Boletim Letras 360º #519
DO EDITOR
1. Até quarta-feira muitos estarão
na folia, mas mesmo esses poderão descansar com a companhia deste Boletim. Lembro
que foi divulgado nas redes sociais do Letras e mesmo aqui, na seção
Ajuda, os livros disponibilizados para o próximo sorteio entre os apoiadores do
blog: Lições, de Ian McEwan (Companhia das Letras) e Aniquilar,
de Michel Houellebecq (Alfaguara).
2. E você já fez sua inscrição? O
sorteio contemplará dois leitores: um livro para cada um. Para enviar seu apoio
é simples. Basta enviar a partir de R$20 através do PIX blogletras@yahoo.com.br
e em seguida fornecer o comprovante por este mesmo endereço de e-mail. Se
quiser mais detalhes, acesse aqui.
3. Outra forma de apoio é a aquisição
de qualquer um dos livros apresentados pelos links ofertados neste Boletim ou
qualquer produto neste link.
4. Um excelente Carnaval para
todos! Com folia, descanso e boas leituras.
Sjón. Foto: David Konecny |
LANÇAMENTOS
Uma fábula com tons surrealistas sobre cinema, preconceito e exílio; uma
elegia à história daqueles que foram apagados da História. O oitavo livro da PONTOEDITA
chega em março de 2023.
O retorno de Sjón aos leitores brasileiros acontece em alto estilo. Seu
romance Mánasteinn, o menino que nunca existiu, vencedor do prestigioso
Icelandic Literary Prize no ano de seu lançamento, 2013, chega pelas mãos da
conceituada PONTOEDITA. Este livro é o que obteve maior recepção dentro e fora
do seu país — levado ao teatro algumas vezes e traduzido para mais de 15
idiomas — colocando o escritor islandês entre os nomes principais da literatura
nórdica. Ambientado na conservadora Reykjavík do final de 1918 e durante
importantes eventos históricos, como a conquista da soberania da Islândia, a
grande erupção do vulcão Katla e a chegada da gripe espanhola ao país, o livro
conta a história de Máni Steinn, um adolescente gay de 16 anos, órfão e
disléxico, que vive às margens da sociedade e ganha dinheiro vendendo o corpo
para outros homens. Máni é fascinado pelo cinema e por Sóla (uma garota à
frente de seu tempo, muito parecida com Musidora e que subverte o papel
atribuído às mulheres), mas vê todo o resto com indiferença. O livro é também
uma leitura do mito escandinavo da Lua (Máni) e do Sol (Sól). O romance ganha
uma nova dimensão quando Sjón atravessa a quarta parede e os dramas de um
personagem fictício distante no tempo e no espaço se transformam numa história
pessoal muito próxima de todos nós. “A tela prateada se rasgou e um vento sopra
entre os mundos”, o narrador enuncia a certa altura. O livro, então, torna-se
uma fábula sobre preconceito e exílio, uma lembrança e uma advertência sobre o
tipo de sociedade que estamos criando, uma elegia a todos aqueles que foram
julgados diferentes e tiveram suas histórias apagadas da História. Pois o
interesse de Sjón está não em narrar eventos históricos, mas em buscar nos ecos
do passado a voz daqueles que foram silenciados. Como grande parte da obra de
Sjón, este é um livro curto e sua linguagem econômica e precisa (recuperada
brilhantemente pela tradução de Pedro Monfort), tributária do folclore
islandês, em certos momentos ecoa o surrealismo de Antonin Artaud misturado à
atmosfera punk dos anos 70 e início dos 80. Com tradução direta do original
islandês assinada por Pedro Monfort, o livro agora publicado tem projeto
gráfico de Luís Fernando Protásio, inspirado no clássico pôster de divulgação
do filme Les vampires (1915), do diretor francês Louis Feuillade, que
apresenta a cabeça mascarada de Irma Vep envolta num ponto de interrogação.
Coletânea reúne oito contos do
peruano Julio Ramón Ribeyro, um dos principais mestres do gênero na literatura
latino-americana.
