direção à remota localidade de Obdorsk, situada vários graus ao norte do Círculo Polar Ártico. Ao longo do trajeto, Trótski planeja uma perigosa fuga. O livro é concebido em duas partes com estilos distintos: a ida, em formato de cartas que informam cada passo da jornada e o plano de escape; e a volta, uma crônica da fuga narrada em primeira pessoa que envolve enganar oficiais, contratar um extravagante guia com um trenó de renas e atravessar as paisagens nevadas e isoladas da Sibéria. Irônico e atento a detalhes, Trótski é um exímio narrador. Seu texto é perpassado de descrições inesquecíveis da natureza selvagem e das observações sobre o comportamento dos animais, bem como dos costumes dos habitantes de região, submetidos ao frio extremo, a uma pobreza crônica e a um isolamento só vencidos pelo calor proporcionado pelo álcool e pela solidariedade mútua. Um capítulo pouco conhecido da vida dramática e romanesca de um dos maiores personagens do século XX. Com apresentação de Leonardo Padura e notas de Horacio, esta breve narrativa surge como uma inesperada fenda que nos permite sondar a personalidade íntima do homem político e revolucionário em tempo integral e suas relações com a condição humana. Fuga da Sibéria é publicado pela editora Ubu; a tradução é de Letícia Mei. Você pode comprar o livro aqui.
 
O futuro planeta para as gerações pequenas.
 
Deslumbramento é uma narrativa densa em que o autor Richard Powers apresenta um romance íntimo e comovente. Ao retratar pai e filho em busca de refúgio num mundo em crise, este é um livro poderoso que nos leva a questionar o lugar que ocupamos no universo e a reconsiderar nossa relação com a natureza. No cerne desta história, ressoa a inquietante (e urgente) indagação: como podemos contar aos nossos filhos a verdade sobre o futuro do planeta? Com tradução de Santiago Nazarian, o livro é publicado pela editora Todavia. Você pode comprar o livro aqui.
 
REEDIÇÕES
 
Dois novos títulos da obra completa de Ariano Suassuna ganham reedição.
 
1. Iniciação à Estética. Escrito no tempo em que Ariano Suassuna lecionava Estética na Universidade Federal de Pernambuco, este livro é uma iniciação à disciplina, aqui entendida como uma Filosofia da Beleza e, consequentemente, da arte. Aqui são apresentadas desde as opções iniciais da Estética e seus métodos mais frequentes de estudo até uma reflexão geral sobre o universo das artes, passando pelas principais teorias sobre a beleza surgidas ao longo do tempo, de Platão aos nossos dias. Com uma linguagem bastante acessível e uma abordagem didática, esta é uma obra fundamental para todos aqueles que pretendem se iniciar no campo da Filosofia da Arte. Marcados pelo desamparo e pelo desamor, os personagens da trama se abrigam no fanatismo religioso, elemento estruturante da peça. Trata-se de uma tragédia de viés moderno, na qual o sofrimento dos personagens não é resultado de imponderáveis armadilhas do destino ou inescapáveis desígnios dos deuses, como era comum nas tragédias gregas. A dor e a morte resultam de uma intrincada sobreposição de fatores psicológicos e de fatores socioeconômicos. A nova edição conta com ilustrações de Manuel Dantas Suassuna. Você pode comprar o livro aqui.
 
2. Os homens de barro. De 1949, esta é a terceira peça teatral escrita por Ariano Suassuna, sobrevindo a Uma mulher vestida de sol (1947) e Cantam as harpas de Sião (1948). Marcados pelo desamparo e pelo desamor, os personagens se abrigam no fanatismo religioso, elemento estruturante da peça. Trata-se de uma tragédia de viés moderno, na qual o sofrimento dos personagens não é resultado de imponderáveis armadilhas do destino ou inescapáveis desígnios dos deuses, como era comum nas tragédias gregas. A dor e a morte resultam de uma intrincada sobreposição de fatores psicológicos e de fatores socioeconômicos. Sem abdicar do caráter transcendental predominante nas tragédias, o autor não se furta de trazer à cena, ainda que em segundo plano, uma crítica incisiva às injustiças sociais, tão evidentes no sertão nordestino, mostrando como os poderosos agem para desarticular movimentações coletivas potencialmente ameaçadoras ao poder estabelecido. A nova edição publicada no âmbito do projeto das obras completas do escritor realizado pela editora Nova Fronteira traz o texto revisto pelo autor em 2003, com apresentação do professor, crítico e dramaturgo pernambucano Luís Reis. Você pode comprar o livro aqui.
 
