LANÇAMENTOS
Dois volumes organizados por
Fernando Paixão e Ieda Lebensztayn reúnem os textos resultados da atividade
crítica de José Paulo Paes.
1.
O primeiro volume de
José
Paulo Paes: crítica reunida sobre literatura brasileira e inéditos em livros
reúne em mais de cinco centenas de páginas, o célebre ensaio “As quatro vidas
de Augusto dos Antunes, e textos que vão da literatura colonial, passando pela
literatura do Brasil império até alcançar os modernistas de 1922 e alguns dos
escritores que foram seus contemporâneos. O livro conta com textos de discussão
e apresentação realizados pelos organizadores e um ensaio do amigo Alfredo Bosi
para quem “Ler o crítico José Paulo Paes é um contínuo desafio para enfrentar o
percurso que vai das partes ao todo e vem do todo ao particular. E é um convite
para reconhecer no detalhe o sentido que ilumina a obra inteira”.
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2. No segundo volume, o percurso é
semelhante, mas aqui são reunidos pela primeira vez em livro mais de três dezenas
de textos, entre eles a série “Carlos Drummond de Andrade e o Humour I, II e
III”, publicada apenas no jornal
O Dia, de Curitiba, entre março e abril
de 1948. Os dois volumes agora publicados saem pela Ateliê Editorial e editora
Cepe.
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Do premiado autor de Bartleby
e companhia
, Montevidéu
é um tratado sobre como o real e o imaginário
podem se mesclar até o ponto em que se tornam uma coisa só.
“Um dia irei a Montevidéu e
procurarei o quarto do segundo andar no hotel Cervantes, e será uma viagem real
ao lugar exato do fantástico, talvez o lugar exato da estranheza”, escreve o
narrador deste romance, após ler o célebre conto de Julio Cortázar, “A porta
condenada”, em que num quarto de hotel na capital uruguaia uma porta parece
separar o mundo real do da ficção. Depois da morte do pai e ao abandonar de vez
a literatura, o protagonista deste livro se torna obcecado por imagens de
portas — e tudo o que carregam como sinais de passagem e trânsito entre
realidades distintas. Ao se deslocar por cidades como Paris, Reykjavik,
Cascais, St. Gallen e Bogotá, o que busca o narrador, mesmo sem saber, é o
impulso necessário para voltar a escrever. Assim, Enrique Vila-Matas nos lança
no labirinto de uma espécie de manual de teoria literária que aponta para a
dissolução dos gêneros e para o caráter extraordinário dos textos híbridos, que
mesclam ficção, crônica, ensaio, e se situam na fronteira — separados apenas por
uma porta num segundo andar de um enigmático hotel no coração de Montevidéu. Tradução
de Júlio Pimentel Pinto e publicação da Companhia das Letras.
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Reconstrução da poesia amorosa
do Antigo Egito em 53 poemas e 12 fragmentos.
Em
Seu dedo é flor de lótus,
o poeta Guilherme Gontijo Flores reimagina e reinventa em nossa língua, de
forma extremamente pessoal, 53 poemas e 12 fragmentos que formam o corpus de
toda a poesia amorosa do Antigo Egito que sobreviveu até os nossos dias.
Anônimos e compostos entre os séculos XIII e XI a.C., estes versos foram
transcritos da linguagem hieroglífica, que não registra vogais, e seu caráter
lacunar leva os estudiosos a uma série de conjecturas que confrontam a própria
ideia de um texto original. Esta e outras questões são abordadas em um alentado
posfácio, em que o autor — recuperando proposições de Jacques Derrida, Pascal
Quignard e Henri Meschonnic — discute o processo de recriação destes belos
poemas. O livro sai pela Editora 34.
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Bienvenue à Paris dos
escritores, dos cafés e das transformações culturais. Ao combinar memórias e
entrevistas, a jornalista e tradutora Rosa Freire d'Aguiar oferece um registro
extraordinário de uma cidade e de uma época pulsantes.
