Seis poemas de Rabindranath Tagore em “O Jardineiro” (1913)
Por Pedro Belo Clara (Seleção e versões)* Rabindranath Tagore. Foto: Divisão de Impressões e Fotografias da Biblioteca do Congresso Washington. I. Os teus olhos indagadores tristes estão. Pretendem decifrar-me, do mesmo modo que a lua perscruta o mar. Coloquei a minha vida, nua, diante dos teus olhos, de ponta a ponta, sem nada esconder ou reprimir. É por isso que não me conheces. Se apenas fosse uma pedra preciosa, quebrá-la-ia em cem pedaços, unindo-os num fio que poria no teu pescoço; Se apenas fosse uma flor, redonda, pequena e doce, pegá-la-ia pelo caule, colocando-a em teus cabelos. Mas é um coração, meu amor. Onde suas orlas, o seu fundo? Desconheces os limites deste reino; porém, és sua soberana. Se apenas fosse um momento de prazer, floresceria num sorriso fácil, e então poderias vê-lo e num instante compreendê-lo; Se apenas fosse uma dor, derreter-se-ia em límpidas lágrimas,