Boletim Letras 360º #517
DO EDITOR
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divulgaremos em nossas redes sociais e na seção Ajuda deste blog os próximos livros
que disponibilizaremos para sorteio entre os apoiadores do Letras.
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links ofertados neste Boletim.
3. Obrigado pela companhia!
Virginia Woolf. Foto: Man Ray. |
LANÇAMENTOS
O terceiro volume dos diários de Virginia Woolf.
Entre 1924 e 1930, vemos, com força total, a Virginia Woolf que se
imortalizou como uma das maiores figuras do modernismo e do século XX. Entre
esses anos, Virginia publica e escreve a maioria das obras que a consagraram:
em 1925, Mrs. Dalloway e O leitor comum, em 1927, Ao farol,
em 1928, Orlando, em 1929, Um teto todo seu — e, em 1930, está no
meio do processo de As ondas, que apresentaria em outubro do ano
seguinte. Provavelmente não é coincidência que essa intensa produção tenha
coincidido com a volta de Woolf para Londres após uma década vivendo em
Richmond, cidadezinha próxima. O ano de 1924 marcou a mudança da Hogarth House
(que deu o nome à editora dos Woolf) para Tavistock Square, em Bloomsbury. Com
o privilégio do distanciamento histórico, nós nos surpreendemos ao abrir esse
volume e ver, no dia 3 de janeiro daquele ano: “É quase certo que este ano será
o mais repleto de acontecimentos de toda a nossa (já registrada) carreira”. Em
9 de janeiro, tendo conseguido a casa, ela diz: “(…) a casa já é nossa: &
mais o porão, a sala de bilhar, com o jardim de pedras no alto, & a visão
da praça em frente & dos edifícios abandonados nos fundos, & da
Southampton Row, & de Londres inteira — Londres, tu és a joia das joias,
& o jaspe & o júbilo — música, conversas, amizades, vistas da City,
livros, edições, algo de central & inexplicável, tudo isso está agora ao
meu alcance, como não acontecia desde agosto de 1913 (…).” Em 5 de abril, quando
se muda, diz: “Ah, a conveniência deste lugar! & o encanto também. Voltamos
dos teatros a pé, pelo meio das entranhas de Londres. Por que adoro tanto esta
cidade?… se ela é impiedosa & seu coração, frio como pedra.” É nesse
período, ainda, que floresce seu caso romântico com a escritora Vita
Sackville-West. “Gosto dela & de estar com ela, & do esplendor — ela
resplandece nas quitandas de Sevenoaks como uma vela acesa, dando longas
passadas em pernas como faias, cor-de-rosa cintilante, cheia de cachos de uvas,
toda enfeitada de pérolas”, “ela navega de velas enfunadas nas altas marés,
enquanto eu sigo costeando pelos remansos”, diz ela no início do romance das
duas. Em 20 de maio de 1926, ela se pergunta: “Estarei apaixonada por ela? Mas
o que é o amor? O fato de ela “estar apaixonada” (isso tem de vir entre aspas)
por mim me excita & lisonjeia; & interessa. O que é esse “amor”?” Muito
importantemente, são nesses anos que ela sente ter encontrado seu caminho
literário. No meio da escrita de Mrs. Dalloway, ela anota: “Uma coisa a
considerar em meu estado de espírito agora, que me parece indisputável, é
que finalmente perfurei o meu próprio poço, & não consigo rabiscar com
rapidez o bastante para trazer tudo até a superfície. (…) sinto, finalmente,
que sou capaz de cunhar todos os meus pensamentos em palavras. (…) Agora,
imagine que eu possa me tornar um dos romancistas interessantes — não digo
grandes — mas interessantes? Estranhamente, apesar de toda a minha vaidade,
até agora eu não punha muita fé nos meus romances, nem os considerava fruto
de expressão própria.” Quatro anos depois, em 1929, em meio a As ondas,
ela já está angustiada, em eterna mutação: “Talvez seja melhor estar
continuamente tentando encontrar novas coisas a se dizer, já que a vida segue
adiante. Inventar um estilo narrativo apurado. Acho que as Mariposas (se é que
o irei chamar assim) ter. arestas muito afiadas. Não estou satisfeita
entretanto com a estrutura. Existe essa fertilidade repentina que pode ser mera
fluência. Antes os livros eram várias frases absolutamente arrancadas a
machadadas de um cristal: & agora minha imaginação é tão impaciente, tão
veloz, de certa maneira tão desesperada.” Nesses seis anos, vemos Virginia se
metamorfoseando em muitas Virginias, mas, especialmente, alcançando um estilo
próprio — uma voz só sua. “A verdade é que escrever é o prazer profundo, e ser
publicada, meramente superficial”. Com tradução de Ana Carolina Mesquita, Diários
III (1924-1930) sai pela editora Nós. Você pode comprar o livro aqui.
