Galhofa e melancolia: as Collected Stories de Machado de Assis
Por Morten Høi Jensen
É um sábado no final de abril. A
casa de José Lemos, cuja filha está a ponto de se casar, encontra-se em
polvorosa. O noivo está atrasado, e os convidados já começaram a chegar. Entre
eles está o pomposo Dr. Valença que, acreditando que todo homem sério deve
gastar ao menos dois minutos para sacar seu lenço e assoar o nariz, “gastava
três quando estava com defluxo e quatro no estado normal”.1 Também
entre os presentes está Justiniano Vilela, que usa apenas calças curtas e assim
“apenas se sentou deixou patente a alvura de um fino e imaculado par de meias”.2
E então há Calisto Valadares, que suspeitava que “houvesse uma omissão nas
Escrituras, e vinha a ser que entre as pragas do Egito devia ter figurado o
piano”.3
Finalmente, o noivo dá as caras,
os pais e os noivos partem para a igreja e os convidados ficam a aguardar seu
retorno. Mas eles logo se impacientam. “Já tardam!”,4 exclama o
irmão mais novo da noiva. Justiniano Vilela, sob o pretexto de precisar esticar
as pernas, evade-se casa adentro em busca de um bocado para aplacar seu
estômago “rebelado”. Uma jovem está a tocar piano, para o infinito desgosto de
Calisto Valadares. Passam os minutos, longos feito horas. Então, por fim, a
comitiva nupcial retorna, e todos são conduzidos à sala de jantar: “Não há mais
júbilo nos peregrinos da Meca do que houve nos convivas ao avistarem uma longa
mesa, profusamente servida, alastrada de porcelanas e cristais.”5
Após um breve silêncio — “aquele
silêncio que precede a batalha”6 —, os convidados põem-se a comer, o
Tenente Porfírio faz um dos seus famosos discursos pós-jantar, e a noite
prossegue sem incidentes. No ano seguinte, os recém-casados têm um filho.
Isso, mais ou menos, é o que
sucede em “As Bodas de Luís Duarte” [“Luís Duarte’s Wedding”],7 um
conto de Machado de Assis (1839-1908), o celebrado escritor e jornalista
brasileiro. Embora um titã literário em seu Brasil natal, ele é pouco lido em
inglês a despeito da admiração de escritores como Philip Roth, Elizabeth
Hardwick e Salman Rushdie. Susan Sontag o chamou de “o maior escritor que a
América Latina já produziu”, enquanto Harold Bloom, em seu livro Genius,
optou pela distinção mais estreita de “o supremo artista literário negro até os
dias de hoje” (dizendo assim, como de costume, nada de interesse literário mas
revelando muito sobre si mesmo). E ainda assim, para a maior parte dos leitores
de língua inglesa, Machado permanece um daqueles negligenciados escritores do
século XIX, como Benito Pérez-Galdós ou Eça de Queirós, amiúde propagandeados
antes como a variante local de um prato familiar — o Balzac espanhol! O Proust
português! — do que como artistas propriamente individualizados.
Dentre estes, Machado é certamente
o mais idiossincrático, o que talvez explique as comparações com tantos
escritores díspares: Sterne, Hardy, James, Kafka, Flaubert, Borges, Calvino,
Nabokov. Os críticos lançaram todo o cânone contra ele para ver o que cola. E
ainda assim o lépido e jocoso Machado sempre dá um jeito de esquivar-se do
arreio comparativo; sua ficção é narrativamente demasiado inquieta para
permanecer em um único lugar por muito tempo — em agudo contraste com o próprio
Machado, que nunca foi a lugar algum. Ele passou toda a sua vida em sua cidade
natal, Rio de Janeiro, trabalhando no Ministério da Agricultura, Comércio e
Obras Públicas até alguns meses antes de sua morte.
