Annie Ernaux: entre a vida e a escrita
Por Aloma Rodríguez Annie Ernaux. Foto: Arquivo Télérama/ Reprodução O primeiro livro de Annie Ernaux que li foi A ocupação ¹ e não gostei: não gostei da narradora, me parecia uma narcisista que se deixava levar pelos ciúmes e, para falar a verdade, me parecia um pouco pesada. Terminei o livro e o devolvi à estante: contava 24 anos, tinha me tornado independente recentemente e queria encher minha primeira — e última — estante Billy meio vazia. A ocupação é a história de uma separação: W., de quem a narradora acaba de separar, inicia um novo relacionamento. A imagem da outra mulher invade a vida da escritora, o livro narra a sua luta, a luta para não se deixar ocupada pelos ciúmes. Talvez eu não tenha gostado porque me sentia muito reconhecida, porque temia que o que aconteceu com a narradora acontecesse comigo. Embora eu me lembre qual foi o primeiro livro dela que li e até quem me deu — o escritor Félix Romeo — e quem foi a primeira pessoa que me falou sobre ela — meu irmão, que