DO EDITOR
1. Olá, leitores, os mais assíduos
neste espaço já podem ter visto que iniciamos um novo trabalho de restauração e
revisão visual do blog, um ano depois da última grande reforma que realizamos. É
o cuidado para rumar ao aniversário de 20 anos. Ainda está um pouco distante, mas
quatro anos é pouca coisa.
2. O blog, lembramos, conta com a
sua ajuda para o custeio das despesas mínimas de domínio e hospedagem.
Conheça todas as formas de colaborar, aqui.
3. Entre essas formas, está a
aquisição
de qualquer um dos livros apresentados neste Boletim pelos links nele ofertados
ou mesmo qualquer produto adquirido online usando
este link.
4. Esperamos que o feriado tenha
sido ótimo e desejamos um rico final de semana!
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Hilda Hilst. Foto: Eduardo Simões. |
LANÇAMENTOS
Dois novos volumes do Teatro
Completo de Hilda Hilst.
1. O terceiro volume do seu Teatro
Completo reúne duas peças:
O rato no muro, de 1967; e
O auto da barca
de Camiri, do ano seguinte. Na primeira peça, em um convento isolado, as
freiras são chamadas não por nomes, mas por letras, e vivem um dia a dia de
culpabilização e penitência. A autoridade da madre superiora reina suprema, até
que a irmã H. resolve questionar o status quo e promover o diálogo. A segunda
propõe uma alegoria sobre a justiça, com a encenação kafkiana do julgamento de
um herói popular, inspirado na figura histórica de Che Guevara.
Você pode comprar o livro aqui.
2. O quarto volume reúne outros
dois textos de 1967 e 1968, respectivamente:
A empresa e
O novo
sistema. No primeiro, a protagonista América debate-se entre o fervor
revolucionário e a pressão pela repetição de modelos existentes.
O novo
sistema, por sua vez, tem caráter distópico: vê-se a passagem para um
modelo autoritário de educação, em que a reflexão e o indivíduo não são
possíveis. A nova ordem se reflete inclusive na linguagem, mas o Menino não se
curva à experiência e sabota os planos totalitários. As edições incluem ensaio
biobibliográfico de Leusa Araújo e texto de apresentação de Carlos Eduardo dos
Santos Zago.
Você pode comprar o livro aqui.
Pedro Almodóvar, o escritor.
A vida é muito efêmera, às vezes
você não tem outro remédio a não ser fazer tudo ao mesmo tempo, se quiser tirar
algum proveito dela. Reunião, em única edição, da estreia do cineasta espanhol
Pedro Almodóvar na literatura. A primeira parte do livro é formada por crônicas
publicadas pelo autor ao longo dos anos 1980 na revista
La Luna de
Madrid, traz as memórias despudoradas de Patty Diphusa, uma estrela pornô que
pertence, segundo ela mesma, a esse tipo de mulheres que protagonizam a época
em que vivem. Já em “Fogo nas entranhas”, somos apresentados a uma
história protagonizada por um excêntrico grupo de mulheres, cujas vidas se
cruzam pelo mútuo envolvimento com um chinês sentimental, dono de uma fábrica
de absorventes íntimos e que, de tanto ser traído, se transforma no vilão da
história. Marca registrada do autor, as narrativas presentes em
Patty
Diphusa, Fogo nas entranhas e outras histórias são, ao mesmo tempo,
instigantes, hilárias, repulsivas e empolgantes, com um olhar único e profundo
sobre a vida humana. O livro é publicado pela Tusquets. Brasil.
Você pode comprar o livro aqui.
As aulas de Nabokov sobre o clássico de Cervantes.
Entre os anos de 1951 e 1952, Vladimir Nabokov ministrou aulas como
professor convidado da Universidade de Harvard. Munido de um conhecimento amplo
sobre
Dom Quixote, foi para a sala de aula determinado a mudar a visão
dos estudantes a respeito dessa obra. Com seu estilo único, cheio de ironia,
bom humor e novas perspectivas sobre o clássico cervantino, Nabokov mostrou-se
um profícuo professor e crítico literário. As aulas, embora preparadas com
maestria, ficaram guardadas em pastas por longos anos até que o editor Fredson
Bowers as reuniu e transformou em
Lições sobre Dom Quixote. As anotações
completas e os comentários que Nabokov guardava para si são trazidos à luz para
quem quiser se aprofundar nos estudos das aventuras de Dom Quixote e seu companheiro
Sancho Pança. Mas, se o leitor desejar apenas uma leitura prazerosa acerca dos
escritos de um exímio e sarcástico professor para seus alunos universitários,
Lições
sobre Dom Quixote têm outra chave interpretativa, se transformando em uma
nada ortodoxa aula sobre a arte de lecionar. Seja qual for o motivo do
interesse, trata-se de um livro que nos apresenta uma nova proposta de análise
da obra de Cervantes, tirando-a da classificação de comédia atribuída
usualmente pela crítica para provar aos estudantes — e agora, aos leitores —
que o clássico espanhol é também uma obra brutal, um verdadeiro retrato da
escuridão da Idade Média.
