Boletim Letras 360º #533

Martin Amis Foto: Lisbeth Salas


LANÇAMENTOS
 
O premiado livro de ensaios de Ursula K. Le Guin ganha edição no Brasil.
 
Por anos, a escritora Ursula K. Le Guin conquistou gerações de leitores com seus mundos imaginários. Durante a última parte de sua vida, a velhice, ela explorou um novo território: ensaios para o público geral, publicados em seu blog. Esses textos estão reunidos aqui e representam a junção perfeita da escrita envolvente e evocativa de suas narrativas ficcionais com temas universais como envelhecimento, família e... amor, seja por seus amigos, seja por seus animais de estimação. Com maestria ímpar e um domínio narrativo sem igual, Le Guin conduz o leitor por seus questionamentos e reflexões sobre como envelhecer muda a percepção que temos do mundo a nossa volta. Sem cair em um monólogo piegas nem em uma glorificação infundada, ela consegue mostrar com clareza os sofrimentos e as grandezas de um período da vida tão pouco explorado na literatura. Sem tempo a perder: reflexões sobre o que realmente importa foi vencedor do Prêmio PEN/ Diamonstein-Spielvogel e do Prêmio Hugo de ensaios. Com tradução de Juliana Fausto, o livro é publicado pelo selo Goya. Você pode comprar o livro aqui.
 
Uma seleção com mais de oito dezenas de sonetos de Francesco Petrarca.  
 
A história do soneto é indissociável da figura lendária de seu difusor, Francesco Petrarca. Nesta cuidadosa seleção de Sérgio de Queiroz Duarte, o leitor contempla os versos apaixonados escritos para Laura, jovem que despertou o amor à primeira vista no poeta italiano. Francesco Petrarca contava apenas 23 anos quando mergulhou em uma obsessão amorosa e platônica pela enigmática Laura. Sua paixão distante durou uma vida inteira e inspirou grande parte da obra poética do autor, que, com uma métrica rígida e fluidez admirável, consolidou a forma singular do soneto. Conhecido como o pai do humanismo, Petrarca foge das convenções da época e se situa no limiar entre dois mundos: uma religiosidade intensa e um olhar que se volta para o próprio indivíduo. Seus poemas dedicados à amada celebram a tempestuosidade do sentimento amoroso, instilando no coração tanto o júbilo quanto a angústia. Além da seleção, Sérgio de Queiroz Duarte traduziu e escreveu o prefácio de Na terra e no céu: 84 sonetos de amor para Laura, que sai pela Penguin/ Companhia das Letras. Você pode comprar o livro aqui.
 
Um clássico da literatura fantástica, um marco do surrealismo.
 
Aos noventa e dois anos e com a audição prejudicada, Marian Leatherby ganha uma corneta auditiva de sua melhor amiga. Com auxílio do aparelho, Marian descobre que seu filho, nora e neto têm planos soturnos: não suportando mais conviver sob o mesmo teto que ela, a família se articula para mandá-la a um asilo. Mas o lugar em questão não é uma instituição comum — os edifícios residenciais têm formato de bolo de aniversário, de cogumelos e de iglus. Lá, Marian embarca em uma jornada imprevisível, em que descobre fenômenos como a Freira Piscando, a Rainha Abelha, a entrada para um submundo e um assassinato misterioso. Considerada a última das mulheres surrealistas, a pintora, dramaturga e romancista Leonora Carrington foi uma artista audaciosa e revolucionária. A corneta é a grande chave de sua obra anárquica e repleta de alusões. Com posfácio de Olga Tokarczuk, tradução de Fabiane Secches, o livro sai pela Alfaguara. Você pode comprar o livro aqui.
 
Os contos da boliviana Liliana Colanzi.
 