Ao mesmo tempo, ele produziu uma
obra que inclui nove romances8 e numerosas peças,9 cinco
coletâneas de poemas,10 e mais de 600 colunas jornalísticas. Ele
traduziu Hugo e Dickens para o português11 e foi um ávido leitor de
literatura francesa, especialmente as obras de Mérimée, Balzac, Stendhal,
Flaubert e Guy de Maupassant. Como o estudioso K. David Jackson observa em Machado
de Assis: A Literary Life (2015), Machado se tornou “um dos autores mais
cosmopolitas do século” apesar de dificilmente ter saído alguma vez da cidade.
Para os leitores de língua
inglesa, Machado é primeiramente conhecido por seus romances Memórias
Póstumas de Brás Cubas [Epitath of a Small Winner] (1881), Quincas
Borba [Philosopher or Dog?] (1891) e Dom Casmurro (1899),
tendo alguns desses aparecido em mais de uma tradução. Contudo, ele sempre teve
a reputação de mestre do conto. (Um crítico, Agippino Grieco, até mesmo sugeriu
que os romances de Machado seriam melhores como contos). Agora, graças ao épico
empreendimento dos tradutores Margaret Jull Costa e Robin Patterson, nós
finalmente temos a chance de experimentar o escopo completo do escritor
brasileiro. Apenas por este motivo, The Collected Stories of Machado de
Assis, um belo peso de porta em forma de livro, é um notável acontecimento
literário. Ele reúne as sete coletâneas que Machado publicou em vida,12
de Contos fluminenses [Rio Tales] (1870) até Relíquias de Casa
Velha [Relics From an Old House] (1906), incluindo os
caracteristicamente breves e cáusticos prefácios que ele acrescentou a cada
uma.
“As Bodas de Luís Duarte” exibem
muitos dos invejáveis dons de Machado como escritor: a aparente simplicidade da
linguagem, o inquietante ouvido para o diálogo, o generoso apetite pela comédia
humana. Os personagens ganham vida em um simples traço. Quando o Dr. Valença
aparece, ele repele o pai do noivo e vai “cumprimentar a dona da casa e as
outras senhoras”.13 Mais tarde, quando o afetado orador de jantares
Tenente Porfírio cumprimenta a noiva e o noivo, ele “curvou profundamente o
busto, ficando em posição que fazia lembrar (de longe!) os antigos lampiões das
nossas ruas”.14
Um dos prazeres em ler Machado é
encontrar essa comédia dos detalhes, das particularidades humanas. Em “O
Diplomático” [“Mr. Diplomat”],15 pede-se a um tio que toque uma
quadrilha na flauta durante um jantar. “Não posso”, ele responde, “dói-me um
calo”.16 Mais tarde, quando o pedido é retomado, ele se vale de
outra desculpa: “Não posso; flauta depois de comer faz indigestão.”17
Tanto o tio quanto seus comentários não são particularmente importantes para o
conto, no entanto, esses nacos de vida que se destacam da moldura da história a
cimentam no que V. S. Pritchett chamou de “o inexplicável contínuo da
experiência humana”.
Há uma fome mundana na escrita de
Machado, uma abertura tanto para vida quanto para a arte. Ele foi um leitor
voraz e ávido frequentador de teatro que gostava de aspergir suas histórias com
a orla da alusão. Raramente se pode virar uma página sua sem tropeçarmos em La
Rochefoucauld ou George Sand, Goethe ou Shakespeare, Dante ou Homero. Para
Machado, a literatura gera mais literatura. Ele se deleita em brincar com forma
e narração; neste volume temos contos escritos como palestras, contos
inteiramente escritos em diálogos, e contos nos quais a própria teoria
literária é vítima de zombaria.