Durante os anos 1970 e 1980, Rosa
Freire d'Aguiar trabalhou como correspondente internacional em Paris. Os
restaurantes mais badalados da época, a chegada do primeiro avião comercial
supersônico, a devolução do deserto do Sinai ao Egito, tudo que dizia respeito
a cultura e política internacional virava notícia, que era rapidamente
despachada por telex para o Brasil. E, claro, as longas entrevistas, que
marcaram a era de ouro das publicações impressas. Com um texto saboroso, na
melhor tradição do jornalismo literário, a autora reconstitui a atmosfera
fervilhante que dominava a cidade — dos cafés e livrarias até os embates
sociais e políticos que permeavam o dia a dia dos franceses. O livro ainda
inclui 21 entrevistas com intelectuais, escritores e políticos, aqui
personagens incontornáveis da história cultural do século XX: Alain
Finkielkraut, Alberto Cavalcanti, Conrad Detrez, Élisabeth Badinter, Ernesto
Sabato, Eugène Ionesco, Fernand Braudel, François Perroux, Françoise Giroud,
Georges Simenon, Jorge Semprún, Julio Cortázar, Michel Serres, Norma Bengell,
Peter Brook, Raymond Aron, Roger Peyrefitte, Roland Barthes, Romain Gary,
Simone Veil e Suzy Solidor.
Sempre Paris: crônica de uma cidade, seus
escritores e artistas sai pela Companhia das Letras.
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As crônicas de Kalaf Epalanga.
Nesta seleção de algumas de suas
melhores crônicas, Kalaf Epalanga reflete sobre a riqueza que a miscigenação
cultural é capaz de promover, sobre os laços entre África e Brasil, sobre seu
trânsito entre continentes, artes e sociedades. Com clareza argumentativa,
elegância estilística e paixão onívora por todas as manifestações artísticas, o
autor traz aqui um panorama variado da experiência de um pensador negro que
está sempre a auscultar o coração da produção cultural do planeta.
Minha
pátria é a língua portuguesa sai pela editora Todavia.
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Nova edição e tradução de uma
das obras principais de Ovídio.
Obra-prima sem igual no cânone,
Metamorfoses
impressiona pela sua vastidão ao repassar centenas de mitos enquanto passeia
por diferentes estilos, tendo como fio condutor justamente o fato de que na
vida — ou na mitologia — nada é estável, tudo está em perpétua mutação. Começando
com a origem do mundo, o poema de Ovídio soa quase enciclopédico ao abrigar
relatos fantásticos da imaginação grega e romana, cujos deuses muitas vezes
cedem a impulsos demasiado humanos. O universo deste livro parece caótico: o
amor é capaz de transformar uma pessoa em um animal, ou ainda em uma rocha. No
entanto, o transbordamento poético de Ovídio consegue costurar essas narrativas
com uma voz sedutora, e esta nova tradução busca emular o ritmo original do
texto ao preservar a métrica do hexâmetro datílico do latim no português,
resultando em uma linguagem fluida apta a ser recitada. Com tradução de Rodrigo
Tadeu Gonçalves, o livro sai pelo selo Penguin/ Companhia das Letras.
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Ana Elisa Ribeiro compõe cenas
que fascinam tanto quanto enojam e surpreende o leitor com viradas comoventes
ou aterradoras.
Os afetos, os laços — feitos,
desfeitos e os jamais construídos —, assim como a vida, a morte e a sobrevida
em condições precárias e absurdamente naturalizadas, são motivos para estes
contos, narrados ora em primeira, ora em terceira pessoa, ambientados em
espaços que podem variar da intimidade de simpáticas casas da classe média
baixa aos lamaçais de crimes ambientais escandalosos, onde as violências, micro
e macro, mostram a cara o tempo todo. Há variação também nos níveis de frieza e
lirismo com que uma morte e um amor, por humanos ou animais, podem ser
narrados.
Causas não naturais sai pelo selo Autêntica Contemporânea.
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Os relatos de Pierre Mabille
sobre o Haiti em chave surrealista e anticolonial.
A imersão em experiências limites,
entre consciência e inconsciência; o olhar sobre o transe de possessão e suas
conexões com a criação artística; o encontro entre a mente europeia e a
convulsão corpórea, convulsiva e afetiva da feitiçaria haitiana. Esses são
alguns dos temas que perpassam o relato do surrealista francês Pierre Mabille
(1904-1952) em
Os deuses falam pelos govis, com tradução de Marcus
Rogério Salgado. O Haiti aqui apresentado destoa do lugar comum construído ao
longo dos anos pelo noticiário — com destaque para as sucessivas crises
políticas e a condição de pobreza imposta à sua população. Publicado
originalmente na revista
Les Lettres nouvelles em 1958, seis anos após
sua morte, o relato de Mabille parte de uma perspectiva surrealista — portanto
anticolonial — em sua busca incessante pela liberdade absoluta.