Considerado um dos principais
contistas da literatura latino-americana, Julio Ramón Ribeyro (1929-1994)
forma, com Mario Vargas Llosa e Alfredo Bryce Echenique, o trio de principais
prosadores do Peru no século XX. No entanto, Ribeyro, um eterno tímido e amante
da solidão, se via como uma exceção nesse panorama. “Entendo que me distancio
da narrativa épica de outros autores latino-americanos que escrevem sobre os
grandes conflitos sociais”, disse numa entrevista. “Creio que mostro uma faceta
pouco conhecida, porém real, da vida cotidiana.” Ao ter como tema as esperanças e frustrações
da classe média urbana, quase sempre de Lima, Ribeyro atinge a perfeição de uma
linguagem cristalina, direta e de humor sutil, muitas vezes melancólico. Esse
estilo delicado se encontra em sua expressão mais madura na coletânea de contos
Ausente por tempo indeterminado, com tradução de Ari Roitman e Paulina
Wacht e posfácio do chileno Alejandro Zambra, um dos admiradores mais devotos
de Ribeyro. A linguagem sem sobressaltos
une temas diversos nas histórias do livro. No conto-título, um escritor tenta
prosseguir a feitura de um romance ao se afastar da vida boêmia em Lima. O
autobiográfico “Só para fumantes” é um relato tragicômico do vício do
tabagismo, seus prazeres e horrores. Em “Chá literário”, um grupo de senhoras
discute os atributos literários de um jovem autor. No surpreendente “A
solução”, um escritor especula sobre diferentes composições para uma história
de adultério. “Cena de caça” esconde em suas descrições suaves acontecimentos
intrigantes. A aproximação com o fantástico também se encontra em “Nuit
caprense cirius illuminata”, uma insólita história de amor. Já “Conversa na
praça”, é um diálogo beckettiano entre um homem de “intuições geniais” e seu
amigo gozador. E “A casa na praia” narra a difícil busca de isolamento de dois
artistas. “Sou um escritor de fragmentos”, disse Ribeyro numa entrevista, o que
se aplica tanto aos contos como aos aforismos reunidos em Prosas apátridas
(1975) e em suas memórias La tentación del fracasso [A tentação do
fracasso], título bem-humorado que se refere ao modo de vida do escritor, ao
mesmo tempo disciplinado e errático. A versão original peruana, de 1987, desta
coletânea tem o título Solo para fumadores, como o conto que abre o
volume. Em 2007, foi publicada no Brasil uma antologia de Ribeyro sob o mesmo
título, porém composta de uma seleção distinta de contos. A Carambaia optou por
intitular esta edição de Ausente por tempo indeterminado, para
evidenciar que são obras diferentes. Você pode comprar o livro aqui.
Uma reunião inédita de textos de Dalton Trevisan, um dos maiores
contistas da literatura brasileira.
Da constelação de sua vasta produção literária, Dalton Trevisan
selecionou 94 contos. Com prefácio do crítico Augusto Massi, esta Antologia
pessoal proporciona, ao mesmo tempo, um rito de iniciação aos novos
leitores e, àqueles que já são íntimos do Vampiro de Curitiba, um inventário de
suas melhores histórias. Integralmente dedicado à literatura e um mestre da
privacidade, Trevisan é dos autores com maior produção na literatura brasileira
das últimas décadas, sem jamais reduzir sua força criativa, de caráter
experimental, expressiva e transformativa. Neste novo autorretrato, a mais
ampla e representativa de suas antologias, reúne contos de Novelas nada
exemplares (1959) até O beijo na nuca (2014), deixando antever suas
referências literárias, as diferentes formas narrativas que adotou ao longo da
carreira e o “bazar poético” — nas palavras de Augusto Massi — de suas frases e
aforismos. Demonstrando a longevidade e a contemporaneidade da obra de Dalton
Trevisan, Antologia pessoal reafirma a sua inquestionável potência como
um dos mais importantes contistas da literatura brasileira. O livro é publicado
pela editora Record. Você pode comprar o livro aqui.
No segundo volume do díptico iniciado com O passageiro, o
vencedor do Prêmio Pulitzer Cormac McCarthy mergulha na vida de Alicia,
internada no hospital psiquiátrico Stella Maris no início dos anos 1970.
1972, Black River Falls, Wisconsin: Alicia Western, aos vinte anos de
idade e com quarenta mil dólares em um saco plástico, dá entrada no hospital
psiquiátrico Stella Maris. Candidata ao doutorado em matemática pela
Universidade de Chicago, é diagnosticada como paranoide esquizofrênica, com um
longo histórico de alucinações visuais e auditivas. Em conversas com seu
terapeuta, Alicia contempla a natureza da loucura e a insistência humana em ver
o mundo sempre de uma única forma. Ela se lembra da infância e discute as
interseções entre filosofia e física, narrando ao doutor suas quimeras e
alucinações — personagens surreais que falam com ela e que só ela pode ver.