Em sua introdução, Costa e
Patterson escrevem que Machado “abre a cortina e nos convida a assistir ao seu
próprio processo inventivo”. Seus narradores autoconscientes — K. David Jackson
os chama de “narradores-protagonistas” — têm o hábito de se meterem a ombradas
nas histórias que narram, seja para clarificar algum ponto ou corrigir alguma
resposta que o leitor haveria de dar. Contudo, em vez de nos alertarem para o
artifício da história no exaurido método pós-moderno, os ardis narrativos de
Machado costumam gerar o efeito oposto: eles confirmam a verdade da história,
seu realismo.
Em “A Parasita Azul” [“The Blue
Flower”],18 um jovem é enviado a Paris para se fazer médico. Lá, ele
se apaixona por uma princesa russa, e o narrador intromete-se de súbito:
“Não se assustem; a princesa russa
de quem falo, afirmavam algumas pessoas que era filha da rua do Bac e
trabalhara numa casa de modas, até à revolução de 1848. No meio da revolução
apaixonou-se por ela um major polaco, que a levou para Varsóvia, donde acaba de
chegar transformada em princesa, com um nome acabado em ine ou em off,
não sei bem.”
A fala direcionada ao leitor não
quebra o feitiço ficcional; pelo contrário, ao insinuar que fez pesquisas ou
falou com outros acerca da princesa, e ao admitir seu próprio esquecimento
(“não sei bem”), o narrador apenas aprofunda a aparente veracidade do seu
relato. Ele acrescentou uma outra dimensão à narrativa. Isso é ficção em 3D.
Por fim, o fato de a princesa russa ser grandemente marginal para a história
apenas realça o efeito desse aparte supostamente irrelevante. Como sempre se dá
na ficção de Machado, o aparentemente trivial nunca deixa de ter importância.
*
No romance de Machado Memórias
Póstumas de Brás Cubas, o narrador diz bem no início que escreveu o livro
com “a pena da galhofa e a tinta da melancolia”.19 Há muita galhofa
em Machado, mas a leveza de seu toque é enganadora. À medida que lemos, a um
tanto trabalhada teatralidade dos seus primeiros contos (os amantes estão
sempre a trocar cartas ou a trombar um com o outro no teatro) cede lugar a um
terreno cada vez mais psicológico. “O Alienista” [“The Alienist”], um dos seus
melhores (e mais longos) contos, é uma parábola sombriamente cômica da
burocracia, loucura e poder com partes iguais de Kafka e Monty Python. Eu
gargalhei diversas vezes durante a leitura, mas descobri, ao terminá-la, que o
que eu havia experimentado como cômico havia se tornado trágico. É como se Dom
Quixote houvesse sido condensado em uma novela de 50 páginas.
É, ao fim e ao cabo, a melancolia
de Machado que perdura. Ele uma vez descreveu sua escrita como sendo “míope”;
ele gostava de focalizar as coisas pequenas e ocultas na vida, as coisas que
“as grandes vistas não pegam”.20 A esse respeito, ele pode por vezes
evocar Tchekhov ou o grande escritor siciliano Giovanni Verga. Assim como as
deles, suas histórias frequentemente dão a impressão de terem sido escritas
porque algo se perdeu. Em seu prefácio à tardia coletânea Várias Histórias
[Assorted Tales], Machado cita Diderot: “Meu amigo, sempre contemos
histórias [...] O tempo passa, e a história da vida chega ao fim, despercebida”21
— palavras que podem proveitosamente servir de epitáfio para boa parte de sua
escrita. Seus melhores contos são tentativas precisas de tomar nota da vida, de
salvá-la do esquecimento a que, sonâmbulos, nos dirigimos.