Os deuses
falam pelos govis não se propõe a explicar como a colônia mais produtiva
das Américas — primeira a conquistar a independência por meio de uma revolta de
escravizados — se tornou o país mais pobre do continente. “
Os deuses falam
pelos govis não responde a essa pergunta, tampouco se dispõe a fazê-lo. O
que encontramos no texto de Pierre Mabille são justamente as ressonâncias
daquele impacto sobre os modos de percepção das alteridades radicais, só que
registradas em verbo a partir de coordenadas lançadas pelo surrealismo”,
destaca Salgado na apresentação. Com todas as tensões etnográficas, estéticas e
ideológicas que o estruturam, continua Salgado,
Os deuses falam pelos govis
“pode funcionar como uma boa porta de entrada para o pensamento de Pierre
Mabille”. Pensamento este que “varre como um tornado qualquer escolha possível.
Abre-nos, sem mais delongas, as portas para a liberdade absoluta”. Com o avanço
do nazismo na Europa, a aventura surrealista se espraiou pelas Américas na
década de 1940, momento que representa um avanço para a relativização do
eurocentrismo na arte e a valorização de tradições artística e culturais fora
do Ocidente, ideais preconizados pelo movimento a partir do Manifesto do
surrealismo (1924). Médico e intelectual francês em missão diplomático-cultural
no país, Mabille estabeleceu “vasos comunicantes” entre o surrealismo e o
Haiti, tendo sido responsável por recepcionar e acompanhar André Breton durante
sua estadia no país, em meio a sublevações estudantis e culturais. O livro é
publicado pela editora 100/Cabeças.
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A chegada do argentino Sebastián
Martínez Daniell ao Brasil.
Um turista inglês cai durante uma
escalada no Monte Everest. Enquanto decidem o que fazer diante dessa queda, os
dois guias, que conhecemos apenas como “sherpa velho” e “sherpa jovem”, são
forçados a encarar o abismo. E quando olhamos longamente para o abismo, o
abismo olha de volta para dentro de nós. O que diz o abismo? A partir desse
mote,
Dois Sherpas, do argentino Sebastián Martínez Daniell, mescla
influências que vão de Samuel Beckett a tiras cômicas e tratados de geologia,
passando por uma notável galeria de personagens históricos que inclui figuras
como George Mallory, Lady Houston, John Hunt, Tenzing Norgay e Edmund Hillary. Com
estrutura fragmentária e capítulos que parecem pequenas vinhetas ou flashes de
memórias, a narrativa vai percorrendo eventos marcantes da vida dos dois
sherpas: um encontro em uma praia perdida no tempo e no espaço, uma
apresentação escolar da peça Júlio César, de Shakespeare, um acidente com um
Caterpilar, uma viagem de carro a Namche. Paralelamente, Daniell nos conduz por
fragmentos da história da origem do povo sherpa, do colonialismo e da
exploração, em uma brilhante excursão pelas paisagens e pela simbologia das
montanhas do Himalaia. Com tradução de Mauricio Tamboni,
Dois sherpa é
publicado pela editora PontoEdita.
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REEDIÇÕES
Em comemoração ao centenário de Fernando Sabino, a editora Record
publica uma edição especial para O encontro marcado.
Publicado originalmente em 1956, esta uma das obras mais importantes da
carreira do autor vencedor do prêmios Jabuti e Machado de Assis e ganha uma
nova edição de luxo com textos inéditos: uma apresentação assinada pelo
premiado escritor Michael Laub; uma história da recepção do livro por Adauto
Leva, um estudioso da obra de Sabino, e a reprodução na íntegra de uma carta de
Clarice Lispector sobre O encontro marcado, escrita ao autor meses após
o lançamento do livro. O romance, com traços autobiográficos, traça a procura
desesperada do “eu” e da verdadeira razão da vida pelo olhar do jovem escritor
Eduardo Marciano, que amadurece num mundo desorientado, vivendo dramas
interiores e expondo os equívocos fundamentais que vinham frustrando sua
existência e sufocando sua vocação. Os “quatro mineiros do Apocalipse” ― os
escritores Hélio Pellegrino, Paulo Mendes Campos, Otto Lara Resende e Fernando
Sabino ―, cuja amizade marcou a literatura brasileira e a geração retratada em O
encontro marcado, inspiraram alguns dos personagens e episódios do livro.
Ele é, portanto, um retrato da experiência de toda uma geração, carregado de
dramaticidade e de questões existenciais. Você pode comprar o livro aqui.
A Nova Fronteira reúne três
obras de Joseph Conrad, considerado um dos grandes nomes da literatura mundial,
numa caixa.