Dois livros reúnem a ensaística de Antonio Carlos Secchin sobre alguns
importantes nomes da literatura em prosa e em poesia.
1. Na coletânea Papéis de prosa: Machado e mais Secchin se
debruça sobre a literatura brasileira, dedicando alguns capítulos a Machado de
Assis e outras figuras como Euclides da Cunha, Graciliano Ramos, Rubem Braga,
Edla van Steen. Você pode comprar o livro aqui.
2. Em Papéis de poesia II, o ensaísta se debruça sobre a poesia
moderna e contemporânea em língua portuguesa, dedicando capítulos a autores
como Francisco Mangabeira, Cecília Meireles, João Cabral de Melo Neto, Ferreira
Gullar, Caetano Veloso e Gilberto Gil. O primeiro volume fora publicado em 2014
pela Martelo Casa Editorial. Os dois livros agora anunciados saem pela Editora
Unesp e contam também com entrevistas com o autor e uma “autobiografia
desautorizada”. Você pode comprar o livro aqui.
Ensaio biográfico revisita as marcas violentas da ideia de progresso no
Brasil.
Neste ensaio biográfico de rara sensibilidade, que já teve os direitos
vendidos para dez editoras estrangeiras, o sociólogo e professor José Henrique
Bortoluci parte de entrevistas realizadas com seu pai, que durante cinquenta
anos foi motorista de caminhão, para retraçar a história recente do país e da
própria família. Por meio de uma prosa elegante e afetuosa — que combina
depoimentos e anedotas do pai e seus colegas com referências literárias e
reflexões sobre o Brasil —, capítulos marcantes de nosso passado e de nosso
presente se revelam pelos olhos de um cidadão comum, que vivenciou a ditadura
militar e seus delírios megalomaníacos, como a construção da Rodovia
Transamazônica e as marcas violentas da chegada do suposto “progresso” ao
interior do país. Bortoluci tem consciência de que a matéria-prima de sua
escrita é composta por camadas, mediada pela memória, pela subjetividade de
quem narra, pelo tempo. Mas essa impureza da matéria é justamente a chave para
a concisão deste texto que, por nunca falar de uma coisa só, se desdobra em
registros e territórios pouco explorados em nossa literatura. A devastação que
assola o país também permite que o autor se aproxime de outro assunto doloroso:
o câncer que acomete seu pai e o tratamento médico pelo qual ele passa durante
a escrita do livro. As marcas no corpo do paciente são também as estradas que
cortam o país, cicatrizes de um projeto desenvolvimentista que até hoje perdura
em nosso imaginário político. A distância que ele percorre com o caminhão
também é aquela que foi se abrindo entre seu destino e o do filho, hoje
professor universitário. Além de um feito literário e uma valiosa reflexão
histórica e sociológica do país, este livro é também uma tentativa comovente e
exitosa de unir novamente os dois caminhos. O que é meu sai pela editora
Fósforo.
A reconstrução de
uma das figuras essenciais no imaginário marginal e na luta por liberdades no
Brasil dos anos 1940 e 1950.
Entre o final dos anos 1940 e a primeira metade dos anos 1950, o Rio de
Janeiro era a capital do Carnaval no Brasil. Os salões eram frequentados pela
nata da sociedade, por estrelas de Hollywood e por todos aqueles que queriam se
entregar ao profano sob o reinado de Momo. Mas ninguém superava uma figura: Luz
del Fuego. O alter ego de Dora Vivacqua, uma moça nascida na provinciana
Cachoeiro de Itapemirim (ES), era, sem sombra de dúvidas, a presença mais
aguardada na entrada dos grandes bailes da época. Nem as maiores personalidades
estrangeiras, nem os políticos poderosos ou socialites que estampavam as
colunas sociais da época superavam a apoteose que era a aparição de Luz del
Fuego, seminua, envolta por uma cobra. Figura mítica, atriz do teatro de
revista, modelo e ativista avant la lettre, ela superou barreiras e
enfrentou o conservadorismo brasileiro em prol da liberdade do seu corpo e de
sua arte. “Por que não simplificar as leis para aproveitar melhor os pequenos
grandes prazeres que nos são concedidos a muito curto prazo? Para a fome, temos
o pão; para a sede, a água; para a imoralidade, a nudez.” Com essas palavras,
Luz del Fuego alçou voos inimagináveis e chegou aonde sempre quis estar: no
topo. E como se a subversão do corpo já não fosse uma grande luta, Luz del
Fuego também rompeu outras barreiras: criou a primeira comunidade naturista
brasileira, conhecida como ilha do Sol; montou um partido político; viveu
abertamente a sua pansexualidade e defendeu o que hoje chamamos de direitos
lgbtqia+ e as causas ambientais. Neste livro, Javier Montes narra, com o tanto
de ficção que Del Fuego merece, a vida dessa personagem ímpar de nossa
história. Como disse Rita Cadillac no texto de orelha do livro: “Que toda mulher
possa ter um pouquinho da alma de Luz del Fuego, que lutou com determinação e
garra por aquilo que acreditava, que nunca se dobrou a qualquer mando
masculino”. Com tradução de Silvia Massimini Felix, Luz del Fuego é
publicado pela editora Fósforo. Você pode comprar o livro aqui.
