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Século XX: a épica do escritor

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Por Gisela Kozak Rovero Caravaggio.  São Jerônimo (detalhe).  Quando eu estudava Letras nos anos oitenta, Mario Vargas Llosa visitou Caracas e deu uma palestra na Faculdade de Humanidades e Educação da Universidade Central da Venezuela. O auditório estava lotado, especialmente de estudantes. Anos antes, Julio Cortázar havia lotado a Aula Magna da mesma casa de estudos, com capacidade para cerca de três mil pessoas. Os escritores eram uma espécie de estrelas de rock: atraíam multidões, encontravam-se com presidentes, falavam na televisão e eram ouvidos até por pessoas que não os havia lido. Na década de 1940, Rómulo Gallegos tornou-se o primeiro chefe de Estado venezuelano eleito por voto universal, direto e secreto; sua fama como escritor foi a melhor carta de apresentação. O ciclo ficcional de Gallegos era inacessível para muitos venezuelanos analfabetos, mas se sabia quem era o autor de Dona Bárbara .   Gabriel García Márquez se relacionava pelo primeiro nome com ditadores como Fidel