Lições sobre Dom Quixote é uma preciosa
oportunidade de conhecermos um autor clássico por meio de outro, pois pela
mirada perspicaz e erudita de Nabokov, descortina-se para nós um novo
Cervantes. Com tradução de Jorio Dauster o livro sai pela editora Fósforo.
Você pode comprar o livro aqui.
Obra assinala os 170 anos do
nascimento de Vincent van Gogh.
Van Gogh: mutilado e
suicidado coloca em diálogo ensaios dos surrealistas Antonin Artaud e
Georges Bataille. Escritos em um período de intensa atividade do movimento
surrealista, entre as décadas de 1930 e 1950, os textos questionam, por
diferentes vias, o estigma psiquiátrico que pesa sobre a imagem do artista
ainda. Ao trazerem elementos da psicanálise, antropologia e etnologia, no caso
de Bataille, e a verve poética em tom de manifesto antimanicomial em Artaud, os
ensaios se complementam e apresentam uma atualidade assustadora. “Apesar de
suas naturezas distintas, ambos os autores veem no pintor um espírito superior,
cuja alienação — e não a loucura, vale frisar - se insere entre a genialidade e
a insubordinação irrestrita”, destaca Diogo Cardoso na apresentação; ele traduz
o livro agora publicado pelas Edições 100/cabeças.
Uma introdução a Fernando
Pessoa.
Neste ensaio, Jerónimo Pizarro
presta um tributo à pluralidade de Fernando Pessoa, revelando como ler Pessoa a
partir de seu vasto legado e com a ajuda de leitores que vieram antes de nós:
pesquisadores, editores, tradutores. Em diálogo com a tradição crítica,
constrói um guia de leitura dos heterônimos Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e
Ricardo Reis, e dedica atenção especial ao Livro do desassossego, que os pesquisadores
editam sem cessar com fragmentos deixados pelo escritor. Multiplicado em
personas diversas ou unificado em autor genial, Fernando Pessoa se deixa
conhecer pelos leitores instigados pela sua criação.
Ler Pessoa é
publicado pela editora Tinta-da-China Brasil.
Você pode comprar o livro aqui.
Um novo romance de Miguel Bonnefoy
no Brasil.
França, meados do século XIX. Esta
é a incrível história de Augustin Mouchot. Filho de um serralheiro, esse
obscuro professor de matemática se tornou o inventor da máquina movida a
energia solar, graças à descoberta de um livro antigo na sua nova biblioteca. Sua
invenção, que batizou de “Octave”, seduziu Napoleão III e recebeu a aprovação
das autoridades e da imprensa, tendo sido exibida com sucesso na Exposição
Universal em Paris, em 1878. Mas a Revolução Industrial, impulsionada pelo
carvão, arruinou seus projetos, que eram considerados demasiado dispendiosos. Depois
de muitos altos e baixos, em uma última cartada, Mouchot tenta reavivar o fogo
da sua descoberta sob o escaldante sol argelino, não sem graves consequências
pessoais. Com a vivacidade pulsante pela qual o conhecemos, Miguel Bonnefoy
oferece nesta biografia o retrato deslumbrante de um gênio atormentado e
esquecido. Com tradução de Júlia da Rosa Simões,
O inventor é publicado
pela editora Vestígio.
Você pode comprar o livro aqui.
Manuscrito inédito de Abdias Nascimento
ganha edição.
