Chotaro Kawasaki, o escritor japonês que escrevia à luz de uma vela sobre caixas de cerveja
Por Marta Ailouti Autor periférico, referência fundamental do “romance intimista” no Japão do século XX, quando Chotaro Kawasaki tinha 40 anos passou a morar num barraco ao lado da casa dos pais na pequena cidade portuária de Odawara, antigo armazém que era usado para armazenar redes e outros instrumentos de pesca. Ali, sob a luz de uma grande vela e sobre alguns engradados de cerveja vazios, o escritor japonês dedicou horas e horas àquele trabalho pelo qual sacrificou toda a sua vida. “Durante os dez últimos anos ele vive em um barraco de tábuas e telhado de zinco”, escreveu num de seus contos. “Nas noites de vento e chuva termina ensopado, apesar disso continua lendo e escrevendo sobre uma mesa feita de engradados de cerveja. Conta apenas com alguns pincéis e uma caneta para escrever, mas graças à inflação do pós-guerra ele consegue viver dos parcos lucros de sua escrita”. Reivindicado por Kenzaburo Oē como um autor “irrepetível cuja obra não envelhece”, o Prêmio Nobel disse ce