Uma forte vinculação a determinado espaço une os contos de Vocês brilham no escuro, seja a região de Oaxaca no México, El Alto, vilarejos amazônicos ou uma comunidade religiosa na Bolívia, ou mesmo a cidade de Goiânia. A história e a cultura desses espaços marcam vivamente as personagens e suas trajetórias. Novas tecnologias e configurações sociais não apagam raízes históricas e crenças ancestrais, e Liliana Colanzi explora com precisão essa convivência e as ansiedades que a permeiam. É um livro de contos que desliza. Desliza numa realidade ambígua, numa realidade inquietante, numa realidade bela, numa realidade aterradora. (Rosa Montero). Com tradução de Bruno Cobalchini Matos, o livro sai pela editora Mundaréu. Você pode comprar o livro aqui.
 
Resultado de um primoroso trabalho de pesquisa e tradução de Frederico Lourenço, Evangelhos apócrifos traz novo ângulo para uma história há muito conhecida.
 
Até a imposição de uma doutrina única no século IV, circulavam, em paralelo aos evangelhos considerados canônicos, outros textos, que nos apresentavam a figura de Jesus Cristo sob diferentes perspectivas. Chamados de apócrifos — entendidos muitas vezes como heréticos, falsos —, esses evangelhos levam este nome pela acepção clássica de Eurípides, Heródoto e do próprio Novo Testamento: são secretos, escondidos. Uma parte deles se refere a ditos que Jesus teria proferido em contexto privado, apenas a seus apóstolos. A outra parte, se refere à biografia anterior ao Filho de Deus. Nesta edição, estão reunidos evangelhos de Tiago, Tomé, Filipe, Maria, Pedro, Nicodemos, além de fragmentos sobre a infância e a paixão de Cristo, a narrativa de José de Arimateia, o relatório de Pilatos, entre outros. Muitos destes textos permaneceram desconhecidos até a segunda metade do século XX e o seu conteúdo ainda suscita controvérsia. No entanto, os evangelhos apócrifos constituem um estímulo para repensarmos, hoje, o cristianismo de forma menos dogmática e mais inclusiva. Em edição bilíngue, que reproduz as fontes originais, e amparada por comentários crítico-históricos ao mesmo tempo objetivos e sensíveis, que abordam com delicadeza temáticas chocantes, Evangelhos apócrifos é publicado no Brasil pela Companhia das Letras. Você pode comprar o livro aqui.
 
Nova tradução direta do sânscrito revela a beleza de um poema do século XII que se fez peça fundamental da cultura hinduísta.
 
Canto para Govinda narra em um ritmo intenso de dança a história de amor entre dois pastores, oscilando entre a dimensão do terreno e do místico. Este clássico recebe nova tradução do sânscrito, privilegiando a sonoridade musical e contextualizando termos para leitores pouco familiarizados com a tradição indiana. Composto no século XII por Jayadeva, o poema inspirou artistas de diversas áreas ao longo dos séculos, tornando-se central na música e na dança indiana, além de fonte mitológica riquíssima para estudantes da filosofia da yoga. Nele, a história de amor entre os pastores Govinda e Rādhā desfila por diversos estágios, da separação à união carnal, habitando ao mesmo tempo a dimensão erótica e a mística. A linguagem, sugestiva e repleta de insinuações, mostra que a arte poética é o espaço de encontro entre o humano e o divino, onde as fronteiras do “eu” são dissolvidas. Canto para Govinda transcende o status de mera curiosidade cultural, alcançando o patamar literário de clássico atemporal a ser redescoberto pelo cânone. Com tradução de João Carlos B. Gonçalves, o livro sai pela Penguin/ Companhia das Letras. Você pode comprar o livro aqui.
 
Novo título da coleção dedicada à publicação da obra de Marguerite Duras apresenta dois textos da escritora francesa.
 
