Boletim Letras 360º #513

 
 
DO EDITOR
 
1. Caro leitor, o Letras está no mês de recesso. As atividades neste blog ficam à própria sorte, caindo vez ou outra uma postagem nova; as redes permanecem ativas; e estes boletins deixam de apresentar as seções extras.
 
2. Assim como acontecerá deste lado, é tempo oportuno para re-visitar nosso extenso arquivo, sempre aberto à leitura, à partilha e ao comentário.
 
3. Aproveito a ocasião para reiterar o convite para as ajudas ao Letras. Você pode se inscrever para sorteios de livros e/ ou na aquisição de qualquer um dos livros pelos links ofertados neste Boletim; nesse último caso, você garante desconto sem pagar nada mais por isso. Para saber mais, visite aqui.
 
4. Obrigado pela companhia, sempre!


Monteiro Lobato, São Paulo, 1940. Arquivo Unicamp.


LANÇAMENTOS

A editora Nova Aguilar publica a obra completa de Monteiro Lobato.
 
Considerado um gênio e um pioneiro da literatura infanto-juvenil, a Obra Completa de Monteiro Lobato reúne os textos da forma que o escritor os deixou em 1947 quando morreu. O volume 1 apresenta a primeira parte destas obras, como Reinações de Narizinho, Viagem ao céu, Memórias da Emília e outros livros que realçam o imaginário infantil. O volume 2 mostra sua coleção de paradidáticos e inclui títulos como Emília no país da gramática, Aritmética da Emília e História do mundo para as crianças. O Volume 3, voltado para o público adulto, é subdividido em três partes: a primeira conta com os três livros de contos, Urupês, cuja primeira edição data de 1918, Cidades mortas, publicado pela primeira vez em 1919, e Negrinha, que veio a lume em 1920. Você pode comprar o livro aqui.

Um romance em que Teresa Ciabatti reconstrói a história familiar e, com ela, os acontecimentos de toda uma época.
 
“Meu nome é Teresa Ciabatti, tenho quatro anos e sou a filha, a alegria, o orgulho do Professor.” O Professor é Lorenzo Ciabatti, diretor do hospital de Orbetello. Tornou-se rapidamente diretor após um estágio nos Estados Unidos. Além de ser muito talentoso, é também modesto, um benfeitor, alguns dizem, um santo. Todos o amam, todos o temem, e Teresa é a filha adorada: a única pessoa que o Professor deixa usar o anel de safira do qual nunca se separa. O anel da Universidade Americana, diz ele. O anel do poder, comentam em segredo. Teresa desliza da infância à adolescência, e percebe que a benevolência que o mundo lhe dirige é um efeito colateral do servilismo para com seu pai. Quem é Lorenzo Ciabatti? O médico benfeitor que ama os pobres ou um homem calculista, violento? Um poderoso que talvez tenha se envolvido em alguns dos eventos mais obscuros da história recente? Já adulta, Teresa decide descobrir, e se vê imersa no líquido amniótico doce e venenoso que foi sua infância: perguntas nunca feitas, respostas evasivas. Nos relatos de sua família, tudo foi readaptado, transformado... Teresa Ciabatti reconstrói a história familiar e, com ela, os acontecimentos de toda uma época. Uma autoficção sincera, brutal, perturbadora, que nasce da urgência de acertar as contas com uma infância feliz bruscamente interrompida. A mais amada tem tradução de Julia Scamparini é publicado pela editora Âyiné. Você pode comprar o livro aqui.
 
A Sétimo Selo conclui a publicação de trilogia de Jakob Wassermann que reúne uma profunda reflexão sobre a justiça, o livre-arbítrio e a incessante busca pela verdade.
 
Quando Joseph Kerkhoven descobriu que as duas pessoas em que mais confiava no mundo o haviam apunhalado pelas costas, não viu inicialmente mais nenhuma possibilidade de continuar levando sua vida habitual. Para encontrar-se novamente, ele precisará passar por uma metanóia: não poderá negociar nem transigir, mas terá de permanecer fiel a si mesmo contra todas as circunstâncias, contra todas as adversidades e seduções. Ao narrar a busca de Joseph Kerkhoven por uma nova existência, Jakob Wassermann mostra sua notável capacidade de sondar a alma humana e estudar os seus mistérios, exercendo em plenitude a tarefa da sua vocação de romancista: revelar a unidade dos trajetos humanos por trás das consciências fragmentadas. A terceira existência de Joseph Kerkhoven é o último volume de uma trilogia iniciada com O processo Maurizius e Etzel Andergast. A trilogia foi traduzida por Petê Rissatti, Igor Barbosa e Wagner Schadeck. Você pode comprar o livro aqui.
 
Uma antologia de contos de fadas russos.
 
Era uma vez um tempo em que os russos criavam histórias orais que eram passadas de geração a geração. Ouvir contos de fadas era o passatempo favorito não só das crianças, mas também dos adultos, que se reuniam à noite para ouvir uma boa história. Essas histórias eram contos folclóricos inspirados na vida cotidiana, fábulas sobre animais e monstros fantásticos que povoavam as florestas, rios e pântanos, ou contos de fadas sobre princesas e príncipes. Foram esses contos que moldaram a literatura russa, fazendo com que os grandes escritores e poetas do país escrevessem e adaptassem esses contos tão caros ao povo russo. Na compilação Contos de Fadas Russos, baseada na coletânea de Aleksandr N. Afanásiev e traduzida diretamente do russo por Rafael Bonavina, alguns dos mais célebres contos de fadas russos para aqueles que desejam conhecer um pouco mais da literatura russa ou àqueles que desejam embarcar em uma viagem fantástica rumo a seres míticos e jornadas fabulosas. O livro é publicado pela editora Novo Século. Você pode comprar o livro aqui.
 