Produzido no início dos anos quarenta, durante seu período como detento no
Carandiru este livro é um documento histórico de valor inestimável que analisa
a mentalidade de uma época e é registro indispensável para entender a
trajetória política e intelectual de um dos maiores pensadores brasileiros do
século XX. Relato tocante e surpreendente que costura depoimento pessoal,
imaginação sociológica e narrativa biográfica,
Submundo é um livro
único. Abdias ora narra, ora cede a palavra aos companheiros de cárcere; ouve
confissões, pergunta, pondera, se compadece. Entremeado na história, o autor
faz uma rara e preciosa reconstrução da gênese do Teatro do Sentenciado,
antecessor do TEN (Teatro Experimental do Negro), que viria a se tornar um
marco na história da dramaturgia brasileira. Conforme reconstrói a vida de seus
personagens, Abdias apresenta de forma crítica a reforma pelo qual passava o
sistema prisional na década de 1940. Essa modernização, ele observa, se dava
junto com o enraizamento do racismo científico na criminologia e, por extensão,
na dinâmica do sistema carcerário e judicial. É um olhar que mapeia e antecipa
elementos fundamentais de futuros debates sobre racismo e encarceramento em
massa. Oficialmente, Abdias foi condenado por uma infração administrativa
cometida quando prestara serviço militar. Sua prisão, porém, cheirava a
perseguição política da ditadura Vargas e sua profunda intolerância com o
movimento negro, do qual Abdias era já reconhecido líder. Eis por que, mais do
que tudo, Submundo é um exercício de subversão. Homem negro, Abdias reivindica
a perspectiva do preso e a pergunta que nos faz, com alguma ironia, é:
sentenciado por qual crime? O livro é publicado pela editora Zahar.
Você pode comprar o livro aqui.
A estreia da escritora
equatoriana Solange Rodríguez Pappe entre os leitores brasileiros.
Em
Uma nova espécie, Solange
Rodríguez Pappe inventa uma tradição em que há espaço para amantes marcianos,
um ônibus dirigido por algum Caronte de províncias e gatos capazes de fundar
lares póstumos em armários e inaugurar labirintos e caminhos em países
aterrorizantes. A tradição de Solange não se baseia em taxonomias, mas no
acúmulo lascivo de espécies, como uma Noé que se diverte embarcando trios e
outras quantidades ímpares em sua arca. Como se essa Noé imaginasse que a única
possibilidade de sobrevivência a essa série de catástrofes pós-milenaristas
consistisse em uma aposta no heterogêneo. Treze contos como a mais maravilhosa
das cabalas. Treze fábulas terríveis e luminosas sobre este mundo tão querido.
Com tradução de René Duarte, o livro é publicado pela editora Peabiru.
Você pode comprar o livro aqui.
Pai e filho enrodilhados nos
traumas da perseguição aos judeus.
Do silêncio e da distância do pai
do pai, enrodilhado nos traumas da perseguição aos judeus na Bessarábia natal
do século 20, onde grande parte de sua família e amigos se perdeu, surgem as
memórias do pai do filho, como forma de garantir a este um legado que seu pai
não pode ou foi capaz de lhe oferecer. Em narrativa fragmentada, cheia de
lirismo e vazios, o pai busca preencher sua vida com as memórias de seu pai, ao
mesmo tempo que preenche a sua própria para seu filho. Ficção, memória e afeto
misturam-se num enredo que oscila entre o real e o não real, o possível e o
desejado.
Meu pai e o fim dos judeus da Bessarábia, de Samuel Fux e
Jacques Fux, é publicado pela editora Perspectiva.
Você pode comprar o livro aqui.
Vinícius Portella reúne nove
contos em O inconsciente corporativo.
Livro expõe as consequências de
uma geração que se vê cada vez mais capturada pelas supostas benesses da
conexão digital. Tinder, Reddit, Bitcoin e inteligência artificial aparecem
lado a lado com as dinâmicas cada vez mais impessoais de escritório, conversas
entre herdeiros desconectados da realidade e, por que não, longas investigações
sobre a possibilidade de redes neurais produzirem contos inéditos de Jorge Luis
Borges. O mosaico montado por Portella, vertiginoso na diversidade, porém
conciso em sua forma, é um documento em que cada conto funciona como peça de
uma imensa engrenagem tecnológica — com sua precisão e seus absurdos. Publicação
da editora DBA.
Você pode comprar o livro aqui.
REEDIÇÕES
Nova edição com textos de Anaïs
Nin sobre feminismo, psique e erotismo femininos, livros, literatura e viagens.