Olhos azuis, cabelos pretos, romance de 1986 de Marguerite Duras, se desenrola em um quarto de hotel em um balneário francês, onde ao fundo é possível avistar o mar e escutar o barulho de pessoas desconhecidas em busca de sexo. Um jovem estrangeiro de olhos azuis enigmáticos e cabelos pretos passa pelo saguão do hotel e se mistura na multidão. Dentro do cômodo, há dois protagonistas que se conectam por um desejo peculiar e sem esperanças. O que os une é a falta do rapaz estrangeiro, que consome seus pensamentos. O Homem e a Mulher: personagens formais, belos, nus e iluminados pela luz noturna que penetra a janela do quarto. Ela, uma escritora do interior; ele, um jovem homossexual. Jogados lado a lado na cama, em uma imobilidade que impede que se consuma qualquer relação, eles conversam e lamentam a ausência do estrangeiro, que desconhece suas existências e exerce um fascínio desmesurado sobre eles. Completa o livro, “A puta da costa normanda” é um pequeno texto biográfico de Marguerite Duras, escrito concomitantemente a Olhos azuis, cabelos pretos. A escritora está em um hotel em Trouville, de frente para o mar, e escreve as páginas de seu romance na companhia de seu amante Yann Andréa, 38 anos mais jovem que ela e homossexual. Este último tem a tarefa de digitar o texto em uma máquina de escrever. A relação dos dois é conturbada. Ouvimos gritos. Yann critica sua amante por seu desejo de escrever, sua misantropia, sua vontade inabalável que não deixa espaço para mais nada. Ele a culpa pela falta de sociabilidade, pela falta de vontade de sair, de aproveitar a vida. Ele está vivendo a “realidade”, em Trouville, entre o Casino e o grande hotel. Ela está em um mundo virtual e imaginário. Ao contrário de Olhos azuis… este manuscrito é secreto, não dado a Yann para sua digitação. Segundo Duras, quando o livro terminar, não há mais razão para que ele exista como objeto pessoal, podendo ser publicado para testemunhar o que aconteceu durante o tempo de escrita de seu romance. Com tradução de Adriana Lisboa e prefácio de Simona Crippa, o livro é publicado pela Relicário Edições. Você pode comprar o livro aqui.
 
O segundo volume da poesia de Fernando Pessoa organizada Teresa Rita Lopes.
 
Após publicar o Livro do desassossego e a obra dos heterónimos de Fernando Pessoa — como Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis — a Global Editora continua uma etapa de suma relevância do processo de disponibilização ao público leitor da obra de um dos maiores escritores da literatura universal. Com o primeiro volume de Poesia Autónima publicado ainda em 2021 temos acesso a uma porção de suprema importância dos versos que os estudiosos passaram a considerar como concebidos pela persona poética de Pessoa. Os poemas presentes neste tomo inicial datam desde o início de sua carreira como escritor até o ano de 1930. Agora, o segundo volume da Poesia Autónima amplia essa biblioteca. O trabalho de edição é da pesquisadora Teresa Rita Lopes, professora catedrática de Literaturas Comparadas da Universidade Nova de Lisboa (Portugal) e que tem dedicada toda uma vida acadêmica ao estudo dos escritos do célebre e maior escritor português. Você pode comprar o livro aqui.

Os temas da discriminação e opressão racial encontram aquela que talvez seja sua abordagem mais abrangente, radical e original, exposta numa linguagem clara e envolvente.

Para o filósofo e pensador político afro-judeu Lewis R. Gordon, a consciência negra, com inicial minúscula, distingue-se da consciência Negra, com maiúscula. A primeira se limita à percepção, por parte de pessoas negras, de que são discriminadas e oprimidas, e é basicamente passiva. Já a consciência Negra é ativa: apela para uma ação que combata e supere os fundamentos do racismo estrutural. Em Medo da consciência negra, a partir do estudo do surgimento da noção eurocêntrica e colonialista de raça, Gordon percorre as inúmeras formas de emergência da consciência Negra nos Estados Unidos e em outras partes do mundo, bem como as reações a ela, muitas vezes insidiosas e pouco perceptíveis. O quadro traçado aqui é complexo e surpreendente, revelando as fissuras e divergências no próprio seio das comunidades afrodescendentes. Com o olhar atento para movimentos contemporâneos, como o Black Lives Matter, e para as produções recentes da indústria cultural, Gordon debate e atualiza ideias de pioneiros como W. E. B. Du Bois e Frantz Fanon para abordar o antirracismo em suas articulações com outras questões de identidade e pertencimento: de gênero, classe social, ideologia política, religião etc.  Com tradução de José Geraldo Couto, o livro sai pela editora Todavia. Você pode comprar o livro aqui.
 
