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Como Flaubert transformou Madame Bovary numa pessoa e outros segredos do seu êxito

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Por Winston Manrique Sabogal Madame Bovary. Charles Léandre, 1931.   “Madame Bovary sou eu”, disse Gustave Flaubert. Somos todos Madame Bovary. Madame Bovary está em cada pessoa, o que acontece é que só ela teve coragem de ser fiel a si mesma indo atrás de seus sonhos, de seu ideal sem razão. Puro impulso romântico.   Gustave Flaubert recriou o extraordinário jogo cervantino em que a imaginação e os desejos do personagem colonizam sua vida real e rompem a realidade com a ficção, neste caso indo atrás do amor que acaba sendo para ela uma miragem.   “De Flaubert sempre me surpreendeu sua enunciação mítica ‘Madame Bovary c’est moi’ e o que ele teve que enfrentar quando se ‘feminizou’ literariamente”, explica a escritora porto-riquenha Mayra Santos-Febres.   Aquela “Madame” que o habitou e que por meio dela falou em seu romance, acrescenta Santos-Febres, “começou, junto com Anna Karenina e outros romances fundacionais do romantismo e da modernidade, a entrada do sujeito ‘mulher’ como prota