Em um dos mais importantes projetos editoriais no campo da Filosofia, a
coleção Textos traz o quarto volume dedicado às obras de Platão.
Este volume apresenta os diálogos que acompanham e elaboram o processo
judiciário que condenou Sócrates à morte em 399 a.C. em um dos episódios mais
famosos e controversos da História. “Eutífron” traz os acontecimentos
antes do julgamento; “Apologia de Sócrates” relata a defesa de si do próprio
filósofo e é considerado porta de entrada ao pensamento de Platão; e “Críton”
conta o que se passou após o julgamento. O helenista Daniel R.N. Lopes,
professor da USP e um dos grandes nomes do país nos estudos clássicos, é o
organizador da obra agora publicada pela editora Perspectiva. Você pode comprar o livro aqui.
Texto clássico da literatura francesa ganha edição no Brasil.
Lebrac é o líder de uma gangue de garotos que se dedica a enfrentar a
gangue rival, comandada por L’Aztec, morador da aldeia vizinha. Têm senhas,
códigos secretos e combatem com espadas de madeira, estilingues e armadilhas. Trata-se
de uma batalha sem piedade, que acontece há várias gerações. Os dois grupos
rivais, garotos de 7 a 14 anos, lutam pela honra e pela lealdade, mas lançam
mão de qualquer recurso para vencer. Ambos os lados agem sem que os adultos
suspeitem, e o objetivo dos embates é tomar os botões das roupas do inimigo. A
história não narra apenas uma brincadeira de crianças: é também uma imagem de
como a sociedade se comporta. É como um retrato da sociedade, em que cada
indivíduo tem seu papel, e o desejo de poder o faz seguir em frente. Publicado
pela primeira vez em 1912, o romance claramente antimilitarista de Louis
Pergaud diz muito sobre o processo de amadurecimento que todos experimentamos
nessa fase da existência, quando ainda não compreendemos bem o mundo adulto. A
guerra dos botões, que já teve diversas adaptações para o cinema, para
quadrinhos e para uma ópera, sai agora pela editora Autêntica com tradução de
Reginaldo Francisco. Você pode comprar o livro aqui.
Doze contos que entre o grotesco
e o horror dizem o século XXI no Ocidente.
Seria possível encontrar, no
futuro próximo, um mundo mais justo e menos selvagem? Reescrever a história,
repensar a humanidade sem vícios mortais como o racismo, o consumismo
exacerbado, as armas e a crueldade latente? Friday Black, livro de
estreia de Nana Kwame Adjei-Brenyah, nos mostra que não. Nesta elogiada
coletânea de doze contos definida pelo The Wall Street Journal como “impressionante”,
tudo parece absurdo à primeira vista. Mas, em seguida, o enredo assume
paralelos com a realidade e transporta os leitores de volta a acontecimentos
recentes veiculados à exaustão nos noticiários. No conto “Os cinco de
Finkelstein”, o assassinato de cinco crianças negras na porta de uma
biblioteca, seguido do julgamento do perpetrador racista, relembra a história
de Trayvon Martin e de outros tantos jovens negros; o atentado em uma escola
que coloca dois adolescentes — vítima e algoz — numa discussão post mortem no
purgatório é o mote de “Cuspindo luz”; a corrida mortífera de humanos-zumbis
pelo consumo na Black Friday, numa elegia ao capitalismo sanguinário e às suas
injustas relações de trabalho, se repete nos aterrorizantes “Friday Black”, “Como
vender uma jaqueta, segundo o Rei do Gelo” e “No varejo”. Neste livro, a
violência e o grotesco atingem seu nível máximo, sem cortes, como numa
caricatura da sociedade moderna. O futuro — uma alegoria do tempo presente — é
apresentado em visão panóptica, pela qual quem lê se reconhece como voyeur de
algo que gostaria de participar. Em Friday Black, é por meio da barbárie
que o ser humano sacia os seus desejos mais irascíveis. Adjei-Brenyah, grande
promessa da literatura norte-americana contemporânea, é um radical do absurdo.