REEDIÇÕES
 
A Ateliê Editorial reedita Um lance de dados, de Mallarmé.
 
O poema “Un coup de dés” (Um lance de dados), de Mallarmé, teve sua primeira publicação na revista Cosmopolis, em 1897. O poeta viria a morrer no ano seguinte, e o poema só veio a ter edição em livro postumamente, em 1914. Ao longo de todo o século XX, e agora seguindo pelo século XXI adentro, o Um lance de dados exerceu influência imensurável não apenas no campo da poesia, talvez de modo especial nas experimentações visuais, mas também no âmbito da própria crítica, para a qual constitui um desafio permanente. Mas seu impacto se fez sentir ainda mais amplamente, alcançando as artes plásticas e a música. Paul Valéry, que deixou relato emocionado da leitura que Mallarmé lhe fez de seu poema e que foi dos primeiros a escrever sobre ele — o que fez, de resto, mais de uma vez — fala da impressão de, ao ver o Um lance de dados, estar a ver a “figura de um pensamento”; e resumiu a criação de Mallarmé na bela imagem de que este, com o projeto de Um lance de dados, havia tentado “elevar enfim uma página à potência do céu estrelado”. A tradução de Álvaro Faleiros, trabalho acurado e competente, como exige a dificuldade do poema, propõe como primeira meta o acesso em português ao texto de Mallarmé – este é naturalmente o objetivo de uma tradução. Além disso, porém, estabelece profícuo diálogo com o universo dos trabalhos consagrados ao poema, em que se inclui de modo especial a tradução precedente, realizada por Haroldo de Campos na década de 1970, um marco na apresentação de Mallarmé aos leitores brasileiros. Assim, a tradução realizada por Álvaro Faleiros implica (não apenas no texto em que comenta e esclarece seu trabalho, mas no próprio exercício de traduzir) uma bem-vinda e oportuna renovação e retomada da discussão sobre a constituição e as consequências desse poema, quando desse modo a atividade de tradução se revela também como leitura, interpretação, crítica, criação. Você pode comprar o livro aqui.
 
RAPIDINHAS
 
Um próximo livro de Murakami no forno. A editora Alfaguara, que se fez responsável pela obra do escritor japonês no Brasil, anunciou nas redes sociais a publicação para breve de Primeira pessoa do singular.

Flip 2023. Neste ano a Festa Literária Internacional de Paraty alcança 20 anos desde a primeira edição. O evento sediado na pequena cidade litorânea do Rio de Janeiro acontecerá entre os dias 22 e 26 de novembro. A comissão organizadora não divulgou qual será o homenageado deste ano. 

PRÊMIO LITERÁRIO

O autor Best-Seller Haruki Murakami venceu o Prêmio Princesa das Astúrias.
 
O júri daquele que é considerado um dos mais importantes prêmios do universo de língua espanhola distinguiu a obra do escritor japonês por “seu alcance universal, a capacidade de conciliar a tradição japonesa e o legado da cultura ocidental”. Traduzido para mais de 40 idiomas, Haruki Murakami fez da sua obra prolífica uma das mais populares do mundo no entre-séculos XX-XXI.    
 
EVENTO
 
A Associação Quatro Cinco Um realiza a 2.ª edição da Feira do Livro
 
Criada em 2022 em São Paulo, com sede na praça Charles Miller, em frente ao Estádio do Pacaembu, a feira reúne autores e editoras de várias frentes. Realizado de 7 a 11 de junho, o evento neste ano reúne mais de sessenta nomes e 144 expositores. Em informe distribuído pela Quatro Cinco Um, a segunda edição amplia a presença das livrarias e de editores fora do núcleo paulistano. Programa completo aqui.  
 
OBITUÁRIO
 
Morreu o escritor Martin Amis.
 
