My beloved Sterne: a sabedoria do Tristram Shandy
Por Pablo Sol Mora Staircase Group (Portrait of Raphaelle Peale and Titian Ramsay Peale I) 1795 Charles Willson Peale. Em minha biografia de leitor de romances, a descoberta do Tristram Shandy foi um marco tão importante quanto a do Quixote ou A consciência de Zeno (de fato, um mesmo espírito cômico une os três romances). Por vezes ocorre que, ainda que não tenhamos lido um determinado autor, pelo que ouvimos falar dele e o que aprendemos aqui e ali, pressentimos a partilha de certas afinidades, e, quando enfim o lemos, felizmente confirmamos nossas expectativas. Foi isso que se passou comigo com relação a Sterne. Eu sabia o que era o Tristram e tinha noção de sua natureza lúdica e humorística, sabia que certamente gostaria dele quando o lesse (já havia lido a Viagem sentimental , na tradução de Alfonso Reyes); ainda assim, não podia antecipar por completo o assombro e o prazer que sua leitura me causaria. Meu Tristram é o traduzido por Javier Marías, reeditado pela Alfaguara