Com humor mordaz, coloca os leitores em uma situação constrangedora, numa
mixórdia de sentimentos que só os grandes escritores conseguem produzir. Não
existe alívio. Segundo o próprio autor, “nada é mais chato do que um final
feliz”, frase que talvez resuma esta obra, reflexo do século XXI. Com tradução
de Rogério W. Galindo, o livro é publicado pela editora Fósforo. Você pode comprar o livro aqui.
REEDIÇÕES
A Edusp reedita a Caixa Modernista com novidades.
Entre as novidades desta segunda edição da Caixa Modernista estão as
anotações à mão de Mario de Andrade no exemplar de Pau Brasil, de Oswald
de Andrade, reproduzidas a partir do exemplar da Coleção Mário de Andrade da
Biblioteca do IEB-USP. Embora não estejam disponíveis todas as faixas com os
mesmos intérpretes, a seleção de músicas feita por José Miguel Wisnik e Cacá
Machado, que compunha o CD Música em Torno do Modernismo, agora
encontra-se disponível numa plataforma digital. Verdadeiro museu portátil da
produção das vanguardas artísticas brasileiras e com organização de Jorge
Schwartz, a caixa reúne cerca de 30 elementos importantes para o modernismo
brasileiro: livros, catálogos, fotos e documentos da Semana de 22. Traz, por
exemplo, a edição fac-similar de Paulicea Desvairada de Mário de
Andrade, que compõe o conjunto com as reproduções do convite e do catálogo da
exposição de Tarsila do Amaral na galeria Percier, em Paris, e o primeiro
número da Revista Antropofagia, de maio de 1928.
Nova edição brasileira de As mulheres do meu pai, o sétimo
romance de José Eduardo Agualusa.
Um romance sobre mulheres, música e magia: nestas páginas anuncia-se o
renascimento da África, continente afetado por problemas terríveis, mas
abençoado pelo talento da música, o sempre renovado vigor das mulheres e o
secreto poder de deuses muito antigos. Em As mulheres do meu pai, sétimo
romance do escritor angolano José Eduardo Agualusa e fruto de uma viagem feita
por ele pela África, os limites entre ficção e realidade se misturam, se fundem
e confundem. A cineasta portuguesa Laurentina, protagonista neste romance e
personagem do sonho do próprio autor que o escreve, descobre ser filha
biológica do famoso compositor angolano Faustino Manso. Descobre, além disso,
que esse pai acabara de falecer, aos 81 anos. Decidida a reconstruir a
trajetória do pai recém-descoberto, Laurentina viaja ao continente africano.
Vai de Luanda às areias do deserto da Namíbia, da Cidade do Cabo, na África do
Sul, a Maputo e à ilha de Moçambique. Em todos esses lugares, cruza o caminho
de personagens algo oníricos, na fronteira entre o mágico e o estranho, em
busca de fragmentos da vida do pai e das mulheres de sua vida — e, com isso,
da própria história e de sua ancestralidade. O livro é publicado pelo selo
Tusquets Editores. Você pode comprar o livro aqui.
Livro indispensável aos estudos sobre as vanguardas na América Latina
ganha reedição.
Esta antologia é o resultado de um trabalho exemplar de levantamento e
organização de um vasto material. Na primeira parte são apresentados textos
programáticos: manifestos, editoriais de revistas, prefácios, panfletos,
poemas-programa etc., em que se expressa a retórica agressiva das vanguardas, a
serviço da promoção de uma nova estética. A segunda parte traz textos de
crítica, seguindo uma ordenação temática: as correntes artísticas, as tensões
ideológicas e a questão da identidade que mobilizou a maior parte dos
intelectuais latino-americanos dos anos de 1920 e 1930. Além de uma introdução
de caráter geral, o organizador preparou também estudos específicos que tratam
de cada um dos movimentos, revelando os encontros e diferenças entre as
vanguardas brasileiras e suas irmãs hispano-americanas. Organizado por Jorge
Schwartz, Vanguardas Latino-Americanas é reeditado pela Edusp. Você pode comprar o livro aqui.
OBITUÁRIO
Morreu Cleonice Berardinelli.
Cleonice Berardinelli nasceu no Rio de Janeiro a 28 de agosto de 1916.