O narrador de “Missa do Galo”
[“Midnight Mass”],22 por exemplo, relembra uma conversa que teve aos
17 anos e que nunca pôde compreender. Na época, ele estava hospedado na casa de
um escrivão cujo adultério a esposa de 30 anos aceitava resignada. Na Véspera
de Natal, quando o marido havia ido se encontrar com a amante e todos os outros
na casa haviam ido se deitar, o narrador está lendo e aguardando a meia-noite
para que possa participar de sua primeira missa na cidade grande. A esposa do
escrivão, que não consegue dormir, adentra a sala vestindo um roupão branco
“mal apanhado na cintura”,23 o que o narrador acha estranhamente
romântico:
“Pouco a pouco, tinha-se
reclinado; fincara os cotovelos no mármore da mesa e metera o rosto entre as
mãos espalmadas. Não estando abotoadas as mangas, caíram naturalmente, e eu
vi-lhe metade dos braços, muito claros, e menos magros do que se poderiam supor.
[...] Pegou das pontas do cinto e bateu com elas sobre os joelhos, isto é, o
joelho direito, porque acabava de cruzar as pernas.”24
Os dois conversam casualmente
sobre romances (o narrador está lendo Os Três Mosqueteiros), hábitos de
sono, os quadros na parede — em suma, nada de relevante. Ainda assim, o
brilhantismo do conto está engastado em tudo aquilo que não se diz.
No fim, o narrador sai para a
missa do galo e a mulher retorna ao leito. Nada aconteceu entre eles. Então por
que o narrador nunca pôde compreender a conversa deles? Machado não dá qualquer
resposta, e então ficamos a indagar sobre a incompreensão do narrador. Ele não
percebe que a mulher estava flertando com ele? De que muito possivelmente
estava tentando seduzi-lo? Ou se trata de algum outro aspecto da conversa deles
que o confunde? E quão comovente é aquele “nunca pude”!25 O
narrador, antecipando nossa resposta, quer qualificar um pouco sua ignorância,
quer parecer um pouco menos ingênuo do que realmente é. Por trás da história há
uma outra história, menos óbvia — tão belamente tocante porque o narrador
reluta em desvelá-la.
Arrependimento, decepção, a
passagem do tempo — estes acabam por tornar-se os assuntos mais pungentes de
Machado. Outro belo conto, “Um Homem Célebre” [“Fame”],26 acompanha
o compositor Pestana, que é celebrado em todo o Rio por suas polcas cativantes,
embora ele anseie pela imortalidade do verdadeiro gênio musical. (Todas as suas
polcas possuem títulos maravilhosamente sem sentido como “Candongas Não Fazem
Festa” e “Senhora Dona, Guarde o Seu Balaio”27). Ele passa suas
noites junto ao piano em uma sala repleta de retratos de Mozart, Beethoven,
Bach e Schumann enquanto tenta desesperadamente compor algo dotado de mérito
artístico duradouro, “eterna peteca entre a ambição e a vocação”.28 Em
uma bela passagem, ele olha pela janela, pensando, “As estrelas pareciam-lhe
outras tantas notas musicais fixadas no céu à espera de alguém que as fosse
descolar; tempo viria em que o céu tinha de ficar vazio, mas então a terra
seria uma constelação de partituras.”
Não importa o quanto se dedique à
sua música, Pestana não consegue se reconciliar com o fato de que ele não é o
próximo Mozart ou Bach e nunca conseguirá algo além de ter conquistado “definitivamente
o primeiro lugar entre os compositores de polcas”.29 No fim da vida,
enquanto está febril e agonizante, seu editor o visita e pede que escreva uma
polca para os conservadores que acabaram de subir ao poder. Pestana mordazmente
brinca que fará duas polcas (“a outra servirá para quando subirem os liberais”30)
e então expira “bem com os homens e mal consigo mesmo”.31
O pessimismo do conto é típico da
escrita tardia de Machado e infunde um tom inegavelmente moderno, cético. E,
contudo, trata-se de um pessimismo que tem por mira não tanto seres humanos
particulares quanto o destino da própria humanidade. Estamos condenados a vagar
em nossos ciclos de amargura e pesar, sofrimento e desespero, pela simples
razão de que aquilo que mais nos escapa à compreensão na vida é saber quem
somos. E como poderia ser diferente, dado o pouquíssimo tempo que temos nesse
mundo e o quanto de nossa experiência inevitavelmente se perde?