A estreia da obra de Maria Messina no Brasil.
 
Maria Messina (1887-1944) foi uma grande autora italiana. A coletânea de novelas Pequenos redemoinhos expõe, com uma escrita lancinante, a condição das mulheres na sua terra natal, a Sicília, entre o fim do século XIX e o início do século XX: opressão, submissão e obediência. Impedidas de estudar e trabalhar, proibidas de fazerem suas próprias escolhas, às mulheres só cabia obedecer. Salta aos olhos o desalento da província pobre e o compadecimento por personagens mergulhados nos “pequenos redemoinhos” das humilhações. Sensível à realidade da época, Maria Messina não deixou de lado a emigração massiva de cidadãos da Sicília — com a particularidade de retratar o fenômeno sob a ótica feminina. Com suas dolorosas separações, a dissolução dos vínculos familiares e a solidão, a emigração é narrada em Pequenos redemoinhos sob o ponto de vista das noivas, esposas, avós e mães que são abandonadas, enquanto os homens partem com a promessa de buscá-las ou de voltar. Mas não as buscam e tampouco voltam. A autora permaneceu obscurecida por cinco décadas, até voltar a ser publicada graças à sensibilidade do escritor Leonardo Sciascia — siciliano igual a ela — que na década de 1980 propôs à editora Sellerio, de Palermo, a republicação de seus livros. Com tradução de Adriana Marcolini, o livro é publicado pela editora Martin Claret. Você pode comprar o livro aqui.

As aventuras de Erika Fatland pela fronteira russa.
 
Este livro nasce de um sonho. O sonho é caminhar sobre um grande mapa, ao longo de uma sinuosa linha vermelha. E esta linha não é outra senão a fronteira russa, uma fronteira muito extensa, aliás, a mais extensa do mundo. O despertar foi uma tomada de consciência: justamente esse sonho estranho ― Erika Fatland percebe-o instantaneamente ― será seu próximo livro, “uma viagem ao longo da fronteira russa, da Coreia do Norte até o norte da Noruega”. É assim que a escritora e antropóloga definida pelo jornal Dagbladet como “a versão norueguesa de Marco Polo” empreende, depois de Sovietistão, sua nova jornada: uma jornada realmente cheia de aventuras, a bordo dos mais variados veículos ― de cavalos a aviões turboélice, de renas a caiaques ― que os turistas comuns fariam bem se recusassem; uma viagem semelhante àquelas que se faziam no passado, e em que “quando você estava longe, estava longe, ponto. Sua casa era apenas uma lembrança, um mundo paralelo, inacessível não como agora, que você traz sempre no bolso”. A bússola deste itinerário é uma só, uma pergunta aparentemente simples: o que significa ser vizinho da maior nação do mundo? “É possível compreender um país e um povo observando-os de fora, do ponto de vista do vizinho ou, como naquele momento, do convés de um navio?” Com a convicção de que somente graças ao encontro com o outro o ser humano toma consciência de si e da cultura a que pertence, e que somente nessa fronteira entre o que somos e o que nos é estranho a identidade pode tomar forma, a autora tenta responder a esta sua questão, ou melhor, fornecer tantas respostas quantos os países que fazem fronteira com o gigante. Resulta daí uma imersão paradoxal e fascinante na chamada dusha, a “alma russa”, realizada pelo olhar do outro, um relato que é um pouco diário de viagem, um pouco investigação histórica e um pouco estudo antropológico, um contínuo interrogar-se sobre a noção de fronteira e, sobretudo, um retrato vívido de culturas tão diferentes que têm apenas uma coisa em comum: o mesmo, trabalhoso, vizinho. Com tradução de Leonardo Pinto Silva, A fronteira sai pela editora Âyiné. Você pode comprar o livro aqui.

Os livros porvir: mais uma coletânea de contos de horror.

Agora com textos de escritoras. Organizado por Fabiane Secches e Socorro Acioli, a coletânea será publicada pela Companhia das Letras ainda este ano. Entre as escritoras presentes estão Lygia Fagundes Telles, Maria Valéria Rezende, Noemi Jaffe, Micheliny Verunschk, Eliana Alves Cruz, Natalia Borges Polesso, Julie Dorrico, entre outras. Ao todo, serão vinte histórias assustadoras. 

Livro encerra a recuperação da obra dos três grandes artistas visuais que vieram para o Brasil no início do século XIX.
 
O livro Ender e o Brasil reúne toda a produção de Thomas Ender em sua passagem pelo país, em que atuou como verdadeiro correspondente de viagem para a corte austríaca. Com texto de Julio Bandeira, apresentação de Pedro Corrêa do Lago, introdução de Cornelia Reiter, da Academia de Belas-Artes de Viena e biografia elaborada por Richard Wagner, antigo diretor da instituição austríaca. O volume traz também óleos inéditos, técnica que Ender raramente usava. “Mas a grande diferença entre Ender, Debret e Rugendas, e aí está a particularidade dele, é que não foi editado nenhum álbum iconográfico na sua época”, adianta Bandeira. “Ele era como um fotógrafo, artista dos Habsburgos, registrando os lugares por onde passavam. Como Debret e Rugendas publicaram seus livros ainda em vida, se tornaram muito conhecidos. Ender, não”. Com esse lançamento, a Capivara completa a série de catálogos raisonnés dos três artistas viajantes de produção mais importante, após Debret no Brasil (2008, já na sexta edição) e Rugendas e o Brasil (2010, com a terceira edição preparada para 2023).
 

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