Martin Amis nasceu a 25 de agosto de 1949, em Oxford, Inglaterra. Fez seus estudos entre a Grã-Bretanha, Espanha e Estados Unidos. Frequentemente associado aos autores britânicos da década de 1980, entre Salman Rushdie, Ian McEwan e Julian Barnes, com uma obra marcadamente influenciada pelo trabalho de Philip Roth, John Updike e Saul Bellow, a estreia de Amis na literatura acontece em 1973 quando publica o romance The Rachel Papers, logo duplamente premiado; na época, ele trabalhava como assistente editorial no Times Literary Supplement. Nos jornais, atuou ainda no New Statesman e colaborou com meios como The Observer, Times Literary Supplement e New York Times. Dois anos mais tarde publica o romance Dead Babies; seguem-se vários títulos nesta forma literária e de amplo reconhecimento, como Grana (1984), uma trilogia formada por narrativas centradas em Londres — Campos de Londres (1989), Trem noturno (1991) e A informação (1995) —, Experiência (2000), A zona de interesse (2014) e Casa de encontros (2006). Também escreveu contos, parte deles reunidos em antologias como Água pesada e outros contos (1998) e várias coletâneas de ensaios, como The Moronic Inferno and Other Visits to America (1986), Visiting Mrs Nabokov and Other Excursions (1993) e The War Against Cliché (2001). Martin Amis morreu em Lake Worth, na Flórida, Estados Unidos, no dia 19 de maio de 2023.
 
DICAS DE LEITURA
 
Na aquisição de qualquer um dos livros pelos links ofertados neste boletim, você tem desconto e ainda ajuda a manter o Letras.
 
1. A repetição, de Pedro Cesarino (Todavia, 144 p.) Duas novelas com pontos de dois mundos diversos e em embate. Dois personagens envolvidos em dilemas sobre a verdade; situados em mundos diferentes — um na floresta, o outro na metrópole — nos seus percursos confrontam o passado escravocrata, a violência contra os povos indígenas e a exploração econômica. Você pode comprar o livro aqui
 
2. A mais recôndita memória dos homens, de Mohamed Mbougar Sarr (Trad. Diogo Cardoso, Fósforo, 400 p.) O percurso de busca de um jovem escritor senegalês pelo misterioso T. C. Elimane, o Rimbaud negro, vara Dakar, Paris, Amsterdã, Buenos Aires; um romance que, nas palavras de Kalaf Epalanga, “celebra a beleza da literatura e a importância da criação artística”  Você pode comprar o livro aqui

3. O ofício, de Serguei Dovlátov (Trad. Daniela Mountian e Yulia Mikaelyan, Kalinka, 232 p.) Em duas partes, nesta novela um narrador em primeira pessoa, situado entre a realidade e a fantasia, cria um universo artístico em que são tratadas as peripécias de seus manuscritos em dois momentos da vida: na União Soviética e nos Estados Unidos. Você pode comprar o livro aqui
 
VÍDEOS, VERSOS E OUTRAS PROSAS
 
Em 2009, a série televisiva Grandes Livros, veiculada na RTP, dedicou um dos seus programas para tratar do Livro do desassossego, do semi-heterônimo Bernardo Soares (Fernando Pessoa). É possível acompanhar o teledocumentário aqui.
 
BAÚ DE LETRAS
 
Iniciamos a semana que agora termina com a tradução deste texto de Eduardo Lago sobre o escritor britânico Martin Amis. 
 
No passado dia 23 de maio de 2023, celebrou-se o centenário do pensador português Eduardo Lourenço. Citamos a efeméride para recordar este texto de Maria Vaz que, entre outras observações, atenta para o livro O labirinto da saudade
 
DUAS PALAVRINHAS
 
No fundo acredito que todos nós sabemos que o multiculturalismo é uma fraude, é uma farsa, ninguém acredita muito nisso, todo mundo apenas finge que o faz. Como alguém pode acreditar em algo assim? Vejamos o caso do Islã e seu tratamento com as mulheres: alguém acha que devemos respeitar a ideia de que uma menina de nove anos deva se comprometer com um homem mais velho porque seus pais dizem isso? Alguém acha que a poligamia, a circuncisão feminina, a burca, a proibição de dirigir ou viajar são defensáveis?

— Martin Amis, entrevista ao Letras Libres.

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