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Mostrando postagens de novembro 1, 2022

O olhar diferente

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Por Nadia Villafuerte Herta Müller. Foto: Jack Mikrut   Um menino a cavalo. O cavalo no meio de um rio. Um cavalo que joga o menino no chão e o pisoteia até a morte. O pai do menino que pula na água para resgatar seu filho. Outras crianças, testemunhas, que veem como o pai envelhece num instante. Crianças que viram tudo e não conseguem descrever como aconteceu a cena, completamente transparente e ao mesmo tempo uma enorme miragem, quando a vida de um homem chega ao fim de forma semelhante, mas também diferente à morte de seu filho. E porque onde a presença do cavalo lembra a ausência da criança morta, o pai da criança morta prossegue: pega um machado e desfere golpes até o crânio do cavalo se partir. Um machado insano sobrevivendo ao homem e ao cavalo, que não estão mais curiosos sobre as almas um do outro.   Nenhuma criatura é inocente, diz a si mesma Herta Müller, nem o machado deste bucólico postal, nem mesmo esta paisagem, porque não sabemos se a paisagem é testemunha ou recordação