Enquanto isso, ela tenta suportar a falta de Bobby, seu irmão, que sofreu um
acidente e está entre a vida e a morte. Alicia ressente sua distância e
ausência, mas não quer falar da relação que tiveram: uma relação de amor
proibida, que deixou marcas profundas em ambos. Narrado por meio de
transcrições das sessões psiquiátricas, Stella Maris não é apenas uma sequência
de O passageiro; é um livro que o complementa ao acrescentar uma nova
perspectiva à história de Bobby Western — e proporciona uma discussão
filosófica que questiona as noções de Deus, da verdade e da própria existência.
É um romance enigmático e profundo, de um dos maiores mestres da literatura estadunidense
atual. Com tradução de Cássio de Arantes Leite, o livro sai pela Alfaguara
Brasil. Você pode comprar o livro aqui.
Especulações em torno da escrita pela autora Prêmio Nobel de Literatura
Olga Tokarczuk.
Em doze ensaios e conferências, incluindo o seu celebrado discurso do
Prêmio Nobel, a escritora polonesa Olga Tokarczuk convida o leitor a
testemunhar seu processo artístico, compartilha sua visão humana e
inconformista acerca das grandes questões do mundo contemporâneo e abre para
visita o seu laboratório de leitura e escrita de ficção, revelando, com
inaudita franqueza, como foram concebidos seus incomparáveis livros e
personagens. Uma celebração da literatura. Com tradução de Gabriel Borowski, Escrever
é muito perigoso sai pela editora Todavia. Você pode comprar o livro aqui.
Considerada umas das primeiras autoras de língua inglesa, Juliana de
Norwich recebeu dezesseis revelações, que mais tarde seriam registradas por um
copista.
Na segunda maior cidade da Inglaterra do século XIV, o movimentado porto
de mar de Norwich, a mulher que conhecemos hoje como Juliana de Norwich decidiu
fechar, numa igreja da cidade, uma cela da qual nunca mais sairia, para se
dedicar exclusivamente a Deus como anacoreta. Desse lugar de fala radical que o
cristianismo tornara possível pela primeira vez no Ocidente para uma mulher,
essa mística se tornou a primeira voz feminina da literatura inglesa. Ao longo
de vinte anos meditou sobre a experiência que tivera: durante uma doença da
qual todos acharam que morreria, viu e sofreu a paixão de Cristo na cruz. Os
dois relatos que escreveu das Revelações sobre o amor divino mostram um
sofisticado acerto de contas filosófico, teológico e existencial com a
experiência direta da presença de Deus que lhe foi dada. Traduzido do inglês
médio, este livro traz o que essa mulher, de um lugar física e espiritualmente
inacessível, ainda tem a dizer. Com tradução de Marcelo Musa Cavallari, o livro
é publicado pelo selo Penguin/ Companhia das Letras. Você pode comprar o livro aqui.
Um dos mais conhecidos romances campestres de George Sand.
Depois da morte da filha, o tio Maurice aconselha o genro, Germain, a
voltar a casar com uma mulher que pudesse cuidar dele e dos seus três filhos.
Para conhecer uma possível pretendente, parte numa longa viagem na companhia do
seu filho Pierre-Pequenito e de Marie, uma jovem e bela pastora que vai
procurar trabalho na aldeia vizinha. Durante a viagem, um denso nevoeiro faz
com que os viajantes se percam e procurem abrigo para a noite à beira de um
estranho lago, o Charco do Diabo. Que feitiço misterioso os encaminhou para
ali? Que feitiço poderoso os traz de volta àquele lugar de cada vez que tentam
deixá-lo? Neste pequeno romance, George Sand mergulha-nos na sociedade
camponesa de Berry, com os seus ritos e costumes. O campo torna-se o terreno
fértil para a fantasia, e a floresta uma personagem por direito próprio. Que
espécie de amor pode nascer naquele lugar assombrado? O Charco do Diabo
é um dos mais conhecidos romances campestres de Sand, tendo sido adaptado ao
cinema, ao teatro e à televisão. O livro é publicado pelo selo Minotauro/
Almedina Brasil. Você pode comprar o livro aqui.
Em edição comentada e capa dura, o leitor revisitará os mais de doze mil
versos do grande épico de Homero na tradução premiada do helenista português
Frederico Lourenço.