O quinto volume da série Tragédia burguesa, de Octávio de Faria ganha reedição.
 
De concessão em concessão, mesmo inconfessadas, mesmo inconscientes — e quantas são dessa natureza! —, chegou-se ao mundo de Ivo e Branco: um triste mundo, um mundo de hipocrisia e mentira, mundo da capitulação diante da realidade carnal, da aceitação do homem como “um escravo vendido ao pecado”. Quando em volta tudo vacila, tudo é perigo, tudo fala de uma experiência que não pode mais ser evitada e não pode ser vivida, começa lentamente o caminho da renegação. Intitulado Os renegados, o livro é publicado pelo Sétimo Selo. Você pode comprar o livro aqui.
 
RAPIDINHAS
 
Prêmios da Biblioteca Nacional 2023. Foram divulgados nesta semana. Na categoria romance, a premiada é Luciana Hidalgo por Penélope dos trópicos; José Lins Brandão, em poesia, com Harsíese; e Micheliny Verunschk, no conto, com Desmoronamentos. Os prêmios da BN atendem ainda outras sete categorias.

Sempre Machado. O Itaú Cultural abre no próximo dia 18 de novembro mais uma das suas ocupações; desta vez, com uma exposição dedicada a Machado de Assis. A mostra reúne objetos pessoais, obras e vídeos sobre o trabalho do escritor e fica em cartaz até 4 de fevereiro de 2024.

DICAS DE LEITURA
 
Na aquisição de qualquer um dos livros pelos links ofertados neste boletim, você tem desconto e ainda ajuda a manter o Letras.
 
1. Cidade da vitória, de Salman Rushdie (Trad. Paulo Henriques Britto, Companhia das Letras, 384 p.) Reencontrando a tradição mítico-literária indiana o escritor revisita a vida na cidade de Bisnaga, a cidade da vitória, nascida entre a benção e maldição de uma criança domina pelos poderes da divindade. Você pode comprar o livro aqui
 
2. O homem do outdoor, de María José Ferrada (Trad. Silvia Massimini Felix, Moinhos, 128 p.). A história de Ramón e das pessoas que o cercam pelo ponto de vista de um menino de onze anos que acompanha a personagem desde a decisão de se mudar para um outdoor. Você pode comprar o livro aqui
 
3. A linha de sombra: uma confissão, de Joseph Conrad (Trad. Maria Luiza X. de A. Borges, Nova Fronteira, 160 p.) O retorno desta novela de 1917 é uma boa oportunidade para o leitor conhecer mais da obra do autor além de Coração das trevas. A narrativa aqui é centrada num jovem maneiro nomeado capitão de um navio mercante que empreende uma viagem difícil ao mesmo tempo literal e simbólica, visto nos depararmos com a passagem da juventude para o amadurecimento. Você pode comprar o livro aqui
 
VÍDEOS, VERSOS E OUTRAS PROSAS
 
Nesta semana sublinhamos o centenário de Ida Vitale. Nas nossas redes fizemos circular este vídeo gravado em 2018 quando a poeta uruguaia recebeu o Prêmio FIL Literatura; nele, a sua leitura do poema “Fortuna”, do livro Trema (2005). Veja aqui.

Nesta 4 de novembro de 2023, passam-se duas décadas sem Rachel de Queiroz. Recuperamos este vídeo que colocamos para circular em nossa página no Facebook em 2016 e no qual responde sobre as palavras mais bonitas na língua portuguesa.  

BAÚ DE LETRAS

Do fundo do baú. Em 2009 copiamos uma série de perfis literários com os quatro cavaleiros do Apocalipse, ou melhor, quatro nomes da chamada segunda geração do romantismo brasileiro. Entre eles, claro, o ressurrecto Álvares de Azevedo
 
Carlos Drummond de Andrade, Hilda Hilst, João Cabral de Melo Neto, Marly de Oliveira, Mário de Andrade, Manoel de Barros, Mário Quintana, Paulo Leminski, Ana Cristina Cesar… A presença dos poetas brasileiros neste blog é generosa. Talvez dê para marcar bem cada um dos 365 ou 366 dias de um ano. Aqui, uma listinha ainda de 2016 com os nomes de uma dezena dos continuam a produzir sua obra. 
 
DUAS PALAVRINHAS
 
A poesia busca tirar do seu abismo certas palavras que podem construir o tecido de cicatrização no qual todos estamos sem sabermos disso.

— Ida Vitale.

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