Tornou-se um dos nomes mais relevantes para os estudos da literatura portuguesa
no Brasil. Graduada em Letras Neolatinas pela Universidade de São Paulo,
Doutora em Letras Clássicas e Vernáculas pela Universidade Federal do Rio de
Janeiro, instituição onde se fixaria como professora, profissão exercida em
várias outras instituições, na Pontifícia Universidade Católica do Rio de
Janeiro, na Universidade Católica de Petrópolis, e como professora-convidada na
Universidade da Califórnia e na Universidade de Lisboa. Deixa aos leitores uma
vasta obra, incluindo a organização de inúmeras antologias de escritores
portugueses a estudos sobre suas obras. Dentre esses nomes destacam-se Fernando
Pessoa, Camões, Gil Vicente, Mário de Sá-Carneiro e José Régio. Integrou a
Academia Brasileira de Letras e foi correspondente da Academia de Ciências de
Lisboa. Entre os prêmios que recebeu, estão o Prêmio Literário da Fundação
Biblioteca Nacional (2012), a Comenda da Ordem Militar de Santiago da Espada
(1987) e a Grã-Cruz da mesma ordem (2006). Cleonice Berardinelli morreu em 31
de janeiro de 2023.
DICAS DE LEITURA
Na aquisição de qualquer um dos
livros pelos links ofertados neste boletim, você tem desconto e ainda ajuda a
manter o Letras.
1. Aniquilar, de Michel
Houellebecq (Trad. Ari Roitman, Alfaguara, 479 p.) Ácido crítico dos desrumos
da civilização humana, sempre com mirada aguda e mordaz dos nossos
comportamentos, o escritor francês propõe uma sombria parábola sobre o nosso
tempo, em que o descrédito da política — o seria sua banalização — recoloca em
cena os poderes do ódio armados, agora, da força da tecnologia e do capital. Você pode comprar o livro aqui.
2. A substituição: ou as regras
do tagame, de Kenzaburō Ōe (Trad. Jefferson José Teixeira, Estação
Liberdade, 352 p.) O livro que abre uma trilogia autobiográfica em que o
escritor japonês subverte os protocolos desse discurso e ainda os do discurso
ficcional. Neste romance suas reflexões se concentram em torno dos sentidos do ato
de criar, desde a perspectiva biológica às da feitura da arte. Você pode comprar o livro aqui.
3. Hebdômeros, de Giorgio De Chirico (Trad. Flávia Falleros, 144 p.) O importante
nome italiano do surrealismo também se lançou ao ofício do verbo e escreveu este
livro que é considerado pela crítica um dos fundadores da estética na
literatura. Uma personagem peregrina por entre paisagens oníricas situadas no
mesmo instante da palavra e da arte pictórica. Você pode comprar o livro aqui.
VÍDEOS, VERSOS E OUTRAS PROSAS
Quando recordamos a memória da
professora Cleonice Berardinelli, que nos deixou no dia 31 de janeiro de 2023,
encontramos alguns fragmentos do belíssimo documentário gravado com a cantora Maria
Bethânia e dirigido por Marcio Debellian em que as duas leem, recitam e
discorrem sobre a poesia de Fernando Pessoa e seus heterônimos. De O vento
lá fora, destacamos dois excertos:
1. Neste fragmento que exibimos em 2017, Cleonice Berardinelli lê “Furia na
noite o vento”.
2. E, neste compartilhado não
apenas na nossa página do Facebook, mas também no Twitter e Instagram, a professora
lê “Autopsicografia”, o célebre poema em que Fernando Pessoa formula uma
compreensão de sua poesia que se tornaria cara às poéticas na modernidade.
O G1 descolou dos seus arquivos,
também no âmbito da memória lutuosa em torno da jornalista Glória Maria, esta pequena pérola em que podemos ver um Carlos Drummond de Andrade encontrado casualmente
entre as vitrines das lojas no Rio de Janeiro no Natal de 1984.
BAÚ DE LETRAS
Em 2009, nosso editor Pedro Fernandes
escreveu uma crônica em que recorda quando conheceu a professora Cleonice Berardinelli
naquele ano em Salvador. Leia aqui.
DUAS PALAVRINHAS
Que fiz eu de todos estes dons
gratuitos que recebi? Esforcei-me por utilizá-los junto dos meus estudantes,
transmitindo-lhes o conhecimento necessário, mas também o amor pelo trabalho
que se executa, a seriedade do ensino, a responsabilidade de ser professor,
formador mais que informador.
— Cleonice Berardinelli
Você é um tolo se não percebe que
este será o século dos reacionários, talvez seu reinado de mil anos.
— Norman Mailer
...
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* Todas as informações sobre lançamentos de livros aqui divulgadas são as oferecidas pelas editoras na abertura das pré-vendas e o conteúdo, portanto, de responsabilidade das referidas casas.
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