A narrativa do regresso de Ulisses a sua terra natal é uma obra de
importância sem paralelos na tradição literária ocidental — sua influência
atravessa os séculos e se espalha por todas as formas de arte, dos primórdios
do teatro e da ópera até a produção cinematográfica recente. Odisseia se tornou
um substantivo comum, que denomina jornadas marcadas por perigos e eventos
inesperados, e Homérico um adjetivo usado para relatar feitos grandiosos. Os
episódios e personagens da epopeia são parte integrante e indelével de nosso
repertório cultural. O enredo pode ser resumido em poucas palavras. Em seu
tratado conhecido como Poética, Aristóteles escreve: “Um homem encontra-se no
estrangeiro há muitos anos; está sozinho e o deus Posêidon o mantém sob
vigilância hostil. Em casa, os pretendentes à mão de sua mulher estão esgotando
seus recursos e conspirando para matar seu filho. Então, após enfrentar
tempestades e sofrer um naufrágio, ele volta para casa, dá-se a conhecer e ataca
os pretendentes: ele sobrevive e os pretendentes são exterminados”. A nova
edição da Odisseia sai pela Companhia das Letras. Você pode comprar o livro aqui.
Multipremiado romance de Jessica Au ganha tradução no Brasil.
Primeiro vencedor do Novel Prize, prêmio literário coorganizado pelas
prestigiosas editoras New Directions, Fitzcarraldo e Giramondo, Frio o
bastante para nevar se passa nos poucos dias de uma viagem pelo Japão
realizada por uma jovem australiana e sua mãe, nascida em Hong Kong.
Debruçando-se sobre relações familiares complexas e a impossibilidade de se
conhecer verdadeiramente o outro, a narrativa acompanha os episódios da viagem,
mas também passeia por memórias da filha, que, como uma Sherazade da vida
interior, sobrepõe lembranças e pensamentos ao sabor de seu fluxo de
consciência. Enquanto as duas visitam museus, cafés e livrarias, ela rememora
episódios da história materna, passagens da infância de ambas e dos seus anos
como estudante de literatura inglesa, quando se abriram para ela horizontes que
a vida de imigrante negou à sua mãe. Como de costume, essas conquistas vêm
acompanhadas de perdas, e a distância que se instala entre as duas ao longo dos
anos é prova disso. Na expectativa de estreitar o diálogo com a mãe, ela
planeja uma viagem a um país estrangeiro às duas. “Pensei também que a primeira
língua da minha mãe era o cantonês, e a minha, o inglês, e como só falávamos
juntas em uma, e não na outra”, reflete a narradora conforme se dá conta da
profundidade do mistério materno. Por trás da profusão de detalhes com os quais
a filha preenche este relato — melancólico como o Japão chuvoso que elas
visitam —, revela-se a brutalidade da relação entre mãe e filha. Pois, se à
primeira vista este é um romance de pouca voltagem, a turbulência por baixo da
sua superfície logo se torna palpável e incisiva. Durante os passeios, vemos
como as questões de poder são negociadas, como a proximidade, que parece uma
opção, nunca se materializa, como o passado e o presente, o eu e o outro, a
arte e a vida são coisas que transitam num contínuo. Espécie de meditação literária em que os pensamentos da narradora são
mais centrais do que os fatos, Frio o bastante para nevar é uma elegia à
busca pelo diálogo e uma poderosa reflexão sobre o papel da arte na expressão
do que não pode ser traduzido em palavras. O livro é publicado pela editora Fósforo com tradução de Fabiane
Secches. Você pode comprar o livro aqui.
REEDIÇÕES
Nova edição de um dos livros mais marcantes de Erico Verissimo, com capa
dura, ensaio visual e ampla fortuna crítica.
Meio-dia, sexta-feira, 13 de dezembro de 1963. Uma assembleia é
convocada em Antares, pequena cidade no sul do Brasil. Há uma greve geral, e
até mesmo os coveiros estão sem trabalhar, de modo que os cadáveres não podem
ser sepultados. À luz do sol, vagando livremente pelas ruas, os mortos-vivos
enfim se sentem à vontade para vasculhar a intimidade alheia e falar o que bem
entendem, sem receio de repressão das autoridades. Publicado originalmente em
1971, o último romance de Erico Verissimo se tornou uma das obras mais
emblemáticas da literatura brasileira. Crítica política contundente, sátira da
ditadura militar e marco do realismo fantástico — trata-se possivelmente do
primeiro livro de zumbis do país —, Incidente em Antares impressiona por
seu vigor e sua atualidade. O presente volume traz posfácio do escritor Sérgio
Rodrigues, que coordena a edição, além de ampla fortuna crítica e ensaio visual
inédito do artista Fernando Vilela. O livro sai pela Companhia das Letras. Você pode comprar o livro aqui.
Escrito por um dos maiores romancistas estadunidenses, Submundo é uma história de amor e desilusão.