Em um conto tardio intitulado
simplesmente “Viver!” [“Life!”],32 Machado imagina uma conversa
entre o Judeu Errante Ahasverus e Prometeu no fim dos tempos. Ahasverus,
condenado a vagar eternamente pela terra, está fatigado de tudo o que viu da
vida. “Mas sabes tu”, indaga ele, “o que é ver as mesmas cousas, sem parar, a
mesma alternativa de prosperidade e desolação, desolação e prosperidade, eternas
exéquias e eternas aleluias, auroras sobre auroras, ocasos sobre ocasos?”33
E, no entanto, apesar do seu
cinismo, Ahasverus é gradualmente tentado pela visão de Prometeu acerca de uma
vida nova na Terra. O Titã grego promete a Ahasverus que ele será a elo entre o
velho e o novo mundo, seu rei em exercício, e que o eterno errante por fim
encontrará seu repouso. “O mundo passageiro não pode entender o mundo eterno”,
diz Prometeu, “mas tu serás o elo entre ambos”.34
A conversa, porém, é apenas um
sonho de Ahasverus. Sentado sobre uma rocha a divisar a Terra vazia e desolada,
ele acena com a cabeça enquanto o dia derradeiro aproxima-se do fim. Acima
dele, duas águias voam em círculos:
“UMA ÁGUIA. — Ai, ai, ai deste
último homem, está morrendo e ainda sonha com a vida.
A OUTRA. — Nem ele a odiou tanto,
senão porque a amava muito.”35
Notas da tradução
1 Tratando-se de uma resenha das Collected Stories,
creio ser interessante incluir nesta e nas notas seguintes a tradução presente
no referido volume para os excertos citados no texto: “took three minutes when
he had a heavy cold and four when he was well.”. Todos os trechos em português
dos contos de Machado são citados a partir da Obra Completa – Volume II
(Nova Aguilar, 1997).
2 “revealed
a pair of fine, immaculate, brilliant white socks whenever he sat down.”
3 [the
Scriptures] “made a serious omission in excluding the piano from among the
plagues of Egypt.”
4 “Goodness
they’re taking their time!”
5 The joy
of pilgrims reaching Mecca could not have been greater than that of the guests
when they saw the long table, groaning with roast meats and desserts and fruit
and set with china dishes and glasses. No original, a frase termina um
pouco adiante: “porcelanas e cristais, assados, doces e frutas.”
6 “a
silence such as the silence that precedes a battle”
7 Conto publicado no livro Histórias da meia-noite.
8 Ressureição (1872), A Mão e a Luva (1874), Helena (1876), Iaiá
Garcia (1878), Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), Quincas Borba (1891), Dom
Casmurro (1899), Esaú e Jacó (1904) e Memorial de Aires (1908).
9 Hoje Avental, Amanhã Luva (1860), Desencantos (1861),
O Caminho da Porta (1863), O Protocolo (1863), Quase
Ministro (1864), As Forcas Caudinas (1865/1956), Os
Deuses de Casaca (1866), Uma Ode de Anacreonte (1870), Tu,
só tu, puro amor (1880), Não Consultes Médico (1896), Lição
de Botânica (1906).
10 A rigor, são quatro coletâneas. Crisálidas (1865),
Falenas (1870), Americanas (1875), Ocidentais (1901) O
volume Poesias completas (1901), organizado pelo autor, reúne os três
primeiros livros, com a exclusão de 27 poemas, e apresenta pela primeira vez o
derradeiro Ocidentais.
11 Machado traduziu na íntegra Os Trabalhadores do Mar
de Victor Hugo, disponível em diversas edições, e uma parte de Oliver Twist,
de Charles Dickens. Esta tradução foi posteriormente completada pelo escritor
Ricardo Lísias e publicada como tradução conjunta pela editora Hedra em 2011.