Anaïs Nin muito cedo entendeu-se
como escritora. Aos onze anos iniciou o diário cuja publicação, décadas mais
tarde, a tornaria célebre; ainda jovem, dedicou-se à ficção, sobretudo romances
e contos eróticos. A celebridade conferida por seus diários, principalmente
entre jovens mulheres nos anos 1960, ocasionou inúmeros convites para
colaborações, palestras, entrevistas e prefácios. Esta coletânea, publicada
pela primeira vez em 1976 e lançada anteriormente no Brasil como
Em busca de
um homem sensível traz 27 textos selecionados pela própria autora. São
divididos em três partes: “Homens e mulheres”, em que trata de feminismo,
psique e erotismo feminino, além das relações entre os sexos; “Livros, músicas
e filmes”, em que discorre como artista e crítica ao analisar autores como
Ingmar Bergman; e “Lugares encantados”, em que relembra em profundidade viagens
feitas para o Marrocos, Indonésia e ilhas do Pacífico. Adepta da psicanálise
(foi paciente de Otto Rank, discípulo de Freud) e defensora de um olhar íntimo
e pessoal como caminho para o autoconhecimento e emancipação, Nin se revela
aqui uma ensaísta apaixonante. Eis aqui um livro de ideias potentes, que
desvenda uma pensadora central na história do feminismo e que ainda tem muito a
contribuir para o debate sobre identidade, gênero e desigualdade.
Ser mulher
e outros ensaios tem tradução de Alexander Bruno e é publicado pela
L&PM Editores.
Você pode comprar o livro aqui.
RAPIDINHAS
Poesia Sempre. Uma década
depois da última edição, a revista da Fundação Biblioteca Nacional retorna com
um número dedicado ao centenário da Semana de Arte Moderna. Criada em 1991 e
publicada pela primeira vez em 1993, a revista alcança agora a sua 38ª edição em
dois formatos: ao impresso soma-se o eletrônico.
DICAS DE LEITURA
Na aquisição de qualquer um dos
livros pelos links ofertados neste boletim, você tem desconto e ainda ajuda a
manter o Letras.
1.
Água por todos os lados,
de Leonardo Padura (Trad. Monica Stahel, Boitempo, 292 p.) Dividido em três
partes — “Descomedimento, singularidade e escrita”, “Para que serve um
romance?” e “Vocação e possibilidade” — este livro compila um conjunto de
ensaios em que o escritor cubano reflete sobre a escrita, suas obsessões
literárias, as relações com Cuba e a literatura de seu país, o papel e os
valores da literatura, a atividade de escritor.
Você pode comprar o livro aqui.
2.
As primas, de Aurora
Venturini (Trad. Mariana Sanchez, Fósforo, 160 p.) Entre o trágico e o cômico, este
romance de formação recria o território de infância da escritora em La Plata
dos anos 1940 ao mesmo tempo em que constrói o retrato de mulheres abandonadas
que, para além da pobreza, são obrigadas a lidar com deficiências físicas,
mentais e imaginárias.
Você pode comprar o livro aqui.
3.
Kafka: os anos decisivos, de Reich Stach (Trad. Sofia Mariutti,
Todavia, 656 p.) Esta é a primeira de três parte que compõem uma das biografias
mais completas do escritor tcheco. Stach situa-se entre os anos 1910 e 1915,
quando Kafka ainda um jovem advogado transita entre a vida burocrática e a literatura.
Você pode comprar o livro aqui.
VÍDEOS, VERSOS E OUTRAS PROSAS
No passado dia 3 de abril
cumpriu-se um ano de saudades de Lygia Fagundes Telles. Recordamos
a entrevista concedida pela escritora ao programa Roda Viva, da TV Cultura.
Mário de Andrade no
New York Times. Dois livros do escritor brasileiro foram publicados entre os leitores de língua inglesa:
Macunaíma e
O turista aprendiz. Leia a matéria
aqui.
BAÚ DE LETRAS
Encerramos o mês de março de 2023 com
a tradução deste texto sobre o
primeiro volume da biografia de Franz Kafka escrita por Reich Stach e recomendada
na seção Dicas de Leitura deste Boletim.
DUAS PALAVRINHAS
O artista é um visionário. Um
vidente. Tem passe livre no tempo que ele percorre de alto a baixo em seu
trapézio voador que avança e recua no espaço: tanta luta, tanto empenho que não
exclui a disciplina. A paciência. A vontade do escritor de se comunicar com o
seu próximo, de seduzir esse público que olha e julga. Vontade de ser amado. De
permanecer. Nesse jogo ele acaba por arriscar tudo. Vale o risco? Vale se a
vocação for cumprida com amor, é preciso se apaixonar pelo ofício, ser feliz
nesse ofício.
— Lygia Fagundes Telles, em
entrevista a Clarice Lispector.
...
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* Todas as informações sobre lançamentos de livros aqui divulgadas são as oferecidas pelas editoras na abertura das pré-vendas e o conteúdo, portanto, de responsabilidade das referidas casas.
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