Atravessando meio século da história americana, DeLillo aproxima os
personagens mais díspares e os dramas mais extraordinários, estilhaços de um
impressionante mosaico de um mundo onde os dramas não admitem nenhum heroísmo. Em
Submundo, um dos seus mais celebrados romances, Don DeLillo compõe um
painel monumental do mundo contemporâneo, do auge da Guerra Fria ao dilema dos
ex-países soviéticos às voltas com seus lixos atômicos e resíduos tóxicos. Para
tanto, DeLillo desfia os dramas individuais de um grupo de personagens
extraordinários que têm mais em comum uns com os outros do que pode imaginar o
leitor à primeira vista. Uma grande artista que vive no deserto, onde pinta
fuselagens de aviões de guerra; um especialista em armazenamento de lixo
tóxico; um serial killer que mata motoristas no trânsito; os convidados do
célebre baile de máscaras de Truman Capote no Hotel Plaza de Nova York; um
gênio do grafite numa sociedade devastada pela Aids. Os protagonistas desta
saga contemporânea não são mais os membros de uma única família ou comunidade,
mas os cidadãos de um submundo que representa a dramática falência da
modernidade. Fazendo uso de uma surpreendente técnica narrativa não-linear,
pulando do futuro para o passado e do passado para o futuro não só entre os
capítulos, mas de uma frase para outra, Don DeLillo confirma com este romance o
seu lugar como um dos escritores mais originais e inventivos do nosso tempo. A
tradução de Paulo Henriques Britto é reeditada pela Companhia das Letras. Você pode comprar o livro aqui.
RAPIDINHAS
Carlos Drummond reeditado. A
editora Record coloca à disposição dos leitores três livros do poeta no projeto
de reedição da sua obra: as séries Boitempo I. Menino antigo e Boitempo
II. Esquecer para lembrar mais as crônicas de O poder ultrajovem.
DICAS DE LEITURA
Na aquisição de qualquer um dos
livros pelos links ofertados neste boletim, você tem desconto e ainda ajuda a
manter o Letras.
1. Os sinos da agonia, de Autran
Dourado (HarperCollins Brasil, 359 p.) Neste romance o escritor mineiro
revisita o mito grego de Fedra e Hipólito, em que a protagonista se apaixona
pelo próprio enteado. Organizado sob a perspectiva de múltiplos narradores, a
narrativa especula o casamento de uma jovem arruinada financeiramente e um abastado
fazendeiro na esperança de salvar o futuro da família. Você pode comprar o livro aqui.
2. Poesia, de Paulo Mendes
Campos (Companhia das Letras, 512 p.) O reconhecido cronista é, para muitos, melhor
como poeta. Agora, todos os livros que publicou nesse gênero foram reunidos nesta
edição que acrescenta ainda uma preciosa seleta de poemas esparsos capturada do
acervo do escritor no Instituto Moreira Salles e alguns que revelam um Paulo Mendes
Campos tradutor. Você pode comprar o livro aqui.
3. A famosa invasão dos ursos na Sicília, de Dino Buzzati (Trad. Nilson
Moulin, Berlendis, 160 p.) Entre a fábula e a reflexão, o escritor italiano que
se tornou célebre pelo romance O deserto dos tártaros narra o resgate de
Leôncio, filho do Rei dos Ursos sequestrado por caçadores a mando de um tirano.
A vaidade humana e o poder estão entre alguns dos interesses num livro feito
para leitores de todas as idades. Outro destaque aqui é a maestria das
ilustrações do próprio Buzzati. Você pode comprar o livro aqui.
VÍDEOS, VERSOS E OUTRAS PROSAS
Em 20 de outubro de 1976, na sede
do Museu da Imagem e do Som (MIS), Affonso Romano de Sant'Anna, Marina
Colasanti e João Salgueiro entrevistaram Clarice Lispector. O áudio completo da conversa está copiado aqui.
BAÚ DE LETRAS
Neste texto que finda a semana,
Pedro Fernandes comenta sobre as entrevistas de Clarice Lispector recentemente
apresentadas online, discorre um pouco das falsas atribuições e das traições em
torno desses e outros elementos que formam o arquivo sobre a escritora e acrescenta
duas conversas com Clarice publicadas inicialmente na revista Manchete.
Leia aqui.
E para dizer que não esquecemos o Carnaval,
recordamos esta crônica de José Lins do Rego, “Carnaval no Engenho”, que copiamos
por essa ocasião em 2020 aqui no blog.
DUAS PALAVRINHAS
Mágico também é o fato de termos inventado Deus e que, por milagre, Ele existe.
— Clarice Lispector
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