Em sua prolífica carreira, Conrad
cultivou um estilo um tanto macabro, influenciado pelo sobrenatural, fazendo
uma espécie de jogo entre loucura e sanidade. E a experiência de muitos anos em
navios, viajando por mar a diversos países e culturas, lhe proporcionou
material e inspiração para seus livros. A caixa organizada pela Nova Fronteira
reúne três de seus principais trabalhos:
O coração das trevas, que
narra a jornada do capitão Marlow em um arriscado resgate na selva africana,
sai com prefácio do escritor André Barcinski;
Lord Jim, a história
de um jovem idealista atormentado, traz prefácio do escritor Bráulio Tavares; e
A linha de sombra, o registro de um angustiado protagonista na
transição da juventude para a vida adulta, sai com prefácio do escritor Miguel
Sanches Neto. Escritas na virada do século XIX para o XX, essas três obras
chegam aos nossos dias com atualidade impressionante, pondo valores em xeque e
questionando até onde vai o indivíduo em situações-limite. Os dois primeiros
livros referidos têm tradução de Marcos Santarrita e
A linha de
sombra, de Maria Luiza Borges.
Você pode comprar o livro aqui.
RAPIDINHAS
Caixas da 34. A casa colocou nas livrarias quatro caixas reunindo:
os dois volumes do Fausto,
de Goethe, nas já reconhecidas edições bilíngues e ilustradas com o trabalho do lumiar do
romantismo francês Eugène Delacroix e o expressionista alemão Max Beckemann;
os
dois volumes do D. Quixote de La Mancha, de Cervantes, em edições bilíngues
e com as célebres ilustrações de Gustave Doré; os dois poemas
épicos Ilíada e Odisseia, de Homero, também em edições bilíngues e com vasto material de apoio; e, ufa (!) a reunião da
obra completa de François Rabelais, organizada em três volumes por Guilherme Gontijo Flores e
com as ilustrações de Gustave Doré. Nos links aqui disponíveis você conhecer
cada uma e adquiri-las.
O interminável desassossego. A editora Tinta-da-China Brasil trabalha na organização de uma caixa com o célebre
Livro do desassossego que reunirá quase duas centenas de manuscritos de Fernando Pessoa em edição fac-similar.
DICAS DE LEITURA
Na aquisição de qualquer um dos
livros pelos links ofertados neste boletim, você tem desconto e ainda ajuda a
manter o Letras.
1.
À margem da margem, de Augusto
de Campos (Companhia das Letras, 192 p.) Reeditado em 2023, este livro é parte
da viagem interliterária realizada pelo célebre nome do Concretismo. Os ensaios
reunidos aqui transitam pelos pontos limítrofes da literatura sempre por
contraste, uma vez que dos autores consagrados, o ensaísta elege para leitura suas
obras marginais.
Você pode comprar o livro aqui.
2.
Obras completas de Adolfo
Bioy Casares (Trad. Sérgio Molina e Rubia Prates Goldoni, Biblioteca Azul, 952
p.) Todo leitor interessado na literatura escrita na Argentina, depois de
adquirir
o primeiro e
o segundo volumes com a obra completa de Bioy Casares,
deve completar sua biblioteca com este livro que reúne os textos escritos entre
1972 e 1999, incluído entre esse material as anotações dos diários de quando o
escritor esteve no Brasil, onde se encontra como figuras como Alberto Moravia,
Graham Greene e Cecília Meireles. Preciosidade.
Você pode comprar o livro aqui.
3.
Degeneração, de Fernando
Bonassi (Record, 288 p.) Com esse livro, o escritor brasileiro amplia sua
narrativa acerca do Brasil corrente; aqui se narra a saga de um filho que
precisa liberar o corpo do pai que acaba de morrer e está no necrotério de um hospital
público de São Paulo, às vésperas da eleição que colocaria a extrema direita no
poder.
Você pode comprar o livro aqui.
VÍDEOS, VERSOS E OUTRAS PROSAS
Setembro se inicia com o
aniversário de António Lobo Antunes. O escritor português nasceu no dia 1.º
desse mês em 1942. Ainda em 2017, acrescentamos
um vídeo na nossa pequena
galeria do gênero no Facebook e que está entre os mais vistos pelos transeuntes
daquela rede social é a récita do ator Pedro Lamares do “Poema aos homens
constipados”, de Lobo Antunes. De brinde, ainda podem ver/ ouvir o poema “Uma
pequenina luz bruxuleante”, do poeta Jorge de Sena.
BAÚ DE LETRAS
Neste 2 de setembro de 2023, passam-se cinco décadas da morte de J. R. R. Tolkien. Sublinhamos a efeméride, recordando algumas das publicações realizadas pelo
Letras até agora:
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