Sobre a atuação de Machado como tradutor, ver o importante estudo de
Jean-Michel Massa, Machado de Assis Tradutor (Crisálida, 2008).
12 A saber: Contos Fluminenses (1870), Histórias
da Meia-Noite (1873), Papéis Avulsos (1882), Histórias sem Data
(1884), Várias Histórias (1896), Páginas Recolhidas (1899) e Relíquias
de Casa Velha (1906).
13 “immediately
went to greet the mistress of the house and the other ladies.” O
“immediately” parece ser um acréscimo da tradução, já que no original temos:
“Depois, com uma serenidade que só ele possuía, entrou o Dr. Valença e foi
cumprimentar a dona da casa e as outras senhoras.”
14 “bowed
very low, and remained in that posture, so that (from a distance) he resembled
one of those old-fashioned lampposts.”
15 Conto publicado no livro Várias Histórias.
16 “I
can’t,” he answers, “I’ve got a callus on my finger.”
17 “I can’t.
After a meal, playing the flute always gives me indigestion.”
18 Conto publicado no livro Histórias da meia-noite.
19 “the pen
of mirth and the ink of melancholy.”
20 Em uma crônica de 11 de novembro de 1900, publicada na
seção “A Semana” da Gazeta de Notícias (ver Obra completa – volume
III, Nova Aguilar, 1994), diz Machado: “Eu gosto de catar o mínimo e o
escondido. Onde ninguém mete o nariz, aí entra o meu, com a curiosidade
estreita e aguda que descobre o encoberto. Daí vem que, enquanto o telégrafo
nos dava notícia tão graves como a taxa francesa sobre a falta de filhos e o
suicídio do chefe de polícia paraguaio, coisas que entram pelos olhos, eu
apertei os meus para ver coisas miúdas, coisas que escapam ao maior número,
coisas de míopes. A vantagem dos míopes é enxergar onde as grandes vistas não
pegam.”
21 Na “Advertência” a Várias Histórias, Machado cita em
francês estes versos de Diderot: “Mon ami, faisons toujours des contes... / Les
temps se passe, et le conte de l avie / s’achève, sans qu’on s’em aperçoive.”
22 Conto publicado em Páginas Recolhidas.
23 “loosely
tied at the waist”
24 “[She]
gradually leaned forward, resting her elbows on the marble tabletop, her face
cupped in her outspread hands […] Her unbuttoned sleeves fell back to reveal
her forearms, which were very pale and plumper than one might have expected […]
She picked up the two ends of her dressing-gown belt and kept flicking them
against her knees, or, rather, her right knee, because she had crossed her
legs.”
25 O resenhista se refere à abertura do conto: “Nunca pude
compreender a conversação que tive com uma senhora”.
26 Conto publicado em Várias Histórias.
27 “Fine
Words Butter No Parsnips” e “Hey Missus, Hang On to Your Hamper” na tradução para
o inglês.
28 “an eternal
shuttlecock between his ambition and his vocation.”
29 “the
undisputed master of the polka”
30 “the other
will come in handy for when the liberals are back”
31 “at peace
with his fellow men and at war with himself.”
32 Conto publicado em Várias Histórias.
33 “[D]o
you know what it is like,” he asks, “to see the same thing over and over again,
the same alternation of prosperity and desolation, desolation and prosperity,
endless funerals and endless hallelujahs, sunrise after sunrise, sunset after
sunset?”
34 “The
passing world cannot understand the eternal,” Prometheus says, “but you will be
the link between the two.”
35 “FIRST
EAGLE: Woe is he, this the last man on earth, for he is dying and yet still
dreams of life. / SECOND EAGLE: He only hated life so much because he loved it
dearly.”
Tradução livre de Guilherme
Mazzafera para “Mirth and Melancholy: The Collected Stories of Machado de Assis”,
publicado aqui no Los Angeles Review of Books em 4 jul. 2018.
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