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Mostrando postagens de maio, 2023

Assassinos da lua das flores, de Martin Scorsese

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Por Jorge Negrete Uma profecia sobre o esquecimento abre  Killers of the Flower Moon (no Brasil,  Assassinos da lua das flores ), a mais recente obra do cineasta ítalo-americano Martin Scorsese. Tal profecia anuncia que a nação osage , povo originário dos Estados Unidos, perderá gradativamente seus costumes e a pureza dos mesmos, bem como a de seu sangue, que será corrompido de geração em geração. “Nossa língua será lentamente esquecida”, diz parte da profecia, que é seguida pela descoberta de um campo de petróleo que traz uma riqueza inexorável para os osage , mas ao mesmo tempo uma onda avassaladora de morte, dor e, acima de tudo, esquecimento.   Scorsese tem um compromisso com a história que tem sido tangível não apenas em seu trabalho no cinema, mas também em seu envolvimento ativo apoiando outros cineastas, em sua docência fílmica ocasional — como em seu documentário A Personal Journey with Martin Scorsese through American Movies (1995) — e, claro, em seu trabalho na World Film F

Aldo Manuzio e a máquina de fazer livros

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Por Javier Azpeitia Erasmo de Rotterdam na imprensa de Aldo Manuzio, em Veneza. Ilustração.   O livro na base da indústria capitalista   Quando e por que o livro se tornou a mercadoria de referência? O grande grupo editorial poderia ter sido uma invenção antes da editora independente? É possível que o carro-chefe de uma indústria em queda livre, como a editorial, beneficie uma gigante inovadora, transnacional e deslocalizada como a Amazon? O que é o livro: um objeto de transmissão cultural, um daqueles itens de consumo irracional ou uma mercadoria sem futuro?   Ao longo da história, antes da mudança de paradigma cultural provocado pela internet com a digitalização da transmissão do conhecimento, houve outros terremotos que também mudaram a forma como o saber flui entre os seres humanos. E a verdade é que são todos tão semelhantes que podem ser analisados ​​como um único fenômeno, que sempre leva seus exaltados defensores a fantasiar a chegada de uma nova era de liberdade, e seus exalta

A trindade de Raymond Radiguet, uma radiografia da sua obra

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Por José Homero Raymond Radiguet, 1921. Foto: Man Ray   “Raymond Radiguet compartilha com Arthur Rimbaud o terrível privilégio de ser um fenômeno da literatura francesa.” Esta afirmação de Jean Cocteau no prefácio à edição dos textos inéditos do seu antigo protegido e amante sela uma associação que Radiguet suscitou da sua inoportuna e tempestuosa irrupção.   Nascido em 18 de junho de 1903 às margens do Marne, no Parc-Saint-Maur, abandonou a escola aos catorze anos para se dedicar à vagabundagem e à leitura dos clássicos franceses. Filho de um cartunista, aos quinze anos viajava a Paris para entregar os cartuns e esboços de seu pai Maurice ao L'Intransigeant , para o qual ele também logo colaboraria. Nas dependências do jornal conheceu André Salmon, cuja influência seria decisiva para o futuro escritor, ao introduzi-lo no círculo da boêmia e da vanguarda parisiense.   Apesar de sua fama de talento precoce — então decantado numa poesia que sugeria tanto o modelo cubista quanto o dad

Treze tankas de Ishikawa Takuboku¹, em “Brinquedos Tristes” (1912)

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Por Pedro Belo Clara (Seleção e versões)* I. este som no meu peito quando respiro — mais solitário que o vento do inverno     II. a filha tarda em regressar das suas brincadeiras pego no comboio em miniatura e faço-o correr     III. de repente, senti que teria de caminhar para sempre nestas ruas à meia-noite     IV. hoje, de novo, sake² — conheço cada vez melhor estas náuseas de beber     V. como um comboio passando por campos desolados esta agonia, de quando em vez, atravessando o coração     VI. de certo modo é como visitar o sepulcro do primeiro amor esta vida nos subúrbios     VII. creio na chegada duma nova manhã! — digo estas palavras com seriedade mas…     VIII. repreendendo várias vezes a minha debilidade e, miserável, perguntando-me porque sou assim fui pedir dinheiro emprestado     IX. nestes últimos quatro ou cinco anos nem por uma vez observei o céu pode um homem mudar assim tanto?     X. desperto, de repente, à meia-noite com vontade de chorar, sem saber porquê — puxo

Boletim Letras 360º #533

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Martin Amis Foto: Lisbeth Salas LANÇAMENTOS   O premiado livro de ensaios de Ursula K. Le Guin ganha edição no Brasil .   Por anos, a escritora Ursula K. Le Guin conquistou gerações de leitores com seus mundos imaginários. Durante a última parte de sua vida, a velhice, ela explorou um novo território: ensaios para o público geral, publicados em seu blog. Esses textos estão reunidos aqui e representam a junção perfeita da escrita envolvente e evocativa de suas narrativas ficcionais com temas universais como envelhecimento, família e... amor, seja por seus amigos, seja por seus animais de estimação. Com maestria ímpar e um domínio narrativo sem igual, Le Guin conduz o leitor por seus questionamentos e reflexões sobre como envelhecer muda a percepção que temos do mundo a nossa volta. Sem cair em um monólogo piegas nem em uma glorificação infundada, ela consegue mostrar com clareza os sofrimentos e as grandezas de um período da vida tão pouco explorado na literatura. Sem tempo a perder: r